terça-feira, 31 de março de 2015

TRANSGÊNICOS E AGROTÓXICOS



Ao contrário do prometido, transgênicos trouxeram aumento do uso de agrotóxicos


Quando iniciou o debate sobre a utilização de Organismos Geneticamente Modificados (OGMs) na agricultura, uma das principais promessas feitas por seus defensores era que o cultivo de transgênicos, entre outros benefícios, traria uma diminuição do uso de agrotóxicos, em função do desenvolvimento de plantas resistentes a pragas. Passadas cerca de duas décadas, o que se viu no Brasil foi exatamente o contrário. A crescente liberação do plantio de variedades transgênicas de soja, milho e outros cultivos trouxe não uma diminuição, mas um aumento da utilização de agrotóxicos. Mais grave ainda: vem provocando o surgimento de novas pragas mais resistentes aos venenos, que demandam o desenvolvimento de novos venenos, numa espiral que parece não ter fim e que vem sendo construída sem os estudos de impacto ambiental necessários.
Esse foi um dos alertas feitos no painel “10 anos da Lei de Biossegurança e os Transgênicos no Brasil”, realizado terça-feira (24) à noite, no auditório da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Promovido pela Agapan, InGá Estudos Ambientais, Movimento Gaúcho em Defesa do Meio Ambiente (MoGDeMA) e GVC – Projeto de Extensão da Biologia da UFRGS, o encontro, além de atualizar a situação da Lei de Biossegurança e da transgenia no Brasil, prestou uma homenagem à pesquisadora Magda Zanoni, recentemente falecida, que foi uma das principais pesquisadoras no campo da reforma agrária e da agricultura familiar no país, e uma crítica do uso de organismos transgênicos na agricultura como uma solução para os problemas da alimentação no mundo.
Situação da Biossegurança no país piorou, diz pesquisadora
O painel reuniu a doutora em Ciências Sociais, Marijane Lisboa, professora da PUC-SP, e o engenheiro agrônomo Leonardo Melgarejo, integrante da Agapan. Marijane Lisboa fez um balanço dos dez anos da Lei de Biossegurança, lembrando que essa é, na verdade, a segunda legislação sobre esse tema no Brasil. A primeira lei, de 1995, assinalou, era melhor que a atual pois tinha uma regra que submetia as decisões da Coordenação-Geral da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) ao parecer de órgãos ambientais e da área da saúde. “Essa cláusula permitiu, por exemplo, ingressarmos na justiça contra a liberação da primeira variedade de soja transgênica no Brasil. Isso, ao menos, atrasou a liberação dos transgênicos no país”, assinalou a pesquisadora. Mas essa lei tinha uma desvantagem em relação à atual: durante a sua vigência, as reuniões da CTNBio eram fechadas para a sociedade.
O atraso na liberação das primeiras variedades transgênicas não impediu, porém que elas começassem a ser plantadas de forma ilegal no país. O Rio Grande do Sul foi um Estado pioneiro nessa ilegalidade, com o plantio da chamada soja Maradona, contrabandeada da Argentina. Marijane Lisboa trabalhou no Ministério do Meio Ambiente, quando Marina Silva, era ministra, e vivenciou diretamente todo o lobby da indústria dos transgênicos e de seus braços parlamentares para a liberação do plantio. “A pressão política foi muito forte e a soja transgênica acabou sendo liberada, no governo Lula, por Medida Provisória. Quando o governo enviou a MP para o Congresso, a bancada ruralista anunciou que pretendia fazer uma emenda para ampliar a liberação e torná-la permanente. Seguiu-se uma negociação que acabou dando origem à nova Lei de Biossegurança”, relatou.
“Para construir uma ponte, precisa estudo de impacto ambiental. Para liberar transgênico, não”
Uma das principais disputas travadas na época se deu em torno da vinculação ou não dos pareceres da CTNBio à avaliação dos órgãos ambientais. “Nós defendíamos essa vinculação, mas, infelizmente, o então ministro Aldo Rebelo decidiu pela posição contrária. O que os cientistas decidissem na CTNBio seria a palavra final, o que deu origem à uma lei muito pior que a anterior. “Não é possível que, para construir uma ponte, seja preciso ter um estudo de impacto ambiental, e para liberar um produto transgênico para o consumo humano não exista a mesma exigência”, criticou a professora da PUC-SP. “Hoje”, acrescentou, “os integrantes da CTNBio são escolhidos diretamente pelo ministro da Ciência e Tecnologia. Nós temos cinco representantes da sociedade civil, mas eles devem ser doutores e representam uma posição minoritária. Os lobistas da indústria dos transgênicos assistem às reuniões para ver como os cientistas estão se comportando. Essa é a CTNBio hoje. Ela foi sendo adaptada para liberar tudo”.
Na mesma direção, Leonardo Melgarejo criticou o atual modo de funcionamento da CTNBio, observando que os integrantes da comissão aprovam a liberação de transgênicos com base em uma bibliografia totalmente favorável a essa posição, composta em sua maioria por artigos não publicados em revistas indexadas. Para enfrentar essa situação, um grupo de pesquisadores está preparando um livro com 700 artigos de cientistas que fazem um contraponto a esse suposto consenso favorável à liberação do plantio e consumo dos transgênicos. Esse livro incluirá artigos publicados já nos primeiros meses de 2015 que contestam esse suposto consenso. Um deles, “No scientific consensus on GMO safety”, de autoria de um grupo de cientistas da European Network of Scientists for Social and Environmental Responsibility, denuncia a fragilidade de evidências científicas para sustentar tal consenso.
“Hoje, não dá para dissociar agrotóxicos de transgênicos”
Melgarejo chamou a atenção para o fato de que não é possível, hoje, dissociar agrotóxicos de transgênicos. “Quando alguém sente cheiro de veneno já está sendo envenenado”, resumiu. Além dos problemas de contaminação, advertiu, há vários outros que não são do conhecimento da sociedade. Entre eles, está o fenômeno do aumento da resistência de certas bactérias a antibióticos e o surgimento de novas pragas, o que leva ao desenvolvimento de novos tipo de transgênicos. A França, relatou ainda o engenheiro agrônomo, proibiu ontem (23) o cultivo do milho geneticamente modificado MON 810. Melgarejo advertiu também para os riscos da aprovação no Brasil do agrotóxico 2,4 D, muito mais tóxico que o glifosato, e do projeto de lei do deputado federal Luis Carlos Heinze (PP-RS), propondo o fim da rotulagem dos transgênicos.
O biólogo Paulo Brack, do InGá Estudos Ambientais, também criticou o modo de funcionamento atual da Comissão Nacional de Biossegurança. “A situação da CTNBio passou dos limites. Não há espaço para debate científico nas reuniões, as cartas já estão marcadas. A maioria dos integrantes da CTNBio tem vínculos com empresas”. Para Brack, a agricultura convencional hoje se tornou disfuncional pois não respeita princípios ecológicos básicos. “A lógica é aumentar o consumo dos agrotóxicos”, assinalou o biólogo, que apresentou um gráfico que atesta esse crescimento.
Em 2005, quando foi a aprovada a Lei de Biossegurança  11.105, que impulsionou a liberação de transgênicos no país, o consumo de agrotóxicos no Brasil estava na casa dos 700 milhões de litros/ano. Em 2011, seis anos apenas depois, já estava na casa dos 853 milhões de litros/ano.
Em 2005, quando foi a aprovada a Lei de Biossegurança 11.105, que impulsionou a liberação de transgênicos no país, o consumo de agrotóxicos no Brasil estava na casa dos 700 milhões de litros/ano. Em 2011, seis anos apenas depois, já estava na casa dos 853 milhões de litros/ano.
Em 2005, quando foi a aprovada a Lei de Biossegurança 11.105, que impulsionou a liberação de transgênicos no país, o consumo de agrotóxicos no Brasil estava na casa dos 700 milhões de litros/ano. Em 2011, seis anos apenas depois, já estava na casa dos 853 milhões de litros/ano. Em 2013, as estimativas apontam para um consumo superior a um bilhão de litros/ano, uma cota per capita de aproximadamente 5 litros por habitante. O Brasil consome hoje pelo menos 14 agrotóxicos que são proibidos em outros países do mundo.


