quarta-feira, 14 de outubro de 2009

homeopatia no tomateiro


Pesquisa avalia benefícios da homeopatia na
produção de tomate


O tomate é a segunda hortaliça mais consumida no Brasil, mas sua produção traz para a mesa do consumidor um alto residual tóxico, pelo uso de fungicidas utilizados no controle de várias doenças, dentre elas a pinta preta, causada por um fungo e limitante na produção da hortaliça. Uma mestranda do Programa de Pós-Graduação em Agronomia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, desenvolveu com sucesso uma alternativa homeopática, de baixo custo e fácil utilização, para o controle da doença. A prática pode ajudar a livrar a cultura dos altos índices de contaminação.


A pesquisa da engenheira agrônoma Márcia Vargas Toledo se pauta no momento atual, em que o grande desafio é produzir alimentos saudáveis, com menor impacto possível ao meio ambiente, e de maneira econômica e socialmente sustentável.
Os resultados ganham importância quando se leva em consideração o consumo do tomate no Brasil. Ele só perde para a batata. Mas seu cultivo é sujeito a um grande número de pragas e doenças em todas as fases do ciclo de produção, desde a sementeira até a comercialização.
Isto faz com que o manejo fitossanitário da cultura se torne um importante aspecto de pesquisa e investigação, na busca de um ambiente mais propício à planta e menos favorável às doenças e pragas que podem prejudicá-la.
A redução da utilização de agrotóxicos e adubos químicos no processo de produção do tomate pode acontecer através da adequação do ambiente e de um manejo que pode incluir a homeopatia, uma ciência desenvolvida por Samuel Hahnemann há mais de dois séculos, que tem enorme potencial por ser de baixo custo e apresentar impacto ambiental irrelevante.
Segundo a pesquisadora, contudo, são poucos os estudos na área de fitossanidade com homeopatia, principalmente na sua forma de atuação, como também a produção orgânica de tomates ainda é muito pequena no Brasil e poucos os conhecimentos das técnicas.
Em virtude disto, os pesquisadores do grupo de pesquisa Controles Biológico e Alternativo em Fitossanidade – COBALFI, da UNIOESTE, vêm somando esforços visando o desenvolvimento de sistemas de produção que adotem “tecnologias limpas”, envolvendo manejos que proporcionem, essencialmente, a recuperação do equilíbrio no ambiente agrícola da região e a melhoria da qualidade dos produtos.

Baixo custo e fácil utilização

O objetivo principal do trabalho da pesquisadora foi observar a utilização de medicamentos homeopáticos visando o controle da pinta preta, doença de alto potencial destrutivo que ocasiona elevados prejuízos econômicos. Causada por um fungo, a doença se caracteriza por ser uma das mais importantes e frequentes da cultura do tomateiro nas condições brasileiras de cultivo.
Os experimentos foram realizados no Laboratório de Fitopatologia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, campus de Marechal Cândido Rondon, sob a orientação do Prof. Dr. José Renato Stangarlin, tendo acontecido em duas fases: uma para a determinação da atividade fungitóxica in vitro dos medicamentos homeopáticos, e, outra, para verificação da ação protetora e/ou indutora de resistência dos medicamentos homeopáticos, quando aplicados em tomateiro para controle da pinta preta.

Medicamentos tiveram efeito

Os resultados dos experimentos realizados mostraram que os medicamentos homeopáticos utilizados apresentam ação fungitóxica contra a doença da pinta preta, mas dependente da natureza do medicamento e da dinamização utilizada.
Segundo a pesquisadora, os medicamentos homeopáticos se mostraram com uma alternativa para o controle da doença, além de influenciarem positivamente no crescimento das plantas tratadas. “Obtivemos resultados que mostram que soluções dinamizadas atuam no controle da pinta preta, sendo diretamente no patógeno fúngico, ou mesmo no tomateiro, pela ativação de seus mecanismos de defesa, de forma local ou ainda sistêmica”, explica a engenheira agrônoma.
De acordo com ela, dos medicamentos utilizados, o Propolis, o Sulphur e o Ferrum sulphuricum, todos testados com várias dinamizações, foram os que se sobressaíram no tratamento da doença em questão. Mas ela destaca que são necessários mais estudos, especialmente para três pontos básico no que se refere a homeopatia em modelos vegetais: a escolha do medicamento, a dinamização e a freqüência.

Estudos são Recentes

Segundo Márcia Toledo, são recentes os trabalhos relacionando a homeopatia aos vegetais e sua prática é pouco conhecida. A primeira dissertação em homeopatia na agricultura, em nível de pós-graduação, foi defendida em 1999 na Universidade Federal de Viçosa. “Entre 2004 e 2006, profissionais do Oeste do Paraná participaram de um curso de extensão em homeopatia animal e vegetal na Universidade Federal de Viçosa. A capacitação propiciou a estruturação de um laboratório de manipulação de preparados homeopáticos e a realização de experimentos na intenção de validar essa ciência como ferramenta auxiliar para o desenvolvimento da agroecologia na região”, explica ela.
Em 2006, um projeto do CAPA (Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor), de Marechal Cândido Rondon, montou com recursos do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), um mini-laboratório que possibilitou a capacitação de 200 agricultores com cursos básicos de homeopatia popular, além da elaboração de 1000 cartilhas em parceria com o Prof. Dr. Carlos Moacir Bonato da Universidade Estadual de Maringá – UEM e da realização de um Seminário Regional sobre o tema.


Legenda: Tomateiro atingido por lesões foliares causadas pelo fungo. (Divulgação)


BOX –

Confira os medicamentos utilizados na pesquisa, sua origem e aplicabilidade:

Sulphur – medicamento de origem mineral feito a partir do enxofre. Parece ter semelhança com todas as doenças sendo recomendado para todos os tipos de erupções e tecidos enfraquecidos;

Silicea terra – de origem mineral, feito a partir do óxido de sílica, é recomendado para erupções úmidas, cicatriza antigas fístulas e por analogia, tem sintomas semelhantes aos desenvolvidos pela doença da pinta preta;

Staphysagria – planta da família das Ranuláceas, conhecida como erva de piolho. É recomendado para tecidos dilacerados e eczemas no corpo;

Phosphorus – medicamento feito a partir do elemento fósforo (P) e indicado para excrescência fúngicas;

Ferrum sulphuricum – feito a partir do ferro e do enxofre. O Ferrum é recomendado para fraqueza, aspecto clorótico e hipersensibilidade;

Kali iodatum – feito a partir do iodeto de potássio é antipsórico e antisifilítico. Os sais de potássio são recomendados para ulcerações e o medicamento para doenças crônicas com estados de sintomas na pele e de degeneração dos tecidos e, por analogia, semelhantes aos causados pela doença da pinta preta.

Propolis – não foram encontrados trabalhos nos quais tenha sido homeopatizada esta substância, uma resina coletada das árvores pelas abelhas Apis mellifera. A tintura mãe, porém, é recomendada para controle de fungos.


Texto: Ana Maria de Carvalho - 45 8408-7880
Contato para entrevistas com a pesquisadora: 45 3254-2820

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