Assentados
da Reforma Agrária buscam conversão para agroecologia no oeste paranaense
Contando
com o apoio, incentivo e a disposição dos profissionais em repassar técnicas
sustentáveis de produção, agricultores de diversos assentamentos da reforma
agrária, localizados no oeste paranaense, estão em busca da conversão de seus
sistemas de produção do convencional para o agroecológico.
Exemplo
deste interesse foi a recente palestra realizada no Assentamento 16 de Maio, em
Ramilândia, oeste do Paraná, da qual participaram 16 assentados produtores de
leite, interessados em converter sua produção. O tema abordado foi o
Balanceamento Nutricional para gado leiteiro, com manejo agroecológico e
partindo da realidade dos assentados.
“Produtores
de Pasto”
Alertados
sobre a dependência tecnológica que caem ao agredir o solo com maquinários
inadequados, insumos sintéticos e queimadas, os produtores foram instados a
virarem produtores de pasto, visto que, quem produz leite são as vacas. E, como
produtores de pasto devem preocupar-se com o solo, em mantê-lo vivo, sem
sobrecargas que o levem à degradação.
Além
disso, houve ainda uma reflexão sobre a necessidade da suplementação
alimentar para os animais, visto que domesticamos
e limitamos os mesmos na expressão de seus hábitos naturais. Segundo a
zootecnista Elisa Koefender, ao restringirmos seu espaço e sua alimentação, impossibilitamos
o animal de encontrar todos os nutrientes necessários para sua mantença,
reprodução e produção. Neste sentido foi realizada uma aula prática de preparo
de sal mineral (foto à esq.).
A
diversificação das pastagens através do consórcio de gramíneas e leguminosas
teve sua importância ressaltada, assim como a adoção do Pastoreio Racional
Voisin, método que a quantidade de piquetes é planejada e distribuída de forma
que todos sejam dotados de água e sombra, consistindo num sistema de pastagens
viável e de bom retorno.
Ressaltou-se
neste sentido que cabe ao ser humano proporcionar as condições ideais para o bem
estar animal, melhorias na sanidade, na nutrição, o que, por consequência,
resultará na produção tão desejada pelo agricultor.
Auto
sustento
No último
dia 04/11 foi a vez de Marechal Cândido Rondon
receber cerca de 35 agricultores assentados da Reforma Agrárias que viram
conhecer e trocar experiências. Provenientes dos Assentamentos Antonio
Conselheiro Tavares (São Miguel do Iguaçu), 16 de maio (Ramilândia), Santa
Izabel (Ramilândia) e Ander Henrique (Diamante do Oeste), todos municípios do
oeste paranaense, eles vieram trocar experiências e saber mais sobre a
comercialização, produção em pequenas áreas e auto sustento, além da pesquisa
voltada à produção de leite, que vem sendo realizada pelo Curso de Zootecnica
da Unioeste.
Na
ACEMPRE – associação que reúne pequenos produtores de orgânicos, a comitiva foi
recebida por Herbert Bier, um dos pioneiros da agroecologia no município, que falou
do histórico da entidade e de tudo o que já acumularam de experiências. Segundo ele, o mercado para alimentos orgânicos
é farto. O que falta é produção e organização. Na oportunidade ele disse da sua esperança de
que os visitantes também organizem suas associações e ampliem a produção de
alimentos orgânicos.
Na Vila
Rural de Marechal Rondon, os assentados conheceram Dona Romilda, que os recebeu
com uma galinhada de frango caipira e lhes contou o histórico da Vila, criada
em 1999. Ela disse que apesar dos problemas é feliz ali, enalteceu a equipe
técnica do CAPA – Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor – núcleo de Marechal Cândido
Rondon, pela articulação, motivação e organização da produção orgânica na Vila.
Mudas de
forrageiras
Em
seguida, terminando o intercâmbio, os assentados foram para a Fazenda
Experimental da Unioeste, onde puderam visitar os campos experimentais de
forrageiras, e compreender melhor as pesquisas realizadas pela
Universidade no que se refere à nutrição de bovinos leiteiros. Muitos
assentados levaram mudas de forrageiras, no intuito de melhorar a qualidade de
suas pastagens no assentamento.
Tais encontros que atendem às demandas dos assentados, têm sido viabilizados com apoio da Itaipu binacional, através de entidades e cooperativas como ADEOP, BIOLABORE, CAPA, ACEMPRE e
UNIOESTE/NEPAL
(Nucleo de Estudo na Produção Agroecológica de Leite).
Colaboração: Elisa Koefender
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