sexta-feira, 16 de novembro de 2012

EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA




Projeto de Extensão traz alunos da rede estadual para aulas nos laboratórios da UNIOESTE


Através do projeto de extensão “Aprendendo Geologia no Laboratório da Unioeste”, cerca de 30 alunos da rede estadual de ensino de Marechal Cândido Rondon, estão participando de exposições temáticas e atividades lúdicas promovidas pelo laboratório de Pedologia/Geologia do curso de Geografia da Unioeste, campus de Marechal Cândido Rondon.
O objetivo do projeto é promover o ensino de Geologia no ensino Fundamental e Médio através de visitas programadas ao laboratório com a disponibilização de materiais para exposições temáticas. Os temas propostos atendem aos conteúdos curriculares das disciplinas de Geografia dos ensinos Fundamental e Médio e Ciências do ensino Fundamental e são referentes à história e evolução da Terra.
As visitas serão orientadas pelos estagiários do laboratório que possui acervo de rochas e minerais, sendo que os alunos também terão acesso a aulas teórico-práticas sobre temas como Ciclo das Rochas, Os Movimentos e a História da Terra, Tempo Geológico, Movimentos das Placas Tectônicas, Estrutura Interna da Terra, Vulcões e Terremotos.
Além disso, serão realizadas exposições temáticas do Sistema Solar, Cratera de Impacto de Meteorito e Vulcanismo, compostas por painéis, modelos físicos e amostras de rocha. Estas exposições são destinadas às feiras de Ciências das escolas onde também estão previstas a realização de atividades lúdicas em sala de aula e nos pátios ou quadras dos estabelecimentos de ensino.
As escolas interessadas em agendar visitas ao Laboratório para este ano ou para 2013, solicitar exposições temáticas ou atividades lúdicas, devem enviar uma mensagem através do e-mail: oscar.fernandez@unioeste.br, informando datas e horários de interesse.
 





Comunicação Social
Unioeste – campus de Marechal Cândido Rondon
14/11/2012

PLANTAS MEDICINAIS




Horto de Plantas Medicinais e Aromáticas é
inaugurado no CEMIC de Marechal Cândido Rondon


Foi inaugurado nesta semana o horto de plantas medicinais na área do CEMIC de Marechal Cândido Rondon. A implantação do horto é uma parceria entre o grupo de pesquisa “Estudos de Plantas Medicinais, Aromáticas e Condimentares”, formado por alunos do curso de Agronomia e Zootecnia da Unioeste, campus de Marechal Cândido Rondon e a Prefeitura Municipal.
As mudas de diversas plantas medicinais, aromáticas e condimentares cultivadas no horto do Campus, localizado na área de cultivo protegido, ligado ao Núcleo de Estações Experimentais da Unioeste, foram plantadas com o acompanhamento dos alunos pesquisadores e foram apresentadas ao público, nas instalações do CEMIC até as 16 horas da última quarta-feira.
Segundo a professora Marinelva Culti, que coordena o grupo de estudos, será servido chá aos visitantes que forem conhecer o horto no dia de hoje e ampliar seus conhecimentos sobre o assunto.



ENSINO




Ademir Bier solicita abertura de novos cursos na UTFPR de Toledo

Indicação ao MEC e Casa Civil foi aprovada hoje em plenário

O deputado estadual Ademir Bier aprovou em plenário, na manhã de hoje (14), indicação ao Ministério da Educação (MEC) e à Casa Civil que visa a implantar novos cursos no Câmpus de Toledo da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).
Carreiras como as de Arquitetura e Urbanismo, Engenharia de Bioprocessos e Engenharia de Computação, vêm no sentido de corresponder ao projeto inicialmente proposto pelo Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (ReUni).
Além da criação de novos cursos e expansão dos já existentes, sobretudo no período noturno (beneficiando a significativa parcela de estudantes que já estão no mercado de trabalho), existe claramente aí o objetivo de melhorar o aproveitamento do espaço físico.
Tratam-se da abertura de campos de formação com perfis interdisciplinares, que incluem parcerias entre diferentes unidades acadêmicas e reestruturação pedagógica.
Por meio da criação de mobilidade inter e intra-institucional, bem como de políticas de fortalecimento da universidade, objetiva-se reduzir a evasão e ampliar a inclusão social, marcas indeléveis do atual Governo Federal.
Vale ressaltar que a indicação pretende dar eco à reivindicação unânime dos membros da Câmara de Vereadores de Toledo, que enviaram no início deste mês ao deputado um requerimento aprovado por aquela Casa de Leis.

Texto: Luciano d' Miguel

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

PARAÍSO DOS AGROTÓXICOS

 

O inferno é aqui mesmo!


Agrotóxicos
O Brasil tem sido o país que mais utiliza agrotóxico há cinco anos

Para aqueles que adoram bater no peito, bem ufanista, a cada anúncio de novo recorde tupiniquim, eis aqui uma notícia que devemos analisar com muita cautela antes de qualquer comemoração precipitada. Isso porque o Brasil obteve o pentacampeonato mundial no quesito utilização intensiva de agrotóxicos em território nacional. Não, você não se enganou aqui na leitura, não! É isso mesmo: pelo quinto ano consecutivo, de 2008 a 2012, nosso País esteve à frente de todos os demais do planeta quanto ao volume de substâncias venenosas utilizadas nas atividades agropecuárias e correlatas.
Apesar de todos nós termos algum grau de avaliação subjetiva a respeito da gravidade da situação, a observação dos números torna o quadro realmente impressionante. O Brasil consome o equivalente a quase 1/5 do total de agrotóxicos produzidos no mundo: mais precisamente 19%. A título de comparação, os Estados Unidos surgem logo atrás com 17%. Isso significa que, não obstante termos um total de área agrícola cultivada muito menor que os norte-americanos, utilizamos muito mais agrotóxicos do que eles. Portanto, se existe alguma racionalidade nessa desproporção, ela só se explica pela ganância de lucro, a qualquer preço e sem a menor responsabilidade social ou ambiental, por parte das empresas produtores dessas substâncias causadoras de tantos malefícios ao ser humano e ao meio ambiente.

Brasil é recordista mundial no uso de agrotóxicos

Ao longo da primeira década desse milênio, a produção das 8 principais commodities em nosso País cresceu 97%, enquanto a área plantada aumentou em 30%. Porém, o total de vendas de agrotóxicos elevou-se em um patamar muito acima: subiu em 200%. Em 2010, foram vendidas 936 mil toneladas de agrotóxicos, um negócio que movimentou o equivalente a US$ 7,3 bilhões. Cálculos desenvolvidos por pesquisadores falam de um consumo médio anual superior a 5 kg por habitante. A importância das cifras negociais da atividade dá a medida de sua capacidade de fazer pressão sobre os órgãos governamentais encarregados de estabelecer as políticas públicas para o setor.
Por se tratar de substâncias especiais, os agrotóxicos são passíveis de regulação e regulamentação por parte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), assim como ocorre com os medicamentos, alimentos e demais produtos que possam comprometer a saúde. No entanto, ao contrário dos procedimentos adotados para os remédios e assemelhados (revisões periódicas das licenças e autorizações concedidas), os agrotóxicos podem ser fabricados livremente, sem tal reavaliação obrigatória. Os registros dos agrotóxicos junto ao setor público têm seu prazo de validade por tempo indeterminado, enquanto nos países desenvolvidos o período médio é de 10 anos.
Além disso, há uma circunstância agravante: boa parte dos agrotóxicos ainda produzidos aqui em nosso território já teve sua comercialização proibida nos países das matrizes das multinacionais, como Estados Unidos, Canadá e União Européia. No entanto, a exemplo do que ocorre com os demais mercados oligopolizados em escala global, no setor há 13 empresas que dominam quase 90% da oferta mundial de agrotóxicos. No Brasil, as 10 maiores respondem por 75% das vendas. O uso intensivo e continuado dos mesmos produtos acaba por gerar uma resistência e sua própria “eficiência” fica comprometida. Assim, o ciclo econômico e produtivo continua por meio da elevação das doses aplicadas na agricultura e também pela adoção dos novos produtos considerados mais eficazes, uma vez que são ainda desconhecidos do mundo vegetal onde passarão a atuar.