Marco Weissheimer


Fonte: http://jornadaagroecologia.com.br/node/523

CANTINHO DO PEIXE FRITO


PARQUE AUGUSTO RUSCHI



Conheça o Plano de Manejo do Parque Augusto Ruschi


O Plano de Manejo do Parque Natural Municipal Augusto Ruschi, em São José dos Campos (SP), já pode ser acessado online, no  site do Ipplan - Instituto de Pesquisa Administração e Planejamento, do município. 
Desenvolvido pelo IPÊ ao longo do ano de 2014, com apoio do Ipplan e da Prefeitura Municipal, o plano teve participação da comunidade local, organizações da sociedade civil e órgãos municipais, estaduais e federais. Sua construção envolveu uma equipe multidisciplinar que realizou diagnósticos sobre a infraestrutura e gestão da área, o potencial para uso público e os meios biótico, físico e antrópico. Contou, também, com uma equipe responsável pelo seu planejamento estratégico, tático e operacional.
O Parque Augusto Ruschi é um importante remanescente de Mata Atlântica do município, localizado nas encostas da Serra da Mantiqueira. Antigo Horto Florestal da cidade, é a primeira Unidade de Conservação de Proteção Integral de São José dos Campos.O Parque compreende mais de 2 milhões de metros quadrados de mata preservada, e representa um verdadeiro santuário para inúmeras espécies da fauna e flora nativas, algumas ameaçadas de extinção. O objetivo deste tipo de unidade de conservação é proteger e preservar  valores naturais ou culturais, proteger recursos genéticos, desenvolver educação ambiental e pesquisa científica.
Com o plano de manejo, foram definidas as diretrizes para a gestão da área, além de sua missão e visão, normas de uso, zoneamento e ações prioritárias, com base em seus objetivos de criação.

