Suspensa liminar que determinava retirada dos guaranis kaiowás de fazenda em Mato Grosso do Sul
30/10/2012 - 22h08
Luciano Nascimento
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Foi suspensa hoje (30) a liminar que determinava a
retirada do acampamento dos índios guaranis kaiowás da Fazenda Cambará,
em Mato Grosso do Sul. O anúncio foi feito pelo Ministro da Justiça,
José Eduardo Cardozo, durante reunião com líderes indígenas na
Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH). De
acordo com a decisão da Justiça, os cerca de 170 índios que vivem no
acampamento devem permanecer no local até que a demarcação de suas
terras seja definida.
A decisão da desembargadora Cecilia Mello, do Tribunal Regional da 3ª
Região (TRF-3) em São Paulo, acata o recurso apresentado pela Fundação
Nacional do Índio (Funai) e pelo Ministério Público Federal (MPF). O
agravo de instrumento, apresentado dia 16, representava contra uma
liminar anterior, favorável à manutenção de posse proposta por Osmar
Luis Bonamigo, dono da fazenda.
Em seu despacho, a desembargadora considerou que “o caso dos autos
reflete, de um lado, o drama dos índios integrantes da Comunidade
Indígena Pyelito Kue que, assim como outros tantos silvícolas
brasileiros, almejam de há muito a demarcação de suas terras. E, de
outro lado, o drama não menos significativo daqueles que hoje ocupam
terras supostamente indígenas que, na maioria das vezes, adquiriram a
propriedade ou foram imitidos na posse de forma lícita e lá se
estabeleceram”. A magistrada declara ainda que “os indígenas se
encontram em situação de penúria e de falta de assistência e, em razão
do vínculo que mantêm com a terra que creem ser sua, colocam a vida em
risco e como escudo para a defesa de sua cultura”.
A
decisão foi recebida com entusiasmo pelos presentes à reunião. A
ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República,
Maria do Rosário, que presidiu o encontro, disse que o próximo passo é
agilizar o processo de estudos para demarcação da terra indígena. “Essas
pessoas têm empreendido uma luta com o apoio de toda a etnia guarani
kaiowá e todos os guaranis e comunidades indígenas do Brasil”, disse
referindo à luta dos guaranis kaiowás e de outras etnias em Mato Grosso
do Sul pela demarcação de suas terras.
Solano Pires, líder guarani kaiowá do Acampamento Puelyto Kue, falando
em guarani, expressou sua alegria com a decisão da Justiça e reafirmou a
ancestralidade dos índios sobre a terra. “Essa tekoha [terra sagrada] é
nossa. Meu avô e meu tataravô estão enterrado lá”, disse.
A desembargadora também revogou a multa diária de R$ 500 contra a Funai
por descumprimento da decisão de retirar os índios do local. A Funai
argumentou no tribunal que “não detém a tutela da comunidade indígena,
não influencia na sua cultura, no modo de viver e nem mesmo foi
responsável pela retomada da área em conflito”.
Cecilia Mell diz também que a Funai deve adotar todas as “providências
no sentido de intensificar os trabalhos e concluir o procedimento
administrativo de delimitação e demarcação de terras”. Também autoriza
que outros órgãos governamentais possam ter acesso ao acampamento para
prestar assistência aos índios.
Durante a reunião, José Eduardo Cardozo anunciou que já tomou várias
medidas para assegurar melhores condições para os índio. Ele destacou o
reforço no contingente da Força Nacional e da Polícia Federal para
garantir a segurança no local, e que solicitou que a Funai agilize o
processo de demarcação de terras.
O ministro disse que em até 30 dias será apresentado o relatório final
definindo se a área reivindicada pelos índios. “Nós vamos aprovar dentro
de 30 dias. Falta apenas a questão do levantamento fundiário para que o
processo possa ser aprovado”. Apesar disso, o ministro reconheceu que o
processo de demarcação das terras indígenas ainda deve demorar. “A
questão da demarcação de terras indígenas é extremamente conflituosa.
Nós temos decisões liminares que interrompem o processo. É difícil
estimar um tempo para o próximo passo”, ressaltou.
Professora Uiliene foi demitida após postar uma foto em que mostra a precariedade de escola
| segunda-feira 29 outubro 2012 às 12:03
Professora Uiliene Araújo Santa Rosa (Foto: Correio Popular)
A demissão da professora Uiliene Araújo Santa Rosa, de 24 anos, pelo
prefeito Sebastião Madeira demonstra claramente como pensa o prefeito.
Ele não aceita críticas e persegue quem “ousa” ter opinião contrária à
sua. Não é o primeiro caso.
Numa cidade civilizada com uma gestão democrática, quem seria
demitido era o secretário de educação Zeziel Ribeiro, por dois motivos:
primeiro porque deixou crianças assistirem aulas numa situação
degradante; depois por perseguição a uma educadora que denunciou o
absurdo. Mas ficou evidente que o secretário contou com o apoio do
prefeito e não agiu sozinho. Matéria publicada na página maranhense do
site Globo.com mostra que “ele (o secretário) afirmou, ainda, que a
demissão foi comunicada ao prefeito Sebastião Madeira, que autorizou o
procedimento”. Precisa dizer algo mais?
