quarta-feira, 12 de novembro de 2014

REFORMA AGRÁRIA x AGROECOLOGIA




Assentados da Reforma Agrária buscam conversão para agroecologia no oeste paranaense


 Contando com o apoio, incentivo e a disposição dos profissionais em repassar técnicas sustentáveis de produção, agricultores de diversos assentamentos da reforma agrária, localizados no oeste paranaense, estão em busca da conversão de seus sistemas de produção do convencional para o agroecológico.
Exemplo deste interesse foi a recente palestra realizada no Assentamento 16 de Maio, em Ramilândia, oeste do Paraná, da qual participaram 16 assentados produtores de leite, interessados em converter sua produção. O tema abordado foi o Balanceamento Nutricional para gado leiteiro, com manejo agroecológico e partindo da realidade dos assentados.

“Produtores de Pasto”

Alertados sobre a dependência tecnológica que caem ao agredir o solo com maquinários inadequados, insumos sintéticos e queimadas, os produtores foram instados a virarem produtores de pasto, visto que, quem produz leite são as vacas. E, como produtores de pasto devem preocupar-se com o solo, em mantê-lo vivo, sem sobrecargas que o levem à degradação. 

Além disso, houve ainda uma reflexão sobre a necessidade da suplementação alimentar  para os animais, visto que domesticamos e limitamos os mesmos na expressão de seus hábitos naturais. Segundo a zootecnista Elisa Koefender, ao restringirmos seu espaço e sua alimentação, impossibilitamos o animal de encontrar todos os nutrientes necessários para sua mantença, reprodução e produção. Neste sentido foi realizada uma aula prática de preparo de sal mineral (foto à esq.).
A diversificação das pastagens através do consórcio de gramíneas e leguminosas teve sua importância ressaltada, assim como a adoção do Pastoreio Racional Voisin, método que a quantidade de piquetes é planejada e distribuída de forma que todos sejam dotados de água e sombra, consistindo num sistema de pastagens viável e de bom retorno.
Ressaltou-se neste sentido que cabe ao ser humano proporcionar as condições ideais para o bem estar animal, melhorias na sanidade, na nutrição, o que, por consequência, resultará na produção tão desejada pelo agricultor.

Auto sustento

No último dia  04/11 foi a vez de Marechal Cândido Rondon receber cerca de 35 agricultores assentados da Reforma Agrárias que viram conhecer e trocar experiências. Provenientes dos Assentamentos Antonio Conselheiro Tavares (São Miguel do Iguaçu), 16 de maio (Ramilândia), Santa Izabel (Ramilândia) e Ander Henrique (Diamante do Oeste), todos municípios do oeste paranaense, eles vieram trocar experiências e saber mais sobre a comercialização, produção em pequenas áreas e auto sustento, além da pesquisa voltada à produção de leite, que vem sendo realizada pelo Curso de Zootecnica da Unioeste.

Na ACEMPRE – associação que reúne pequenos produtores de orgânicos, a comitiva foi recebida por Herbert Bier, um dos pioneiros da agroecologia no município, que falou do histórico da entidade e de tudo o que já acumularam de experiências.  Segundo ele, o mercado para alimentos orgânicos é farto. O que falta é produção e organização.  Na oportunidade ele disse da sua esperança de que os visitantes também organizem suas associações e ampliem a produção de alimentos orgânicos.
Na Vila Rural de Marechal Rondon, os assentados conheceram Dona Romilda, que os recebeu com uma galinhada de frango caipira e lhes contou o histórico da Vila, criada em 1999. Ela disse que apesar dos problemas é feliz ali, enalteceu a equipe técnica do CAPA – Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor – núcleo de Marechal Cândido Rondon, pela articulação, motivação e organização da produção orgânica na Vila.

Mudas de forrageiras

Em seguida, terminando o intercâmbio, os assentados foram para a Fazenda Experimental da Unioeste, onde puderam visitar os campos experimentais de forrageiras, e compreender melhor as pesquisas realizadas pela Universidade no que se refere à nutrição de bovinos leiteiros. Muitos assentados levaram mudas de forrageiras, no intuito de melhorar a qualidade de suas pastagens  no assentamento. 
Tais encontros que atendem às demandas dos assentados, têm sido viabilizados com apoio da Itaipu binacional, através de entidades e cooperativas como ADEOP, BIOLABORE, CAPA, ACEMPRE e

UNIOESTE/NEPAL (Nucleo de Estudo na Produção Agroecológica de Leite).

Colaboração: Elisa Koefender



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