sábado, 25 de fevereiro de 2023

MAIS TRABALHO ESCRAVO NO SUL DO BRASIL

 

Máquina de choque e spray de pimenta são encontrados em alojamento em Bento Gonçalves

Operação resgatou 208 pessoas que trabalhavam em condições análogas à escravidão na colheita da uva

24 de fevereiro de 2023


Trabalhadores foram resgatados na noite de quarta-feira. Foto: Divulgação/PRF

Após uma operação realizada na noite de quarta-feira (23) revelar a situação de trabalho análogo à escravidão vivida por mais de 200 pessoas em Bento Gonçalves, na Serra gaúcha, o Ministério do Trabalho e Emprego informou nesta sexta-feira que, no alojamento onde estavam os trabalhadores resgatados, foramSegundo o coordenador da ação local, o auditor fiscal do Trabalho, Vanius João de Araújo Corte, ao fazer a inspeção, além de encontrar a máquina de choque e os tubos de spray de pimenta, também foi confirmado que os trabalhadores tinham dívidas permanentes. “Como foram recrutados na Bahia, já vieram na viagem para o local de trabalho com dívidas de alimentação e transporte. Fora isso, todo o consumo deles no alojamento era anotado num caderno do mercado local, que vendia os produtos a preços extorsivos. Além disso, eles relataram que iniciavam o trabalho às 4h da manhã e iam até as 8h ou 9h da noite, numa jornada extremamente exaustiva”, relatou o auditor.

“Eles não estavam recebendo salários, com dívidas permanentes e em situação degradante, caracterizando o trabalho análogo ao de escravo. Todos foram então resgatados e ouvidos um a um pela fiscalização para que fosse calculado o valor devido para cada trabalhador e pagamento das indenizações trabalhistas pelos direitos negados. Os representantes das empresas que contrataram essa mão de obra já se propuseram a realizar os pagamentos na próxima semana”, informou o coordenador.

As vinícolas que utilizavam os serviços da empresa responsável por contratar os trabalhadores emitiram notas ainda na quinta-feira informando que desconheciam a situação. A Salton admitiu que não averiguou as condições de moradia oferecidas pela Oliveira & Santana. Já a Aurora se comprometeu em reforçar sua política de contratações e revisar os procedimentos quanto à terceiros para que casos como este não voltem a acontecer. 

O grupo formado por 208 pessoas trabalhava na safra de uva e era explorado por empregadores que prestavam serviços às vinícolas Aurora, Salton e Garibaldi. Eles foram resgatados após uma denúncia de um grupo de trabalhadores que fugiram de um alojamento, onde estariam sendo agredidos pelo empregador e sem receber salários. O grupo de fiscalização de Caxias do Sul (RS) foi ao local para averiguar a situação, tendo encontrado o cenário descrito pelos trabalhadores, com cerca de 215 homens num alojamento, sem segurança, higiene e sofrendo ameaças, inclusive agressões com uso de choques elétricos e spray de pimenta.

Os alojamentos foram interditados pelas condições apresentadas e os trabalhadores retirados do local e encaminhados a um ginásio disponibilizado pela prefeitura de Bento Gonçalves. O Ministério do Trabalho pretende finalizar o processo até segunda-feira (27) para que os resgatados possam receber as indenizações e direitos trabalhistas.

Desnutrição e problemas de saúde

O secretário de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Estado, Mateus Wesp esteve na tarde de hoje em Bento Gonçalves para prestar apoio aos mais de 200 trabalhadores resgatados.

Em reunião com o prefeito Diogo Siqueira e com o procurador-geral do município, Sidgrei Spassini, Wesp comentou sobre as articulações da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH) para apoiar as vítimas e relatou conversa, por telefone, com o secretário de Justiça e Direitos Humanos da Bahia, Felipe Freitas, que se comprometeu em ajudar todos os trabalhadores a retomarem suas vidas no Estado.

Conforme o prefeito, cerca de 50 pessoas estão desnutridas e com problemas de saúde. Foram disponibilizados cobertores, comida, banheiros e chuveiros para os trabalhadores.

O procurador-geral está buscando uma maneira de disponibilizar transporte para o grupo retornar à Bahia. “O Ministério Público do Trabalho está tomando depoimentos. A situação no ginásio é temporária”, explica Spassini.


Fonte: https://sul21.com.br/noticias/geral/2023/02/maquina-de-choque-e-spray-de-pimenta-sao-encontrados-em-alojamento-em-bento-goncalves/







terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

SONETO

 

A FLORA, A FLÂMULA 

por Cesar Scheffler


Foto: Cesar Scheffler


Patriota, mesmo, é o mato:

Chão de pétalas, tão belo!

