Luciano Egidio
Palagano*
Frase que
explica a concepção de Democracia da maioria dos políticos:
“Democracia
é quando eu mando em você,
ditadura é
quando você manda em mim.”
(Millôr
Fernandes)
Hoje, 15/05, o Campus da UNIOESTE de Marechal Cândido Rondon foi
palco de mais um protesto dos servidores estaduais.
Um dia depois do governo estadual anunciar que encerrou as
negociações com os sindicatos que representam as diversas
categorias em greve no estado do Paraná, o campus de Marechal
Cândido Rondon da Unioeste foi palco de mais um protesto que
unificou professores e funcionários da UNIOESTE e da Rede de
Educação Básica.
O protesto ocorreu durante a realização de uma das mesas do XV
Seminário de Extensão da Unioeste, que começou ontem 14/05, os
manifestantes fizeram uma recepção ao Deputado Federal Evandro
Roman (PSD) em um ato de repúdio à defesa que o mesmo fez na Câmara
dos Deputados em Brasília dos atos do Governo Estadual, relacionados
aos fatos ocorridos no dia 29/04.
Na mesma mesa também deveria ter estado presente o atual Secretário
de Esportes do Paraná, Douglas Fabrício, que, segundo informações,
não se fez presente por motivos de saúde.
Logo na chegada já foi possível ver o constrangimento do deputado
quando o mesmo se deparou com o cemitério simbólico em frente da
Biblioteca do Campus.
Dep. Evandro Roman (PSD) e Assessor chegando no XV SEU. Ao fundo: cemitério da gestão Richa Imagem: Luciano Egidio Palagano |
Enquanto os manifestantes se posicionavam ao lado do cemitério e a
plateia ficava cada vez mais vazia, era perceptível a preocupação
e o constrangimento do parlamentar com o ato, uma vez que volta e
meia, durante a sua fala, ele inseriu algum termo de homenagem à
educação e aos professores, aparentemente tentando mediar a tensa
situação que se verificava no momento.
Após a fala do deputado, foi aberto um espaço para questionamentos
e apesar da temática da mesa não ser a greve dos servidores e nem
mesmo os fatos ocorridos no dia 29/04, foi este o tema que dominou o
debate.
A professora Aparecida Darc (comando de greve da UNIOESTE) fez uma
fala ao deputado no sentido de que o protesto realizado naquele
momento não era uma questão de vontade, mas sim de necessidade e de
que a fala do professor coordenador da mesa (Professor Luís Peres –
Ed. Física), que colocou que o parlamentar havia conseguido recursos
para a Universidade, e a atuação do parlamentar com relação aos
fatos do dia 29/04 e de todo o processo de mobilização era no
minimo contraditório.
O deputado ao responder a professora colocou que não era de esquerda
e nem de direita, e que defendia o direito de greve, mas que era
preciso também defender a ordem instituída.
Servidores segurando faixa da manifestação Imagem: Luciano Egidio Palagano |
Um terceiro questionamento foi feito ao parlamentar pelo integrante
da rede estadual de educação básica, Maicon Palagano, que
mencionou que o atual chefe da casa civil do Paraná (Eduardo Sciarra
- PSD) que é do mesmo partido de Evandro Roman, enquanto deputado
votou contra a penalização do trabalho escravo. E que, já que o
deputado em sua fala se dizia a favor do movimento dos servidores,
por que ele, na qualidade de Deputado Federal, também não
denunciava o Governo Estadual à PGR à exemplo dos Deputados Ivan
Valente, Chico Alencar, e Jean Willys (PSOL). Ao responder o
questionamento do servidor, o parlamentar apenas disse que, como os
deputados mencionados são de extrema esquerda (na avaliação do
parlamentar) ele não entraria neste assunto.
Mas, talvez dentre todos os questionamentos, aquele que mais tenha se
destacado (devido a polêmica resposta dada pelo parlamentar) tenha
sido o do Professor do curso de História da Unioeste, Gilberto Calil
que também integra o comando de greve da UNIOESTE. O mesmo
questionou o deputado sobre a sua afirmação de não ser nem de
esquerda e nem de direita, e sim a favor do povo (sentido genérico).
