sexta-feira, 31 de outubro de 2014

ELEIÇÕES 2014



A vitória de Dilma e a crônica de uma quase tragédia eleitoral anunciada

Alexandre Haubrich em 26 out 2014  

O significado da vitória suada de Dilma Rousseff (PT) sobre Aécio Neves (PSDB) vai muito além da mera disputa entre duas lideranças políticas de campos distintos. É a vitória de um projeto macro sobre outro, mas uma vitória apertada, decorrente de diversas circunstâncias político-sociais que se complementam e que trazem novidades importantes em relação às últimas eleições. O avanço do PSDB é, também, parte do mesmo processo que elege um Congresso com uma cara diferente, ainda mais conservadora e elitista do que a representação de um Brasil falsificado que já estava lá.

Foto: Agência Brasil
Foto: Agência Brasil

O primeiro elemento a ser considerado é o círculo que se estabelece quando um governo consegue melhorar a qualidade de vida das pessoas, reduzir a miséria e acrescentar consumo, mas não conduz esse processo tendo como pano de fundo um outro processo, de politização, de fortalecimento do trabalho de base e de transformação da consciência. Em seu livro Lulismo – Da Era dos Movimentos Sociais à Ascensão da Nova Classe Média Brasileira, Rudá Ricci defendeu que estava emergindo uma “nova classe média” extremante conservadora, o que agora se confirma. Essa “nova classe média” em boa medida abandona nesse momento o projeto que em 12 anos possibilitou a ela um importante incremento de consumo e melhorias nas condições mais básicas de vida. Paulo Freire escreveu com precisão: “se a Educação não é libertadora, o sonho do oprimido é transformar-se em opressor”. Esse é o ponto fundamental do conservadorismo de boa parte dos setores que ascenderam socialmente com o PT. Não é o caso dos que saíram da miséria, como mostra a setorização dos votos, mas trata-se dos que estão imediatamente acima na escala de ganhos materiais.
Existe apenas uma forma possível de quebrar esse ciclo: politização, construída com perspectivas de curto, médio e longo prazo, através de debate político franco, intenso trabalho de base pelos partidos e organizações, democratização dos meios de comunicação, e transformação do modelo de Educação em um caminho para a autonomia e a emancipação. Nada disso foi feito nos doze anos em que o PT esteve à frente do governo federal, o que, embora não anule os avanços na dignidade de uma parcela importante da população, mantém a situação de alienação – encobrimento da realidade – que, por sua vez, alimenta o ciclo descrito anteriormente.
É como um misto de quebra e manutenção desse ciclo e de quebra e manutenção dessa alienação, que surge Junho de 2013. Com diversas pautas específicas, começando pela luta por um transporte público de qualidade e se expandindo indefinidamente, o que ficou claro foi um incômodo e um consequente sentimento de mudança. A própria mobilização, a ida para as ruas em bloco, o aprendizado sobre a possibilidade de movimentar-se e, assim, sentir as correntes presas às mãos, cria um lastro de politização. Ao mesmo tempo, dificuldades de organização e fatores externos aos movimentos – basicamente o ciclo despolitizado e despolitizante apontado acima – criam dificuldades importantes. Não me aprofundarei na análise das manifestações de junho do ano passado, mas elas precisam ser citadas e lembradas ao menos rapidamente para chegarmos no seguinte: esse sentimento de mudança não conseguiu encontrar eco eleitoral nem nos partidos que compõem o governo, nem na oposição de esquerda – partidária ou de base. Com dificuldades de compreender a complexidade da disputa política, sem aprofundamento na análise das variáveis colocadas nessa disputa, a ideia de mudança pode fazer com que o apoio caia no colo de qualquer um que pareça representa-la. Foi isso o que aconteceu com Marina Silva (PSB), até que o PT conseguiu desconstrui-la como essa representação. Depois, a simbologia migrou para Aécio. Ao mesmo tempo, nas eleições para o Congresso, a escolha foi por uma bancada mais à direita, por motivos semelhantes.
Mas porquê apenas a direita – ou principalmente ela – parece ter capitalizado esse sentimento em grande medida despolitizado de mudança? As razões têm estão em três eixos: a natureza do discurso da própria direita; as dificuldades da esquerda; as limitações do sistema político brasileiro / burguês.
