Elemento vital reduzido a “recurso hídrico”, a água é,
atualmente, uma das maiores preocupações mundiais em virtude das alarmantes
previsões de escassez crônica. Se quantificada e tratada como mercadoria, como
vem acontecendo, se tornando praticamente uma commoditie, tudo leva a crer que
quem ficará sem ela serão as comunidades pobres, que não terão como pagar.
Mas a questão é bem mais abrangente na medida em que não se
vive uma escassez, pelo contrário, já que a disponibilidade de água é bem maior
que o consumo médio necessário, segundo a ONU. O problema é uso inadequado da água, e, daí, o problema então deixa de ser a
quantidade, e passa a ser a qualidade, afetada pela depredação dos rios e
cursos d'água, que a humanidade transformou em esgoto da sua civilização.
Isso tornou a atividade de distribuição e saneamento um
excelente negócio. É só verificar o número de empresas interessadas quando da
privatização de sistemas públicos de abastecimento ou saneamento. A legislação
vigente abriu grandes brechas para a participação popular, mas, também, para a
privatização e mercantilização das nossas águas. O ‘mercado das águas’ tornou o
setor de distribuição e saneamento brasileiro um negócio lucrativo, através da
transferência de outorgas. Estas são solicitadas à ANA, ao Estado ou ao
município.
A não captação das águas das chuvas, a crescente impermeabilização do solo e a falta de gestão adequada das águas pluviais que
descem, em geral, sem controle em direção aos córregos nas zonas urbanas tem sido a causa das enchentes e alagamentos que hoje assolam as grandes cidades e regiões metropolitanas.
*Editorial publicado na Revista Thelema.
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