Acesse o Plano de Manejo aqui.
Leia mais sobre Augusto Ruschi em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_Ruschi; http://ruschicolibri.com.br/augusto.php; 
Fonte: http://www.ipe.org.br/ultimas-noticias/557-conheca-o-plano-de-manejo-do-parque-augusto-ruschi

segunda-feira, 23 de março de 2015

O FUTURO DAS ÁGUAS*




Elemento vital reduzido a “recurso hídrico”, a água é, atualmente, uma das maiores preocupações mundiais em virtude das alarmantes previsões de escassez crônica. Se quantificada e tratada como mercadoria, como vem acontecendo, se tornando praticamente uma commoditie, tudo leva a crer que quem ficará sem ela serão as comunidades pobres, que não terão como pagar. 
Mas a questão é bem mais abrangente na medida em que não se vive uma escassez, pelo contrário, já que a disponibilidade de água é bem maior que o consumo médio necessário, segundo a ONU. O problema é uso inadequado da água, e, daí, o problema então deixa de ser a quantidade, e passa a ser a qualidade, afetada pela depredação dos rios e cursos d'água, que a humanidade transformou em esgoto da sua civilização.
Isso tornou a atividade de distribuição e saneamento um excelente negócio. É só verificar o número de empresas interessadas quando da privatização de sistemas públicos de abastecimento ou saneamento. A legislação vigente abriu grandes brechas para a participação popular, mas, também, para a privatização e mercantilização das nossas águas. O ‘mercado das águas’ tornou o setor de distribuição e saneamento brasileiro um negócio lucrativo, através da transferência de outorgas. Estas são solicitadas à ANA, ao Estado ou ao município.
A não captação das águas das chuvas, a crescente impermeabilização do solo e a falta de gestão adequada das águas pluviais que descem, em geral, sem controle em direção aos córregos nas zonas urbanas tem sido a causa das enchentes e alagamentos que hoje assolam as grandes cidades e regiões metropolitanas.

*Editorial publicado na Revista Thelema.

domingo, 22 de março de 2015

OS ECOS DE ITAIPU*




Os Ecos de Itaipu

No oeste do Paraná, índios Guarani querem retomar as terras de onde foram expulsos em nome da construção da hidrelétrica de Itaipu pelo regime militar

por Isabel Harari e Stefano Wrobleski
 “Quando Itaipu ia fechar a água a gente correu foi pra vários lugares. Alguns foram pra Santa Helena num barquinho que a gente fez. Naquela época, a gente recebia muita ameaça e a gente morria de medo. Ameaçavam a gente, diziam que iam levar pra fazer sabão. E ai a cada um ia pro seu canto. E, com medo, a gente foi pra longe”.


Pedro Alves pega uma vareta para mostrar as antigas aldeias guarani no oeste paranaense. O xeramõi – uma espécie de autoridade espiritual, ancião sábio – serpenteia o pedaço de pau pelo chão de terra batida da Tekoha Y’Hovy, aldeia onde vive, no município de Guaíra, e relembra onde cada parente morava e por onde corria o rio antes do alagamento para a construção da hidrelétrica de Itaipu. Em frente à sua roça, Pedro equilibra-se em um banquinho de madeira colocado no único rastro de sombra que resistiu ao sol do meio dia. “Naquela época a mata era quase virgem. Tinha mata, caça, palmito”, recorda. Seu Pedro apaga o desenho com as mãos e risca novamente o chão, dessa vez com várias linhas saindo de um ponto em direção à diversas regiões. Cada linha representa a direção tomada por seus parentes Guarani para fugir do alargamento do Rio Paraná, em 1982.
Em outra aldeia, a Tekoha Korumbe’y, situada dentro dos limites do município de Guaíra, o cacique Ismael Rodrigues explica: “Antigamente, quando eu tinha doze ou treze anos, já pescava aqui nesse Rio Paraná. Ele tinha um remanso muito bonito, e você tinha que ir em silêncio pescar lá, sem fazer movimentos bruscos”.
“Naquele tempo nós vivíamos na beira do rio. Não tinha fazendeiro nem nada. Só os índios que mandava. Fazia casa onde quiser! A terra era nossa”, complementa Vitória Barros, sentada em uma cadeira de plástico em frente à sua casa, na Tekoha Nhemboeté, em outro município, Terra Roxa.
Pedro Alves mostra a sua roça na Tekoha Y 'Hovy. Foto: Agência Pública/Greenpeace/Isabel Harari
Pedro Alves mostra a sua roça na Tekoha Y ‘Hovy. Fotos: Agência Pública/Greenpeace/Isabel Harari
Gregório Sousa, também morador da Tekoha Marangatu, relata em guarani que alguns indígenas foram avisados, mas outros tiveram que sair às pressas quando viram o rio subindo: “a gente não estava sabendo de nada. De repente, começaram a fechar o Rio Paraná”.
“Eles fizeram medo, nos intimidaram pra que saíssemos daqui. Uns passaram pro Mato Grosso do Sul, outros foram pro Paraguai e pra outros lugares”, conta Simião Benites também na língua materna, sentado na opy, a casa de reza da Tekoha Poha Renda, em Terra Roxa.
Rosalina Souza, xaryi – guarani para anciã – da Tekoha Miri, aldeia que margeia uma estrada próxima à cidade de Guaíra, lembra-se ainda que “tinha várias pessoas que não queriam sair e a gente não sabe o que aconteceu com elas”. Faustino Duarte, xeramõi que também vive na Tekoha Miri, conta: “Eu não sei o que aconteceu com a minha mãe nem com o meu pai porque, quando ia fechar o Rio Paraná, eu corri [com outros parentes]”.
De volta à Tekoha Y’Hovy, Pedro espana novamente as mãos sobre o chão e rabisca mais uma vez o terreno. Com a vareta, desenha as figuras das aldeias que foram construídas – ou “retomadas” – recentemente pelos Guarani. A maioria delas foi realizada nos últimos quatro anos.
“Eu nasci e cresci em Guaíra e não posso deixar o lugar onde nasci. A gente não pode deixar o lugar que a gente nasceu e cresceu, por isso estamos aqui ainda. Os brancos, quando crescem, deixam o lugar onde nasceram, mas a gente é diferente”, conta Gregório, da Tekoha Marangatu.
“Pode levar pra onde quiser, pode ser pra longe, que depois volta tudo outra vez. Até a pé nós vem. Não adianta levar longe”, explica Vitória Barros, na Tekoha Nhemboeté.

