terça-feira, 31 de dezembro de 2019

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER



No Brasil, a cada 4 horas, uma menina é estuprada por seu pai, padrasto, tio, primo ou vizinho


Dados do Anuário de Segurança Pública 2019, revelam esta dramática situação do país que se acentuou após o golpe de 2016, se compararmos os dados de violência sexual de anos anteriores. Em 2015 houve redução de 10% em relação ao ano anterior, já em 2016 houve um aumento de 3,5%, seguido de 10,1% em 2017 e 4% em 2018. Neste último levantamento 63,8% tiveram como vítimas, jovens de até 14 anos de idade ou pessoas incapazes de oferecer resistência por alguma enfermidade.


Analisando os dados referentes ao estado de São Paulo, onde ocorreram o maior número de casos relatados de estupro de 11.788 em 2017 para 12.836 em 2018, gerando um aumento de 7,8% dos casos. Quando se observa apenas as vítimas mulheres esse aumento é maior, 9.627 casos em 2017 contra 10.768 casos em 2018, um aumento de 11%. Seguido pelo Paraná que embora tenha menor número de casos relatados de estupro, o percentual do aumento foi o dobro de São Paulo, 5.781 casos em 2017 e 6.898 casos em 2018 gerando um percentual de 19%. Analisando apenas as vítimas do sexo feminino o percentual também é de aumento, 18%. Dados de outros estados afirmam o perfil das vítimas: jovens do sexo feminino de até 17 anos formam 71,8% das vítimas.
Segundo o Anuário esse tipo de violência atinge mais crianças e adolescentes. Entre as meninas atinge-se um ápice aos 13 anos, mas o principal grupo entre elas são as vítimas de até 9 anos. Quando se observa os dados a respeito das vítimas do sexo masculino, percebe-se que são ainda mais jovens, menores de 7 anos. Algo estarrecedoramente repugnante. Segundo um levantamento técnico do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) de 2014, estimou-se que naquele ano os 54.000 casos notificados de estupro, representavam apenas 10% do real valor das ocorrências. Isso se deve a que, as vítimas - crianças, jovens ou adultos - se veem incapazes de denunciar o ato. Muitas vezes por algum constrangimento devido ao agressor possuir, majoritariamente, algum grau de parentesco com a vítima, ou pelo fato das vítimas se verem culpadas pelo ato criminoso.
O agressor é tipificado, como aponta o levantamento atual, 96.3% são homens e 75,9% deles são conhecidos das vítimas, sendo pais, padrastos, tios, primos ou vizinhos. Uma vez que estão instalados ou próximos do ambiente familiar das vítimas, não sendo agressões repentinas ou por homens estranhos à vítima. Tal dado desmistifica o mito do qual o agressor é alguém de fora, que é o outro, e de que são pessoas homossexuais. Muito corrobora com o que se denomina de “cultura do estupro” o pensamento levantado na pesquisa do Fórum de Segurança Pública, o qual 30% entre homens e mulheres concordaram com a afirmação de que “a mulher que usa roupa provocante não pode reclamar se for estuprada” e 43% entre jovens e adultos homens a partir dos 16 anos acreditam que “mulheres que não se dão ao respeito são estupradas. Pensamentos do tipo apenas relativizam e silenciam as vítimas do comportamento muitas vezes sutil de seus agressores, que na grande maioria dos casos divide o mesmo teto com as vítimas.
Para combater esse mal, não será com o conservadorismo presente no governo, tanto federal (Bolsonaro-PSL) como no estadual (João Dória - PSDB) que em dias atrás mandou recolher material das escolas públicas que abordavam sobre a diversidade sexual sem fundamentação alguma. Mas sim, e principalmente com educação sexual correspondente com a faixa etária da criança e/ou adolescente, pois assim elas poderão também identificar esse sutil e perverso crime que atinge os lares familiares. Ainda relativo ao crescimento das taxas de violência sexual, e de outras formas de violência, o documento afirma que “mais uma vez, [fazendo alusão ao atual governo] o pêndulo da segurança pública pende para soluções reativas e lastreadas apenas na narrativa política desprovida de evidências e bases científicas” como ficou bem claro na ações autoritárias do governo Bolsonaro contra várias instituições científicas brasileiras.