  1. A natureza do discurso da própria direita: a velha direita, em parte fora do poder ou ao menos não estando diretamente com as mãos nas rédeas do Estado, constrói seu discurso através do (falso) moralismo, tendo as acusações de corrupção contra o governo como mote político fundamental. Isso porque nunca pôde, em qualquer lugar do mundo, defender abertamente os fundamentos básicos de sua linha de defesa social, pautada por interesses de cerca de talvez 5% da população, os mais ricos, proprietários dos meios de produção. Então, esconde esses preceitos, e traz o moralismo e a obviedade como estandarte. O discurso é fácil, muito mais simples do que explicações profundas sobre o funcionamento da sociedade e as disputas sociais envolvidas nessa dinâmica. Como vivemos imersos em alienação, o discurso fácil e superficial, cola. Como, ao menos em princípio, ninguém é a favor da corrupção, o discurso moralista cola. Por fim, como a mídia está nas mãos desses grupos políticos, ganha destaque a corrupção de seus adversários e apaga-se a dos aliados.
  2. As dificuldades da esquerda: com a chegada de um projeto de centro-esquerda ao governo federal, houve um rearranjo das forças de esquerda, rearranjo esse que segue em processo de acordo com as dinâmicas das organizações e do próprio governo. Com alguns movimentos populares perdendo protagonismo – inclusive com parte da organização sindical se tornando mais vinculada ao governo do que a sua própria base – outros emergem, mas com dificuldades de se posicionar-se no espectro político frente a um governo tão rico em contradições – ao contrário dos oito anos de governo do PSDB, quando as práticas e os discursos se estabeleciam com clareza pela direita. O trabalho de base voltado à criação de consciência política transformadora é raro, as organizações não conseguem grande inserção, e os partidos de oposição de esquerda ainda engatinham aos tropeços, com as dificuldades próprias de organização potencializadas pelo sistema político.
  3. As limitações do sistema político brasileiro / burguês: qualquer sistema político de corte liberal / burguês, expressão do capitalismo na política institucional é, essencialmente, tendente à conservação e, por extensão, resistente à transformação. No caso do Brasil, esse problema é claro: muda-se não mudando. A estrutura partidária é pouco democrática, as instituições de decisão popular são fracas ou inexistentes e há pouca participação na política cotidiana, tudo isso como causas e consequências de um sistema político elitizado e concentrador. De dois em dois anos, vemos com mais clareza uma face específica desse problema: um sistema eleitoral igualmente limitador, no qual os poderes econômico e midiático acabam por ser decisivos, o que faz crescer o apelo da direita e das elites – que controlam esses poderes – e enfraquece alternativas de esquerda e populares, marginalizadas da lide política cotidiana, institucional e eleitoral.
Por tudo isso, quem acaba por receber no colo o sentimento de mudança é a direita, são as elites, as oligarquias.
No caso específico da disputa presidencial deste ano, acrescente-se aos elementos elencados desde o início deste artigo a campanha violenta de parte do PT contra Marina Silva, e temos a tendência de migração dos votos que se mantiveram nela no primeiro turno diretamente para Aécio Neves. O antipetismo, nascido do discurso das elites ainda no tempo em que o PT era oposição, e reforçado constantemente pelo setor dominante da mídia, aprofundou-se por conta da campanha negativa contra Marina.
A polarização, potencializada pelas redes sociais online e sua característica de disputa quase surda e sem ambiente controlador – ou seja, com o sujeito mais à vontade para tornar-se agressivo, estimulado por uma sociedade individualizante, egoísta e narcisista – é também reflexo do que foi a campanha no primeiro turno, e traz ainda a carga de otimismo do PSDB e de seus aliados que, desde que saíram do governo, nunca estiveram tão próximos de retornar a ele.
Com a vitória apertada de Dilma, mantém-se no governo o projeto do PT, e a possibilidade de que Lula possa ser o candidato em 2018 pode trazer certa acomodação. Por outro lado, abre-se, a partir dos últimos movimentos da velha direita na campanha, um “terceiro turno”, e a necessidade de garantir o respeito à decisão das urnas passa também pela compreensão da necessidade de construir uma nova consciência social, responsável e transformadora, permitindo que a população se sinta – e seja – parte efetiva da política. De qualquer forma, abre-se um novo ciclo, em que essa e outras questões deverão estar em pauta – seja finalmente trazidas pelo governo, seja forçadas pela necessidade, ou seja pautadas pelos movimentos populares e pela oposição de esquerda.