Assista ao vídeo:


O alagamento de vastas áreas no entorno do Rio Paraná, em 1982, para a construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu-Binacional foi o último grande movimento de um longo processo que, durante o século passado, foi pressionando os índios cada vez mais a oeste e para fora do estado. Fruto de um acordo binacional entre o Brasil e o Paraguai, a construção do megaempreendimento já estava nos planos desde a década de 1940, por conta da importância estratégica da região fronteiriça e pela necessidade da produção de energia, fazendo coro ao binômio “Segurança e Desenvolvimento” pregado pela Ditadura Militar.
Em pleno regime ditatorial, controlado por uma elite civil e militar, a construção de Itaipu “levou a uma nova onda de esbulho territorial”, segundo concluiu o relatório da Comissão Nacional da Verdade (CNV), publicado em dezembro do ano passado. O levantamento sobre as violações cometidas em nome da usina, que hoje fornece cerca de 17% da energia consumida no Brasil, faz parte do capítulo sobre violações dos direitos humanos dos povos indígenas.
O relatório [da Comissão Nacional da Verdade] prova que foram graves violações de direitos humanos dos indígenas com participação direta ou com conivência do Estado

Maria Rita Kehl
Em entrevista à Pública, a psicanalista Maria Rita Kehl, responsável pelo texto, lembra que o componente indígena aparecia, inicialmente, como “uma coisa pequena, uma nota de rodapé” a ser incluída na pesquisa. “Não sabia muito o que tinham os indígenas a ver com isso e muita gente me questionou: ‘Indígenas? Como assim? Eles não foram contra a ditadura’”. Durante a pesquisa, assombrou-se. “O relatório prova que foram graves violações de direitos humanos dos indígenas com participação direta ou com conivência do Estado”. O capítulo apresenta a estimativa de que pelo menos 8.350 indíos tenham sido mortos no contexto da implementação da política vigente ou pela participação direta de agentes estatais no período investigado pela CNV (entre 1946 e 1988). O texto aponta o caráter amplo das violações, que foram do esbulho de suas terras, remoções forçadas de seus territórios, contágio por doenças infecto-contagiosas, prisões, até torturas, maus tratos e extermínio de povos inteiros.
Durante os trabalhos, a psicanalista diz ter percebido que os índios “eram considerados um empecilho e havia um enfrentamento violento contra eles, como se fosse uma guerra contra outro país”.
O caso dos Avá-Guarani do oeste do Paraná merece destaque no capítulo. “As remoções também foram prática corrente quando se tratava de realizar empreendimentos em áreas com presença indígena”, diz o texto em referência à Hidrelétrica Itaipu. A equipe da CNV, através de seu coordenador, José Carlos Dias, fez um pedido de documentos  “em qualquer grau de sigilo” para Itaipu sobre as relações entre a empresa e os indígenas. Na solicitação, a CNV afirma ter sido informada sobre a existência, “no acervo desta instituição [Itaipu], farta quantidade de documentos relevantes sobre estes casos”. Mas não recebeu qualquer resposta.