Fonte: http://www.esquerdadiario.com.br/No-Brasil-a-cada-4-horas-uma-menina-e-estuprada-por-seu-pai-padrasto-tio-primo-ou-vizinho?fbclid=IwAR3GPlpSv-Yf8iyT2KGgCWEHZhtyYyXpgaaTz_EXaEIh0--WMSzUvPuhGX8

sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

PORTUGAL



EUCALIPTOS VÃO DAR LUGAR A ZIMBROS, AZINHEIRAS E SOBREIROS EM VIMIOSO

Um eucaliptal, de 30 hectares, no concelho de Vimioso, vai ser reconvertido numa floresta autóctone.




Carina Alves










A ideia é trocar estas árvores exóticas por zimbros, azinheiras e sobreiros e diga-se que, por aqui, o abate dos eucaliptos já começou há mais de quinze dias. Este restauro ecológico está a ser feito no âmbito do mais recente projecto da Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino (AEPGA): o Hotspot de Biodiversidade. “Pretendemos apoiar a regeneração natural das espécies autóctones”, assegurou a bióloga da associação, Sara Pinto. O projecto da AEPGA, que surgiu de uma candidatura ao Fundo Ambiental, do Ministério do Ambiente e da Transição Energética, surge da necessidade de salvaguardar uma área natural inserida num Sítio de Importância Comunitária, da Rede Natura 2000, nos concelhos de Vimioso e Mogadouro, no sítio dos rios Sabor e Maçãs, que se caracteriza, essencialmente, por incluir os vales encaixados destes dois rios e do Angueira. Além do abate de eucaliptos há outras duas vertentes que a AEPGA está a trabalhar através do projecto. Como o local integra a rede para conservar os habitats e as espécies selvagens raras, ameaçadas ou vulneráveis na União Europeia, a conservação de habitats prioritários nesta área é outro dos eixos a explorar e o primeiro passo da associação, que já está dado, foi ir para o terrenos a mapeá-los. “Um habitat que é bastante expressivo nesta zona é dos bosques de zimbros e sobreiros”, disse a bióloga. A conservação destes habitats, quatro estão identificados como prioritários, também se deve ao facto deste Sítio de Importância Comunitária enfrentar várias ameaças, entre elas a destruição de vegetação, florestação com espécies desadequadas, realização de queimadas, ordenamentos piscícola insuficiente e cinegético desadequado, abandono e alteração de práticas agro-pastoris e corte ilegal de bosques. A terceira vertente do projecto passa pela educação ambiental, dirigida aos agricultores e à comunidade escolar. Assim, há um técnico, especializado em botânica, com experiência em acompanhar projectos agrícolas, no sentido de os tornar mais amigos do ambiente. O projecto tem como parceira a PALOMBAR – Associação de Conservação da Natureza e do Património Rural



quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

ALEJANDRO COLLI



Garoto de 18 anos faz próteses gratuitas 

para cachorros deficientes





Alejandro Colli, é um jovem de apenas 18 anos, mas ele já ajudou os animais mais do que muitas pessoas. O garoto usa uma impressora 3D para montar montar próteses para cães com deficiência. Sua intenção é apenas ajudar, e ele faz com muito amor e carinho, nunca pedindo nada em troca.
Todos os seus projetos estão sendo compartilhados no Twitter e já viralizaram nas redes sociais. Quando Alejandro estava prestes a terminar o último ano do ensino médio no Instituto Stella Maris em Lamus (Argentina), ele teve a ideia de comprar uma impressora 3D. 
“Vi tutoriais no YouTube e fiz, era só para saber o que era, nunca levei isso como algo sério. Então eu percebi o que era capaz de fazer”, explicou o jovem. Sua jornada começou fazendo moldes de biscoitos para doces, no qual fabricava para uma pequena empresa que os vendia e ganhava um dinheiro extra.