Fonte: http://jornalismob.com/2014/10/26/eleicoes-2014-a-vitoria-de-dilma-e-a-cronica-de-uma-quase-tragedia-eleitoral-anunciada/ acesso em 31/10/2014

terça-feira, 28 de outubro de 2014

TERRAS IMPRODUTIVAS



Das 130,5 mil grandes propriedades rurais, 69,2 mil são improdutivas

 



Por Gerson Teixeira

Em sua coluna na Folha, Retrocesso ("Mercado", 20/09), a senadora Kátia Abreu reagiu ao suposto anacronismo da demanda formulada pelo MST aos presidenciáveis, relativa à atualização dos índices de produtividade usados para a aferição dos graus de eficiência produtiva pelas grandes propriedades rurais.

A senadora declara que “não há terras improdutivas no Brasil, salvo marginalmente” e que “a questão da produtividade desapareceu da pauta política, tendo se tornado o agronegócio grande motor da economia”. Na avaliação da colunista essa pauta do passado contrasta com a garantia da segurança jurídica para as fazendas do agronegócio.

O restante do artigo é dedicado à exortação acrítica do desempenho econômico do agronegócio e dos supostos padrões de excelência das grandes fazendas, uma pregação ideológica atualmente em voga para desqualificar a agenda democratizante e de sustentabilidade no campo.

De plano desconsidera que as áreas rurais no Brasil estão longe de expressar um monolito social. Nessa direção, parece tão equivocada como pretenciosa a tentativa de condenar ou definir ‘o ponto’ da agenda do campo. Por suposto, os interesses dos trabalhadores rurais e camponeses, em geral, se opõem radicalmente aos dos grandes fazendeiros e, mais ainda, dos latifúndios improdutivos.

A Senadora deveria ter razão ao afirmar que não existe latifúndio improdutivo. Afinal, com a atual avaliação da produtividade com base em indicadores de 40 anos atrás, qualquer latifúndio precariamente explorado seria produtivo. Mas nem assim isso ocorre. Segundo o Incra, das 130,5 mil grandes propriedades rurais, 69,2 mil são improdutivas. Estas detêm 228,5 milhões de hectares; área mais de duas vezes superior ao conjunto das áreas indígenas no país, estimado em 112 milhões de hectares. Ou seja, considerando a população total de 818 mil indígenas conclui-se que os índios, acusados no artigo de invasores de terras, ocupam 137 hectares per capita, enquanto cada latifundiário improdutivo ocupa 3.300 hectares.

Nos marcos de um debate civilizado e sério, as lideranças ruralistas deveriam apoiar a atualização dos índices de produtividade. Primeiro, por coerência com a pregação da segurança jurídica no campo. Afinal, a autora do artigo, até pela condição de Senadora da República, deveria ser a primeira a defender o cumprimento das Leis. A atualização desses índices é determinada pelo art. 11, da Lei nº Lei nº 8.629, de 1993, mas ignorado pelos sucessivos governos.

Na prática, os latifundiários ainda estão desobrigados de um princípio supremo para a legitimação do direito de propriedade: a função social. Ocorre que as forças políticas conservadoras conseguiram inserir no texto constitucional o parágrafo único do Art. 186 da Constituição determinando “tratamento especial para a aferição do cumprimento da função social pela propriedade produtiva”. Até hoje essa qualificação foi ignorada pela legislação infraconstitucional. Com isso, a grande propriedade que atende aos requisitos dos graus de utilização e de eficiência da exploração se mantém imune à desapropriação, ainda que escravize trabalhadores, destrua e contamine os recursos naturais e envenene a mesa dos brasileiros.

Não obstante, para evitar ou dificultar a desapropriação mesmo das grandes propriedades improdutivas, a gestão da política agrária passou a ignorar a exigência da atualização dos índices de produtividade. Assim, latifúndios improdutivos são fraudulentamente convertidos em produtivos, tornado a grande propriedade rural, mesmo que improdutiva, imune à ‘desapropriação sancionatória’. Desapropriação, só quando negociada, o que, diga-se, não é raro, já que o instrumento foi transformado pelas normas e leis num ‘negócio da China’ para os latifundiários.

