Quando os trabalhadores se unificam eles conquistam vitórias nunca antes
imaginadas. Um exemplo disso, é o atual processo de paralisação dos servidores
do estado do Paraná. Quem garantiria ou apostaria há seis meses atrás, que os
servidores entrariam em uma greve unificada e ocupariam a Assembleia
Legislativa do Estado durante dois dias? Que
não seriam tirados de lá a força, saindo vitoriosos e de cabeça erguida?
E que por duas vezes conseguiriam impedir o parlamento estadual de votar uma
comissão geral, sepultando assim o regime de urgência do pacote de austeridade
fiscal encaminhado pelo governo estadual do PSDB à Assembleia?
Se alguém, há seis meses atrás, me garantisse que tudo isso iria
acontecer eu não acreditaria. Isso, por mais fé que eu tenha na classe
trabalhadora. Mas, os fatos e o desenrolar dos acontecimentos mostraram que
isso foi, sim, possível. Mais uma vez temos uma prova de que as condições
materiais são determinantes no rumo da
História. Medidas que mexeram, ou pretendem mexer nas condições de
sobrevivência de trabalhadores de diversas categorias, fizeram com que estes,
antes em estado de latência, se movimentassem para a luta.
Hoje, dia 21 de Fevereiro, a greve dos profissionais da educação básica
do Paraná completa 13 dias, e o Conselho Estadual do Sindicato da Categoria
(APP – Sindicato) esta reunido para deliberar sobre os possíveis rumos da
greve, e ao que tudo indica (a reunião ainda não terminou no momento em que
redijo estas palavras) a greve deve continuar, e a hipótese de uma assembleia
para debater a proposta do governo nem mesmo deve ser cogitada, uma vez, ao que
parece, o próprio conselho irá refutar a proposta.
Além dos servidores da educação básica, nestes 13 dias que se completam
desde o dia 09 de Fevereiro (primeiro dia de greve da categoria) várias outras
categorias aderiram ao movimento: servidores da saúde, trabalhadores do ensino
superior, de todas as universidades do estado, agentes penitenciários,
Defensoria Pública e agora, mais recentemente, os servidores do Departamento de
Transito do Estado (DETRAN/PR).
Ao que tudo indica, “muita água ainda vai rolar” no Paraná nos próximos
dias, as greves não estão arrefecendo, pelo contrário, estão ganhando mais
força a cada dia, e o processo de greve acaba por ser um catalizador que eleva
o nível de consciência politica das categorias em luta.
Ninguém sabe ainda o que pode ocorrer, nem mesmo eu, que também sou parte
de uma das categorias em greve, tenho uma visão clara do futuro deste processo.
A única coisa que todos concordam é: Estamos vivenciando um momento único
na História do Paraná, e ao que parece alguém resolveu pisar no acelerador da
História. Resta saber quem vai conseguir acompanhar esta aceleração, se o
governo, se as direções sindicais, ou talvez a própria classe trabalhadora,
reciclando antigas formas de luta, e inventando novas ferramentas e métodos de
organização.
O tempo passa, e ao que parece no Paraná ele resolveu passar de maneira
acelerada, pelo menos esta é a impressão de quem se encontra no “olho do
furacão”, e mesmo assim tenta visualizar os fatos a partir de um ângulo
externo.
*Luciano Egidio
Palagano
Bacharel e
Licenciado em História
Servidor da
Secretária de Educação do Estado do Paraná
Correspondente do Pasquim do Oeste online e da Revista “Thelema”
Um comentário:
Como dizia Cazuza, "o tempo não para".
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