Modelo baseado no agronegócio e os hortifruti: risco crescente

Boa parte desse volume todo está associado ao modelo econômico aqui reinante, ancorado no agronegócio a todo custo. Ao contrário do que imagina o senso comum, as culturas transgênicas acabam por demandar uma quantidade maior de agrotóxicos e que estão sendo cada vez mais proibidos nos países desenvolvidos. A tendência, portanto, é que os requisitos para as importações nesses países sejam ainda mais rigorosos – e isso pode comprometer nossa performance exportadora desse tipo de produto agrícola a médio e longo prazo. A esse respeito, por exemplo, a própria China já inicia um processo de convergência de seus padrões de produção e consumo de produtos agrícolas, sendo mais exigente que as normas frouxas brasileiras.
Outro aspecto significativo é a concessão de estímulo tributário para as empresas produtoras de tais mercadorias. Do ponto de vista do governo federal, elas contam com isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) – ou seja, a incidência de alíquota zero desse tributo. Já com relação aos impostos estaduais, a regra atual prevê uma redução de até 60% na incidência do ICMS. Com isso, o que se verifica é que o próprio Estado brasileiro termina por favorecer e incentivar um tipo de produto que é sabidamente prejudicial à saúde da população e comprometedor da qualidade do meio ambiente.
Essa situação cria uma espécie de esquizofrenia na relação de tal atividade com o poder estatal. De um lado, estimula-se a produção de tais venenos em escala gigantesca e o resultado é a perda de receita tributária em função das isenções de impostos. . Por outro lado, o resultado da utilização desses mesmos produtos na atividade agropecuária compromete, em sentido amplo, as condições sanitárias do País. Ou seja, o Estado é – e será cada vez mais – chamado a realizar despesas com a prevenção e o tratamento das tragédias (individuais e sociais) derivadas do uso de agrotóxicos. E aqui os estudos de técnicos envolvidos com a matéria apontam para o elevado custo social associado ao uso desses produtos. Para cada dólar gasto em consumo de agrotóxico, pode estar embutido uma despesa futura de US$ 1,28 em despesas sociais pelo governo. E são cálculos ainda subestimados, envolvendo apenas as doenças agudas e conhecidas até o presente. Os custos indiretos no futuro apontam para somas muito maiores.

Prejuízos para a saúde e para o meio ambiente

As conseqüências maléficas derivadas desse tipo de opção para a atividade agrícola são inúmeras. Em primeiro lugar estão os próprios trabalhadores envolvidos na produção dos venenos e na sua utilização nas plantações. Em seguida, vêm os consumidores dos alimentos cuja plantação esteve submetida ao uso de pesticidas prejudiciais à saúde humana. E finalmente há um conjunto enorme de efeitos indiretos, derivados da contaminação de solos e águas, cuja quantificação ainda está por ser feita de forma ampla e abrangente. Atualmente, por exemplo, estima-se que por volta de 20% do total de fungicidas seja utilizado pela atividade de hortaliças, normalmente realizada nos cinturões verdes próximos aos grandes espaços metropolitanos, de alta densidade populacional. O uso intensivo desse tipo de agrotóxicos contamina de forma radical os terrenos e os fluxos de água próximos ao habitat urbano.
Os riscos já verificados para a saúde são muitos. As doenças comprovadas vão desde diversos tipos de câncer, passando por um conjunto de distúrbios neurológicos, psiquiátricos, má formação do feto, entre outros. Além disso, as substâncias nocivas terminam por serem transmitidas pelo aleitamento materno, podendo comprometer diretamente as condições de saúde da geração seguinte, mesmo que o contato mais direto com o agrotóxico deixe de existir.
Do ponto de vista empresarial, a lógica que prevalece é a busca incessante de maximização de seus lucros. E ponto final! Assim foi o que ocorreu a partir da década de 1950, com a chamada “revolução verde”. Em nome da elevação da produtividade da produção agrícola, entulhou-se o planeta com essa primeira geração de pesticidas e herbicidas artificiais, que vieram depois a serem proibidos em razão de seu comprovado comprometimento da saúde. O entusiasmo com as possibilidades de ganhos com a produção agrícola foi imediato, mas durou pouco. O famoso e triste caso do DDT talvez seja o exemplo mais simbólico de tal aventura irresponsável. Com a proibição dos produtos dessa fase mais selvagem, a inovação tecnológica foi, aos poucos, incorporando novas fórmulas de aparência mais suave, mas que continuavam a comprometer o ser humano e o meio ambiente. Mas para as empresas, o importante é nunca parar de produzir e de acumular sempre mais. Promove-se a reorganização da produção e as plantas industriais de países com menor rigor de controle passam a produzir os venenos que venham a ser proibidos nos países de origem.

Necessidade de maior fiscalização e a busca de um novo modelo

Ora, para assegurar o bem estar coletivo da geração atual e das futuras contamos apenas com a ação preventiva, reguladora e punitiva do Estado. A visão liberal, de deixar a solução por conta apenas pelo equilíbrio das forças de oferta e demanda, revela-se como uma insanidade completa. E no caso brasileiro, tal presença do poder público deve ir para além de um rigor maior na cassação de licenças reconhecidamente danosas. É essencial a repressão ao contrabando de agrotóxicos que entram ilegalmente pelas fronteiras de países vizinhos, somando-se às toneladas acima mencionadas.
Mas talvez uma das ações mais importantes, do ponto de vista estratégico e de longo prazo, seja mesmo a mudança cultural. O Estado deve utilizar instrumentos de política econômica, de pesquisa científica, de padrões de educação e de campanhas de esclarecimento para mudar a forma como a sociedade encara o agrotóxico. Na contabilidade empresarial, o uso de agrotóxico deve surgir como um fator de produção mais caro, mais custoso do que os métodos agrícolas não agressivos. Do ponto de vista do consumidor, deve haver uma maior conscientização para que sejam mais demandados os produtos orgânicos e que não contenham esses venenos em sua cadeia produtiva. Do ponto de vista dos produtores rurais, devem ser estimuladas e apresentadas as formas alternativas de atividade agropecuária, com recursos da biotecnologia e da tecnologia social, de tal forma que façam chegar à mesa das famílias produtos livres da transgenia e dos agrotóxicos.
Assim como ocorreu com a chamada “revolução verde” de meio século atrás, já é passada a hora do Brasil intervir de forma mais protagonista nessa nova transformação da forma de produção agropecuária. Trata-se de incorporar elementos de sustentabilidade sócio-ambiental, para promover a transição de modelo, rumo a produção de alimentos mais saudáveis para o ser humano e para o futuro de nosso planeta.

1/11/2012 13:42,  Por Paulo Kliass - de Brasília 


Paulo Kliass é Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, carreira do governo federal e doutor em Economia pela Universidade de Paris 10.

DESAPARECIDOS POLÍTICOS

#Cascavel: Ato em memória aos desaparecidos políticos

Charge: Carlos Latuff

O feriado de Finados é uma data reservada para reverenciarmos a memória daqueles que não estão conosco, entre eles, os que foram vítimas da violência. Diante disso, o Conselho Nacional das Igrejas Cristãs (CONIC), realizará nesta sexta-feira (02/11), atos ecumênicos em várias cidades do país em memória aos desaparecidos políticos da ditadura civil-militar no Brasil.