É curioso o ‘ato falho’ presente no artigo. Após afirmar que não existem terras improdutivas no Brasil, a autora cai na real e defende os improdutivos, alegando que “ninguém é pouco produtivo porque quer”.

Em suma, num país democrático que tenta avançar o seu perfil cidadão e civilizatório, é surreal qualificar de retrocesso a demanda do MST por um padrão ainda tímido à legitimação da propriedade das grandes áreas rurais.

*Da Folha.com
* Gerson Teixeira é engenheiro Agrônomo, presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA) 
Fonte: http://jornadaagroecologia.com.br/node/465 acesso em 28/10/2014

ECOS DA ELEIÇÃO


Não esqueçam o que eles escreveram


Por Luciano Martins Costa em 27/10/2014 na edição 821  

A imprensa brasileira escavou o poço da dignidade no último fim de semana, em sua derradeira e desesperada tentativa de reverter a direção dos votos para a Presidência da República. Como na tradição recente, coube à revista Veja dar partida ao factoide que deveria interromper a tendência dos indecisos em favor da candidatura do Partido dos Trabalhadores. Não foi suficiente. Ainda que por margem estreita, Dilma Rousseff se reelegeu.
Na segunda-feira (27/10), em processo de digestão do resultado indesejado, os principais jornais de circulação nacional assumem o discurso da conciliação proposto pela candidata vitoriosa e por seu oponente. A mais disputada eleição presidencial do presente século se encerra sob o signo da reforma política, tema que dominou a manifestação de Dilma Rousseff e que ganha algumas manchetes. Mas a proposta vem acompanhada de uma dúvida razoável: o Congresso Nacional abriria mão de decidir as novas regras em favor de um plebiscito, como propõe a presidente?
A profusão de análises que a imprensa oferece desde o começo da noite de domingo (26) dá ao leitor a sensação de que havia uma enorme riqueza de reflexões escondida por baixo do noticiário e das opiniões publicadas ao longo da campanha eleitoral.
O respeitoso perfil da presidente da República (ver aqui), apresentado na edição do Globo de segunda-feira, por exemplo, teria sido mais útil aos eleitores antes da votação. A reportagem, intitulada “Dilma Rousseff: a extraordinária história da clandestinidade à reeleição à Presidência”, teria estabelecido parâmetros mais claros para a comparação entre as duas candidaturas.
Essa e outras surpresas da segunda-feira, como as apreciações mais equilibradas sobre a situação econômica do país, mostram como a mídia desenhava uma visão catastrofista durante a campanha e agora oferece um cenário diferente, diante do fato consumado da vitória petista.
O rescaldo desse jornalismo oportunista e manipulador é a safra de ódio e preconceito que a sociedade colhe nas redes sociais, onde se manifestam os baixos instintos das classes médias tradicionais contra os que ascendem socialmente com a redução da pobreza, o preconceito do Sul contra o Norte e o Nordeste.
Sessão de descarrego
A imprensa que se apresentou no fim de semana, dando curso ao factoide fabricado pela revista Veja e estendendo a repercussão de boatos sobre o suposto envenenamento do doleiro que alimenta o escândalo da Petrobras, é muito diferente daquela que tenta interpretar sua própria derrota nas urnas. Ou alguém ainda duvida de que o resultado da votação contraria os desejos da mídia hegemônica?
Ao alimentar especulações, na fase final da disputa, a mídia ofereceu meios de racionalização para os insensatos que acreditam em qualquer coisa que venha a confirmar suas alucinações.
Não são poucos os cidadãos de alta renda e alta escolaridade que creem piamente que o avião em que morreu o ex-governador Eduardo Campos no dia 13 de agosto foi sabotado por petistas, que aceitam como fato qualquer declaração de um criminoso reincidente premido pela iminência de uma nova condenação, ou que acreditam que ele pode ter sido envenenado por ordem do governo federal, ou que as urnas eletrônicas são controladas por agentes comunistas por meio de telefones celulares.
A opção da imprensa por estimular o radicalismo, ao mesmo tempo em que seus editoriais condenavam hipocritamente as trocas de farpas entre os candidatos, é o fermento da insensatez que define muitos votos, que afeta o discernimento em ambos os lados do espectro ideológico em que se divide o país e estimula atitudes radicais como a dos militantes que picharam a sede da Editora Abril.
A origem desse estado de espírito avesso à convivência democrática é a linguagem virulenta dos pitbulls que foram alistados nas redações para substituir a narrativa jornalística pelo discurso da intolerância.
Os jornais amanhecem na segunda-feira (27) plenos de reflexões ponderadas, como se tivessem passado por uma dessas sessões de “descarrego” exibidos em programas religiosos na televisão. Como aquele sociólogo que virou presidente, é como se as redações estivessem pedindo: “Esqueçam o que nós escrevemos”. Mas a natureza da imprensa brasileira é aquela que dominou as 48 horas anteriores à abertura das urnas: é o vício da manipulação.