Logo após os moldes, Alejandro começou a fazer próteses para as patas dos cães, conseguindo ajudar eles a andarem novamente. Geralmente, próteses feitas sob medida, demorariam cerca de um dia e meio para serem fabricadas, mas quando você as transfere para a impressora 3D, ela faz em cerca de 3 horas.
Algo muito curioso é saber que apesar de ter um preço elevado em diversos lugares, a prótese para animais tem um custo total de 10 dólares. Surpreso de como as pessoas gostaram de seu projeto, ele diz: “O que as pessoas agradecem é incrível. Ver um cãozinho voltar à caminhada normal é algo inestimável e sem mencionar a felicidade dos donos. Eles me agradecem, mas não precisam.”

Além disso, Alejandro começou a fabricar cadeiras de rodas, ele assumiu o desafio de novas possibilidades de devolver alguma felicidade aos cães e suas famílias com essas invenções incríveis, ele espera que no futuro conseguir uma impressora maior e também aumentar a produção, para assim ajudar mais.
“Já entreguei mais de 50 peças, tanto no país quanto no Panamá, México, Colômbia e Chile. Hoje, estou me concentrando mais em cadeiras de rodas adaptáveis, que são as mais difíceis e caras de fazer, porque exigem uma invasão por toda a coluna.”



domingo, 15 de dezembro de 2019

SOCIEDADE



Portugal ignora Bolsonaro e marca data para entregar Prêmio Camões a Chico Buarque






A entrega do prêmio ao artista brasileiro acontecerá em abril de 2020

Chico Buarque foi o grande vencedor do Prêmio Camões deste ano. No entanto, o presidente Jair Bolsonaro já anunciou que não assinará o diploma da condecoração ao cantor. Mas isso não o impedirá de receber a homenagem, conforme decidiu o Ministério da Cultura de Portugal.

O governo português anunciou que a entrega do prêmio acontecerá no dia 25 de abril de 2020, em Lisboa. Segundo autoridades do país, a assinatura do diploma pelo presidente é apenas uma formalidade e não impede a entrega e a cerimônia.
Chico Buarque foi anunciado vencedor do Prêmio Camões 2019 no dia 21 de maio, após reunião do júri, na Biblioteca Nacional, no Rio. O valor do prêmio, de 100 mil euros, é dividido entre Portugal e Brasil. A parcela da condecoração que cabia ao governo brasileiro já foi depositada em junho.

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domingo, 10 de novembro de 2019

BRASIL*





Bolsonaro revoga decreto que proibia plantio de cana de açúcar na Amazônia


Especialistas apontam que decisão ameaça biomas frágeis com a expansão da cana de açúcar e 'joga na lama' a imagem internacional de sustentabilidade que o etanol brasileiro construiu

07/11/2019 ÀS 07:28

Foto: Daniel Ribeiro / ISA



O presidente Jair Bolsonaro anunciou na semana passada a derrubada do decreto nº 6.961/2009, que libera a expansão da plantação de cana-de-açúcar nas áreas ecológicas sensíveis da Amazônia e do Pantanal. O decreto 6.961, de 2009, foi um dos principais fatores que tornou o etanol brasileiro em um diferencial para as exportações, justamente por proteger os biomas de desmatamento.  
O deputado Flexa Ribeiro (PSDB-PA) já havia apresentado um projeto de lei para liberar o plantio na Amazônia, mas foi criticado pela União Indústria da Cana-de-açúcar (Unica),  por favorecer a produção do Brasil no comércio internacional.

A reportagem do diário paraense A Crítica, ouviu dois economistas e o presidente da Federação da Agricultura e Agropecuária no Amazonas (Faea) sobre a decisão. Favorável a derrubada do decreto, o presidente da Faea, Muni Lourenço, lembrou que o Código Florestal garante que as propriedades rurais mantenham 80% da floresta de pé.  “Agora com esse novo decreto se reestabelece a possibilidade de crédito para essa cultura, não pressionando a floresta, mas utilizando áreas antropizadas”, ponderou.
 