Com a construção da usina, o curso do Paraná foi barrado e o rio transformou-se em um imenso lago artificial, inundando, segundo o projeto original, uma área de 1350 quilômetros quadrados – destes, 770 do lado brasileiro. Apesar de a barragem estar em Foz do Iguaçu, outros 15 municípios foram atingidos pelas águas do Paraná. Dentre eles, trechos de Guaíra e Terra Roxa. Ficou também debaixo d’água a Cachoeira das Sete Quedas, de beleza natural inigualável. Na ocasião do fechamento das comportas para a criação do lago da usina de Itaipu no dia 9 de setembro de 1982, o poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu no Jornal do Brasil: “Sete quedas por mim passaram, e todas sete se esvaíram / Cessa o estrondo das cachoeiras, e com ele a memória dos índios, pulverizada, já não desperta o mínimo arrepio (…)”.
Antes mesmo da consolidação de Itaipu, o avanço das obras gerou uma onda de regularização fundiária feita às pressas pelo Instituto de Colonização Agrária (Incra) para por em ordem e indenizar as propriedades que foram adquiridas de forma ilegal com o avanço descontrolado da colonização das décadas anteriores. Os posseiros, ainda que de forma irregular, foram beneficiados em detrimento dos Guarani que ali viviam.
A ditadura aboliu a demarcação de terras indígenas nas regiões fronteiriças por conta da “segurança nacional”. A Funai foi sendo paulatinamente ocupada por “militares egressos dos Serviço Nacional de Informação (SNI) e do Conselho de Segurança Nacional (CSN)”. A militarização do órgão consolida a visão de que a demarcação de terras indígenas em zonas de fronteira nacional representaria um risco à soberania do Brasil.
Com a inundação do lago, as famílias Guarani tiveram que sair. “Ou corria, ou morria”, é uma frase ouvida frequentemente no relato dos mais velhos. Foram removidas 42 mil pessoas da área. “Foram indenizados os que tinham título. O não reconhecimento foi a estratégia usada para praticar o esbulho”, explica Diogo Oliveira, servidor da Funai que atuou na região entre 2012 e 2014.

Rio Paraná: antes e depois de Itaipu

Rosalina Souza, hoje moradora da Tekoha Miri, afirma que na região viviam muitos índios, ao contrário do que era disseminado por Itaipu e pela cúpula governamental: “Eu nasci na aldeia Oco’y, e perto de lá tinha uma aldeia chamava Ipiranga, Jakutinga, Porto Mendes, ‘Pepu’, Jurikaba, tinha vários lugares aqui, morava muitos Guarani”, conta. “Quando Itaipu ia fechar a água a gente correu foi pra vários lugares. Alguns foram pra Santa Helena num barquinho que a gente fez. Naquela época, a gente recebia muita ameaça e a gente morria de medo. Ameaçavam a gente, diziam que iam levar pra fazer sabão. E ai a cada um ia pro seu canto. E, com medo, a gente foi pra longe”.
Diferentemente de muitas histórias relatadas pelos indígenas, o xeramõi Gregório Matos nunca deixou a região. Hoje, vive na Tekoha Marangatu, nas proximidades de Guaíra, ocupada em 2004. Ele conta que na época da inundação a usina prometeu uma indenização que nunca chegou: “O pessoal da Itaipu falou que ia pagar para aqueles que iam sair. Pra mim eles não pagaram e eu fiquei onde nasci, mas não sei pros outros. Os cemitérios que a gente tinha antigamente ficaram debaixo das águas, e várias aldeias ficaram debaixo d’água também. Algumas vezes eu penso e dá um aperto. Os corpos de muitos dos nossos pais ficaram debaixo d’água”.
“A situação se encaminhou em 1982 para a remoção e confinamento dos Guarani numa exígua faixa de terra à beira do lago de Itaipu, sem qualquer paridade em tamanho e condições ambientais com o território ocupado anteriormente, o que também violava a legislação indigenista vigente”, diz o texto da CNV. Ali eles enfrentaram surtos de malária e doenças “decorrentes do uso de agrotóxico pelos colonos vizinhos, surtos esses que dizimaram parte da população”, prossegue o texto, baseando-se em um laudo antropológico assinado pela antropóloga e servidora da Funai Maria Lúcia Brant de Carvalho, que estudou e conviveu com os Guarani entre 2001 e 2007. Ainda segundo a CNV, “prevaleceu, contudo, a versão oficial dos ‘índios inexistentes’ e da ‘generosidade de Itaipu’”.

*Fonte: http://apublica.org/os-ecos-de-itaipu/ acesso em 21/03/2015

PARA ALÉM DOS MUROS DA UNIVERSIDADE



Extensionistas e calouros de Agronomia da Unioeste implantam horta em escola estadual do interior do Paraná


Extensionistas do projeto Desenvolvimento Rural Sustentável Bacia do Paraná 3, mestrandos do PPGDRS da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, campus de Marechal Cândido Rondon, com o apoio dos calouros do curso de Agronomia da mesma universidade, se uniram em torno de uma boa ideia, para marcar o início do calendário acadêmico da universidade, que já começou atrasado.