Fonte: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/nao_esquecam_o_que_eles_escreveram 

ORGÂNICOS NA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR





Feira da Alimentação Saudável e Alimentos Orgânicos da Alimentação Escolar  inicia nesta terça-feira 

Evento é aberto para toda a comunidade e é composto de exposição e venda de produtos orgânicos, palestras, oficina de gastronomia, entre outros

Inicia nesta terça-feira, dia 28, e segue até quarta-feira, dia 29, no pavilhão da Igreja Martin Luther, em Marechal Cândido Rondon, a 1ª Feira da Alimentação Saudável e Alimentos Orgânicos da Alimentação Escolar. O evento começa às 8h30, com a abertura oficial e segue com apresentações culturais e atividades livres como exposição de atividades de educação alimentar e nutricional, avaliações nutricionais, exposição e venda de produtos da agricultura familiar, degustação de sucos saudáveis, visitas guiadas a sede da Acempre, entre outros.
A programação também é composta por palestras. No dia 28, das 9h30 às 11h00, no Cemep, acontecerá curso sobre plantas medicinais. À tarde, das 15h00 às 17h00, acontecerá o primeiro módulo da Oficina de Gastronomia Orgânica, na cozinha do Cemep.
No dia 29, das 9h30 às 11h00, acontecerá o segundo módulo da Oficina de gastronomia Orgânica, na cozinha do Cemep. No período da tarde estão marcadas duas palestras. Às 13h30 sobre Agroecologogia e Certificação de Produtos Orgânicos e às 15h00, sobre Legislações Sanitárias e criação de agroindústrias familiares.
O evento é promovido pela prefeitura municipal, através da Secretaria de Educação, Secretaria de Assistência Social, Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, com o apoio de demais entidades e secretarias.
A Secretária de Educação, Marta Salete Bendo, explica que a programação é aberta a comunidade em geral, especialmente aos agricultores que produzem alimentos orgânicos que são oferecidos nas escolas. “Serão atividades muito interessantes que mostram o trabalho desenvolvido quanto a alimentação escolar. A programação também conta com atividades do Projeto Nutri Heróis, promovido pelo Departamento de Alimentação Escolar”, ressalta Marta.







Secretária de Educação, Marta Salete Bendo: Convidamos a todos para prestigiarem a programação”. Foto: Ademir Herrmann





FONTE: ACS/PM/MCR/PR/BR

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

ELEIÇÕES 2014




Raras vezes, na história da humanidade, um país se deixou cegar tanto pelo ódio político, pela intolerância e pela mentira, sendo tão vilipendiado por sua própria elite. Agora, que as eleições acabaram, relembre: o Brasil é exemplo global no combate à fome, tem a menor taxa de desemprego de sua história, uma nova classe média pujante, que adensa um dos maiores mercados de consumo de massa do mundo, e uma presidente revigorada pela vitória nas urnas; além disso, está prestes a se tornar um dos grandes produtores globais de petróleo, não há descontrole inflacionário e os ajustes necessários na economia são bem menos severos do que se apregoa; por último, mas não menos importante, o Brasil NÃO é bolivariano!; um bom Dilma a todos;

introdução ao artigo de Leonardo Attuch, editor-responsável pelo 247
26 de Outubro de 2014 às 22:01


confira o texto na íntegra em http://www.brasil247.com/pt/247/economia/158254/%C3%89-hora-de-comprar-Brasil!.htm

