sábado, 7 de abril de 2012

O Dia do Jornalista – pra que(m) serve o teu jornalismo?


Nesse sábado, 7 de abril, comemora-se o Dia do Jornalista. O jornalismo, como qualquer profissão ou qualquer ferramenta, pode ser usado para o bem e para o mal. Então qual jornalista deve ser homenageado e qual deve ser lamentado e repudiado? Esta é uma formulação mais individualizada de uma questão fundamental para o exercício do jornalismo: para quem serve o trabalho que desenvolves?
Não há neutralidade em qualquer setor da vida, em qualquer ação. A neutralidade está ainda mais distante quando falamos de jornalismo. Retratar a sociedade que está à nossa volta é necessariamente agir sobre a sociedade que virá a seguir. A mídia tem o poder de construir e reconstruir a realidade através da visão dos jornalistas e das empresas de comunicação. É através da mídia que a sociedade enxerga a si mesma, é através da informação que ela existe efetivamente.
Como a escola e a família – e, cada vez em menor medida, a igreja – a mídia forma a personalidade dos indivíduos desde a primeira infância, onde os sons e imagens transmitidos pela televisão às vezes são mais presentes do que os próprios pais. Já adultos e jovens e com a percepção básica do mundo formada a partir das interações iniciais com o ambiente – que inclui esta enxurrada de sons, imagens e informações que chegam através da mídia –, as pessoas seguem se informando através dos meios de comunicação, já que não é possível estar em todos os lugares onde as coisas acontecem. Afastados da vida política por um modelo que elitiza o processo decisório, os sujeitos são treinados para assistirem passivamente à realidade imposta pelos dominantes e distorcida pela mídia hegemônica. Mas há, pelo trabalho de diversos atores sociais, espaço para agir sobre essa realidade e modificá-la.
É justamente nesse ponto que se diferenciam os dois tipos de jornalistas: os que trabalham para seus patrões e para as elites opressoras, e os que trabalham pelo interesse pública e para os oprimidos. A sociedade capitalista, repartida entre opressores e oprimidos (capitalistas e proletários, ainda que o capitalismo moderno inclua classes híbridas entra essas duas, que acabam por alimentar o domínio da primeira), não admite a omissão. Não escolher um lado é ser escolhido pelo lado dominante.
O jornalismo possui, nesse contexto, uma função social fundamental, função que infelizmente é muitas vezes relegada em favorecimento aos interesses dos patrocinadores dos grandes conglomerados de comunicação. A função de defesa dos oprimidos, de luta por desencobrir a realidade encoberta pela fumaça da alienação, é deixada de lado, e o jornalista se torna mais uma peça na engrenagem de realimentação do sistema, cuja lógica é a opressão de muitos para o domínio de alguns poucos.
No Dia do Jornalista, um enorme parabéns aos que honram a profissão lutando ao lado do povo, postando-se ao lado dos oprimidos e trabalhando pelo descobrimento da realidade encoberta pela desinformação alienante, pela aproximação entre as pessoas e a própria realidade ignorada. Parabéns aos que usam a verdade como arma e as palavras como estiletes. Parabéns aos que não se acomodam, não se conformam. Parabéns aos que se indignam. Parabéns aos que lutam.
Jornalismo é subversão.

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