O coordenador do curso de Agronomia da UNIOESTE, professor Wilson João Zonin, (de chapéu, em primeiro plano à direita) além de orientar o projeto, também participa do plantio das mudas na horta. "A universidade, com seus conhecimentos  gerados pela pesquisa, tem a obrigação de repassar estes saberes, atuando e colaborando na educação ambiental e alimentar dos jovens, que hoje cursam os ensinos Fundamental e Médio no Brasil". À esquerda, também em primeiro plano, o acadêmico do 1º ano de Agronomia, Antonio Donizete Barriviera.

A recepção aos calouros de Agronomia 2015 da Unioeste, o trote solidário, foi a participação na implantação de uma horta escolar na Escola Estadual Antônio Maximiliano Ceretta, em Marechal Cândido Rondon. A iniciativa do Projeto de Extensão DRSBP3 e do PPGDRS, foi encampada pela Coordenação do curso de Agronomia, Centro Acadêmico, Laboratório de Química Ambiental, Núcleo de Estações Experimentais, Itaipu Binacional, Secretaria Municipal de Agricultura e CAPA - Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor, além de voluntários. A horta será conduzida pelos bolsistas e acadêmicos, com o auxílio dos alunos do educandário.





Além das olerícolas, cujo plantio foi coordenado pela professora Márcia, titular da disciplina de olericultura, as mudas de plantas medicinais, foram plantadas num canteiro em forma de mandala. Conhecimento alternativo à disposição dos estudantes. Na foto, o registro do canteiro pronto e a satisfação dos participantes.

O objetivo, segundo Maikon Hilgert, mestre em Desenvolvimento Rural Sustentável e tutor do projeto, é transpor os muros da Universidade, aplicar o que está sendo estudado na prática, com o intuito solidário de repartir o conhecimento produzido na universidade com a vizinha escola secundária. “Na sequência, veremos a possibilidade de implantar um sistema de captação das águas da chuva para irrigar a horta, tornando o projeto ainda mais sustentável”, anunciou ele.

O responsável pelo projeto, professor doutor Wilson João Zonin, coordenador do curso de Agronomia, diz que a horta na escola tem, antes de tudo, a finalidade de incentivar a educação ambiental e amplificar as ações e objetivos de programas governamentais como o PAA – Programa de Aquisição de Alimentos e o PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar. Para tanto, serão ministradas palestras sobre a Lei de Alimentação Escolar para os alunos e professores, buscando mobilizá-los para o cuidado com a horta e conscientizá-los da sua importância no que se refere a garantia da qualidade dos alimentos que eles consumirão na escola. “Nosso objetivo é a educação ambiental destes jovens, mostrando-lhes as vantagens de uma alimentação saudável, orgânica, variada e desprovida de elementos químicos e agrotóxicos”, diz ele.

Para um dos voluntários envolvidos no projeto, a iniciativa traz a oportunidade dos alunos terem contato com a terra de maneira positiva e saudável, conviver com o ambiente que os rodeia, percebendo seus ciclos, a influência destes sobre si mesmos e sobre os outros seres. "Mostrou, também, o poder do trabalho coletivo, que, envolvendo alunos secundaristas, acadêmicos, mestres, mestrandos e professores, pode resultar em ações que beneficiarão muitos, com importantes e diferentes significados para cada um dos envolvidos", explica ele.

Confira outras imagens da iniciativa: 










































Reportagem e redação: Ana Mª de Carvalho
Fotos: Ana Mª de Carvalho, Wilson João Zonin e Alex Sandro Zanotto.