Mas tem mais: voltemos ao site: “Zeziel Ribeiro da Silva, confirmou a
demissão da professora. De acordo com ele, Uiliene Araújo Santa Rosa é
seletivada e seu contrato foi rescindido após a postagem da situação da
escola nas redes sociais.” Traduzindo: Zeziel Silva perseguiu e demitiu
uma professora que defendeu mais qualidade na educação.
Como se vê, o prefeito Madeira demitiu a pessoa errada. E deixou
passar uma grande oportunidade de mostrar que tem compromisso com a
qualidade dos serviços que sua gestão presta. Preferiu tentar calar uma
educadora a pedir explicações ao seu secretário. Um tirano. Uma ameaça
às liberdades de manifestação.
A declaração de morte coletiva feita por um
grupo de Guaranis Caiovás demonstra a incompetência do Estado brasileiro
para cumprir a Constituição de 1988 e mostra que somos todos cúmplices
de genocídio – uma parte de nós por ação, outra por omissão
- Pedimos ao Governo e à Justiça Federal para não decretar a ordem de
despejo/expulsão, mas decretar nossa morte coletiva e enterrar nós todos
aqui. Pedimos, de uma vez por todas, para decretar nossa
extinção/dizimação total, além de enviar vários tratores para cavar um
grande buraco para jogar e enterrar nossos corpos. Este é o nosso pedido
aos juízes federais.
O trecho pertence à carta
de um grupo de 170 indígenas que vivem à beira de um rio no município
de Iguatemi, no Mato Grosso do Sul, cercados por pistoleiros. As
palavras foram ditadas em 8 de outubro ao conselho Aty Guasu (assembleia
dos Guaranis Caiovás), após receberem a notícia de que a Justiça
Federal decretou sua expulsão da terra. São 50 homens, 50 mulheres e 70
crianças. Decidiram ficar. E morrer como ato de resistência – morrer com
tudo o que são, na terra que lhes pertence.
Há cartas, como a de Pero Vaz de Caminha, de 1º de maio de 1500, que
são documentos de fundação do Brasil: fundam uma nação, ainda sequer
imaginada, a partir do olhar estrangeiro do colonizador sobre a terra e
sobre os habitantes que nela vivem. E há cartas, como a dos Guaranis
Caiovás, escritas mais de 500 anos depois, que são documentos de
falência. Não só no sentido da incapacidade do Estado-nação constituído
nos últimos séculos de cumprir a lei estabelecida na Constituição hoje
em vigor, mas também dos princípios mais elementares que forjaram nosso
ideal de humanidade na formação do que se convencionou chamar de “o povo
brasileiro”. A partir da carta dos Guaranis Caiovás, tornamo-nos
cúmplices de genocídio. Sempre fomos, mas tornar-se é saber que se é.
Os Guaranis Caiovás avisam-nos por carta que, depois de tantas décadas
de luta para viver, descobriram que agora só lhes resta morrer. Avisam a
todos nós que morrerão como viveram: coletivamente, conjugados no
plural.
Nos trechos mais pungentes de sua carta de morte, os indígenas afirmam:
- Queremos deixar evidente ao Governo e à Justiça Federal que, por fim,
já perdemos a esperança de sobreviver dignamente e sem violência em
nosso território antigo. Não acreditamos mais na Justiça Brasileira. A
quem vamos denunciar as violências praticadas contra nossas vidas? Para
qual Justiça do Brasil? Se a própria Justiça Federal está gerando e
alimentando violências contra nós. Nós já avaliamos a nossa situação
atual e concluímos que vamos morrer todos, mesmo, em pouco tempo. Não
temos e nem teremos perspectiva de vida digna e justa tanto aqui na
margem do rio quanto longe daqui. Estamos aqui acampados a 50 metros do
rio Hovy, onde já ocorreram 4 mortes, sendo que 2 morreram por meio de
suicídio, 2 em decorrência de espancamento e tortura de pistoleiros das
fazendas. Moramos na margem deste rio Hovy há mais de um ano. Estamos
sem assistência nenhuma, isolados, cercados de pistoleiros e resistimos
até hoje. Comemos comida uma vez por dia. Tudo isso passamos dia a dia
para recuperar o nosso território antigo Pyleito Kue/Mbarakay. De fato,
sabemos muito bem que no centro desse nosso território antigo estão
enterrados vários de nossos avôs e avós, bisavôs e bisavós, ali está o
cemitérios de todos os nossos antepassados. Cientes desse fato
histórico, nós já vamos e queremos ser mortos e enterrados junto aos
nossos antepassados aqui mesmo onde estamos hoje. (…) Não temos outra
opção, esta é a nossa última decisão unânime diante do despacho da
Justiça Federal de Navirai-MS.
