terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Economia: todos esperam crescer em 2011



 
A elevação dos níveis de inflação no final do ano passado e início deste ano e mesmo o anúncio de cortes no orçamento para investimentos e programas como o PAC, por parte do governo federal, não têm abalado a confiança das pessoas, principalmente dos empresários, no que se refere à expectativa de crescimento do país e dos seus próprios negócios. Fomos ouvir alguns deles para saber dos seus anseios e opiniões sobre economia, neste momento histórico do Brasil.
Em geral, eles consideram que 2010 foi um ano bom, com uma média de crescimento entre 8 e 11% no volume de negócios das empresas cujos proprietários foram entrevistados por nós, nestes primeiros dias de janeiro. E eles aguardam crescimento igual ou superior para 2011. Mas receiam a volta da CPMF ou a diminuição, por parte do governo, no financiamento de programas, como os habitacionais, por exemplo, que estiveram em alta em 2010, alavancando setores como o da construção civil.
Apesar de certo receio por parte de alguns, muitos deles projetam ou já estão executando ampliações, reformas e investimentos na empresa, crentes num crescimento de talvez mais de 15%, embasado na expectativa de uma boa safra, fator que faz com que região Oeste do Paraná apresente índices de crescimento que podem ir de 3 a 5%, acima da média nacional.

Salário Mínimo de R$ 1.200

Mas eles também apontam gargalos que podem limitar o crescimento do país, e da própria região. Para o empresário Sérgio Marcucci (à esquerda), que atua no comércio e na prestação de serviços, o maior deles é a falta de mão de obra qualificada, que pode limitar o crescimento do mercado e do consumo, engessando a economia. Mesmo assim, ele é otimista e espera que seu volume de vendas cresça cerca de 15% neste ano. “Os empresários vão continuar a investir em produção e esperam que o governo faça a parte dele enxugando a máquina para investir em infraestrutura e ampliar o poder de compra da população. O salário mínimo hoje deveria ser de pelo menos R$ 1.200 (Hum mil e duzentos reais) para atender as reais necessidades de uma família de quatro pessoas. Mas acho que já avançamos bastante desde os tempos de FHC (ex-presidente Fernando Henrique Cardoso – 1995/2002) , que, na minha opinião, foi quem acordou os brasileiros daquele transe da inflação descontrolada. A URV  ensinou a gente. Tudo o que vivemos hoje, em termos de economia, começou lá”, comenta o empresário.

Escola do Senac para formar mão de obra

A falta mão de obra qualificada é também a preocupação da empresária Voni Berta do Amaral (à direita), que comemora a chegada de uma unidade do SENAC no município de Marechal Cândido Rondon, cidade de quase 50 mil habitantes situado na fronteira paranaense do Brasil com o Paraguai, uma região movida pelo agronegócio que aguarda uma safra de verão extraordinária, numa época de alta nos preços das commodities. A alta no preço de duas delas, a soja e o milho, foi de mais de 30 e 50% respectivamente, o que anuncia um ano bom para o comércio local. “Só a construção da escola do. SENAC vai injetar na cidade recursos na ordem de R$ 4 milhões, beneficiando diversos segmentos da economia local. E esse tipo de ação que esperamos também do governo federal”, destaca a empresária, orgulhosa de ter uma mulher como presidente da República. “Minhas expectativas são otimistas com a relação à presidente Dilma no que se refere ao cuidado no uso com o dinheiro público. O próprio ex-presidente Lula fez com que a respeitássemos e tivéssemos essa expectativa”, avalia ela.

Crédito para crescer

Outro empresário que pretende investir na adequação da empresa e em novos equipamentos é o comerciante Dílson Perachi. Confiante no estilo “mais durona” da presidente, ele espera que ela reduza o custo governamental e mantenha o país no patamar dos 5% de crescimento do PIB, no mínimo. “Sabemos que o nível de crédito será menor, mas ainda suficiente para haver crescimento e investimento nas empresas. Também não acredito que ela cortará os investimentos na área habitacional, pelo contrário. Agora é aguardar que as obras previstas e anunciadas pelos governos locais, estadual e federal sejam efetivamente executadas”, diz ele, traduzindo a expectativa geral.
“Se não atrapalharem os microempresários já será uma grande coisa”, espera Iberê de Souza Porto, dono de uma oficina e uma revenda de peças de motocicletas (foto acima). Com razão ele reclama da falta de linhas de crédito mais acessíveis e menos burocráticas para as microempresas. “Não há nem mesmo a divulgação das linhas de crédito mais acessíveis existentes, como as do BNDES, por exemplo. Deveria haver mais agências onde pudéssemos obter essas informações com mais facilidade, mas aí também esbarraríamos na questão da elaboração dos projetos, que são complicados, burocráticos e custam caro. Assim, o dinheiro vai só para os grandes, que têm condições de elaborar os tais projetos. E nós, os micro e pequenos, ficamos prejudicados”, enfatiza Iberê.

Medo da CPMF

A empresária Ivone Barbosa Weber é outra que acha que as pequenas empresas foram as mais sacrificadas em 2010 pelos juros altos e incidência de impostos. “A volta da CPMF é um absurdo”, diz ela, comentando o boato surgido nos primeiros dias do ano, por enquanto negado. “O governo precisa entender que o que precisamos é de juros mais baixos e menos impostos e contribuições fiscais para podermos investir em nossas empresas e gerarmos mais empregos”, analisa a empresária que espera, junto com o sócio, um crescimento de 11% no volume de vendas desse ano. “Se repetirmos o crescimento do ano passado, que foi de 8 a 10%, já estará bom”.

Barriga etária

Confiante na influência que o setor de construção civil tem nas ações do governo federal, o empresário e consultor Walmor Sérgio Nied, acha que o País como um todo não deverá crescer mais que 7%, mas que, as regiões produtoras de commodities vão crescer pelos menos 3% a mais em virtude da expectativa de uma boa safra e dos bons preços dos produtos agrícolas. Para ele, o crescimento do país só não será maior porque o governo ficará num beco sem saída no que se refere a investir em infraestrutura. “O povo vai exigir educação e saúde de mais qualidade e o governo terá que dobrar os investimentos em obras de infraestrutura social como educação, saúde e transporte”, diz Valmor.
Ele chama a atenção para um fato muito interessante e que mostra a nova face do Brasil. Para ele, a pirâmide etária do Brasil transformou-se nas últimas décadas. “Hoje a base da pirâmide estreitou-se”, diz Walmor. Ou seja, temos mais gente em fase produtiva e que consome. A pirâmide virou um barril. Temos, segundo Nied, uma barriga etária, formada por gente que trabalha e que busca maior formação educacional e profissional, que consome e quer infraestrutura para morar melhor, andar de automóvel pelas estradas, viajar, etc. São essas pessoas que empurrarão os investimentos estatais nos próximos anos, segundo o empresário e consultor.

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