 

 

ELEIÇÕES 2014



Dilma tem vitória mais folgada em Belágua (MA); a de Aécio é em Miami

 

Dilma Rousseff venceu com maior diferença em Belágua, no Maranhão. A petista, reeleita neste domingo (26), teve 93,93% dos votos válidos na cidade, contra 6,07% do tucano. Foram 3558 votos para Dilma contra apenas 230 para Aécio.
Já havia sido assim no primeiro turno: 92%, contra 4% de Marina Silva (PSB) e 2% de Aécio Neves (PSDB).
A cidade aparece no pódio das piores rendas per capita do país, segundo o IBGE. Por lá, as pessoas vivem com R$ 146 mensais. Só outras duas localidades maranhenses, Marajá do Sena e Cachoeira Grande, têm rendimento inferior, pelos números do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Já o peessedebista venceu mais tranquilamente em Miami (EUA), onde somou 91,79% dos votos válidos (7.225), contra 8,21% (646) de Dilma.

Fonte: http://eleicoes.uol.com.br/2014/noticias/2014/10/26/dilma-tem-vitoria-mais-folgada-em-belagua-ma-a-de-aecio-e-em-miami.htm

Links relacionados:
http://eleicoes.uol.com.br/2014/noticias/2014/10/27/o-mito-do-brasileiro-cordial-caiu-diz-psiquiatra-sobre-odio-na-eleicao.htm
http://eleicoes.uol.com.br/2014/noticias/2014/10/27/dilma-vence-em-todos-os-municipios-de-6-estados.htm
http://eleicoes.uol.com.br/2014/raio-x/2-turno/presidente/index.htm#resultado-por-municipios

 

domingo, 26 de outubro de 2014

ELEIÇÕES 2014



Resultado das Eleições Presidencias - 2° Turno

Relatório de 99% Última atualização 26/10/2014 20:51
Candidato Partido Voto popular Votos %
Dilma Vana Rousseff
Partido dos Trabalhadores 53.943.191 51,56%
Aécio Neves da Cunha
Partido da Social Democracia Brasileira 50.678.702 48,43%