quinta-feira, 12 de março de 2015

CULTURA INDÍGENA



04

BERTIOGA RECEBERÁ MAIS DE 400 ÍNDIOS NO FESTIVAL DA CULTURA INDÍGENA


O Festival Nacional da Cultura Indígena acontece de 17 a 19 de abril. A programação já está sendo preparada pela Prefeitura de Bertioga, por meio da Secretaria de Turismo, Esporte e Cultura, e Comitê Intertribal – Memória e Ciência Indígena. Cinco etnias, Pataxó (BA), Paresi (MT), Kayapó (MT), Bororo (MT), Javaé (TO), além dos anfitriões Guarani, já confirmaram presença no evento, que é um dos maiores do país e que envolve cultura, rituais, dança, música, esporte e culinária indígena. Duas outras etnias ainda vão confirmar presença. A previsão é de que mais de 400 índios participem do evento. A programação completa será divulgada oportunamente.
O Festival, que acontece desde o ano de 2001, será realizado na Praça de Eventos, na Praia da Enseada, ao lado do Forte São João, onde será montada uma tenda com arquibancada para aproximadamente cinco mil pessoas. Grande parte da programação também vai acontecer no Parque dos Tupiniquins. Um dos pontos altos será a realização do Fórum Social Indígena, onde são propostas discussões em torno de assuntos de interesse da comunidade em todo país. O tema do fórum este ano será o I Jogos Mundiais Indígenas, que acontecem em setembro deste ano em Palmas (TO).
01A importância do evento foi destacada pelo prefeito Mauro Orlandini, que acredita que o propósito do Festival vai muito além de mostrar a beleza da cultura indígena. “É um congraçamento entre raças e a demonstração do orgulho que temos dos primeiros povos que habitaram essas terras”. O fortalecimento do turismo no Município foi destacado pelo secretário de Turismo, Esporte e Cultura, Luiz Carlos Pacífico Júnior. “Temos que reforçar também a importância do potencial histórico de Bertioga, um nicho do turismo que pode ser muito bem explorado”, afirmou o secretário, que completou: “sem esquecer nunca o respeito às etnias que nos prestigiam com suas culturas”. Segue a lista de etnias participantes.
Guarani
Também conhecidos como Ava-Chiripa, Ava-Guarani, Xiripa ou Tupi-Guarani, é considerado um dos povos mais populosos do Brasil, somando mais de 30 mil índios. Em Bertioga estão na reserva indígena Rio Silveira, na divisa com o município de São Sebastião, mas existem reservas espalhadas por todo país.
Os Guarani vivem basicamente da agricultura, através do plantio do arroz, da mandioca, entre outros alimentos. Suas danças, cantos e rituais são direcionados ao Deus Tupã, pedindo proteção às pessoas e à natureza.
Kayapó
02Os Kayapó vivem no Mato Grosso (MT) e Pará (PA) em aldeias dispersas ao longo do curso superior dos rios Iriri, Bacajá, Fresco e de outros afluentes do rio Xingu. As aldeias são relativamente grandes em relação ao padrão amazônico: se uma aldeia indígena costuma variar entre 30 e 80 pessoas, entre os Kayapó, esse número flutua entre 200 e 500 habitantes.
Os rituais Kayapó são numerosos e diversos, mas sua importância e duração variam fortemente. Dividem-se em três categorias principais: as grandes cerimônias de confirmação de nomes pessoais; certos ritos agrícolas, de caça, de pesca e de ocasião – por exemplo, aqueles realizados quando de um eclipse solar ou lunar – e, enfim, os ritos de passagem.
Paresi halíti
Os Paresi têm uma antiga história de contato com os não-índios. As primeiras referências feitas a eles datam do fim do século XVII e, desde então, o contato foi se intensificando e gerando consequências muitas vezes devastadoras para o povo. Atualmente, os Paresí mostram-se preocupados em manter seus costumes e com a recuperação de outros aspectos que consideram importantes para a manutenção das suas práticas socioculturais, tendo em vista todas as consequências sofridas ao longo da sua história com os não-índios.
Javaé
03Os Javaé são um dos poucos povos indígenas da antiga Capitania de Goiás que sobreviveram às capturas e grandes mortandades promovidas pelos bandeirantes, à política repressora dos aldeamentos, às epidemias trazidas pelos colonizadores em épocas diferentes e à invasão crescente do seu território.
Muitos estudos destacam a notável capacidade de resiliência cultural desses povos, que souberam dialogar com as mudanças drásticas impostas pelo contato, mantendo aspectos essenciais de sua estrutura social, ritual e cosmológica.
Pataxó
Habitantes da região sul da Bahia, o histórico do contato desses grupos com os não-indígenas se caracterizou por expropriações, deslocamentos forçados, transmissão de doenças e assassinatos. A terra que lhes foi reservada pelo Estado em 1926 foi invadida e em grande parte convertida em fazendas particulares. Apenas a partir da década de 1980 teve início um lento e tortuoso processo de retomada dessas terras, cujo desfecho parece ainda longe, permanecendo a Reserva sub-judice.
Bororo
O termo Bororo significa, na língua nativa, “pátio da aldeia”. Não por acaso, a tradicional disposição circular das casas faz do pátio o centro da aldeia e espaço ritual desse povo, caracterizado por uma complexa organização social e pela riqueza de sua vida cerimonial.
A despeito de hoje terem direito a um território descontínuo e descaracterizado, o vigor de sua cultura e sua autonomia política têm atuado como armas contra os efeitos predatórios do contato com o “homem branco”, que se estende há pelo menos 300 anos.
*Prefeitura de Bertioga

Fonte: https://revistarelevo.wordpress.com/2015/03/08/bertioga-recebera-mais-de-400-indios-no-festival-da-cultura-indigena/ Acesso em 11032015

SUSTENTABILIDADE NO CAMPO




Fazendeiros de água boa


Produtores inovadores começam a cultivara própria água. No Mato Grosso, esse esforço reúne agricultores, ONGs e índios numa história de sucesso que já dura dez anos


-  A  A  +

*Este especial foi produzido em parceria com o Planeta Sustentável 

Todo agricultor tem orgulho de botar comida na mesa. Em suas mãos, sementes se transformam em arroz, feijão, batata, verduras, frutas ou ração para bois e vacas, galinhas, porcos, carneiros, cabras e até peixes. Mas nem sempre é o bastante. 