Em Cascavel, o ato será realizado a partir das 19h30 na Igreja Anglicana, na Rua Arnaldo Estrela, 272, Jardim Alvorada, atrás do Rancho da Candoca. Sob coordenação do reverendo Luiz Carlos Gabas, o evento terá como um dos atrativos uma palestra-espetáculo, com explanação do historiador Alexandre Fiuza, professor da Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná) e com apresentação do casal de músicos Sil Vaillões e Giovani Pinheiro.

A intenção do CONIC é fazer com que essa prática se torne anual, consolidando o dia 2 de novembro como Dia Nacional dos Desaparecidos Políticos. "Seus familiares, além de sofrerem a dor de uma morte nem sempre esclarecida tem um direito milenar violado, que é o de as pessoas e/ou comunidades darem um sepultamento digno a seus entes queridos e também de reverenciar a suas memórias ao visitar seus túmulos. Todos esses direitos foram negados pela ditadura", diz trecho da carta de Dom Manoel João Francisco, do CONIC. 

Segundo a organização do ato, a celebração também lembrará as vítimas de chacinas dos dias atuais. "Diariamente pessoas desaparecem ou são assassinadas, sem que seus familiares tenham respostas, assim como aconteceu na ditadura militar, um período triste de nossa história", diz o reverendo Luiz Carlos Gabas.

O ato em memória dos desaparecidos políticos em Cascavel conta com o apoio do Sinteoeste (Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimento em Ensino Superior do Oeste do Paraná), APP-Sindicato (Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná) e do Sindijor-PR (Sindicato dos Jornalistas do Paraná), Subseção de Cascavel. 


TRANSGÊNICOS MONSANTO

 

França pode pedir banimento do milho da Monsanto



Ratos alimentados com milho transgênico e/ou roundup apresentaram tumores mais precocemente e em maior intensidade

O primeiro ministro francês Jean-Marc Ayrault disse que, se os resultados [da pesquisa inédita que demosntrou graves danos à saúde causados pelo consumo de milho transgênico e/ou Roundup] forem confirmados, o governo pressionará para que o milho NK 603 seja banido em toda a Europa.
Pesquisadores pró-transgênicos têm alegado que a espécie de rato utilizada no experimento não seria a mais adequada pois ela é naturalmente mais propensa ao desenvolvimento de tumores. Contudo, rebatem os autores da pesquisa, essa mesma espécies foi usada nos testes que a Monsanto apresentou para pedir às autoridades a liberação do milho. Os estudos da empresa foram de 90 dias, enquanto a pesquisa da equipe de Gilles-Eric Séralini durou avaliou 200 ratos por 2 anos, praticamente toda sua vida.

3, outubro, 2012 
 
Com informações da NATURE, 25/09/2012.

–Nature 489, 484 (27 September 2012) doi:10.1038/489484a

Fonte: http://pratoslimpos.org.br/?p=4729#.UJKYzOtVuOU.facebook

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

GUARANIS KAIOWÁS

 

Suspensa liminar que determinava retirada dos guaranis kaiowás de fazenda em Mato Grosso do Sul

 

30/10/2012 - 22h08


Luciano Nascimento

Repórter da Agência Brasil

Brasília - Foi suspensa hoje (30) a liminar que determinava a retirada do acampamento dos índios guaranis kaiowás da Fazenda Cambará, em Mato Grosso do Sul. O anúncio foi feito pelo Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, durante reunião com líderes indígenas na Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH). De acordo com a decisão da Justiça, os cerca de 170 índios que vivem no acampamento devem permanecer no local até que a demarcação de suas terras seja definida.
A decisão da desembargadora Cecilia Mello, do Tribunal Regional da 3ª Região (TRF-3) em São Paulo, acata o recurso apresentado pela Fundação Nacional do Índio (Funai) e pelo Ministério Público Federal (MPF). O agravo de instrumento, apresentado dia 16, representava contra uma liminar anterior, favorável à manutenção de posse proposta por Osmar Luis Bonamigo, dono da fazenda.
Em seu despacho, a desembargadora considerou que “o caso dos autos reflete, de um lado, o drama dos índios integrantes da Comunidade Indígena Pyelito Kue que, assim como outros tantos silvícolas brasileiros, almejam de há muito a demarcação de suas terras. E, de outro lado, o drama não menos significativo daqueles que hoje ocupam terras supostamente indígenas que, na maioria das vezes, adquiriram a propriedade ou foram imitidos na posse de forma lícita e lá se estabeleceram”. A magistrada declara ainda que “os indígenas se encontram em situação de penúria e de falta de assistência e, em razão do vínculo que mantêm com a terra que creem ser sua, colocam a vida em risco e como escudo para a defesa de sua cultura”.
A decisão foi recebida com entusiasmo pelos presentes à reunião. A ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, que presidiu o encontro, disse que o próximo passo é agilizar o processo de estudos para demarcação da terra indígena. “Essas pessoas têm empreendido uma luta com o apoio de toda a etnia guarani kaiowá e todos os guaranis e comunidades indígenas do Brasil”, disse referindo à luta dos guaranis kaiowás e de outras etnias em Mato Grosso do Sul pela demarcação de suas terras.
Solano Pires, líder guarani kaiowá do Acampamento Puelyto Kue, falando em guarani, expressou sua alegria com a decisão da Justiça e reafirmou a ancestralidade dos índios sobre a terra. “Essa tekoha [terra sagrada] é nossa. Meu avô e meu tataravô estão enterrado lá”, disse.
A desembargadora também revogou a multa diária de R$ 500 contra a Funai por descumprimento da decisão de retirar os índios do local. A Funai argumentou no tribunal que “não detém a tutela da comunidade indígena, não influencia na sua cultura, no modo de viver e nem mesmo foi responsável pela retomada da área em conflito”.
Cecilia Mell diz também que a Funai deve adotar todas as “providências no sentido de intensificar os trabalhos e concluir o procedimento administrativo de delimitação e demarcação de terras”. Também autoriza que outros órgãos governamentais possam ter acesso ao acampamento para prestar assistência aos índios.
Durante a reunião, José Eduardo Cardozo anunciou que já tomou várias medidas para assegurar melhores condições para os índio. Ele destacou o reforço no contingente da Força Nacional e da Polícia Federal para garantir a segurança no local, e que solicitou que a Funai agilize o processo de demarcação de terras.
O ministro disse que em até 30 dias será apresentado o relatório final definindo se a área reivindicada pelos índios. “Nós vamos aprovar dentro de 30 dias. Falta apenas a questão do levantamento fundiário para que o processo possa ser aprovado”. Apesar disso, o ministro reconheceu que o processo de demarcação das terras indígenas ainda deve demorar. “A questão da demarcação de terras indígenas é extremamente conflituosa. Nós temos decisões liminares que interrompem o processo. É difícil estimar um tempo para o próximo passo”, ressaltou.
 
Edição: Aécio Amado


FONTEs:   http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-10-30/suspensa-liminar-que-determinava-retirada-dos-guaranis-kaiowas-de-fazenda-em-mato-grosso-do-sul

http://sul21.com.br/jornal/2012/10/cassada-liminar-que-determinava-a-saida-dos-guarani-kaiowa-de-terras-no-ms/

terça-feira, 30 de outubro de 2012

ARTIGO

Uiliene x Zeziel: Madeira demitiu a pessoa errada

Professora Uiliene foi demitida após postar uma foto em que mostra a precariedade de escola


| segunda-feira 29 outubro 2012 às 12:03
 
 


 

Professora Uiliene Araújo Santa Rosa (Foto: Correio Popular)

 

A demissão da professora Uiliene Araújo Santa Rosa, de 24 anos, pelo prefeito Sebastião Madeira demonstra claramente como pensa o prefeito. Ele não aceita críticas e persegue quem “ousa” ter opinião contrária à sua. Não é o primeiro caso.
Numa cidade civilizada com uma gestão democrática, quem seria demitido era o secretário de educação Zeziel Ribeiro, por dois motivos: primeiro porque deixou crianças assistirem aulas numa situação degradante; depois por perseguição a uma educadora que denunciou o absurdo. Mas ficou evidente que o secretário contou com o apoio do prefeito e não agiu sozinho. Matéria publicada na página maranhense do site Globo.com mostra que “ele (o secretário) afirmou, ainda, que a demissão foi comunicada ao prefeito Sebastião Madeira, que autorizou o procedimento”. Precisa dizer algo mais?
Mas tem mais: voltemos ao site: “Zeziel Ribeiro da Silva, confirmou a demissão da professora. De acordo com ele, Uiliene Araújo Santa Rosa é seletivada e seu contrato foi rescindido após a postagem da situação da escola nas redes sociais.” Traduzindo: Zeziel Silva perseguiu e demitiu uma professora que defendeu mais qualidade na educação.
Como se vê, o prefeito Madeira demitiu a pessoa errada. E deixou passar uma grande oportunidade de mostrar que tem compromisso com a qualidade dos serviços que sua gestão presta. Preferiu tentar calar uma educadora a pedir explicações ao seu secretário. Um tirano. Uma ameaça às liberdades de manifestação.