Como podemos alcançar o desespero de uma decisão de morte coletiva? Não
podemos. Não sabemos o que é isso. Mas podemos conhecer quem morreu,
morre e vai morrer por nossa ação – ou inação. E, assim, pelo menos
aproximar nossos mundos, que até hoje têm na violência sua principal
intersecção.
saiba mais
Desde o ínicio do século XX, com mais afinco a partir do Estado Novo
(1937-45) de Getúlio Vargas, iniciou-se a ocupação pelos brancos da
terra dos Guaranis Caiovás. Os indígenas, que sempre viveram lá,
começaram a ser confinados em reservas pelo governo federal, para
liberar suas terras para os colonos que chegavam, no que se chamou de “A
Grande Marcha para o Oeste”. A visão era a mesma que até hoje persiste
no senso comum: “terra desocupada” ou “não há ninguém lá, só índio”.
Era de gente que se tratava, mas o que se fez na época foi confiná-los
como gado, num espaço de terra pequeno demais para que pudessem viver ao
seu modo – ou, na palavra que é deles, Teko Porã (“o Bem Viver”). Com a
chegada dos colonos, os indígenas passaram a ter três destinos: ou as
reservas ou trabalhar nas fazendas como mão de obra semiescrava ou se
aprofundar na mata. Quem se rebelou foi massacrado. Para os Guaranis
Caiovás, a terra a qual pertencem é a terra onde estão sepultados seus
antepassados. Para eles, a terra não é uma mercadoria – a terra é.
Na ditadura militar, nos anos 60 e 70, a colonização do Mato Grosso do
Sul se intensificou. Um grande número de sulistas, gaúchos mais do que
todos, migrou para o território para ocupar a terra dos índios. Outros
despacharam peões e pistoleiros, administrando a matança de longe, bem
acomodados em suas cidades de origem, onde viviam – e vivem até hoje –
como “cidadãos de bem”, fingindo que não têm sangue nas mãos. +Leia também: Um tragédia indígena+Fotos: Guarani-caiová
Com a redemocratização do país, a Constituição de 1988 representou uma
mudança de olhar e uma esperança de justiça. Os territórios indígenas
deveriam ser demarcados pelo Estado no prazo de cinco anos. Como
sabemos, não foi. O processo de identificação, declaração, demarcação e
homologação das terras indígenas tem sido lento, sensível a pressões dos
grandes proprietários de terras e da parcela retrógrada do agronegócio.
E, mesmo naquelas terras que já estão homologadas, em muitas o governo
federal não completou a desintrusão – a retirada daqueles que ocupam a
terra, como posseiros e fazendeiros –, aprofundando os conflitos. Nestas
últimas décadas testemunhamos o genocídio dos Guaranis Caiovás. Em
geral, a situação dos indígenas brasileiros é vergonhosa. A dos 43 mil
Guaranis Caiovás, o segundo grupo mais numeroso do país, é considerada a
pior de todas. Confinados em reservas como a de Dourados, onde cerca de
14 mil, divididos em 43 grupos familiares, ocupam 3,5 mil hectares,
eles encontram-se numa situação de colapso. Sem poder viver segundo a
sua cultura, totalmente encurralados, imersos numa natureza degradada,
corroídos pelo alcoolismo dos adultos e pela subnutrição das crianças,
os índices de homicídio da reserva são maiores do que em zonas em estado
de guerra.
A situação em Dourados é tão aterradora que provocou a seguinte
afirmação da vice-procuradora-geral da República, Deborah Duprat: “A
reserva de Dourados é talvez a maior tragédia conhecida da questão
indígena em todo o mundo”. Segundo um relatório do Conselho Indigenista Missionário
(CIMI), que analisou os dados de 2003 a 2010, o índice de assassinatos
na Reserva de Dourados é de 145 para cada 100 mil habitantes – no
Iraque, o índice é de 93 assassinatos para cada 100 mil. Comparado à
média brasileira, o índice de homicídios da Reserva de Dourados é 495%
maior.
A cada seis dias, um jovem Guarani Caiová se suicida. Desde 1980, cerca
de 1500 tiraram a própria vida. A maioria deles enforcou-se num pé de
árvore. Entre as várias causas elencadas pelos pesquisadores está o fato
de que, neste período da vida, os jovens precisam formar sua família e
as perspectivas de futuro são ou trabalhar na cana de açúcar ou virar
mendigos. O futuro, portanto, é um não ser aquilo que se é. Algo que,
talvez para muitos deles, seja pior do que a morte.
Um relatório do Ministério da Saúde mostrou, neste ano, o que chamou de
“dados alarmantes, se destacando tanto no cenário nacional quanto
internacional”. Desde 2000, foram 555 suicídios, 98% deles por
enforcamento, 70% cometidos por homens, a maioria deles na faixa dos 15
aos 29 anos. No Brasil, o índice de suicídios em 2007 foi de 4,7 por 100
mil habitantes. Entre os indígenas, no mesmo ano, foi de 65,68 por 100
mil. Em 2008, o índice de suicídios entre os Guaranis Caiovás chegou a
87,97 por 100 mil, segundo dados oficiais. Os pesquisadores acreditam
que os números devem ser ainda maiores, já que parte dos suicídios é
escondida pelos grupos familiares por questões culturais.