Divergências

Essa revogação pode reascender a polêmica a respeito da conservação ambiental na região amazônica, principalmente após os acordos de comércio internacional, segundo o economista José Alberto Machado. “O  efeito imediato econômico é que nós temos um mercado grande de biocombustíveis de açúcar internacional e todos os derivados da cana passam a ficar com dificuldades (comerciais), sobretudo após esse acordo com a União Europeia (UE)”, alertou. Ele diz respeito ao acordo comercial da UE com o Mercosul.

Machado apontou ainda que a Amazônia teve uma história no mercado internacional da cana no século XVIII e acredita que a medida pode ser benéfica para os produtores tradicionais.  Já a  economista Denise Kassama ressaltou que o impacto ambiental na Amazônia deve ser considerado, apesar da necessidade de expandir o agronegócio brasileiro. 
“Por sua qualidade, o etanol produzido a partir da cana de açúcar é um diferencial no mercado. Além disso, qualquer atividade econômica pode vir a trazer benefícios ao processo de desenvolvimento regional”, apontou.

Canaviais no AM

A Amazônia conta atualmente com 1,7% do total da cana-de-açúcar produzida no Brasil, segundo o Ministério da Agricultura (Mapa). Uma referência de canaviais na Amazônia é a Agroindústria Jayoro, que possui uma área de 4 mil hectares destinados ao plantio de cana no município de Presidente Figueiredo (a 120 km de Manaus). Parte da cana plantada pela fazenda da Jayoro é transformada em açúcar, que é utilizado para fabricar os concentrados de refrigerante e sucos da Recofarma, empresa do grupo Coca-Cola.
Fiscalização preocupa ambientalistas
A aceleração do desmatamento do bioma Amazônia com a cultura da cana-de-açúcar, acende o alerta dos ambientalistas. O geógrafo e diretor da Associação para Conservação da Vida Silvestre, Carlos Durigan, citou a preocupação com a devastação de áreas extensas para o cultivo que beneficiam pouco a região.
“A atividade [agrícola] na região produz cana em pequenas quantidades que, em geral, são para uso doméstico. Mas o problema que esse processo é para incentivar o cultivo de cana em larga escala, que tem se constituído como maior ameaça à integridade da região”, frisou o ambientalista.

O coordenador de Políticas Públicas do Greenpeace Brasil, Marcio Astrini, alertou que o decreto foi criado pelo setor agrícola para evitar que o etanol brasileiro fosse relacionado com a degradação do bioma amazônico. “Naquela época eles fizeram um estudo e mapearam mais de 70 milhões de hectares disponíveis no Brasil para que a cana pudesse se expandir. Para se ter um ideia, isso é dez vezes a área que a cana ocupa hoje”, explica. 
O coordenador lembra também que o governo vem diminuindo a capacidade de fiscalização ambiental e essa derrubada pode acarretar em maiores problemas para a floresta amazônica.
*Editado
Fonte: 

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

AGROTÓXICOS



Ingestão de pesticidas é responsável por um em cada cinco suicídios no mundo




A ingestão de pesticidas é responsável por um em cada cinco suicídios no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), provocando mais de 100 mil mortes por ano.
De acordo com a OMS, uma das formas mais eficazes de reduzir essa taxa é restringindo o acesso aos pesticidas — sobretudo, quando se trata de um ato impulsivo, uma vez que dá mais tempo para a pessoa reconsiderar a decisão.
Um dos exemplos disso é o Sri Lanka, que nas décadas de 1980 e 1990 apresentava uma das maiores taxas de suicídio do planeta — sendo a ingestão de pesticidas responsável por dois terços dessas mortes.
A proibição dos pesticidas considerados mais perigosos resultou em uma queda de 70% no número de suicídios no país entre 1995 e 2015.
Estima-se que 93 mil vidas foram salvas.
A OMS quer agora que outros países, incluindo a Índia e a Nigéria, sigam o exemplo do Sri Lanka, restringindo o acesso a pesticidas.
Segundo a organização, os suicídios por pesticidas ocorrem principalmente em áreas rurais de países de baixa e média renda localizados na África, América Central, Sudeste Asiático e Pacífico Ocidental.