Por Marcos Franco Couto


FONTE: http://dominuto.com.br/uiliene-x-zeziel-madeira-demitiu-a-pessoa-errada/

terça-feira, 23 de outubro de 2012

INDÍGENAS


22/10/2012 10h22 - Atualizado em 22/10/2012 17h13


“Decretem nossa extinção e nos enterrem aqui”

A declaração de morte coletiva feita por um grupo de Guaranis Caiovás demonstra a incompetência do Estado brasileiro para cumprir a Constituição de 1988 e mostra que somos todos cúmplices de genocídio – uma parte de nós por ação, outra por omissão

ELIANE BRUM
Eliane Brum, jornalista, escritora e documentarista (Foto: ÉPOCA)


- Pedimos ao Governo e à Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas decretar nossa morte coletiva e enterrar nós todos aqui. Pedimos, de uma vez por todas, para decretar nossa extinção/dizimação total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar nossos corpos. Este é o nosso pedido aos juízes federais.
O trecho pertence à carta de um grupo de 170 indígenas que vivem à beira de um rio no município de Iguatemi, no Mato Grosso do Sul, cercados por pistoleiros. As palavras foram ditadas em 8 de outubro ao conselho Aty Guasu (assembleia dos Guaranis Caiovás), após receberem a notícia de que a Justiça Federal decretou sua expulsão da terra. São 50 homens, 50 mulheres e 70 crianças. Decidiram ficar. E morrer como ato de resistência – morrer com tudo o que são, na terra que lhes pertence.
Há cartas, como a de Pero Vaz de Caminha, de 1º de maio de 1500, que são documentos de fundação do Brasil: fundam uma nação, ainda sequer imaginada, a partir do olhar estrangeiro do colonizador sobre a terra e sobre os habitantes que nela vivem. E há cartas, como a dos Guaranis Caiovás, escritas mais de 500 anos depois, que são documentos de falência. Não só no sentido da incapacidade do Estado-nação constituído nos últimos séculos de cumprir a lei estabelecida na Constituição hoje em vigor, mas também dos princípios mais elementares que forjaram nosso ideal de humanidade na formação do que se convencionou chamar de “o povo brasileiro”. A partir da carta dos Guaranis Caiovás, tornamo-nos cúmplices de genocídio. Sempre fomos, mas tornar-se é saber que se é.
Os Guaranis Caiovás avisam-nos por carta que, depois de tantas décadas de luta para viver, descobriram que agora só lhes resta morrer. Avisam a todos nós que morrerão como viveram: coletivamente, conjugados no plural.
Nos trechos mais pungentes de sua carta de morte, os indígenas afirmam:
- Queremos deixar evidente ao Governo e à Justiça Federal que, por fim, já perdemos a esperança de sobreviver dignamente e sem violência em nosso território antigo. Não acreditamos mais na Justiça Brasileira. A quem vamos denunciar as violências praticadas contra nossas vidas? Para qual Justiça do Brasil? Se a própria Justiça Federal está gerando e alimentando violências contra nós. Nós já avaliamos a nossa situação atual e concluímos que vamos morrer todos, mesmo, em pouco tempo. Não temos e nem teremos perspectiva de vida digna e justa tanto aqui na margem do rio quanto longe daqui. Estamos aqui acampados a 50 metros do rio Hovy, onde já ocorreram 4 mortes, sendo que 2 morreram por meio de suicídio, 2 em decorrência de espancamento e tortura de pistoleiros das fazendas. Moramos na margem deste rio Hovy há mais de um ano. Estamos sem assistência nenhuma, isolados, cercados de pistoleiros e resistimos até hoje. Comemos comida uma vez por dia. Tudo isso passamos dia a dia para recuperar o nosso território antigo Pyleito Kue/Mbarakay. De fato, sabemos muito bem que no centro desse nosso território antigo estão enterrados vários de nossos avôs e avós, bisavôs e bisavós, ali está o cemitérios de todos os nossos antepassados. Cientes desse fato histórico, nós já vamos e queremos ser mortos e enterrados junto aos nossos antepassados aqui mesmo onde estamos hoje. (…) Não temos outra opção, esta é a nossa última decisão unânime diante do despacho da Justiça Federal de Navirai-MS.
Como podemos alcançar o desespero de uma decisão de morte coletiva? Não podemos. Não sabemos o que é isso. Mas podemos conhecer quem morreu, morre e vai morrer por nossa ação – ou inação. E, assim, pelo menos aproximar nossos mundos, que até hoje têm na violência sua principal intersecção.
saiba mais
Desde o ínicio do século XX, com mais afinco a partir do Estado Novo (1937-45) de Getúlio Vargas, iniciou-se a ocupação pelos brancos da terra dos Guaranis Caiovás. Os indígenas, que sempre viveram lá, começaram a ser confinados em reservas pelo governo federal, para liberar suas terras para os colonos que chegavam, no que se chamou de “A Grande Marcha para o Oeste”. A visão era a mesma que até hoje persiste no senso comum: “terra desocupada” ou “não há ninguém lá, só índio”.
Era de gente que se tratava, mas o que se fez na época foi confiná-los como gado, num espaço de terra pequeno demais para que pudessem viver ao seu modo – ou, na palavra que é deles, Teko Porã (“o Bem Viver”). Com a chegada dos colonos, os indígenas passaram a ter três destinos: ou as reservas ou trabalhar nas fazendas como mão de obra semiescrava ou se aprofundar na mata. Quem se rebelou foi massacrado. Para os Guaranis Caiovás, a terra a qual pertencem é a terra onde estão sepultados seus antepassados. Para eles, a terra não é uma mercadoria – a terra é.
Na ditadura militar, nos anos 60 e 70, a colonização do Mato Grosso do Sul se intensificou. Um grande número de sulistas, gaúchos mais do que todos, migrou para o território para ocupar a terra dos índios. Outros despacharam peões e pistoleiros, administrando a matança de longe, bem acomodados em suas cidades de origem, onde viviam – e vivem até hoje – como “cidadãos de bem”, fingindo que não têm sangue nas mãos.
+Leia também: Um tragédia indígena+Fotos: Guarani-caiová
Com a redemocratização do país, a Constituição de 1988 representou uma mudança de olhar e uma esperança de justiça. Os territórios indígenas deveriam ser demarcados pelo Estado no prazo de cinco anos. Como sabemos, não foi. O processo de identificação, declaração, demarcação e homologação das terras indígenas tem sido lento, sensível a pressões dos grandes proprietários de terras e da parcela retrógrada do agronegócio. E, mesmo naquelas terras que já estão homologadas, em muitas o governo federal não completou a desintrusão – a retirada daqueles que ocupam a terra, como posseiros e fazendeiros –, aprofundando os conflitos.