Tá todo verde e amarelo,

Sem fazer espalhafato.

 

Azul e branco eu vejo

Quando olho entre as ramagens:

Céu com sol e brancas nuvens

Sorridente e benfazejo.

 

Esse mato, à nossa pátria,

Tão generosa e fagueira,

Não ofende nem maltrata.

 

Faz co’o símbolo parelha:

Como em espelho a retrata,

tal qual se vê na bandeira


domingo, 19 de fevereiro de 2023

GEOINFORMAÇÃO

 

Corrida espacial: Quantos países têm agências espaciais?

12 de fevereiro de 2023

Quando se fala em agências espaciais, imediatamente se pensa em Nasa. E não é para menos, afinal de contas, a agência dos Estados Unidos está em uma infinidade de filmes, séries, músicas e estampa até camisetas vendidas em lojas de departamento mundo afora. Mas, a Nasa está longe de ser a única agência espacial do mundo.

Atualmente, existem mais de 70 agências espaciais em todo o mundo, incluindo agências governamentais, comerciais e internacionais. Algumas das mais conhecidas incluem a NASA (Estados Unidos), a ROSCOSMOS (Rússia), a CNSA (China), a JAXA (Japão), a ISRO (Índia), a ESA (Europa) e a CSA (Canadá).

As agências espaciais são organismos governamentais ou organizações que têm como objetivo desenvolver e conduzir programas de exploração e pesquisa espacial. Elas são responsáveis por lançar satélites, veículos espaciais, missões para planetas e outros corpos celestes, e conduzir estudos científicos para entender melhor o universo e a Terra. Algumas das atividades mais comuns das agências espaciais incluem a observação do clima, do meio ambiente e do universo, o desenvolvimento de tecnologias para voos espaciais e o desenvolvimento de sistemas de comunicações e navegação baseados em satélite.

O Brasil possui a Agência Espacial Brasileira (AEB), responsável por planejar e executar programas e projetos no campo da exploração espacial, tendo como objetivos o desenvolvimento de tecnologias espaciais e a utilização de recursos espaciais para fins pacíficos. Além disso, a AEB tem como missão desenvolver a capacidade nacional de pesquisa e desenvolvimento em tecnologias espaciais, além de promover a participação do Brasil em projetos internacionais e colaborações com outras agências espaciais.

Além da base de lançamento de foguetes de Alcântara, no Maranhão, o Brasil tem outra base de lançamentos de foguetes, o Centro de Lançamentos da Barreira do Inferno, em Parnamirim, no Rio Grande do Norte. Esta base, inclusive, é mais antiga que Alcântara, tendo sido fundada em 1965, enquanto o centro de lançamentos do Maranhão só foi inaugurado em 1990.

Base de lançamentos de Alacântara - MA / Foto: Ermeson Gesyer

A AEB tem o potencial de continuar a expandir suas atividades em áreas importantes, como telecomunicações, monitoramento ambiental e de recursos naturais, meteorologia e segurança nacional.

Com informações do Olhar Digital

Leia mais:

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AEB comemora 28 anos e mira protagonismo na corrida espacial

Sem regulação, Brasil patina na corrida espacial

Fonte: https://geocracia.com/corrida-espacial-quantos-paises-tem-agencias-espaciais/




sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

ERATÓSTENES

 


O gênio africano que, há mais de 2 mil anos, com um graveto, provou que Terra é redonda


  • Edison Veiga
  • De Bled (Eslovênia) para a BBC News Brasil
Eratóstenes ensinando em Alexandria, em pintura feita por Bernardo Strozzi, no século 17

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

PROCESSO SELETIVO UNILA

 


Inscrição para o SiSU começa nesta quinta (16); etapa pode garantir uma vaga na UNILA

Candidatos têm até o dia 24 para inscrever-se a uma das 695 vagas distribuídas em 28 cursos de graduação 


A partir desta quinta-feira (16), os candidatos que prestaram prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2022 podem inscrever-se no Sistema Unificado de Seleção (Sisu) para concorrer a uma das 695 vagas destinadas a estudantes brasileiros em 28 cursos de graduação oferecidas pela Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), localizada em Foz do Iguaçu (PR). As inscrições prosseguem até o dia 24 de fevereiro. Essa é a oportunidade de estudar em um ambiente multicultural e bilíngue, compartilhando experiências ao lado de estudantes de mais de 30 nacionalidades da América Latina e Caribe.

A maior parte dos cursos disponibiliza 25 vagas, à exceção de Arquitetura e Urbanismo (15 vagas) e Medicina (30 vagas). Os candidatos podem inscrever-se acessando o Portal do Ministério da Educação.