domingo, 20 de outubro de 2019

PROTESTOS NO CHILE



Chilenos desafiam toque de recolher, e distúrbios deixam pelo menos três mortos

No terceiro dia de protestos contra o aumento da passagem do metrô, Governo de Piñera informa que 716 pessoas foram detidas, 241 por não respeitar o toque de recolher




Manifestantes em Valparaíso, neste sábado. (REUTERS)






Santiago De Chile - 20 OCT 2019 - 17:26 BRT


Embora o Exército tenha decretado toque de recolher em Santiago e Valparaíso com o objetivo de controlar os protestos violentos que explodiram na quinta-feira contra o aumento da passagem do metrô, milhares de chilenos desafiaram às autoridades militares e políticas na noite de sábado e madrugada deste domingo. O ministro do Interior, Andrés Chadwick, informou neste domingo que duas mulheres morreram e outra pessoa ficou gravemente ferida, com 75% do corpo queimado, após o saque de um supermercado no município de San Bernardo, ao sul da capital. Um homem morreu no centro da cidade, também por um incêndio que ocorreu durante o saque de um estabelecimento comercial. Além disso, o Governo informou que 716 pessoas foram detidas, 241 delas por não respeitar o decreto proibindo a circulação noturna, que vigorou das 22h às 7h. Em uma operação militar em uma área popular do sul de Santiago, outras duas pessoas ficaram gravemente feridas.
Os distúrbios continuam neste domingo. Ocorreram saques e confrontos com a polícia em diferentes cidades do país. O Instituto Nacional de Direitos humanos (INDH) informou que pelo menos 22 pessoas foram vítimas de uso abusivo da força. Helicópteros das forças de segurança sobrevoam Santiago desde a noite de sábado. A capital é controlada por cerca de oito mil militares. Outras quatro regiões do país − Valparaíso, Biobío, Coquimbo e O’Higgins − se encontram neste domingo em estado de emergência, que restringe a liberdade de circulação e reunião da população.
Não está claro se o toque de recolher será estendido para a noite deste domingo na capital e nas outras cidades onde ocorreram incidentes violentos. No porto de Valparaíso houve ataques a estabelecimentos comerciais e a estações de metrô, e a sede do El Mercurio de Valparaíso − o jornal mais antigo em espanhol − foi incendiada. Em todo o país se vive uma situação complexa. Algumas companhias aéreas cancelaram voos, e supermercados e shopping centers decidiram fechar as portas por razões de segurança, enquanto são registrados cortes de luz e as pessoas procuram comércios abertos para se abastecer de alimentos.
A última vez em que havia sido decretado toque de recolher no Chile foi em 1987, nos últimos anos de ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990). Diferentemente daquela época, hoje a população parece não ter medo da autoridade militar. Quem lidera os protestos são menores de 30 anos, que não viveram o regime militar, assinalam os analistas. Às 22h de sábado, quando o toque de recolher começou a vigorar na capital, centenas de pessoas continuavam se manifestando pacificamente nas ruas, com panelaços, inclusive em áreas ricas de Santiago, como Providencia, La Reina e Las Condes. Paralelamente, os protestos alcançaram diferentes lugares do país, onde também ocorreram saques de supermercados e grandes magazines, de onde a pessoas roubavam tanto alimentos como eletrodomésticos.
As medidas que o Governo de Sebastián Piñera adotar neste domingo serão cruciais. Embora o presidente tenha anunciado no sábado à noite que suspenderia o aumento da passagem do metrô − de 800 para 830 pesos (4,65 para 4,81 reais) − e convocaria uma mesa de diálogo “ampla e transversal” para encontrar respostas a “reivindicações tão sentidas como o custo da vida” da população, não parece estar próxima uma solução para o conflito. Nesta segunda-feira, dia útil, será colocado à prova o funcionamento de uma cidade com danos significativos: o metrô do Santiago, orgulho dos chilenos por sua organização e bom funcionamento, apresenta danos que chegam a 300 milhões de dólares (1,23 bilhão de reais), segundo as autoridades. Cerca de 2,8 milhões de pessoas o utilizam diariamente e ainda é imprevisível o funcionamento de uma cidade com enormes dificuldades de transporte.
Os protestos marcam um ponto de inflexão para toda a política chilena, que não soube interpretar nem canalizar o descontentamento que emergiu na forma de manifestações a partir de 2006.

