sábado, 23 de setembro de 2017

CLIMA NO BRASIL

Chuva retorna às regiões afetadas pela seca nos próximos dias



O mês de setembro está sendo marcado por anomalias importantes de precipitação e temperatura em praticamente todas as regiões do Brasil.
Até o momento, a chuva, que já deveria ter retornado, principalmente ao sul da Amazônia e partes do Centro-Oeste, Sudeste e Sul, ainda não vingou pra valer. Já as temperaturas estão até +5°C além da média climatológica (1961-1990) para o período.
O monitoramento feito pelo Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Cptec/Inpe), com base em dados de estações meteorológicas espalhadas pelo Brasil, revela a diferença de precipitação e temperatura com o que normalmente é verificado em setembro.
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Desde 20 de agosto estabeleceu-se sobre o país um padrão de bloqueio atmosférico, com valores de geopotencial (altura da massa de ar) bastante positivos, o que atrapalhou o escoamento natural dos sistemas transientes (cavados, frentes e vórtices).
Nos próximos dias, porém, simulações numéricas indicam a diminuição de anomalia positiva dos valores de geopotencial, o que deve permitir uma mudança no padrão de escoamento do vento na média troposfera, aproximadamente 5.800 metros de altitude.
O anticiclone, com sua larga crista (área alongada de alta pressão) deve sofrer um encurtamento. A simulação abaixo indica tais valores, conforme previsão feita pelo modelo norte-americano Global Forecast System (GFS).
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Outro ponto de maior importância é a fase da Oscilação Madden Julian (OMJ), (perturbação do vento na alta coluna troposférica, cerca de 12 mil metros de altitude), onde o vento, sempre de leste para oeste, promove, ou não, o agrupamento dos sistemas, bem como as correntes de jato.
Quando na fase positiva, como agora, a OMJ dificulta o escoamento dos sistemas transientes e com isso, bloqueios atmosféricos ficam mais evidentes. Já quando na fase negativa, o efeito é oposto, a nebulosidade torna a se desenvolver, bem como a chance de precipitação. Para os próximos dias, portanto, a simulação feita pelo National Centers for Environmental Prediction (NCEP) indica um período maior de valores negativos OMJ sobre a América do Sul.
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Meteorologistas do Cptec/Inpe mostram no boletim de previsão para os próximos dias, o aumento da possibilidade de chuva sobre estados que agora enfrentam estiagem, e que já supera 30 dias, como o interior de Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo. Também há indicativo de retorno da chuva até segunda-feira (25) para o Rio de Janeiro e Santa Catarina.
“No sábado (23/09), com o avanço deste sistema frontal um pouco mais para o norte do RS, as instabilidades deverão atingir também SC e parte do PR. No domingo (24,09), este sistema frontal já estará afastado no Oceano Atlântico, mas alinhará a convergência de umidade em direção à SP e RJ, que juntamente a cavados de onda curta, deverão instabilizar o tempo em parte do leste de SP e sul do RJ. O dia também estará nublado e com possibilidade de chuva em SC e no PR. Na segunda-feira (25/09), uma área de cavado sobre o RS, contribuirá para o tempo instável e a tendência que toda a Região Sul esteja com pancadas de chuva, principalmente no RS e oeste de SC. A tendência é que o tempo esteja com bastante nebulosidade e com possibilidade de pancadas de chuva em SP e parte do MS.”
As simulações numéricas, para um período maior do retratado no texto do órgão oficial, mostram a possibilidade de melhor espalhamento da chuva sobre o Brasil, inclusive em regiões que enfrentam uma estiagem bem mais duradoura, como áreas das Regiões Centro-Oeste e Nordeste, onde não chove há mais de 130 dias. Os mapas abaixo, ilustram a precipitação acumulada prevista para os próximos sete e 16 dias, segundo o modelo GFS.
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A chuva em si, caso as previsões se confirmem, chegará em boa hora para frear, ainda que parcialmente, o déficit hídrico do solo, bem como a queda do nível dos reservatórios que abastecem as cidades e as usinas hidrelétricas.
Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), grande parte dos reservatórios geradores de energia está com capacidade inferior a 30% e o governo já trata de aumentar o valor da fatura, com a ativação da bandeira tarifária vermelha para o mês de outubro, com cobrança de R$ 3,50 a mais para cada 100 kWh consumido.
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Para a agricultura, a chuva retornando de modo mais distribuído será excelente para o preparo do solo para o plantio da safra 2017/2018, mas os produtores rurais ainda terão de esperar por acumulados mais expressivos, com exceção da Região Sul.
O mapa abaixo preparado pelo Sistema de Monitoramento Agrometeorológico (Agritempo) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) mostra o limite atual de umidade disponível no solo.
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Outro ponto bastante positivo para o retorno da chuva ao Brasil será com relação à quantidade exorbitante de focos de queimadas registrados até o momento.
Somente no mês de setembro, em todo o país, o monitoramento feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostrou que foram registrados 89.015 focos de calor, o que significa um aumento de 157% em comparação com o mesmo período do ano passado.
Desde 1998, quando o órgão começou a monitorar e comparar os focos de calor, o mês de setembro que mais queimou foi do ano de 2007, com 94.516 focos, sendo também o maior acumulado mensal já observado. Provavelmente, pelo atual ritmo, setembro de 2017 pode superar esse recorde para o nono mês do ano.
Em 2017, o acumulado já atingiu 178.971 focos, aumento de 49% em relação ao mesmo período (entre 01 de janeiro e 20 de setembro) do ano passado. O recorde anual de queimadas é de 270.295 focos registrado em 2004.
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Como sempre ocorre após um longo período de estiagem, as primeiras chuvas costumam vir em forma de temporal, quase sempre acompanhadas de granizo, rajadas de vento e raios e que acabam impactando a população, com danos estruturais. Por isso, a população deve estar atenta à emissão de avisos preparados pelos órgãos oficiais, Cptec/Inpe e Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), além do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
(Crédito das imagens: Arquivo/Infoclimat – Reprodução/Agritempo - Reprodução/Cptec/Inpe – Reprodução/NCEP/NOAA – Reprodução/ONS - Reprodução/Pivotal Weathe
(Fonte da informação: De Olho No Tempo Meteorologia)

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