As lideranças Guaranis Caiovás não permaneceram impassíveis diante
deste presente sem futuro. Começaram a se organizar para denunciar o
genocídio do seu povo e reivindicar o cumprimento da Constituição. Até
hoje, mais de 20 delas morreram assassinadas por ferirem os interesses
privados de fazendeiros da região, a começar por Marçal de Souza, em
1983, cujo assassinato ganhou repercussão internacional. Ao mesmo tempo,
grupos de Guaranis Caiovás abandonaram o confinamento das reservas e
passaram a buscar suas tekohá, terras originais, na luta pela
retomada do território e do direito à vida. Alguns grupos ocuparam
fundos de fazendas, outros montaram 30 acampamentos à beira da estrada,
numa situação de absoluta indignidade. Tanto nas reservas quanto fora
delas, a desnutrição infantil é avassaladora.
A trajetória dos Guaranis Caiovás que anunciaram sua morte coletiva
ilustra bem o destino ao qual o Estado brasileiro os condenou. Homens,
mulheres e crianças empreenderam um caminho em busca da terra
tradicional, localizada às margens do Rio Hovy, no município de Iguatemi
(MS). Acamparam em sua terra no dia 8 de agosto de 2011, nos fundos de
fazendas. Em 23 de agosto foram atacados e cercados por pistoleiros, a
mando dos fazendeiros. Em um ano, os pistoleiros já derrubaram dez vezes
a ponte móvel feitas por eles para atravessar um rio com 30 metros de
largura e três de fundura. Em um ano, dois indígenas foram torturados e
mortos pelos pistoleiros, outros dois se suicidaram.
Em tentativas anteriores de recuperação desta mesma terra, os Guaranis
Caiovás já tinham sido espancados e ameaçados com armas de fogo. Alguns
deles tiveram seus olhos vendados e foram jogados na beira da estrada.
Em outra ocasião, mulheres, velhos e crianças tiveram seus braços e
pernas fraturados. O que a Justiça Federal fez? Deferiu uma ordem de
despejo. Em nota, a FUNAI (Fundação Nacional do Índio) afirmou que “está
trabalhando para reverter a decisão”.
Os Guaranis Caiovás estão sendo assassinados há muito tempo, de todas
as formas disponíveis, as concretas e as simbólicas. “A impunidade é a
maior agressão cometida contra eles”, afirma Flávio Machado, coordenador
do CIMI no Mato Grosso do Sul. Nas últimas décadas, há pelo menos duas
formas interligadas de violência no processo de recuperação da terra
tradicional dos indígenas: uma privada, das milícias de pistoleiros
organizadas pelos fazendeiros; outra do Estado, perpetrada pela Justiça
Federal, na qual parte dos juízes, sem qualquer conhecimento da
realidade vivida na região, toma decisões que não só compactuam com a
violência , como a acirram.
“Quando os pistoleiros não conseguem consumar os despejos e massacres
truculentos dos indígenas, os fazendeiros contratam advogados para
conseguir a ordem de despejo na Justiça”, afirma Egon Heck, indigenista e
cientista político, num artigo publicado em relatório do CIMI. “No
momento em que ocorre a ordem de despejo, os agentes policiais agem de
modo similar ao dos pistoleiros, visto que utilizam armas pesadas,
queimam as ocas, ameaçam e assustam as crianças, mulheres e idosos.”
Ao fundo, o quadro maior: os sucessivos governos que se alternaram no
poder após a Constituição de 1988 foram incompetentes para cumpri-la. Ao
final de seus dois mandatos, Lula reconheceu que deixava o governo com
essa dívida junto ao povo Guarani Caiová. Legava a tarefa à sua
sucessora, Dilma Rousseff. Os indígenas escreveram, então, uma carta:
“Presidente Dilma, a questão das nossas terras já era para ter sido
resolvida há décadas. Mas todos os governos lavaram as mãos e foram
deixando a situação se agravar. Por ultimo, o ex-presidente Lula
prometeu, se comprometeu, mas não resolveu. Reconheceu que ficou com
essa dívida para com nosso povo Guarani Caiová e passou a solução para
suas mãos. E nós não podemos mais esperar. Não nos deixe sofrer e ficar
chorando nossos mortos quase todos os dias. Não deixe que nossos filhos
continuem enchendo as cadeias ou se suicidem por falta de esperança de
futuro (…) Devolvam nossas condições de vida que são nossos tekohá,
nossas terras tradicionais. Não estamos pedindo nada demais, apenas os
nossos direitos que estão nas leis do Brasil e internacionais”.