Importante destacar que até o encerramento das inscrições, o candidato pode modificar a opção de curso quantas vezes quiser. No processo seletivo, será considerada a última opção confirmada pelo estudante. A nota de corte varia conforme o número de inscritos e as notas dos candidatos a cada curso. Durante os dias em que o Sistema está aberto, é possível acompanhar a variação das notas de corte em tempo real.

O quadro mostra as notas de corte da chamada regular do SiSU (ampla concorrência) dos cursos da UNILA nos últimos dois anos:

Notas de corte – ampla concorrência

Curso de Graduação

Nota 2021

Nota 2020

Administração Pública e Políticas Públicas

598,58

628,18

Antropologia – Diversidade Cultural Latino-Americana

562,38

588,00

Arquitetura e Urbanismo

677,30

707,02

Biotecnologia

680,38

692,56

Ciência Política e Sociologia – Sociedade, Estado e Política na América Latina

579,60

668,98

Ciências Biológicas – Ecologia e Biodiversidade

603,94

604,92

Ciências da Natureza – Biologia, Física e Química

534,92

569,06

Ciências Econômicas – Economia, Integração e Desenvolvimento

624,88

655,14

Cinema e Audiovisual

683,60

690,88

Desenvolvimento Rural e Segurança Alimentar

448,86

421,34

Engenharia Civil de Infraestrutura

586,98

608,26

Engenharia de Energia

565,00

625,44

Engenharia de Materiais

452,18

579,26

Engenharia Física

568,56

641,30

Engenharia Química

573,98

646,26

Filosofia

472,04

485,10

Geografia - Bacharelado

413,42

421,92

Geografia - Licenciatura

488,78

465,18

História - Licenciatura

545,56

595,58

História - América Latina

476,20

511,12

Letras – Espanhol e Português como Línguas Estrangeiras

525,94

471,62

Matemática

431,86

479,22

Mediação Cultural – Artes e Letras

486,06

573,00

Medicina

790,68

795,94

Química - Licenciatura

340,90

263,34

Relações Internacionais e Integração

687,08

707,48

Saúde Coletiva

604,00

615,36

Serviço Social

528,28

562,32







A nota do Enem é que vai determinar a classificação do candidato. Podem inscrever-se todos aqueles que não tenham obtido nota zero na redação. Essa é a primeira etapa do processo seletivo, que é de responsabilidade do Sisu. A previsão de divulgação do resultado é 28 de fevereiro.

A segunda etapa da seleção é realizada exclusivamente pela UNILA, com base nas listas de classificação disponibilizadas pela Secretaria de Educação Superior do MEC. Essa etapa consiste no pré-cadastro on-line do candidato no sistema da UNILA e está programado para os dias 2 a 8 de março. É importante que o candidato fique atento a todo o processo para não perder as principais datas.

Em caso de dúvidas, os candidatos podem enviar mensagens para o e-mail selecao.alunos@unila.edu.br ou para o número 3522-9659 (como Whatsapp).

Fonte: 


quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

ANDREZA BARÉ, MESTRE E DOUTORANDA EM COMUNICAÇÃO

 

Indígena, jornalista sonha em ser professora universitária e quebrar preconceito na educação




    Andreza Silva de Andrade Baré nasceu em São Gabriel da Cachoeira e cresceu na aldeia Cucuri, no alto do Rio Negro, divisa do estado do Amazonas com a Colômbia e a Venezuela. Hoje jornalista, mestre e doutoranda em Comunicação, ela conta que sua trajetória não se trata de uma história individual, mas coletiva.

Andreza Baré (Foto: Arquivo Pessoal)


    “Minha história vem muito antes de mim, das mulheres e lideranças que vieram antes de mim. É tudo muito conectado com as histórias dessas pessoas que lutaram antes para ser possível estar hoje aqui, e futuramente para que próximas mulheres indígenas e outros sujeitos indígenas possam ter o seu lugar ao sol”, afirma.

    Filha de professora que dava aulas de língua portuguesa na própria aldeia, Andreza conta que recebeu desde sempre o incentivo da mãe pela escrita, leitura e a busca pela educação mesmo longe de casa.

    “Na minha aldeia, por exemplo, não tinha Ensino Médio. Tive que sair de lá para buscar a educação em outros lugares. Fiz o Ensino Médio em Pernambuco, que é a terra do meu pai”, relembra.

Preconceito

    ‘Você é índia, né?’, ‘andam pelados’, ‘criam onças em casa’. Estas são algumas das frases que a jovem Andreza passou a ouvir na escola fora da aldeia, um dos primeiros contatos com elementos não-indígenas ocorrido na adolescência.

