segunda-feira, 7 de setembro de 2015

GREVE NAS UFs




A “PÁTRIA EDUCADORA” ESTÁ ATACANDO A UNIVERSIDADE PÚBLICA



05 SET 2015 

Bernadete Menezes*, especial para o Jornalismo B

Os técnicos e professores das universidades públicas brasileiras estão em greve já há várias semanas. Nessa greve, a luta não é apenas por salário, pois este é apenas a ponta do iceberg da crise das universidades hoje. Muitos técnicos recém-concursados ficam apenas alguns anos e vão para outros empregos, pois os salários estão entre os mais baixos do funcionalismo federal. Nosso piso hoje é de R$ 1.140,00 e nossos auxílios são risíveis, como R$ 80,00 para creche.
Foto: Assufrgs
Foto: Assufrgs
Mas o que pouco aparece na imprensa é que as universidades estão em crise. O corte de R$ 9 bilhões na Educação atingiu em cheio as universidades. Não há verba para pagar as empresas de terceirizados, o que tem acarretado inúmeras greves por todo o país. Não há verba para manutenção dos prédios e nem para construção de novos para acolher a demanda de crescimento de programas como o Reuni. A Ufrgs, considerada uma das melhores universidades do país, está tendo aulas nos prédios de colégios de Porto Alegre. Temos três prédios interditados, vários com problemas de manutenção, as passagens para as bancas de mestrado e doutorado foram suspensas, já tivemos três greves de terceirizados somente este ano. Esses são alguns dos efeitos dos cortes do governo em uma universidade considerada de excelência.
Arrochar salários de técnicos e professores e realizar cortes em um setor estratégico como a Educação e a produção de novas tecnologias é matar a galinha dos ovos de ouro. Muito se fala que parte de nossa crise acontece porque a pauta de exportação do Brasil se resume a alimentos, minerais e petróleo – os famosos commodities. Que é necessário superar o déficit tecnológico, para substituir importações. Mas a política do governo Dilma Rousseff (PT), é a política do bombeiro louco, que tenta apagar o incêndio com gasolina. Cortar verbas de investimentos e custeio das universidades é atacar a pesquisa. Todos sabem que é nas universidades públicas onde se produz mais de 90% da pesquisa no Brasil. Que a Petrobras só é essa grande empresa, na qual as grandes transnacionais estão de olho, devido à pesquisa desenvolvida na UFRJ. A tecnologia de extração de petróleo em águas profundas, que exportamos até para o Japão, foi produzida dentro de nossas universidades.
Por isso, nossa greve é por condições de trabalho e parte disso são nossos salários, mas é estratégica a luta contra os cortes de verbas, em defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade. Que a universidade seja o espaço de produção de nossa independência tecnológica, por uma nova sociedade justa, igualitária e ambiental/socialmente sustentável.
*Coordenadora de Serviços Públicos da Intersindical e Coordenadora Geral da Assufrgs.

Fonte: http://jornalismob.com/2015/09/05/a-patria-educadora-esta-atacando-a-universidade-publica/

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