Quem mexe com a terra frequentemente também precisa se preocupar com a água. Ou até se tornar um produtor de água: para assegurar a própria atividade, altamente dependente de irrigação, para restaurar ou conservar ecossistemas e para ajudar a abastecer as cidades, de consumo cada vez mais concentrado. Em um mundo tão ocupado por populações humanas, que continuam a crescer, já não é suficiente deixar só para as chuvas a tarefa de matar a sede de todos os seres vivos. Sobretudo em um cenário de mudanças climáticas.
Em municípios pequenos, com tradição agrícola, eventualmente é mais fácil perceber a importância de ter os agricultores como aliados na hora de proteger os mananciais. E, se o prefeito tiver um pé na roça, tanto melhor! 

É o caso de Louveira, no interior de São Paulo. Localizado entre duas metrópoles que disputam a berros e canetadas as águas do Sistema Cantareira - São Paulo e Campinas -, o município de 55 quilômetros quadrados e 39 mil habitantes tem a sorte de captar toda a água de abastecimento das nascentes localizadas em seu território. Escapa da briga política pelos recursos hídricos e da poluição dos rios à sua volta. 

Mas precisa tomar suas providências para garantir água de qualidade em quantidade suficiente para todos os usos. Assim, em 2013, o prefeito e produtor de morangos Nicolau Finamore Júnior sancionou uma Lei Municipal de Incentivos à Fruticultura, que prevê um pagamento anual de 4 mil reais por hectare de árvores de fruta mantido nas áreas de mananciais. Para receber, o produtor de uva, caqui, pêssego ou ameixa deve cumprir algumas exigências, como promover a conservação do solo, com boa infiltração de água de chuva nas áreas cultivadas. 

Para saber como fazer isso, caso haja alguma dúvida, o fruticultor pode recorrer a um técnico agrícola da prefeitura. Se for necessário movimentar terra, é só requerer o uso de máquinas municipais. E, se ainda faltarem os resíduos vegetais para acrescentar à cobertura morta amontoada ao pé de seu vinhedo ou de suas árvores de fruta, basta pedir uma entrega de restos de podas urbanas, já triturados e prontos para usar, disponibilizados na porteira do solicitante.

Muita moleza? Não, apenas uma retribuição por serviços ambientais efetivamente prestados. Ou, nas palavras do prefeito: "A estimativa de custos totais é alguma coisa em torno de 6 milhões de reais anuais, quando o plano de incentivo estiver plenamente estabelecido. Louveira produz água dentro do município e depende dos agricultores. Então é um investimento: nós estamos dando a contrapartida para quem já ajuda e sempre ajudou o município. Eu não vejo como uma despesa, na verdade é um bom investimento, que dá lucro em água e em qualidade de vida. É muito bom negócio". 

Ainda no interior de São Paulo, o trabalho de muitos anos da Associação Mata Ciliar rende dividendos em transparência e qualidade das águas, nas bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí.


ARAUCÁRIA



Pinheiro do Paraná entra em processo de extinção, afirma professor da UFPR


Foto: reprodução / internet
Foto: reprodução / internet
A araucária entrou em processo decisivo de extinção. O professor da Universidade Federal do Paraná Flávio Zanette afirma que a decadência da espécie atingiu “nível crítico nos últimos anos” e a Araucária deixou de estar apenas ameaçada. Para repor as árvores com idade avançada uma série de ações imediatas devem ser tomadas para evitar o fim da árvore símbolo do estado, segundo o professor.
Cerca de 1.500 mudas de araucária serão distribuídas gratuitamente a partir desta terça-feira (10) na UFPR em comemoração aos 30 anos de criação do Laboratório de Micropropagação Vegetal, que deu início às pesquisas com a Araucária na instituição.
O professor Flávio Zanetti, responsável por pesquisas que geraram o pinheiro de proveta, para ajudar a combater a extinção da espécie, afirma que tem provas concretas para embasar um plano de resgate da Araucária. Segundo ele, a pesquisa é decisiva para evitar a extinção da espécie.
Audio Player
Foto: divulgação / UFPR
Foto: divulgação / UFPR
Estudioso da araucária há mais de 30 anos, o professor Zanette defende as técnicas de enxerto como uma saída para estimular o plantio econômico da espécie, assim contribuindo para a preservação. Entre as vantagens da araucária enxertada está o início de produção de pinhões em período inferior a 10 anos (sem a técnica, a produção só começa entre 12 e 15 anos). O professor afirma que não há tempo de repor as árvores idosas se não houver uma ação efetiva.
Audio Player
A doação de mudas começou hoje (terça) e vai até o dia 13 de março, das 8h30 às 12 e das 13h30 às 16h30, no Departamento de Fitotecnia da UFPR (Rua dos Funcionários, 1540, Juvevê). Cada pessoa poderá solicitar de 1 a 10 mudas. Junto com as mudas, o livreto “Enxertia de Araucária para Produção de Pinhão”, de autoria do professor Zanette, também é distribuído. O livreto ensina o passo a passo dos procedimentos necessários para que a muda produza pinhões com qualidade e mais rapidez. O telefone para mais informações é 3350-5728.

Links relacionados: http://g1.globo.com/pr/oeste-sudoeste/noticia/2014/12/rua-de-pato-branco-tem-desvio-para-arvore-ameacada-de-extincao.html