Nestas últimas décadas testemunhamos o genocídio dos Guaranis Caiovás. Em geral, a situação dos indígenas brasileiros é vergonhosa. A dos 43 mil Guaranis Caiovás, o segundo grupo mais numeroso do país, é considerada a pior de todas. Confinados em reservas como a de Dourados, onde cerca de 14 mil, divididos em 43 grupos familiares, ocupam 3,5 mil hectares, eles encontram-se numa situação de colapso. Sem poder viver segundo a sua cultura, totalmente encurralados, imersos numa natureza degradada, corroídos pelo alcoolismo dos adultos e pela subnutrição das crianças, os índices de homicídio da reserva são maiores do que em zonas em estado de guerra.
A situação em Dourados é tão aterradora que provocou a seguinte afirmação da vice-procuradora-geral da República, Deborah Duprat: “A reserva de Dourados é talvez a maior tragédia conhecida da questão indígena em todo o mundo”. Segundo um relatório do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), que analisou os dados de 2003 a 2010, o índice de assassinatos na Reserva de Dourados é de 145 para cada 100 mil habitantes – no Iraque, o índice é de 93 assassinatos para cada 100 mil. Comparado à média brasileira, o índice de homicídios da Reserva de Dourados é 495% maior. 
A cada seis dias, um jovem Guarani Caiová se suicida. Desde 1980, cerca de 1500 tiraram a própria vida. A maioria deles enforcou-se num pé de árvore. Entre as várias causas elencadas pelos pesquisadores está o fato de que, neste período da vida, os jovens precisam formar sua família e as perspectivas de futuro são ou trabalhar na cana de açúcar ou virar mendigos. O futuro, portanto, é um não ser aquilo que se é. Algo que, talvez para muitos deles, seja pior do que a morte.
Um relatório do Ministério da Saúde mostrou, neste ano, o que chamou de “dados alarmantes, se destacando tanto no cenário nacional quanto internacional”. Desde 2000, foram 555 suicídios, 98% deles por enforcamento, 70% cometidos por homens, a maioria deles na faixa dos 15 aos 29 anos. No Brasil, o índice de suicídios em 2007 foi de 4,7 por 100 mil habitantes. Entre os indígenas, no mesmo ano, foi de 65,68 por 100 mil. Em 2008, o índice de suicídios entre os Guaranis Caiovás chegou a 87,97 por 100 mil, segundo dados oficiais. Os pesquisadores acreditam que os números devem ser ainda maiores, já que parte dos suicídios é escondida pelos grupos familiares por questões culturais.
As lideranças Guaranis Caiovás não permaneceram impassíveis diante deste presente sem futuro. Começaram a se organizar para denunciar o genocídio do seu povo e reivindicar o cumprimento da Constituição. Até hoje, mais de 20 delas morreram assassinadas por ferirem os interesses privados de fazendeiros da região, a começar por Marçal de Souza, em 1983, cujo assassinato ganhou repercussão internacional. Ao mesmo tempo, grupos de Guaranis Caiovás abandonaram o confinamento das reservas e passaram a buscar suas tekohá, terras originais, na luta pela retomada do território e do direito à vida. Alguns grupos ocuparam fundos de fazendas, outros montaram 30 acampamentos à beira da estrada, numa situação de absoluta indignidade. Tanto nas reservas quanto fora delas, a desnutrição infantil é avassaladora.
A trajetória dos Guaranis Caiovás que anunciaram sua morte coletiva ilustra bem o destino ao qual o Estado brasileiro os condenou. Homens, mulheres e crianças empreenderam um caminho em busca da terra tradicional, localizada às margens do Rio Hovy, no município de Iguatemi (MS). Acamparam em sua terra no dia 8 de agosto de 2011, nos fundos de fazendas. Em 23 de agosto foram atacados e cercados por pistoleiros, a mando dos fazendeiros. Em um ano, os pistoleiros já derrubaram dez vezes a ponte móvel feitas por eles para atravessar um rio com 30 metros de largura e três de fundura. Em um ano, dois indígenas foram torturados e mortos pelos pistoleiros, outros dois se suicidaram.
Em tentativas anteriores de recuperação desta mesma terra, os Guaranis Caiovás já tinham sido espancados e ameaçados com armas de fogo. Alguns deles tiveram seus olhos vendados e foram jogados na beira da estrada. Em outra ocasião, mulheres, velhos e crianças tiveram seus braços e pernas fraturados. O que a Justiça Federal fez? Deferiu uma ordem de despejo. Em nota, a FUNAI (Fundação Nacional do Índio) afirmou que “está trabalhando para reverter a decisão”.
Os Guaranis Caiovás estão sendo assassinados há muito tempo, de todas as formas disponíveis, as concretas e as simbólicas. “A impunidade é a maior agressão cometida contra eles”, afirma Flávio Machado, coordenador do CIMI no Mato Grosso do Sul. Nas últimas décadas, há pelo menos duas formas interligadas de violência no processo de recuperação da terra tradicional dos indígenas: uma privada, das milícias de pistoleiros organizadas pelos fazendeiros; outra do Estado, perpetrada pela Justiça Federal, na qual parte dos juízes, sem qualquer conhecimento da realidade vivida na região, toma decisões que não só compactuam com a violência , como a acirram.
“Quando os pistoleiros não conseguem consumar os despejos e massacres truculentos dos indígenas, os fazendeiros contratam advogados para conseguir a ordem de despejo na Justiça”, afirma Egon Heck, indigenista e cientista político, num artigo publicado em relatório do CIMI. “No momento em que ocorre a ordem de despejo, os agentes policiais agem de modo similar ao dos pistoleiros, visto que utilizam armas pesadas, queimam as ocas, ameaçam e assustam as crianças, mulheres e idosos.”
Ao fundo, o quadro maior: os sucessivos governos que se alternaram no poder após a Constituição de 1988 foram incompetentes para cumpri-la. Ao final de seus dois mandatos, Lula reconheceu que deixava o governo com essa dívida junto ao povo Guarani Caiová. Legava a tarefa à sua sucessora, Dilma Rousseff. Os indígenas escreveram, então, uma carta: “Presidente Dilma, a questão das nossas terras já era para ter sido resolvida há décadas. Mas todos os governos lavaram as mãos e foram deixando a situação se agravar. Por ultimo, o ex-presidente Lula prometeu, se comprometeu, mas não resolveu. Reconheceu que ficou com essa dívida para com nosso povo Guarani Caiová e passou a solução para suas mãos. E nós não podemos mais esperar. Não nos deixe sofrer e ficar chorando nossos mortos quase todos os dias. Não deixe que nossos filhos continuem enchendo as cadeias ou se suicidem por falta de esperança de futuro (…) Devolvam nossas condições de vida que são nossos tekohá, nossas terras tradicionais. Não estamos pedindo nada demais, apenas os nossos direitos que estão nas leis do Brasil e internacionais”.
A declaração de morte dos Guaranis Caiovás ecoou nas redes sociais na semana passada. Gerou uma comoção. Não é a primeira vez que indígenas anunciam seu desespero e seu genocídio. Em geral, quase ninguém escuta, para além dos mesmos de sempre, e o que era morte anunciada vira morte consumada. Talvez a diferença desta carta é o fato de ela ecoar algo que é repetido nas mais variadas esferas da sociedade brasileira, em ambientes os mais diversos, considerado até um comentário espirituoso em certos espaços intelectualizados: a ideia de que a sociedade brasileira estaria melhor sem os índios.
Desqualificar os índios, sua cultura e a situação de indignidade na qual vive boa parte das etnias é uma piada clássica em alguns meios, tão recorrente que se tornou quase um clichê. Para parte da elite escolarizada, apesar do esforço empreendido pelos antropólogos, entre eles Lévi-Strauss, as culturas indígenas ainda são vistas como “atrasadas”, numa cadeia evolutiva única e inescapável entre a pedra lascada e o Ipad – e não como uma escolha diversa e um caminho possível. Assim, essa parcela da elite descarta, em nome da ignorância, a imensa riqueza contida na linguagem, no conhecimento e nas visões de mundo das 230 etnias indígenas que ainda sobrevivem por aqui.
Toda a História do Brasil, a partir da “descoberta” e da colonização, é marcada pelo olhar de que o índio é um entrave no caminho do “progresso” ou do “desenvolvimento”. Entrave desde os primórdios – primeiro, porque teve a deselegância de estar aqui antes dos portugueses; em seguida, porque se rebelava ao ser escravizado pelos invasores europeus. A sociedade brasileira se constituiu com essa ideia e ainda que a própria sociedade tenha mudado em muitos aspectos, a concepção do índio como um entrave persiste. E persiste de forma impressionante, não só para uma parte significativa da população, mas para setores do Estado, tanto no governo atual quanto nas gestões passadas.
 “Entraves” precisam ser removidos. E têm sido, de várias maneiras, como a História, a passada e a presente, nos mostra. Talvez essa seja uma das explicações possíveis para o impacto da carta de morte ter alcançado um universo maior de pessoas. Desta vez, são os índios que nos dizem algo que pode ser compreendido da seguinte forma: “É isso o que vocês querem? Nos matar a todos? Então nós decidimos: vamos morrer”. Ao devolver o desejo a quem o deseja, o impacto é grande.
É importante lembrar que carta é palavra. A declaração de morte coletiva surge como palavra dita. Por isso precisamos compreender, pelo menos um pouco, o que é a palavra para os Guaranis Caiovás. Em um texto muito bonito, intitulado Ñe'ẽ – a palavra alma, a antropóloga Graciela Chamorro, da Universidade Federal da Grande Dourados, nos dá algumas pistas:
“A palavra é a unidade mais densa que explica como se trama a vida para os povos chamados guarani e como eles imaginam o transcendente. As experiências da vida são experiências de palavra. Deus é palavra. (...) O nascimento, como o momento em que a palavra se senta ou provê para si um lugar no corpo da criança. A palavra circula pelo esqueleto humano. Ela é justamente o que nos mantém em pé, que nos humaniza. (...) Na cerimônia de nominação, o xamã revelará o nome da criança, marcando com isso a recepção oficial da nova palavra na comunidade. (...) As crises da vida – doenças, tristezas, inimizades etc. – são explicadas como um afastamento da pessoa de sua palavra divinizadora. Por isso, os rezadores e as rezadoras se esforçam para ‘trazer de volta’, ‘voltar a sentar’ a palavra na pessoa, devolvendo-lhe a saúde.(...) Quando a palavra não tem mais lugar ou assento, a pessoa morre e torna-se um devir, um não-ser, uma palavra-que-não-é-mais. (...) Ñe'ẽ e ayvu podem ser traduzidos tanto como ‘palavra’ como por ‘alma’, com o mesmo significado de ‘minha palavra sou eu’ ou ‘minha alma sou eu’. (...) Assim, alma e palavra podem adjetivar-se mutuamente, podendo-se falar em palavra-alma ou alma-palavra, sendo a alma não uma parte, mas a vida como um todo.”
A fala, diz o antropólogo Spensy Pimentel, pesquisador do Centro de Estudos Ameríndios da Universidade de São Paulo, é a parte mais sublime do ser humano para os Guaranis Caiovás. “A palavra é o cerne da resistência. Tem uma ação no mundo – é uma palavra que age. Faz as coisas acontecerem, faz o futuro. O limite entre o discurso e a profecia é tênue.”
Se a carta de Pero Vaz de Caminha marca o nascimento do Brasil pela palavra escrita, é interessante pensar o que marca a carta dos Guaranis Caiovás mais de 500 anos depois. Na carta-fundadora, é o invasor/colonizador/conquistador/estrangeiro quem estranha e olha para os índios, para sua cultura e para sua terra. Na dos Guaranis Caiovás, são os índios que olham para nós. O que nos dizem aqueles que nos veem? (Ou o que veem aqueles que nos dizem?)
A declaração de morte dos Guaranis Caiovás é “palavra que age”. Antes que o espasmo de nossa comoção de sofá migre para outra tragédia, talvez valha a pena uma última pergunta: para nós, o que é a palavra?