Servidores aguardando a chegada do Dep. Evandro Roman Imagem: Luciano Egidio Palagano |
O professor questionou o deputado sobre esta afirmação, e colocou
que historicamente o agrupamento politico que sempre trouxe este
discurso de não ser esquerda e nem direita foi o fascismo**. Ao
responder o professor, Evandro Roman reiterou a posição anterior,
dizendo novamente que defendia o povo e não era nem de esquerda e
nem de direita e que se isso fosse ser fascista ele não via nenhum
problema nisso.
Após este debate, a situação se manteve tensa até o final da
mesa, onde na saída do deputado alguns de seus assessores ensaiaram
um bate boca com alguns manifestantes um pouco mais exaltados.
Enfim, o ocorrido hoje na Unioeste serviu como uma mostra sobre a
atual situação do Estado do Paraná, pois na reunião do Conselho
Estadual da APP juntamente com o Comando Estadual de Greve da
entidade ficou deliberada a continuidade da greve apesar das ameaças
do governo, assim como também deliberaram pela continuidade as
várias assembleias das entidades representativas dos professores e
servidores das IES, além da SANEPAR, que ao que tudo indica começa
uma paralisação no próximo dia 19/04. Desta forma, a partir da
semana que vem, caso o governo não tenha um insight de
habilidade politica para atuar junto ao movimento grevista, se
configura a construção de uma greve geral dos servidores estaduais
no estado.
Dep. Evandro Roman é recepcionado por manifestantes. Imagem: Luciano Egidio Palagano |
Acontece que, aparentemente o governo vai na contramão desta
necessária habilidade, pois ontem uma das medidas do mesmo foi
fechar a mesa de negociação.
Fica então a pergunta: como resolver o atual impasse, se por parte
do governo não existe a possibilidade de diálogo? Ao
que parece o governo tomou uma posição e quer enfiar a mesma “goela
abaixo” dos servidores, nada surpreendente para uma gestão que fez
o uso de tamanho aparato policial no dia 29/04, na intenção de
impedir os servidores de participarem da sessão que votava a mudança
na PRPrevidência.
Este impasse em que se encontra o estado, e que já acumulou desde
ações que beiraram o ridículo como deputados chegando na ALEP em
um camburão e trágicas como o “Massacre no Centro Cívico”
parece estar longe de ser resolvido. O bonde continua acelerando cada
vez mais, e ao que parece, segue Desgovernado.
*
Bacharel e Licenciado em História, correspondente do Jornal Pasquim
do Oeste e colaborador do projeto Brasil de Fato Paraná
** O
fascismo é um movimento político e social que nasceu na Itália
pela mão de Benito Mussolini na sequência da Primeira Guerra
Mundial. Trata-se de um movimento totalitário e nacionalista, cuja
doutrina (e as similares que se desenvolvem noutros países) recebe o
nome de fascista.
O
fascismo surgiu como terceira via perante as democracias liberais
(como a norte-americana) e o socialismo (a URSS). Para além do
regime de Mussolini na Itália, são considerados fascistas os da
Alemanha de Adolf Hitler e da Espanha de Francisco Franco.
O
fascismo baseia-se num Estado todo-poderoso que diz encarnar o
espírito do povo. A população não deve portanto procurar nada
fora do Estado, que está nas mãos de um partido único. O Estado
fascista exerce a sua autoridade através da violência, da repressão
e da propaganda (incluindo a manipulação do sistema educativo).
O
líder fascista é um maioral que está acima dos homens comuns.
Mussolini denominava-se como Il Duce, que deriva do latim Dux
(“General”). Trata-se de lideranças messiânicas e autoritárias,
com um poder que se exerce de maneira unilateral e sem consultar
(pedir a opinião) quem quer que seja.
Na
Alemanha, o fascismo está associado ao nazismo. Este movimento teve
uma forte componente racial, que promulgava a superioridade da raça
ariana e procurava exterminar as restantes colectividades, como os
judeus, os ciganos e os negros.
O
neofascismo e o neonazismo repetem atitudes dos movimentos
originários (violência, autoritarismo), apesar de negarem ou
minimizarem os crimes cometidos por esses grupos ao longo do século
XX.
Leia
mais: Conceito de fascismo - O que é, Definição e Significado
http://conceito.de/fascismo#ixzz3aFRo5nyH
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