segunda-feira, 29 de julho de 2013

MATERIAL RECICLÁVEL



Catadores: trabalhadores em busca de reconhecimento e dignidade


Quanto vale o trabalho de quem recolhe o teu lixo? 
Quanto deve ganhar quem cuida dele?
O mesmo que quem cuida da sua saúde, da sua educação, da sua habitação, ou lhe traz informação? 
Qual é o valor que tem para a sociedade quem separa o lixo que ela produz?  



        São 47 os associados da Cooperagir, cooperativa que reúne os catadores de materiais recicláveis no município de Marechal Cândido Rondon, cujos cerca de 47 mil habitantes produzem, mensalmente, é bem provável que mais do que as 98 toneladas  de material coletado pelos catadores.  Eles são 47, mas seus rendimentos sustentam pelo menos 196 pessoas, segundo os cálculos da coordenadora executiva da cooperativa Margareth Hofstaetter . Ela estima que cada família seja composta por quatro pessoas, no mínimo.

        O fato é que eles trabalham com o consumo da sociedade, e, por isso, hoje são cada vez mais necessários. São os processadores do nosso lixo. Os coletores do nosso lixo. Invisíveis para a maioria.        Pois esta gente invisível tem ganho um pouquinho de visibilidade nestes tempos de posicionamentos politicamente corretos com relação ao meio ambiente e à destinação do lixo que a sociedade moderna produz.

       No oeste do Estado do Paraná vem surgindo, aos poucos, um movimento bem moderno. Moderno no sentido de que traz a premissa de uma rede coletora para uma região que pode estar produzindo cerca de 200 toneladas/mês de material reciclável. 

Depósito de admissão do material: o material trazido pelos caminhões é depositado neste local e vai sendo empurrado para a parte coberta, aos fundos.
Sob essa cobertura, os sacos que contem os resíduos são abertos e lançados no funil, que conduz a uma esteira, num pavimento abaixo.
Nesta esteira ocorre a classificação e separação dos diversos materiais
Os materiais separados são acondicionados em sacos, "bags" ou caem nos carrinhos de mão, com os quais são transportados para a prensa.
Quando se separou uma quantidade razoável de cada material, a mesma é compactada por meio de uma prensa hidráulica, para otimizar o armazenamento e o transporte
O papelão separado...
é prensado, reduzindo consideravelmente o seu volume





 
Assim, está pronto para o transporte por parte dos compradores.


























Sucata separada e pronta para a venda: não passa pela prensa.
Garrafas PET acondicionadas em "bags".
 
O projeto elaborado por Margareth e financiado pela Fundação Banco do Brasil, Petrobrás, BNDES, Ministério do Trabalho e Emprego e Secretaria Nacional de Economia Solidária, garantiu à rede três novos caminhões, dois furgões e um de carroceria, para integrar a produção dos municípios vizinhos e os profissionais envolvidos na coleta do material reciclável. A questão neste momento é a manutenção destes veículos , o custo operacional deles. 


Margareth Hofstaetter: "...estamos buscando uma solução conjunta como os municípios."
Segundo Margareth Hofstaetter, em Marechal Rondon, a Cooperagir conta com uma colaboração financeira, de R$ 18 mil mensais que auxilia nos gastos de manutenção, motorista e pagamento de impostos do caminhão existente, assim como outras despesas administrativas da cooperativa. Neste sentido, para efetivação da rede, se tem buscado sensibilizar os prefeitos dos municípios integrantes, no intuito de alertá-los para a importância de um real dimensionamento da coleta de material reciclável em suas cidades e da necessidade da valorização dos profissionais que nela atuam, na medida em que seu trabalho evita que tais materiais acabem nos já problemáticos aterros sanitários. 
No caso do consórcio que está sendo implantado para o gerenciamento dos resíduos sólidos, busca-se uma solução para resolver a situação de maneira conjunta, visto que os municípios envolvidos produzem em torno de 200 toneladas de resíduos/dia.

Fundada em 2008, a cooperativa é exemplo de gestão e renda para seus associados que percebem mensalmente cerca de R$ 800,00. Conta com um caminhão que uma das quatro equipes opera para o recolhimento do material nas empresas e funciona em uma situação um tanto quanto precária no que se refere a infraestrutura para a separação do material, local onde atua outra equipe.  As outras duas equipes atuam no trabalho de porta em porta com os carrinhos e na separação do material junto à Usina de Reciclagem. 

Falta Conscientização 

Mas muito mais pessoas poderiam atuar no setor, além das famílias dos 47 associados, não fosse ele tão estigmatizado pela sociedade, que, por ora,ainda não se conscientizou do valor, nem do montante do lixo que produz, e, muito menos, dos estragos que ele pode causar se não tiver a destinação correta.


Fotos: Cesar R. Scheffler




 








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