segunda-feira, 31 de agosto de 2015

HORTAS COMUNITÁRIAS




Hortas Urbanas Comunitárias em plena São Paulo: resgate de espaços de cultivo e partilha de relações!


Quando falamos em horta geralmente vem em nossa mente a imagem de um lugar afastado no interior, porém para mim esta imagem foi modificada depois que descobri que dentro de uma das maiores cidades do mundo pessoas se unem para plantar e trocar experiências.

Carros, praças e até o canteiro central de avenida é utilizado para se plantar



Viver numa cidade como São Paulo e buscar manter um certo equilíbrio e qualidade de vida não é tarefa fácil, mas as vezes as soluções são tão simples que nos surpreendem.
O ato de cultivar a terra, plantar sementes e compartilhar os cuidados e seus frutos é ancestral. Sem o alimento e a união entre as pessoas a humanidade não resistiria.
O contato com a terra, a água, o Sol, as sementes, o acompanhar do crescimento de seus frutos, dividir os cuidados e compartilhar sua produção são atividades que trazem bem-estar e união entre as pessoas, além disto comer o que você cultivou tem outro sabor!
Para minha surpresa, ao caminhar pela Avenida Paulista, símbolo de negócios da cidade, vejo na Praça dos Ciclistas, uma pequena horta, com ervas aromáticas. Algo simples e inusitado, mas com grande repercussão em mim. Pareceu que o tempo parou e o contexto da correria e trânsito cotidianos ficaram suspensos... De repente a velha divisão campo x cidade foi rompida!

A Horta do Ciclista fica em plena Avenida Paulista, uma das mais impotantes do Brasil

A Horta do Ciclista fica em plena Avenida Paulista, uma das mais impotantes do Brasil
A Horta do Ciclista fica em plena Avenida Paulista, uma das mais impotantes do Brasil


Como pode uma pequena área verde no meio do asfalto e arranha-céus, em que pessoas em geral passam uma pelas outras sem se olharem, algumas sementes serem plantadas pela união de gente por um ideal?
Depois desta experiência, que deixou meus olhos mais apurados, comecei a perceber coisas que antes a correria desenfreada da cidade escondia de mim. Acabei encontrando a horta comunitária na Praça das Corujas, próxima da Vila Madalena. Um espaço organizado onde as pessoas se dividem nos cuidados de uma horta comunitária. O local é aberto a todos que queiram contribuir e colher com bom-senso. E o interessante é que a horta não é destruída, ela é de todos e todos cuidam dela.

Horta das Corujas na Vila Beatriz

Detalhe de um pé de boldo, cultivado na Horta das Corujas
Detalhe de um pé de hortelã, cultivado na Horta das Corujas
Detalhe de uma berinjela, cultivada na Horta das Corujas
Um pequeno abacaxi, cultivado na Horta das Corujas
Detalhe de uma folha de couve da Horta das Corujas
Os pássaros são bem vindos na horta
Visão geral da Horta das Corujas e da Praça das Corujas


Experiências como estas nos deixam perplexos, já que todos os dias somos bombardeados com notícias de corrupção, atos destrutivos, egoismo extremo, violência e muito pouco amor para com o próximo.
E engana-se que pensa que para criar uma horta urbana é necessário um terreno. Subindo pela Rua Dr. Homem de Melo, em Perdizes, me deparei com um carro velho que virou uma horta estacionada na própria rua. O que era uma sucata deu lugar a várias ervas e plantas variadas e ficou lindo.

Horta urbana feita dentro de um carro abandonado em Perdizes
Horta urbana feita dentro de um carro abandonado em Perdizes

Estas hortas são espaços onde se pode respirar, não por causa das plantas purificarem o ar, mas sim por ser um local onde é possível o encontro entre as pessoas, o partilhar do cuidado e o compartilhar de seus frutos, bem como troca de conhecimento e ensino para as crianças sobre os cuidados com a terra, valorizando o contato com a natureza e com os outros. O espaço não é de ninguém, em geral são públicos, e por isso mesmo tratado com respeito por todos. Os ideais de sustentabilidade, de cultivo orgânico são vivenciados na prática o que mostra que é possível convivermos com a natureza e com os outros de outra forma, ao contrário das notícias que são repetidas todos os dias.

As hortas comunitárias resgatam o contato com a natureza e ampliam as redes sociais e solidárias, resultando em saúde mental e harmonia consigo, com os outros e com o ambiente. São em si mesmas revolucionárias, pois são contrapontos às verdades cotidianas das grandes cidades.

Um projeto que apesar de não ser considerado uma horta comunitária, mas que é um exemplo muito interessante por parte da iniciativa privada é a horta urbana do Shopping Eldorado, na zona oeste de São Paulo. Para resolver o problema do lixo orgânico gerado pelos restaurantes da praça de alimentação o superintendente do Shopping, Sergio Nagai, resolveu efetuar a compostagem do lixo e acabou por criar uma horta urbana no teto do shopping. Toda a produção é destinada aos próprios funcionários do Shopping.




Exemplos pelo mundo

São inúmeras as experiências com hortas comunitárias ou hortas urbanas e jardins comunitários pelo mundo.
Um exemplo bem interessante é este jardim criado no teto de um ônibus na Catalunha, Espanha.







Em Portugal a idéia começa a espalhar-se também. Em Lisboa um projeto pretende criar 130 hortas urbanas que fornecerão alimento a preços muito abaixo dos praticados no comércio.
Em Nova York hortas urbanas estão crescendo nos telhados dos edifícios no bairro do Brooklin. A empresa Bright Farms planta perto de supermercados, o que ajuda a encurtar o caminho entre a comida e os pontos de venda.