A declaração de morte dos Guaranis Caiovás ecoou nas redes sociais na
semana passada. Gerou uma comoção. Não é a primeira vez que indígenas
anunciam seu desespero e seu genocídio. Em geral, quase ninguém escuta,
para além dos mesmos de sempre, e o que era morte anunciada vira morte
consumada. Talvez a diferença desta carta é o fato de ela ecoar algo que
é repetido nas mais variadas esferas da sociedade brasileira, em
ambientes os mais diversos, considerado até um comentário espirituoso em
certos espaços intelectualizados: a ideia de que a sociedade brasileira
estaria melhor sem os índios.
Desqualificar os índios, sua cultura e a situação de indignidade na
qual vive boa parte das etnias é uma piada clássica em alguns meios, tão
recorrente que se tornou quase um clichê. Para parte da elite
escolarizada, apesar do esforço empreendido pelos antropólogos, entre
eles Lévi-Strauss, as culturas indígenas ainda são vistas como
“atrasadas”, numa cadeia evolutiva única e inescapável entre a pedra
lascada e o Ipad – e não como uma escolha diversa e um caminho possível.
Assim, essa parcela da elite descarta, em nome da ignorância, a imensa
riqueza contida na linguagem, no conhecimento e nas visões de mundo das
230 etnias indígenas que ainda sobrevivem por aqui.
Toda a História do Brasil, a partir da “descoberta” e da colonização, é
marcada pelo olhar de que o índio é um entrave no caminho do
“progresso” ou do “desenvolvimento”. Entrave desde os primórdios –
primeiro, porque teve a deselegância de estar aqui antes dos
portugueses; em seguida, porque se rebelava ao ser escravizado pelos
invasores europeus. A sociedade brasileira se constituiu com essa ideia e
ainda que a própria sociedade tenha mudado em muitos aspectos, a
concepção do índio como um entrave persiste. E persiste de forma
impressionante, não só para uma parte significativa da população, mas
para setores do Estado, tanto no governo atual quanto nas gestões
passadas.
“Entraves” precisam ser removidos. E têm sido, de várias maneiras,
como a História, a passada e a presente, nos mostra. Talvez essa seja
uma das explicações possíveis para o impacto da carta de morte ter
alcançado um universo maior de pessoas. Desta vez, são os índios que nos
dizem algo que pode ser compreendido da seguinte forma: “É isso o que
vocês querem? Nos matar a todos? Então nós decidimos: vamos morrer”. Ao
devolver o desejo a quem o deseja, o impacto é grande.
É importante lembrar que carta é palavra. A declaração de morte
coletiva surge como palavra dita. Por isso precisamos compreender, pelo
menos um pouco, o que é a palavra para os Guaranis Caiovás. Em um texto
muito bonito, intitulado Ñe'ẽ – a palavra alma, a antropóloga Graciela Chamorro, da Universidade Federal da Grande Dourados, nos dá algumas pistas:
“A palavra é a unidade mais densa que explica como se trama a vida para
os povos chamados guarani e como eles imaginam o transcendente. As
experiências da vida são experiências de palavra. Deus é palavra. (...) O
nascimento, como o momento em que a palavra se senta ou provê para si
um lugar no corpo da criança. A palavra circula pelo esqueleto humano.
Ela é justamente o que nos mantém em pé, que nos humaniza. (...) Na
cerimônia de nominação, o xamã revelará o nome da criança, marcando com
isso a recepção oficial da nova palavra na comunidade. (...) As crises
da vida – doenças, tristezas, inimizades etc. – são explicadas como um
afastamento da pessoa de sua palavra divinizadora. Por isso, os
rezadores e as rezadoras se esforçam para ‘trazer de volta’, ‘voltar a
sentar’ a palavra na pessoa, devolvendo-lhe a saúde.(...) Quando a
palavra não tem mais lugar ou assento, a pessoa morre e torna-se um
devir, um não-ser, uma palavra-que-não-é-mais. (...) Ñe'ẽ e ayvu
podem ser traduzidos tanto como ‘palavra’ como por ‘alma’, com o mesmo
significado de ‘minha palavra sou eu’ ou ‘minha alma sou eu’. (...)
Assim, alma e palavra podem adjetivar-se mutuamente, podendo-se falar em
palavra-alma ou alma-palavra, sendo a alma não uma parte, mas a vida
como um todo.”
A fala, diz o antropólogo Spensy Pimentel, pesquisador do Centro de
Estudos Ameríndios da Universidade de São Paulo, é a parte mais sublime
do ser humano para os Guaranis Caiovás. “A palavra é o cerne da
resistência. Tem uma ação no mundo – é uma palavra que age. Faz as
coisas acontecerem, faz o futuro. O limite entre o discurso e a profecia
é tênue.”
Se a carta de Pero Vaz de Caminha marca o nascimento do Brasil pela
palavra escrita, é interessante pensar o que marca a carta dos Guaranis
Caiovás mais de 500 anos depois. Na carta-fundadora, é o
invasor/colonizador/conquistador/estrangeiro quem estranha e olha para
os índios, para sua cultura e para sua terra. Na dos Guaranis Caiovás,
são os índios que olham para nós. O que nos dizem aqueles que nos veem?