    “Desde pequena a gente lida com preconceito. Eu não tinha maturidade para perceber que aquilo era racismo, era preconceito. No entanto, eu me sentia muito mal, eu não me identificava com esse papel ou essa persona que eles criavam, esse imaginário que eles tinham a meu respeito”, conta.

    Até hoje, segundo Andreza, um dos maiores desafios é justamente a quebra de estereótipos. “Hoje, no movimento indígena, a gente tenta quebrar essa palavra, porque índio foi uma designação do colonizador opressor. Nós nos identificamos como indígenas”, ressalta.

A faculdade

    O amadurecimento veio na academia, com as dificuldades enfrentadas para ingressar no Ensino Superior, em uma faculdade na Paraíba.

    “Não existiam cotas, não havia políticas de ações afirmativas como hoje, não existiam bolsas para políticas de ações afirmativas ou para estudantes de baixa renda, e a gente tinha que se virar, trabalhar”, relata. “Começou a nascer ali, na faculdade, e de entender que eu era “diferente” das pessoas que estavam ao redor. Tive oportunidade fazer alguns estágios em jornais, em TV, e comecei a me desiludir um pouco com a grande imprensa por conta dessas políticas editoriais que a gente não se posiciona, e então decidi trilhar a minha carreira em causas que eu acreditava”

    Após concluir a faculdade de jornalismo, Andreza Baré voltou para São Gabriel da Cachoeira, onde atuou na Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN) e no Instituto Socioambiental (ISA). Era a oportunidade de transformar o conhecimento em ferramentas pedagógicas a favor dos povos indígenas da região.

    “Desenvolvíamos oficinas de comunicação comunitária, de inclusão digital nas aldeias onde trabalhávamos, sempre trazendo essa importância de aproximar as novas mídias e apresentar essas novas ferramentas de formação e comunicação aos parentes indígenas, além de associar isso à escola, como as escolas indígenas podem tirar proveito dessas ferramentas”, afirma.

Mestrado e doutorado

    A oportunidade de estudar no exterior veio ao passar em um processo seletivo da Fulbright Comission Brasil, um programa de bolsas estudantis ligado ao departamento de estado americano para profissionais em meio de carreira. Andreza Baré ficou quase dois anos estudando comunicação e jornalismo em uma universidade no Estados Unidos. Após esse período, mudou-se para Brasília.

    “Foi quando decidi fazer mestrado na UnB [Universidade de Brasília]. Decidi estudar algo que eu adoro que é comida indígena, e então mergulhei de cabeça nos estudos e na carreira acadêmica. Me encantei muito com a academia, não esperava ter esse encantamento todo. Concluí meu mestrado e decidi fazer doutorado logo em seguida”, relata.

Educação em casa

    Mãe dois filhos, um de sete e um de três anos, a jornalista do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN) acredita que a educação segue sendo um desafio, principalmente porque prefere não servir como um exemplo a ser seguido, principalmente porque o ensino se dá em um ambiente cercado de contextos não-indígenas.

    “Como eu cultivo essa etnicidade neles? Isso também é um processo de educação. Eu tento seguir o ensino orgânico, uma forma orgânica de passar o conhecimento. Não é trazendo exemplo, para não cria ruma referência, mas de provocar o pensamento neles, provocar a reflexão, para que ele possa mesmo sentir a necessidade da leitura, da escrita, do conhecimento. Eu e meu companheiro adotamos muito esse caminho de provocar a reflexão nas crianças, o que é muito diferente de usar um modelo único como referência”, argumenta.

    Mais do que uma referência em casa, Andreza Baré sonha em ser professora universitária na área de comunicação. Ela acredita que a universidade precisa continuar sendo espaço de luta contra o racismo e todo tipo de preconceito.

    “Nós, enquanto indígenas, precisamos estar nesses espaços, principalmente na área da comunicação. Somos pouquíssimos indígenas formados em jornalismo, que têm essa formação técnica”, afirma. “Esse é um grande sonho para mim, me tornar uma professora universitária, dentro da área de comunicação, que é onde trilhei minha carreira, e trazer mais indígenas para as escolas de comunicação para que a gente ocupe as redações, formule novas políticas editoriais pautados na diversidade dos povos indígenas do Brasil, para que se tenha esse entendimento, a quebra de preconceitos e de racismo”, conclui.

Fonte: https://sagresonline.com.br/indigena-jornalista-sonha-em-ser-professora-para-quebrar-preconceito-e-racismo-na-universidade-e-na-comunicacao/?fbclid=IwAR3vlVzq17wXMuBdyTNk7YzypRq6jf6T_MTChfu8w4RNpT0EmPGXwMjmPxw