terça-feira, 1 de outubro de 2019

BIODIVERSIDADE NO BRASIL




Nos Estados Unidos, mais de 45 milhões de pessoas observam aves como hobby segundo a Pesquisa Nacional Relacionada à Vida Selvagem. A atividade traz um retorno para economia na casa de US $80 bilhões (http://bit.ly/2nWFc24). 
Enquanto isso, no Brasil, promovemos muito mal nossa rica biodiversidade. O potencial econômico de atividades, serviços e produtos que mantém a floresta em pé são gigantescos. Segundo o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO), mais de 18% de todas as aves do mundo estão no Brasil, com 1.919 espécies são encontradas no país. 
Quantas pessoas do mundo apaixonadas por aves poderiam ser estimuladas a fazer uma viagem na Amazônia para fotografar espécies nativas? Em 2018, nossos parques nacionais tiveram 12 milhões de visitantes. 
Mesmo sem grande promoção, famílias em todo país têm procurado conhecer mais nossos parques, ano a ano. Ignorando o potencial benéfico de tudo isso e os fatos, o atual governo fala em diminuir áreas de proteção e tenta esconder do mundo o crescimento do desmatamento no país.

Saiba mais:


"USA National Survey of Fishing, Hunting, and Wildlife-Associated
Recreation" - http://bit.ly/2nWFc24


"Mineração representa 4% do Produto Interno Bruto (PIB) " - https://glo.bo/2nWSbkk

Fonte: https://www.facebook.com/arvoresertecnologico/photos/a.501991869943424/1528762923932975/?type=3&theater

AGROECOLOGIA




Vandana Shiva: “A comida é o maior problema de saúde no mundo”

Para a ativista indiana, a agricultura industrial é o principal ítem da receita para acabar com o planeta

Autora do livro "Quién alimenta realmente al mundo?" / Wikipedia Vandana Shiva

Dá algumas voltas pela sala do Círculo de Belas Artes (Madri) onde ficamos com ela e, em seguida, bebe pausadamente seu chá para enfrentar a manhã de entrevistas e conferências que lhe esperam nesta viagem a Espanha. A ativista Vandana Shiva (Dehradun, Índia, 1952) dedicou boa parte de sua vida desconstruindo supostos benefícios da agricultura industrial, que ela situa como ingrediente principal na receita para acabar com nossa saúde e com a do planeta. Com um sorriso cativante, mostra-se firme na hora de defender o papel de liderança que as mulheres devem desempenhar na luta pela soberania alimentar e a agroecologia. Acaba de apresentar Quién alimenta realmente al mundo?, editado por Capitán Swing.
Esse é o tema da entrevista, a seguir, concedida ao jornal espanhol ABC, traduzida pelo Cepat e publicada pelo IHU Unisinos:
ABC: A primeira pergunta você a faz no título de seu livro: quem alimenta realmente o mundo?