(Ou o que veem aqueles que nos dizem?)
A declaração de morte dos Guaranis Caiovás é “palavra que age”. Antes
que o espasmo de nossa comoção de sofá migre para outra tragédia, talvez
valha a pena uma última pergunta: para nós, o que é a palavra?
“Quando comecei a escrever, que desejava eu atingir? Queria escrever
alguma coisa que fosse tranqüila e sem modas, alguma coisa como a
lembrança de um alto monumento que parece mais alto porque é lembrança.
Mas queria, de passagem, ter realmente tocado no monumento. Sinceramente
não sei o que simbolizava para mim a palavra monumento. E terminei escrevendo coisas inteiramente diferentes.”
“Não sei mais escrever, perdi o jeito. Mas já vi muita coisa no
mundo. Uma delas, e não das menos dolorosas, é ter visto bocas se
abrirem para dizer ou talvez apenas balbuciar, e simplesmente não
conseguirem. Então eu quereria às vezes dizer o que elas não puderam
falar. Não sei mais escrever, porém o fato literário tornou-se aos
poucos tão desimportante para mim que não saber escrever talvez seja
exatamente o que me salvará da literatura.
O que é que se
tornou importante para mim? No entanto, o que quer que seja, é através
da literatura que poderá talvez se manifestar.”
“Até hoje eu
por assim dizer não sabia que se pode não escrever. Gradualmente,
gradualmente até que de repente a descoberta tímida: quem sabe, também
eu já poderia não escrever. Como é infinitamente mais ambicioso. É quase
inalcançável”.
Unioeste promove 2ª Mostra de Plantas Medicinais e Aromáticas
Enviado por ACS em sex, 19/10/2012 - 11:19
A coordenadora da Mostra, prof. Marinelva Culti e alunos do grupo de estudos
que organiza o evento.
Com
o objetivo de ampliar os conhecimentos da população, dos alunos das
redes municipal e estadual de ensino e da própria comunidade
universitária o Campus de Marechal Cândido Rondon da Universidade
Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) sedia, a partir da próxima
segunda-feira, 22, a segunda edição da Mostra de Plantas Medicinais e
Aromáticas, coordenada pela professora doutora Marinelva Culti.
A Mostra será realizada, a exemplo do ano
passado, nos jardins entre os blocos de salas de aula e os laboratórios
do Campus, reunindo exemplares de diversas plantas medicinais e
aromáticas cultivadas no horto do Campus, localizado na área de cultivo
protegido, ligado ao Núcleo de Estações Experimentais da Unioeste.
O evento, aberto à visitação pública, é
iniciativa do grupo de pesquisa “Estudos de Plantas Medicinais,
Aromáticas e Condimentares”, formado por alunos do curso de Agronomia e
Zootecnia, e faz parte das atividades culturais que vem sendo promovida
pelo projeto Arte por Fazer Arte na Universidade, organizado pela
direção geral do Campus.
O grupo de pesquisa que está promovendo a Mostra
está também estruturando áreas das referidas plantas na região de
Marechal Cândido Rondon, realizando assim um trabalho de extensão e
ainda, multiplicando essas espécies, inclusive tendo implantado um horto
de plantas medicinais junto ao Centro de Estudos do Menor e Integração
na Comunidade (Cemic), em Marechal Cândido Rondon.
Qual a razão
de ser do jornalismo: a realidade ou a ficção? É essa a iminente
pergunta que se faz ao perceber o espaço dado por Globo e Zero Hora a
especulações relacionadas ao desfecho da novela Avenida Brasil. É a
ficção pautando e ganhando considerável destaque em espaços que se dizem
jornalísticos.
O modelo da
cobertura que está sendo feita para o final da novela não é nenhuma
novidade na grande imprensa brasileira, é o velho showrnalismo:
cobertura a nível de entretenimento, com a opinião de “especialistas”, a
fim de chamar a atenção e formar a opinião pública através do circo
midiático. Foi isso que fez o Fantástico do último domingo em um espaço
de quase 10 minutos dedicados à discussão sobre quem matou o personagem
Max, de Avenida Brasil, e que Zero Hora repetiu em uma matéria de duas
páginas no jornal de quinta-feira. Há ainda que se destacar que nessa
edição de ZH nenhuma outra matéria foi contemplada com duas páginas.
Reprodução Zero Hora
Mas qual
seria o valor notícia, a relevância jornalística da morte de um
personagem ficcional? Ocorre que a grande mídia já naturalizou a quebra
da fronteira entre jornalismo e entretenimento, e agora vem se perdendo
também na linha entre realidade e ficção. Porém, esse processo de
inversões não vem acontecendo por acaso, ou pela simples perda de
“qualidade” desses veículos, isso acontece dentro de um modelo de
jornalismo que trabalha pela alienação e despolitização. Exemplo disso é
a reportagem no jornal ZH desta sexta-feira (19) sobre a moradora de
rua que comprou uma televisão em prestações somente para assistir a
novela. A reportagem em momento algum questiona a dominação consumista
exercida pela programação da TV, nem a inversão de valores que há na
história, e não questiona pelo fato de que a matéria vem para endossar e
naturalizar práticas como essa, que, assim como as empresas
jornalísticas, funcionam dentro da lógica capitalista.
