sábado, 2 de maio de 2015

O BONDE DA HISTÓRIA



E o Bonde da História continua andando:
O Massacre do Centro Cívico!

por Luciano E. Palagano

O confronto teve inicio à meia tarde. Segundo algumas informações, alguns servidores mais exaltados tentaram individualmente abrir a primeira barreira de contenção, e algo que poderia ser impedido sem violência se transformou no catalisador que deu inicio há uma verdadeira “batalha”, se é que se pode chamar de “batalha” um confronto onde existe uma diferença gritante entre a possibilidade de agressão entre os lados envolvidos.
Estamos falando de uma “batalha” onde um dos lados (servidores) tinha às mãos: bandeiras, pedras, paus, objetos como cadeiras de plastico e a voz, em contra partida o outro lado (Policiais) tinha a disposição: 2 helicópteros, escopetas, escudos, máscaras contra gás, capacetes, um estoque enorme de bombas de gás lacrimogeneo e de efeito moral, gás de pimenta, carro de choque, esguicho do corpo de bombeiros e resolução de cumprir as ordens. E as ordens eram: dispersar os servidores para que a Sessão na Assembleia pudesse ocorrer.
Não tivemos uma “batalha”, o Centro Cívico se transformou em uma Zona de Guerra, mas não houve “batalha”, houve um massacre.
Ao canto de palavras de ordem alguns servidores incentivavam a resistência dos colegas que tentavam se desviar das bombas de gás lacrimogeneo a medida que recuavam, e por mais que as pessoas recuassem, as bombas continuavam a cair.
Sim. O termo é este: Cair! Por que elas não vinham só do chão lançadas com granadeiros, elas vinham do alto dos prédios, e aparentemente, até mesmo dos helicópteros que sobrevoavam o Centro Cívico. No momento, em que eu tecia as palavras que dariam origem a este texto, eu o fazia ao som de bombas, e ouvia alguns repórteres dizerem que os servidores (alguns) estão lançando pedras na direção do pátio da Assembleia. Mas, o que são algumas pedras em face do bombardeio que estavamos vendo ocorrer naquele momento? Nada!
Até por que as pedras estavam sendo lançadas em revide, ou seja, como defesa e não como ataque.
Vários servidores ficaram feridos e perdidos em meio ao gás das bombas, ao que parece até mesmo um cadeirante que não conseguia sair do local. Os demais servidores tentavam resgatar estas pessoas mas eram impedidas pelo choque, que a cada passo dos servidores em direção aos feridos, lançava mais bombas.
Enquanto todos estes fatos ocorriam, os deputados, isolados e protegidos dentro da Assembleia votavam o ataque à Previdência dos servidores. O ataque continuava, o ataque de dentro e o ataque de fora. O ataque da lei e o ataque das bombas!
Nem mesmo a presença de uma senadora no caminhão do sindicato impediu a continuidade da violência!
O caminhão de choque avançava conforme os soldados iam arremessando bombas e atirando na multidão, os dirigentes do sindicato gritavam questionando exasperados com a violência das ações:
_ “Vai atacar a prefeitura? O Governo do Estado vai atacar a prefeitura de Curitiba?” - muitos feridos estavam alojados dentro da prefeitura recebendo atendimento.
O som das bombas vibrava nos tímpanos, a fumaça do gás lacrimogeneo levada pelo vento, se espalhava por todo o Centro Cívico, não fazendo distinção entre manifestantes, PM's, Repórteres, a população que passava ou as Crianças da Creche ao lado. Impregnava os olhos e invadia as narinas de todos, com exceção do choque que usava máscaras.
Enquanto isso, os deputados (os da oposição em uma situação similar ao cárcere privado) continuavam a sessão. Nos dois espaços os ecos de um ataque reverberavam, dentro da ALEP causado por vozes inflamadas e fora por bombas e tiros.
Saldo do Massacre do Centro Cívico:
·             Mais de 200 servidores atendidos com ferimentos (faço questão de colocar o termo atendidos, por que muitos nem sequer foram atendidos, e logo não entraram na contagem oficial),
·             Um deputado da Oposição atacado por um cão policial (Deputado Rasca - PV)
·             Um cinegrafista atacado por um cão policial
·             O governo insiste em 20 policiais feridos, mas este que escreve viu apenas 02 sendo atendidos no pátio da ALEP.
·             Um projeto que ataca a Previdência dos Servidores aprovado com violência, truculência e atitudes dignas da ditadura.
·             Uma nova data que marca mais uma etapa do histórico de violência com que o Estado do Paraná trata os trabalhadores. Ambas engendradas e executadas por governos da Direita.
·             E falando em ditatura, o governador Beto Richa (PSDB) passa a oficializar mais uma de suas alcunhas: Ditador.
O projeto, com toda a truculência utilizada, foi aprovado, mas os servidores não desistirão tão fácil, a greve continua e neste momento (em que escrevo o texto) as direções das entidades que representam os servidores avaliam a situação. O que fazer? Quais serão os próximos passos? Estas são perguntas que estão sendo pensadas e cujas respostas estão sendo construídas.
A APP-SINDICATO esta convocando para o dia 05 de Maio um Ato Público Estadual com concentração a partir das 09h da manhã na praça 19 de Dezembro com caminhada até a ALEP e Assembleia Geral da categoria às 15h (local ainda a definir).
Desde o início de todo este processo eu já escrevi três textos sobre o mesmo, ambos podem ser acessados através destes links distribuídos em ordem cronológica:
Neste link você tem acesso a nota da APP-SINDICATO sobre o ocorrido no Centro Cívico:
O texto presente é apenas a descrição de mais uma etapa de um processo muito maior e longo, aguardemos para ver o final desta História, que graças ao governo do estado Paraná esta se transformando em um conto de Terror e Drama”
























Marechal Cândido Rondon – PR 30/04/2015


Luciano Egidio Palagano – Licenciado e Bacharel em História, Servidor Público do Paraná, Membro do Comando de Greve Regional da APP-Sindicato/Núcleo de Toledo e colaborador dos Jornais Brasil de Fato e Pasquim do Oeste Online.

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