domingo, 22 de fevereiro de 2015

PISARAM NO ACELERADOR DA HISTÓRIA?*




Por: Luciano Egídio Palagano



Quando os trabalhadores se unificam eles conquistam vitórias nunca antes imaginadas. Um exemplo disso, é o atual processo de paralisação dos servidores do estado do Paraná. Quem garantiria ou apostaria há seis meses atrás, que os servidores entrariam em uma greve unificada e ocupariam a Assembleia Legislativa do Estado durante dois dias? Que  não seriam tirados de lá a força, saindo vitoriosos e de cabeça erguida? E que por duas vezes conseguiriam impedir o parlamento estadual de votar uma comissão geral, sepultando assim o regime de urgência do pacote de austeridade fiscal encaminhado pelo governo estadual do PSDB à Assembleia?
Se alguém, há seis meses atrás, me garantisse que tudo isso iria acontecer eu não acreditaria. Isso, por mais fé que eu tenha na classe trabalhadora. Mas, os fatos e o desenrolar dos acontecimentos mostraram que isso foi, sim, possível. Mais uma vez temos uma prova de que as condições materiais são determinantes  no rumo da História. Medidas que mexeram, ou pretendem mexer nas condições de sobrevivência de trabalhadores de diversas categorias, fizeram com que estes, antes em estado de latência, se movimentassem para a luta.
Hoje, dia 21 de Fevereiro, a greve dos profissionais da educação básica do Paraná completa 13 dias, e o Conselho Estadual do Sindicato da Categoria (APP – Sindicato) esta reunido para deliberar sobre os possíveis rumos da greve, e ao que tudo indica (a reunião ainda não terminou no momento em que redijo estas palavras) a greve deve continuar, e a hipótese de uma assembleia para debater a proposta do governo nem mesmo deve ser cogitada, uma vez, ao que parece, o próprio conselho irá refutar a proposta.
Além dos servidores da educação básica, nestes 13 dias que se completam desde o dia 09 de Fevereiro (primeiro dia de greve da categoria) várias outras categorias aderiram ao movimento: servidores da saúde, trabalhadores do ensino superior, de todas as universidades do estado, agentes penitenciários, Defensoria Pública e agora, mais recentemente, os servidores do Departamento de Transito do Estado (DETRAN/PR).
Ao que tudo indica, “muita água ainda vai rolar” no Paraná nos próximos dias, as greves não estão arrefecendo, pelo contrário, estão ganhando mais força a cada dia, e o processo de greve acaba por ser um catalizador que eleva o nível de consciência politica das categorias em luta.
Ninguém sabe ainda o que pode ocorrer, nem mesmo eu, que também sou parte de uma das categorias em greve, tenho uma visão clara do futuro deste processo.
A única coisa que todos concordam é: Estamos vivenciando um momento único na História do Paraná, e ao que parece alguém resolveu pisar no acelerador da História. Resta saber quem vai conseguir acompanhar esta aceleração, se o governo, se as direções sindicais, ou talvez a própria classe trabalhadora, reciclando antigas formas de luta, e inventando novas ferramentas e métodos de organização.
O tempo passa, e ao que parece no Paraná ele resolveu passar de maneira acelerada, pelo menos esta é a impressão de quem se encontra no “olho do furacão”, e mesmo assim tenta visualizar os fatos a partir de um ângulo externo.


*Luciano Egidio Palagano
Bacharel e Licenciado em História
Servidor da Secretária de Educação do Estado do Paraná
Correspondente do Pasquim do Oeste online e da Revista “Thelema”
Colaborador do Brasil De Fato – Paraná.

Um comentário:

Unknown disse...

Como dizia Cazuza, "o tempo não para".