Reprodução Zero Hora
Outro ponto
relevante nessa cobertura é o do veículo se autopautando, ou seja,
transformando o próprio veículo em notícia. É o que acontece quando o
Fantástico, da Rede Globo, dedica quase 10 minutos, em um espaço de
concessão pública, para tratar do final da novela Avenida Brasil, da
mesma Rede Globo, e quando a Zero Hora, do Grupo RBS, filiado à Globo,
dedica quatro páginas em dois dias ao mesmo tema.
E tudo isso
é, infelizmente, apenas um exemplo, entre tantos que diariamente se
sucedem nos jornais, do tipo de jornalismo feito pela grande mídia: um
jornalismo circense, pautado pelo mercado, e que vem para promover a
conservação através da alienação.
*Atualizado às 21h41.
O Jornal
Nacional de hoje veiculou uma reportagem de 1 minuto e 40 segundos sobre
a expectativa dos “brasileiros” e a movimentação das pessoas voltando
para casa para não perder o final da novela. A reportagem teve direito
até a sobrevoo ao vivo pelo Rio de Janeiro e São Paulo para mostrar como
as ruas estão vazias, segundo eles, em razão do derradeiro capítulo de
Avenida Brasil.
Está tudo muito bom, está tudo muito bem. E o "The New York Times", o
"Financial Times" e o "Times" de Londres podem estar certos de que o
julgamento do mensalão representa um avanço brutal para a democracia
tapuia, como bem notou o nosso monumental Clóvis Rossi em sua coluna de
ontem, mas esta "bastian contraria" (a expressão é piemontesa) que vos
fala veio posar na sua sopa para discordar.
É claro que quem tem culpa que pague o que deve. E eu também, como todo
o resto do Ocidente (excluindo talvez o Suriname, Cuba e a Cristina
Kirchner --que deve sentir coisas por ele), não vou com os cornos do Zé
Dirceu. O homem escondeu a própria identidade da mulher, vive de
amassos com os Castro, não é exatamente exemplo de democrata e
blá-blá-blá-blá-blá.
Acontece que não consigo dissociar a imagem de Joaquim Barbosa de
Torquemada e o julgamento do mensalão da Inquisição. Estamos assistindo a
um massacre e há muito ainda a considerar.
Diziam que o julgamento seria parcial porque Lula havia escolhido os
juízes. Não aconteceu. Aliás, essa desconfiança preconceituosa me faz
lembrar o terceiro mandato de Lula, que não houve.
Enunciavam também que o mensalão ia dar a vitória a Russomanno em
primeiro turno. Não aconteceu. Por sinal, a economia nem vai tão bem e
Haddad lidera as pesquisas.
E Lula, ora, Lula foi o grande vencedor do primeiro turno (tadinha da Martoca) e vai levar São Paulo de enxurrada, né não?
Fica claro também que a classe média alta que se diz informada, mas que
raramente acaba obtendo colocação profissional fora do âmbito
familiar, quer ver o PT ser varrido do mapa. Essa é a turma que torce
como nunca no Fla-Flu do julgamento do STF.
Nos últimos tempos, até a Dilma eles têm tratado com um desdém que antes
não havia ali. Já para o zé povinho, tanto faz. Para a perifa,
obviamente não só despida de preconceito contra o Lula como
identificada com ele até a alma e beneficiada pelas mudanças sociais,
escândalo de compra de votos da reeleição, anões do Congresso, Sivam,
Zé Dirceu, Collor... é tudo a mesma lasanha.
Eu até concordo que a gente queira ver canalhas ricos o bastante para
contratar advogados top na cadeia. Mas, vem cá: o Genoino, gente? Todo
mundo conhece o Genoino, sabe que ele não vive no luxo. E não merece o
que está acontecendo.
Nesta semana vi gente com sangue nos olhos dizendo que queria vê-lo
atrás das grades. Isso não pode ser sede de justiça. É outra coisa. É
preconceito puro. E olha que o Muro de Berlim já caiu há mais de 20
anos!
É uma deturpação das mais danosas ao país colocar na capa da maior
revista semanal tapuia uma criança negra e pobre que subiu na vida pelo
próprio esforço como se ela fosse o novo Pelé.
É como se a classe dominante dissesse: "Os nossos pretos pobres são
melhores do que os deles". Os negros pobres do Lula precisam do Bolsa
Família e de cotas para chegar lá. Joaquim Barbosa (que, note, se
declara eleitor do PT) venceu sozinho, não precisou de "política
assistencialista", não é mesmo? Pessoal ainda não entendeu que não é
muleta, mas reparação por séculos de apartheid social.
