terça-feira, 15 de março de 2011

O Paraná e a agricultura brasileira


Zeca Dirceu*

Nesta semana, o IBGE confirmou que o Paraná retomou a posição de liderança
na produção nacional de grãos. São 31 milhões de toneladas na safra
2010/2011. Mais do que espetacular, é sempre bom lembrar que o Estado, com
apenas 2,3% do território nacional, participa com 20% na produção e já
chegou a representar 25% na última década.
A performance paranaense exemplifica o ótimo momento da agropecuária
brasileira. Nos últimos anos, o setor contribui, e muito, com o
desenvolvimento, com a geração de empregos e com o crescimento da economia
do país.
É a atividade que mais cresceu nos últimos dez anos. A média do PIB
(Produto Interno Bruto) do setor aponta um crescimento anual de 3,67%,
enquanto o PIB geral do país mostra avanço de 3,59% (média por ano). Em
2010, o PIB brasileiro totalizou R$ 3,7 trilhões, e o PIB da agropecuária,
R$ 180,8 bilhões.
Esse desempenho é resultado do empenho e do esforço dos produtores, somados
às grandes mudanças da última década no setor. Entre elas, notadamente, o
aumento do crédito rural. Foram mais de R$ 270 bilhões entre 2003 e 2010.
O governo federal, atento às mudanças, aumentou ainda mais o volume de
recursos ao crédito para acompanhar o crescimento da produção. Nesta safra,
os produtores rurais têm R$ 100 bilhões em crédito para custeio e
investimentos. A agricultura familiar tem R$ 16 bilhões. Na safra passada,
o total do crédito agrícola foi de R$ 107,5 bilhões.
Além do crédito, as mudanças vieram com a modernização do parque de
máquinas e com a inserção brasileira no mercado internacional.  O país se
fortaleceu no comércio de produtos em que antes não tinha tradição, como o
de carnes e sucos, entre outros. No setor, as exportações brasileiras
chegam hoje em 215 países.
Todas as medidas e ações, das empresas e do setor público, potencializaram
o agronegócio brasileiro, que fechou 2010 com superávit superior a U$ 60
bilhões. O setor é responsável por quase metade das exportações
brasileiras, que totalizaram US$ 72 bilhões, enquanto as importações foram
de US$ 12 bilhões.
No entanto, há gargalos consideráveis que precisam ser enfrentados para
baixar os custos de produção e tornar o produto brasileiro mais competitivo
no mercado internacional. É preciso investimentos significativos em
logística, armazenamento, nas estradas rurais, nas rodovias e em novos
modais no transporte de safras, substituindo, por exemplo, o transporte
rodoviário por ferrovias, portos e aeroportos.
Na outra ponta se faz necessário, além do crédito e de incentivos, dotar os
pequenos e médios produtores de informação, tecnologia e assistência
técnica. São ações que vão assegurar à agricultura familiar atributos e
qualidades empresariais, evitando que ela degenere numa agricultura de
subsistência.
Há bons exemplos nos municípios brasileiros. Em Cruzeiro do Oeste, no
Noroeste do Paraná, o programa Terra Fértil subsidia a produção, reduz
custos, aumenta a produtividade, aumenta a renda e o emprego no campo. A
doação de mudas, a distribuição de calcário e adubo, a adequação das
estradas rurais, a mecanização agrícola trazem resultados significativos e
de excelência nas pequenas e médias propriedades.
Com investimentos em vários níveis nas duas pontas da produção – do pequeno
ao grande produtor –, o país vai resolver seus gargalos e se tornar, como
prevê a FAO, o maior produtor de alimentos do mundo. A produção agrícola
brasileira aumentará 40% até 2019 – crescimento superior ao da Rússia,
Ucrânia, China e Índia, que devem registrar percentual médio superior a 20%
no mesmo período.
É esse o desafio que se apresenta nesta década.


Zeca Dirceu, 32 anos, é deputado federal pelo PT do Paraná –
www.zecadirceu.com.brwww.twitter.com/zeca_dirceu

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