sábado, 19 de fevereiro de 2011

O agronegócio, os biocombustíveis e a aviação comercial


Dilceu Sperafico*

As potencialidades do agronegócio brasileiro parecem não ter limites. Além de alimentos, matérias-primas, produtos florestais, biodiesel  e etanol para veículos de carga e passeio, o setor primário já produz combustível para aviões de pequeno e grande porte.
O novo combustível, denominado bioquerosene, destina-se à aviação comercial. Os testes vêm sendo realizados desde o final do ano passado, quando o primeiro avião comercial em operação no Brasil e América Latina voou com o novo produto.
 A aeronave, um Airbus A320, decolou no dia 22 de novembro, no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, com 50% do biocombustível misturado ao querosene de aviação em uma das turbinas. Estava sem passageiros, voou 45 minutos e retornou ao ponto de partida, apresentando funcionamento perfeitamente normal.
O bioquerosene foi fornecido pela Associação Brasileira de Produtores de Pinhão Manso. O produto é uma oleaginosa considerada pelo Plano Nacional de Agroenergia como matéria-prima potencial para a produção de biocombustíveis.
O aproveitamento do vegetal rico em óleo é prioridade entre as espécies com potencial para a agroenergia e o governo vem  investindo no domínio tecnológico necessário para a produção de bioquerosene em escala industrial.
Os investimentos em pesquisa e desenvolvimento do pinhão manso são justificados pelas autoridades com o fato de ser espécie perene, possibilitando produção de energia em maior volume e durante o ano inteiro.
A planta apresenta elevado teor de óleo e grande potencial produtivo, graças às características físico-químicas adequadas à produção de biocombustível.
Entre as principais ações do governo para a domesticação da cultura estão investimentos dos Ministérios da Agricultura e da Ciência e Tecnologia, além da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Em 2009 foi realizado o 1º Congresso Brasileiro de Pesquisa em Pinhão Manso e somente em projetos de formação do Banco Ativo de Germoplasma , coordenado pela Embrapa Agroenergia, estão sendo aplicados 6,8 milhões de reais,  garantindo disponibilidade de maior número de variedades da espécie.
Em 2010, também foi criada Aliança Brasileira para Biocombustíveis de Aviação (Abraba), reunindo empresas aéreas, instituições de pesquisa, produtores de biomassa e fabricantes aeronáuticos, visando o desenvolvimento e certificação de biocombustíveis sustentáveis para aeronaves.
A entidade entende que o aproveitamento de combustíveis renováveis e produzidos a partir de biomassa é opção decisiva para a manutenção da expansão da indústria de aviação, em economia empenhada na redução da emissão de carbono.  
O Brasil se destaca nesse esforço, pela sua vocação e tradição no desenvolvimento de fontes energéticas alternativas, somadas ao domínio de tecnologias aeronáuticas, trazendo ganhos significativos ao meio ambiente, sem prejuízos ao crescimento econômico.
A aviação comercial é responsável por cerca de 2% dos gases de efeito estufa liberados na atmosfera do planeta e a utilização do bioquerosene é uma alternativa para a redução dessas emissões.
Até mesmo a Associação Internacional do Transporte Aéreo reconhece que o pinhão manso é uma das três matérias-primas mais promissoras do mundo para a aviação. Com isso, a previsão de especialistas é que o biocombustível seja utilizado em aviões de todo o mundo no prazo de cinco anos.

*O autor é deputado federal pelo Paraná

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