Uma cidade localizada no norte da Inglaterra chamada Todmorden criou o projeto “A incrível Todmorden comestível”. Este projeto utiliza toda a área pública do município para fazer plantações comunitárias onde qualquer morador da cidade pode colher alimentos gratuitamente. A cidade incentiva também as pessoas a ajudar no plantio e as crianças estão aprendendo desde cedo a importância do cultivo e da terra. São aproximadamente 40 hortas esplanadas pela pequena cidade de 17 mil habitantes. Todos os lugares disponíveis são utilizados para plantar.
Além das plantações outro projeto na mesma cidade tem como objetivo a criação de galinhas.

Horta urbana na cidade inglesa de Todmorden: Créditos da imagem Incredible Edible Todmorden







Conclusão

Ao contrário do que possamos imaginar é possível sim plantar e colher nossos próprios alimentos nas grandes metrópoles. Além do benefício ambiental e social podemos também resgatar prazeres há muito esquecidos ou que nunca tivemos a oportunidade de experimentar.
Os verdadeiros prazeres não são caros... ser bem recebida na horta, sentir os diversos e surpreendentes aromas das ervas, trocar experiências e conhecimentos... reconhecer no sorriso de quem planta a felicidade da partilha!

Referência(s)

Fonte: http://www.sermelhor.com.br/ecologia/hortas-urbanas-comunitarias-em-plena-sao-paulo.html


Hortas comunitárias se popularizam cada vez mais em Berlim



Seja no telhado de um shopping, seja em um antigo aeroporto, as hortas estão se espalhando por Berlim. Cada vez mais, moradores trabalham a terra para cultivar tomates, batatas e... vínculos sociais, em uma cidade onde ainda parece haver espaço para tudo.

Alguns agriões esmirrados resistem bravamente às chuvas e aos fortes ventos que varrem as pistas de aterrissagem de um aeroporto fechado em outubro de 2008 e transformado em um amplo parque para os berlinenses.

Quando chega o bom tempo, pepinos, aipos e manjericão crescem à sombra dos girassóis nesse jardim comunitário. Recentemente, uma colmeia instalada no meio dos pequenos lotes começou a produzir o primeiro mel a levar o selo do antigo aeroporto de Tempelhof.

De dia, carrinhos de mão e mangueiras são usados a todo vapor nas matas de ervas aromáticas. Ao anoitecer, amigos brindam com cerveja para celebrar o espírito coletivo e a amizade.

"Allmende Kontor" e o vizinho "Rübezahl Garten" são duas das inúmeras hortas que cresceram como grama na capital alemã. No bairro popular de Wedding, uma associação planeja instalar cultivos de cenouras e morangos no telhado de um supermercado local.

"Trata-se de cultivar hortaliças e também de participar de um projeto coletivo, de fazer coisas juntos. É um lugar onde todo mundo participa", explica Burkhard Schaffitzel, um dos iniciadores do "Rübezahl Garten".

"As pessoas vêm de todos os horizontes, de imigrantes turcos a estudantes, passando por aposentados", conta Gerda Münnich, uma entusiasta da "Allmende Kontor".

Esse é exatamente o segredo do sucesso. Sua horta já conta com cerca de 300 "arrendatários" e tem uma lista de espera de mais de 200 pessoas. Os responsáveis pelo jardim pagam 5.000 euros por ano à Prefeitura para utilizar seu pedaço de terra e fazem apelos por doações para manterem a iniciativa.

Legumes e verduras crescem em baldes e caixas de madeira, porque a Prefeitura não permite as plantações diretamente no solo no antigo aeroporto. Alguns optaram pela originalidade. Sapatos usados, mochilas, ou até uma velha cadeira de escritório: vale tudo para garantir seu espaço na horta.

Horta, um lugar de socialização A escolha pela jardinagem cria um estilo de vida e, ao redor dela, surgem "pequenos lugares". O mecânico de bicicletas "Ismael" oferece seus serviços em um reboque velho e amassado, instalado no terreno, enquanto uma "praça do povo", no centro do jardim, permite que a comunidade possa assar salsichas quando o grupo organiza festas.

"A horta não é apenas um lugar dedicado a uma atividade de auto-subsistência, mas um lugar de socialização", explica a socióloga alemã Christa Müller, que escreveu um livro sobre o "urban gardening".

O fenômeno é internacional. Desde seu início nos bairros pobres de Nova York, já foram criadas hortas comunitárias em Paris, Montreal e outras cidades. Na capital alemã, houve um empurrão muito particular: a reunificação da cidade, após a queda do Muro no final de 1989, que dividiu Berlim por 28 anos. A mudança deixou uma grande quantidade de espaços vazios e abandonados.

"Londres e Paris estão saturadas. Aqui ainda temos lugar para plantar verduras", comemora Schaffitzel.

Para muitos, criar uma horta coletiva também é uma iniciativa cidadã. "Fazemos política no meio das alfaces", brinca Gerda Münnich, que, depois de passar sua carreira diante das telas dos computadores, decidiu se dedicar às abóboras e aos repolhos.

"É se apropriar um pouco da cidade. É participar da decisão coletiva. Esse pequeno terreno que eu cultivo é um pedacinho da cidade que me pertence", diz ela, com orgulho.

Para a socióloga Christa Müller, esse movimento é uma espécie de contrapeso à sociedade neoliberal.

Esses novos urbanos "ficam felizes de produzir algo eles mesmos, no lugar de encher o carrinho no supermercado", considera Burkhard Schaffitzel, do "Rübezahl Garten".

Fonte: http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2014/01/28/hortas-comunitarias-se-popularizam-cada-vez-mais-em-berlim.htm

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