Eliane Brum escreve às segundas-feiras.

Fonte:  http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/eliane-brum/noticia/2012/10/decretem-nossa-extincao-e-nos-enterrem-aqui.html

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

CLARICE LISPECTOR



 Viver e escrever

“Quando comecei a escrever, que desejava eu atingir? Queria escrever alguma coisa que fosse tranqüila e sem modas, alguma coisa como a lembrança de um alto monumento que parece mais alto porque é lembrança. Mas queria, de passagem, ter realmente tocado no monumento. Sinceramente não sei o que simbolizava para mim a palavra monumento. E terminei escrevendo coisas inteiramente diferentes.”
“Não sei mais escrever, perdi o jeito. Mas já vi muita coisa no mundo. Uma delas, e não das menos dolorosas, é ter visto bocas se abrirem para dizer ou talvez apenas balbuciar, e simplesmente não conseguirem. Então eu quereria às vezes dizer o que elas não puderam falar. Não sei mais escrever, porém o fato literário tornou-se aos poucos tão desimportante para mim que não saber escrever talvez seja exatamente o que me salvará da literatura.
O que é que se tornou importante para mim? No entanto, o que quer que seja, é através da literatura que poderá talvez se manifestar.”
“Até hoje eu por assim dizer não sabia que se pode não escrever. Gradualmente, gradualmente até que de repente a descoberta tímida: quem sabe, também eu já poderia não escrever. Como é infinitamente mais ambicioso. É quase inalcançável”.


domingo, 21 de outubro de 2012

PLANTAS MEDICINAIS

 

Unioeste promove 2ª Mostra de Plantas Medicinais e Aromáticas

Professora doutora Marinelva Culti com os alunos do Grupo de Estudos na abertura da primeira edição da Mostra, no ano passado
 A coordenadora da Mostra, prof. Marinelva Culti e alunos do grupo de estudos
que organiza o evento.

Com o objetivo de ampliar os conhecimentos da população, dos alunos das redes municipal e estadual de ensino e da própria comunidade universitária o Campus de Marechal Cândido Rondon da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) sedia, a partir da próxima segunda-feira, 22, a segunda edição da Mostra de Plantas Medicinais e Aromáticas, coordenada pela professora doutora Marinelva Culti.
 A Mostra será realizada, a exemplo do ano passado, nos jardins entre os blocos de salas de aula e os laboratórios do Campus, reunindo exemplares de diversas plantas medicinais e aromáticas cultivadas no horto do Campus, localizado na área de cultivo protegido, ligado ao Núcleo de Estações Experimentais da Unioeste.
 O evento, aberto à visitação pública, é iniciativa do grupo de pesquisa “Estudos de Plantas Medicinais, Aromáticas e Condimentares”, formado por alunos do curso de Agronomia e Zootecnia, e faz parte das atividades culturais que vem sendo promovida pelo projeto Arte por Fazer Arte na Universidade, organizado pela direção geral do Campus.
 O grupo de pesquisa que está promovendo a Mostra está também estruturando áreas das referidas plantas na região de Marechal Cândido Rondon, realizando assim um trabalho de extensão e ainda, multiplicando essas espécies, inclusive tendo implantado um horto de plantas medicinais junto ao Centro de Estudos do Menor e Integração na Comunidade (Cemic), em Marechal Cândido Rondon.

Texto e foto: Ana Mª de Carvalho

JORNALISMO

 

Avenida Brasil: quem matou…o jornalismo?