Vandana Shiva: Nas últimas décadas, tivemos essa espécie de ilusão de que os químicos e as corporações são os que alimentam o mundo, mas o que realmente alimenta o mundo é a terra, o sol, a água, a fotossíntese, os insetos que polinizam os cultivos, os micro-organismos que produzem nutrientes… Em segundo lugar, somos nós, mulheres, que nutrimos esse mundo, todavia 70% da comida procede dos pequenos agricultores. Isso é a comida real, porque o que chamamos de comida e compramos nos supermercados é realmente um produto vazio nutricionalmente, tóxico, não é comida, e não está alimentando o mundo.

    

Então, a comida deixou de ser uma fonte de saúde e alimento?

Sim, a comida deixou de ser uma fonte de nutrientes e se tornou um produto, algo com o qual se especula e se obtém um benefício econômico. A comida é o maior problema de saúde que há no mundo, e também é o maior problema para a saúde do planeta. 75% das doenças e problemas do planeta e dos problemas de saúde da humanidade procedem de uma agricultura globalizada e industrial. A grande ameaça para o bem-estar do planeta e a saúde de seus habitantes é a agricultura globalizada e industrial e a forma de produzir, processar e distribuir os alimentos.



Quais riscos enfrentamos se não mudarmos a forma de nos alimentar e de produzir o que comemos?

Tendo em conta que 75% da destruição do planeta procede de um sistema que nos traz 25% dos alimentos, e que estes alimentos nos adoecem, só necessitamos aumentar ligeiramente nossa dieta globalizada e industrial para matar o planeta. Já quase temos um planeta morto, temos um montão de gente doente e a fome se tornará ainda pior. Se continuarmos assim, dentro de um século a partida terá se encerrado para nossa espécie, porque as condições que nos permitem viver terão desaparecido.
E essa mudança para uma agricultura mais sustentável é uma boa maneira de lutar contra o aquecimento global?

É a única solução. A agricultura industrializada é uma atividade que precisa de combustíveis fósseis para seu funcionamento, e isso tem alguns custos financeiros e ecológicos astronômicos. Nos Estados Unidos, por exemplo, cada trabalhador agrícola tem mais de 250 escravos energéticos ocultos. O certo é que 40% das emissões responsáveis pela mudança climática procedem deste sistema agrícola global que se baseia em combustíveis fósseis, seja para fabricar fertilizantes, mover a maquinaria agrícola ou transportar, sem a menor sensatez, os alimentos de um lugar para outro percorrendo milhares de quilômetros.



Seu trabalho se centrou em demonstrar que os pesticidas e organismos modificados geneticamente são o verdadeiro inimigo. O que tem a dizer aos que acusam você de ser contra o progresso?

Eu não acredito que o progresso tenha algo a ver com o desastre de Bhopal, com o vazamento de gás venenoso de uma fábrica de produtos químicos. Todas as substâncias químicas utilizadas na indústria da agricultura provêm da indústria da guerra. Sendo assim, eu não sou contra o progresso, mas contra os “cartéis de veneno”, que são as grandes corporações que nos roubam as sementes.



Em seu livro, você diz que a chamada Revolução Verde teve efeitos muito prejudiciais na Índia, e que uma revolução semelhante está sendo exportada para a África. O que está acontecendo?

Os líderes do G8 e filantropos como Bill Gates estão apoiando a implantação na África de produtos químicos e sementes comerciais através da aliança para uma Revolução Verde na África. Esta é a receita para a destruição do continente africano e a carestia, que já tem ramificações em todo o mundo. Na Índia, antes da Revolução Verde, em 1965, não havia carestia. Em Punjab, que era a região mais próspera da Índia, o solo e os aquíferos se esgotaram e a biodiversidade desapareceu pelo emprego desses produtos químicos. Cegamente, está se desenhando um futuro sombrio para a África.
Edição: Cecília Figueiredo
Fonte: https://www.brasildefato.com.br/2018/04/27/vandana-shiva-a-comida-e-o-maior-problema-de-saude-que-ha-no-mundo/?utm_source=bdf&fbclid=IwAR0Hk_vptZszmO-vahEFY3caBk3wHp50t0mxEZSdU6SqxHabWKF0bidUqJU - Acesso em 01102019