Seria lição de democracia se do julgamento do STF constassem não só PT,
mas PSDB, DEM etc. Julgar ignorando garantias, sem direito a recurso e
partindo da certeza de que quanto menos provas, maior o poder do réu e,
portanto, hipoteticamente, maior sua culpa, é inverter a lógica. Isso
não pode ser coisa boa, viu, "Times" de Londres?
Barbara Gancia, mito vivo do jornalismo tapuia e torcedora do
Santos FC, detesta se envolver em polêmica. E já chegou na idade de ter
de recusar alimentos contendo gordura animal. É colunista da versão
impressa de "Cotidiano" e das revistas "sãopaulo".
32 parques eólicos estão parados à espera de transmissão de energia
Dados da Aneel mostram que 32 dos 71 parques eólicos leiloados em 2009 estão parados por causa da falta de linhas de transmissão
29 de setembro de 2012 | 16h 23
Renée Pereira, de O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - Quase metade das usinas licitadas no primeiro leilão de
energia eólica do Brasil está pronta sem poder gerar um único megawatt
(MW) de eletricidade. Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica
(Aneel) mostram que 32 dos 71 parques eólicos leiloados em 2009 estão
parados por causa da falta de linhas de transmissão. "Houve um
descasamento entre a entrega das usinas e do sistema de transmissão",
afirmou o diretor da agência reguladora, Romeu Rufino. A Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), estatal do Grupo
Eletrobrás, venceu o leilão das linhas de transmissão, mas não concluiu
nenhum projeto - em alguns casos, nem iniciou as obras. Pelas regras do
contrato, o sistema de transmissão teria de ser concluído na mesma data
dos parques eólicos para permitir o início dos testes. Mas, na melhor
das hipóteses, a conexão com as usinas apenas se dará em julho do ano
que vem. Consequentemente, as obras do sistema de transmissão dos parques
licitados em 2010 também ficarão comprometidas. No mercado, algumas
empresas foram informadas de que os cronogramas de empreendimentos
marcados para setembro de 2013 foram estendidos para janeiro de 2015. Rufino afirmou que a Aneel tem discutido constantemente com a estatal
para tentar resolver o problema e diminuir os impactos para o
consumidor. Segundo ele, não está descartada a possibilidade de fazer uma
instalação provisória enquanto a definitiva não é concluída. Apesar de
não poderem produzir energia, as geradoras terão direito de receber a
receita fixa prevista nos contratos de concessão. Pelos cálculos da
Aneel, as 32 usinas têm receitas de R$ 370 milhões a receber.
Uma
eleição não é o único momento de disputa política, nem o mais importante
deles. Mas é também um espaço de debate de projetos, de novas
proposições e de definição de representações que podem caminhar pela
mudança ou estancar em defesa da manutenção do status quo.
É com esse
pensamento, percebendo as nuances, a complexidade e a importância de um
processo eleitoral, que entregamos esta edição Especial Eleições 2012.
Nos artigos a seguir analisamos as perspectivas da esquerda em seis
capitais brasileiras – Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo
Horizonte, Natal e Belém.
Em cada uma
delas temos especificidades importantes, mas também situações comuns,
ligadas, basicamente, pelo contexto político-partidário nacional, com a
hegemonia do PT e do governo de coalizão que encabeça, levando à
recolocação do espectro político nacional e regional – ou seja, a
reorganização de esquerda, direita e centro a partir da hegemonia do PT e
de seus aliados no governo federal.
Com essa
edição o Jornalismo B convida seus leitores a refletirem sobre o papel
da esquerda no processo eleitoral e para além dele, e a construírem, a
partir dessa reflexão, uma ou várias esquerdas fortes, com capacidade de
diálogo sem que isso signifique capitulação, com capacidade de unidade
sem que isso signifique falta de diversidade e crítica, e com capacidade
de luta e disputa sem que isso signifique a necessidade de imposição.
Em cada cidade do Brasil o Jornalismo B chama o voto nas candidaturas
comprometidas com as pautas da esquerda, aquelas que, em seus projetos
de sociedade, sobrepõem a igualdade à desigualdade, a cidadania ao
consumo e a solidariedade à competição individualista.
O texto acima é o editorial da 46ª
edição do Jornalismo B Impresso, EDIÇÃO ESPECIAL ELEIÇÕES 2012. A edição
será distribuída em Porto Alegre na próxima semana, e o jornal pode ser
assinado em qualquer lugar do Brasil. Nessa edição, temos textos sobre o
processo eleitoral seis capitas brasileiras, sempre apontando as
perspectivas da esquerda: Porto Alegre, Natal, Belo Horizonte, Belém,
São Paulo e Rio de Janeiro. Os artigos foram escritos por jornalistas e
militantes que vivem e atuam nessas capitais. É importante que todos os amigos do
Jornalismo B se mobilizem para assinar e divulgar as assinaturas do
Impresso. A assinatura pode ser feita em qualquer lugar do Brasil. São três as possibilidades de
assinatura: 6 edições – R$ 40; 12 edições – R$ 60; 20 edições – R$ 100.
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