19 out
 


Qual a razão de ser do jornalismo: a realidade ou a ficção? É essa a iminente pergunta que se faz ao perceber o espaço dado por Globo e Zero Hora a especulações relacionadas ao desfecho da novela Avenida Brasil. É a ficção pautando e ganhando considerável destaque em espaços que se dizem jornalísticos.
O modelo da cobertura que está sendo feita para o final da novela não é nenhuma novidade na grande imprensa brasileira, é o velho showrnalismo: cobertura a nível de entretenimento, com a opinião de “especialistas”, a fim de chamar a atenção e formar a opinião pública através do circo midiático. Foi isso que fez o Fantástico do último domingo em um espaço de quase 10 minutos dedicados à discussão sobre quem matou o personagem Max, de Avenida Brasil, e que Zero Hora repetiu em uma matéria de duas páginas no jornal de quinta-feira. Há ainda que se destacar que nessa edição de ZH nenhuma outra matéria foi contemplada com duas páginas.

Reprodução Zero Hora

Mas qual seria o valor notícia, a relevância jornalística da morte de um personagem ficcional? Ocorre que a grande mídia já naturalizou a quebra da fronteira entre jornalismo e entretenimento, e agora vem se perdendo também na linha entre realidade e ficção. Porém, esse processo de inversões não vem acontecendo por acaso, ou pela simples perda de “qualidade” desses veículos, isso acontece dentro de um modelo de jornalismo que trabalha pela alienação e despolitização. Exemplo disso é a reportagem no jornal ZH desta sexta-feira (19) sobre a moradora de rua que comprou uma televisão em prestações somente para assistir a novela. A reportagem em momento algum questiona a dominação consumista exercida pela programação da TV, nem a inversão de valores que há na história, e não questiona pelo fato de que a matéria vem para endossar e naturalizar práticas como essa, que, assim como as empresas jornalísticas, funcionam dentro da lógica capitalista.

Reprodução Zero Hora

Outro ponto relevante nessa cobertura é o do veículo se autopautando, ou seja, transformando o próprio veículo em notícia. É o que acontece quando o Fantástico, da Rede Globo, dedica quase 10 minutos, em um espaço de concessão pública, para tratar do final da novela Avenida Brasil, da mesma Rede Globo, e quando a Zero Hora, do Grupo RBS, filiado à Globo, dedica quatro páginas em dois dias ao mesmo tema.
E tudo isso é, infelizmente, apenas um exemplo, entre tantos que diariamente se sucedem nos jornais, do tipo de jornalismo feito pela grande mídia: um jornalismo circense, pautado pelo mercado, e que vem para promover a conservação através da alienação.

*Atualizado às 21h41.

O Jornal Nacional de hoje veiculou uma reportagem de 1 minuto e 40 segundos sobre a expectativa dos “brasileiros” e a movimentação das pessoas voltando para casa para não perder o final da novela. A reportagem teve direito até a sobrevoo ao vivo pelo Rio de Janeiro e São Paulo para mostrar como as ruas estão vazias, segundo eles, em razão do derradeiro capítulo de Avenida Brasil.


FONTE: http://jornalismob.com/2012/10/19/avenida-brasil-quem-matou-o-jornalismo/

sábado, 13 de outubro de 2012

MENSALÃO (BEM x MAL)

 

 barbara gancia

 

12/10/2012 - 03h00

Bem x Mal

Está tudo muito bom, está tudo muito bem. E o "The New York Times", o "Financial Times" e o "Times" de Londres po­dem estar certos de que o julga­mento do mensalão representa um avanço brutal para a democracia tapuia, como bem notou o nosso monumental Clóvis Rossi em sua coluna de ontem, mas esta "bastian contraria" (a expressão é piemon­tesa) que vos fala veio posar na sua sopa para discordar.
É claro que quem tem culpa que pague o que deve. E eu também, co­mo todo o resto do Ocidente (excluindo talvez o Suriname, Cuba e a Cristina Kirchner --que deve sentir coisas por ele), não vou com os cornos do Zé Dirceu. O homem escondeu a pró­pria identidade da mulher, vive de amassos com os Castro, não é exatamente exemplo de democrata e blá-blá-blá-blá-blá.
Acontece que não consigo disso­ciar a imagem de Joaquim Barbosa de Torquemada e o julgamento do mensalão da Inquisição. Estamos assistindo a um massacre e há mui­to ainda a considerar.
Diziam que o julgamento seria parcial porque Lula havia escolhi­do os juízes. Não aconteceu. Aliás, essa desconfiança preconceituosa me faz lembrar o terceiro mandato de Lula, que não houve.
Enunciavam também que o men­salão ia dar a vitória a Russomanno em primeiro turno. Não aconteceu. Por sinal, a economia nem vai tão bem e Haddad lidera as pesquisas.
E Lula, ora, Lula foi o grande ven­cedor do primeiro turno (tadinha da Martoca) e vai levar São Paulo de enxurrada, né não?
Fica claro tam­bém que a classe média alta que se diz informada, mas que raramente acaba obtendo colocação profissio­nal fora do âmbito familiar, quer ver o PT ser varrido do mapa. Essa é a turma que torce como nunca no Fla-Flu do julgamento do STF.
Nos últimos tempos, até a Dilma eles têm tratado com um desdém que antes não havia ali. Já para o zé povinho, tanto faz. Para a perifa, obviamente não só despida de pre­conceito contra o Lula como iden­tificada com ele até a alma e beneficiada pelas mudanças sociais, escândalo de compra de votos da reeleição, anões do Con­gresso, Sivam, Zé Dirceu, Collor... é tudo a mesma lasanha.
Eu até concordo que a gente quei­ra ver canalhas ricos o bastante pa­ra contratar advogados top na ca­deia. Mas, vem cá: o Genoino, gen­te? Todo mundo conhece o Genoi­no, sabe que ele não vive no luxo. E não merece o que está acontecen­do.
Nesta semana vi gente com san­gue nos olhos dizendo que queria vê-lo atrás das grades. Isso não po­de ser sede de justiça. É outra coisa. É preconceito puro. E olha que o Muro de Berlim já caiu há mais de 20 anos!
É uma deturpação das mais dano­sas ao país colocar na capa da maior revista semanal tapuia uma crian­ça negra e pobre que subiu na vida pelo próprio esforço como se ela fosse o novo Pelé.
É como se a classe dominante dissesse: "Os nossos pretos pobres são melhores do que os deles". Os negros pobres do Lula precisam do Bolsa Família e de cotas para chegar lá. Joaquim Barbosa (que, note, se declara eleitor do PT) venceu sozinho, não precisou de "política assistencialista", não é mesmo? Pessoal ainda não enten­deu que não é muleta, mas repara­ção por séculos de apartheid social.
Seria lição de democracia se do julgamento do STF constassem não só PT, mas PSDB, DEM etc. Julgar ignorando garantias, sem direito a recurso e partindo da cer­teza de que quanto menos provas, maior o poder do réu e, portanto, hipoteticamente, maior sua culpa, é inver­ter a lógica. Isso não pode ser coisa boa, viu, "Times" de Londres?




Barbara Gancia Barbara Gancia, mito vivo do jornalismo tapuia e torcedora do Santos FC, detesta se envolver em polêmica. E já chegou na idade de ter de recusar alimentos contendo gordura animal. É colunista da versão impressa de "Cotidiano" e das revistas "sãopaulo".



FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/barbaragancia/1168202-bem-x-mal.shtml

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

ENERGIA EÓLICA

 

32 parques eólicos estão parados à espera de transmissão de energia

Dados da Aneel mostram que 32 dos 71 parques eólicos leiloados em 2009 estão parados por causa da falta de linhas de transmissão

29 de setembro de 2012 | 16h 23
Renée Pereira, de O Estado de S. Paulo
 





SÃO PAULO - Quase metade das usinas licitadas no primeiro leilão de energia eólica do Brasil está pronta sem poder gerar um único megawatt (MW) de eletricidade. Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mostram que 32 dos 71 parques eólicos leiloados em 2009 estão parados por causa da falta de linhas de transmissão. "Houve um descasamento entre a entrega das usinas e do sistema de transmissão", afirmou o diretor da agência reguladora, Romeu Rufino.
A Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), estatal do Grupo Eletrobrás, venceu o leilão das linhas de transmissão, mas não concluiu nenhum projeto - em alguns casos, nem iniciou as obras. Pelas regras do contrato, o sistema de transmissão teria de ser concluído na mesma data dos parques eólicos para permitir o início dos testes. Mas, na melhor das hipóteses, a conexão com as usinas apenas se dará em julho do ano que vem.
Consequentemente, as obras do sistema de transmissão dos parques licitados em 2010 também ficarão comprometidas. No mercado, algumas empresas foram informadas de que os cronogramas de empreendimentos marcados para setembro de 2013 foram estendidos para janeiro de 2015.
Rufino afirmou que a Aneel tem discutido constantemente com a estatal para tentar resolver o problema e diminuir os impactos para o consumidor.
Segundo ele, não está descartada a possibilidade de fazer uma instalação provisória enquanto a definitiva não é concluída. Apesar de não poderem produzir energia, as geradoras terão direito de receber a receita fixa prevista nos contratos de concessão. Pelos cálculos da Aneel, as 32 usinas têm receitas de R$ 370 milhões a receber.


Fonte: http://economia.estadao.com.br/noticias/economia,32-parques-eolicos-estao-parados-a-espera-de-transmissao-de-energia,128808,0.htm

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

As eleições para além das eleições



 
Uma eleição não é o único momento de disputa política, nem o mais importante deles. Mas é também um espaço de debate de projetos, de novas proposições e de definição de representações que podem caminhar pela mudança ou estancar em defesa da manutenção do status quo.
É com esse pensamento, percebendo as nuances, a complexidade e a importância de um processo eleitoral, que entregamos esta edição Especial Eleições 2012. Nos artigos a seguir analisamos as perspectivas da esquerda em seis capitais brasileiras – Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Natal e Belém.
Em cada uma delas temos especificidades importantes, mas também situações comuns, ligadas, basicamente, pelo contexto político-partidário nacional, com a hegemonia do PT e do governo de coalizão que encabeça, levando à recolocação do espectro político nacional e regional – ou seja, a reorganização de esquerda, direita e centro a partir da hegemonia do PT e de seus aliados no governo federal.
Com essa edição o Jornalismo B convida seus leitores a refletirem sobre o papel da esquerda no processo eleitoral e para além dele, e a construírem, a partir dessa reflexão, uma ou várias esquerdas fortes, com capacidade de diálogo sem que isso signifique capitulação, com capacidade de unidade sem que isso signifique falta de diversidade e crítica, e com capacidade de luta e disputa sem que isso signifique a necessidade de imposição. Em cada cidade do Brasil o Jornalismo B chama o voto nas candidaturas comprometidas com as pautas da esquerda, aquelas que, em seus projetos de sociedade, sobrepõem a igualdade à desigualdade, a cidadania ao consumo e a solidariedade à competição individualista.
O texto acima é o editorial da 46ª edição do Jornalismo B Impresso, EDIÇÃO ESPECIAL ELEIÇÕES 2012. A edição será distribuída em Porto Alegre na próxima semana, e o jornal pode ser assinado em qualquer lugar do Brasil.
Nessa edição, temos textos sobre o processo eleitoral seis capitas brasileiras, sempre apontando as perspectivas da esquerda: Porto Alegre, Natal, Belo Horizonte, Belém, São Paulo e Rio de Janeiro. Os artigos foram escritos por jornalistas e militantes que vivem e atuam nessas capitais.
É importante que todos os amigos do Jornalismo B se mobilizem para assinar e divulgar as assinaturas do Impresso. A assinatura pode ser feita em qualquer lugar do Brasil.
São três as possibilidades de assinatura: 6 edições – R$ 40; 12 edições – R$ 60; 20 edições – R$ 100. As edições são quinzenais. Para assinar, basta entrar em contato pelo email bjornalismob@gmail.com.
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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

CRÔNICA

 

 

 

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

A primeira crônica de uma zeladora

Outro 'invisível' [foto: Sidinei Santos]
* Dalva Patrícia de Jesus
Sou zeladora, zeladora de hospital. Mais conhecida como serviço de apoio, pode me chamar também de mulher da limpeza ou faxineira, como preferir.
A perspectiva de escrever me assusta. A dificuldade veio com recordações um tanto quanto amargas, procurando um culpado achei o primeiro, uma vez a doutora generalizou "são todos analfabetos", ela se referia a um cartaz que devia ter figurinhas, senão as zeladoras não entenderiam o recado. Na época não entendia o que ela queria dizer, mas umas figurinhas agora ajudariam a escrever esta crônica.
Outros dois episódios marcaram bem o que pretendo dizer: o primeiro é quando a acadêmica de medicina perdeu a agenda, veio procurar minha colega e não contente com a negativa à procura de sua tão estimada relíquia, perguntou se ela sabia o que era uma agenda. Foi de doer! Impressão minha ou ela nos chamou de burras? No segundo, a enfermeira foi mais objetiva, ao se referir à falta de talento da engenheira disse: - "Ela deveria estar trabalhando no Serviço de Apoio".
Tanta agressão no meu intelecto, deixou-me frustrada. O modo mais prático de provar o contrário parecia ser uma graduação, um diploma universitário. A ideia brilhante na minha cabeça como diamantes. Porém, não surtiu o efeito esperado! A primeira pérola do dia foi: - "Para que estudar para limpar chão?". Caiu como uma bomba na minha autoestima. E em meio a sentimentos devastadores que levariam à depressão da alma e carência de sabedoria, percebo que estou só.
Ao meu lado estavam futuros advogados, educadores, administradores, enfermeiros, mulheres e homens atualizados com página no Twitter e Facebook, que recebem recados por e-mail, gostam de se vestir bem e degustar um bom vinho, de conversar sobre política, cultura e questões ecológicas.
Uma nova geração que a hierarquia de trabalho não foi prepara para perceber; geração com opiniões próprias, valores distintos, os primeiros de uma era.
E como me falta inspiração para terminar esta minha busca do pitoresco e desconhecido, uso palavras de meu instrutor de auto escola: com calma e treino você chega lá, ninguém é perfeito.
* Dalva Patrícia de Jesus trabalha desde 2001 no HUOP (Hospital Universitário do Oeste do Paraná) em Cascavel. Sua crônica recebeu no ano passado menção honrosa na 4ª edição do Servir Com Arte, concurso realizado anualmente pelo Governo do Paraná. O concurso mobilizou cerca de 4 mil servidores públicos, que tiveram oportunidade de expressar seus talentos na área de crônica, conto, poesia e fotografia.
* A imagem que ilustra a crônica é de Sidinei Aparecido dos Santos, também servidor do HUOP, que recebeu menção honrosa no prêmio por sua fotografia.
* Nota do blog: Durante a greve na Unioeste, esse blogueiro teve a oportunidade de conhecer pessoalmente dezenas de servidores que, assim como Dalva, para muitos são "trabalhadores invisíveis". Presenciei muitos acadêmicos desferirem menosprezo ao se dirigirem aos funcionários como "o pessoal que fecha e abre portões e que limpam banheiros". Vi tentativas claras de evidenciarem superioridade de uma categoria perante a outra, amparado em "titulações". Mas o que vi, sobretudo, foi o papel insubstituível que determinados trabalhadores – mesmo "invisíveis" - têm. O que Dalva expressou em sua crônica já presenciei na minha profissão (não diretamente a mim), mas voltado a outros trabalhadores, já presenciei a "superioridade” de muitos detentores de "canudos" ou de pelegos com discursos alinhados aos seus superiores (sic)!.