sábado, 25 de outubro de 2014

ELEIÇOES 2014



OPUS DIGITAL




ELEIÇÕES 2014



CARTA ABERTA DA ARTICULAÇÃO NACIONAL DE AGROECOLOGIA À SOCIEDADE BRASILEIRA DE APOIO À ELEIÇÃO DE DILMA ROUSSEFF

 
O Brasil vive um momento decisivo da sua história com o segundo turno das eleições presidenciais. A Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) é uma rede da sociedade civil de abrangência nacional composta por movimentos sociais e organizações que trabalham em defesa da agricultura familiar, camponesa e dos povos e comunidades tradicionais, pelo fortalecimento e ampliação da Agroecologia e pela construção de políticas públicas capazes de promover um desenvolvimento rural mais justo e sustentável.
O momento exige grande responsabilidade histórica, e por isso a ANA declara apoio à eleição da Presidenta Dilma e convocam as organizações do campo e os cidadãos brasileiros engajados na defesa da Agroecologia a arregaçarmos as mangas e sairmos às ruas, praças, escolas, universidades, locais de trabalho, para conversar com a população e explicitar por que motivos, para avançarmos nas conquistas para o povo brasileiro e seguir mudando o Brasil com mais democracia e mais justiça social, devemos votar Dilma no dia 26 de outubro e seguir mobilizando por mudanças estruturais na sociedade brasileira. É nosso dever unir forças contra o projeto neoliberal representado pela candidatura do PSDB e pelas forças conservadoras que a apoiam.
A ANA, criada em 2002, nunca deixou de fazer críticas contundentes e cobranças ao governo federal sob a liderança de Lula e Dilma, defendendo posições consagradas em seus documentos públicos, como a carta política do III Encontro Nacional de Agroecologia. Somos críticos ao modelo desenvolvimentista em curso, que incentiva os monocultivos e provoca desmatamento, intensifica o uso de agrotóxicos e transgênicos, provoca lentidão na reforma agrária e no reconhecimento dos direitos territoriais das comunidades indígenas e demais comunidades tradicionais e faz a economia do país depender da exportação de poucas commodities agrícolas e minerais. Seguiremos sempre críticos, vigilantes e engajados nas lutas populares.
Mas, além das críticas, é nosso dever reconhecer os avanços e dizer à sociedade que a vida dos/as agricultores e agricultoras familiares melhorou muito com políticas implementadas nos governos Lula e Dilma.
Foram muito importantes as iniciativas de combate ao trabalho em condições análogas à escravidão e trabalho degradante. Este trabalho precisa continuar.
Muitos jovens puderam ter acesso à universidade pública, foram criadas universidades e institutos federais nos municípios do interior, destinados recursos públicos para pesquisa e trabalhos de extensão. As políticas de cotas apontaram um caminho para corrigir injustiças históricas com os mais pobres e com a população negra. O projeto do PSDB é sucatear e privatizar a educação pública, como já demonstrou quando governou o país de 1994 a 2002.
Os Programas Bolsa Família, Brasil Sem Miséria e Mais Médicos deram o mínimo de dignidade a milhões de famílias, muitas delas no meio rural. Foi o início do resgate de uma dívida histórica do Estado brasileiro com a sua população empobrecida pelos séculos de escravidão e descaso dos governos. O país avançou muito no combate à fome e à miséria. O Programa de Documentação das Mulheres Rurais ultrapassou a marca de um milhão de mulheres documentadas. A geração de empregos e a recuperação do salário mínimo significaram melhorias significativas da qualidade de vida de muitas famílias e um passo importante, embora tímido, no enfrentamento da vergonhosa desigualdade de renda do país. Agora, muitos trabalhadores, de cabeça erguida, não se sujeitam mais a condições de trabalho aviltantes e a salários de fome.
Houve avanços em políticas de acesso à energia elétrica, com o programa Luz para Todos, e nos programas habitacionais.
No semiárido brasileiro, o governo ampliou de forma consistente os recursos públicos destinados a garantir água de qualidade para consumo doméstico e para produção de alimentos, com os programas Um Milhão de Cisternas (P1MC) e Uma Terra e Duas Águas (P1+2), executados numa parceira entre o governo federal e Articulação Semiárido Brasileiro (ASA).
Nos governos Lula e Dilma, o Estado recuperou a sua capacidade de apoio à agricultura familiar e camponesa através do aumento expressivo dos recursos para financiamento da produção e para assistência técnica e extensão rural. No governo do PSDB, eram pífios os recursos para financiamento da agricultura familiar e estavam sendo sucateados os serviços públicos de extensão rural.
Outro avanço significativo foi a instituição da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional.
Assistimos também, nos governos Lula e Dilma, à implantação do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) desde 2003, contribuindo para a segurança alimentar e nutricional da população aliando o estímulo à produção diversificada de alimentos saudáveis e o consumo nas creches, escolas e entidades de assistência social. E desde 2009 o Brasil conta com um Programa Nacional de Alimentação Escolar que estimula e produção da agricultura familiar e melhorou a qualidade da alimentação nas escolas do país.
No governo Dilma, a sociedade civil organizada teve a oportunidade de participar da construção da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PNAPO), instituída em 2012. A PNAPO foi um reconhecimento, de parte do Estado e do governo, do enorme potencial da Agroecologia para gerar trabalho digno no campo, produzir alimentos sem agrotóxicos e conservar a biodiversidade, os solos e as águas.
Estas conquistas só foram possíveis porque o governo federal retomou, ainda que não como sonhávamos e gostaríamos, o papel do Estado democrático na implementação de políticas públicas voltadas aos diversos segmentos da classe trabalhadora no Brasil, destinando recursos públicos para o enfrentamento da desigualdade social e para o combate à fome e à pobreza. E porque foram abertos canais de participação democrática da cidadania na definição de políticas, a exemplo do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (Condraf), da Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Cnapo) e da Comissão Nacional De Desenvolvimento Sustentável de Povos e Comunidades Tradicionais. Temos orgulho da participação nesses espaços e da firmeza com que defendemos as ideias e propostas que emanam das organizações dos agricultores e agricultoras e povos e comunidades tradicionais de todos os rincões desse país.
As organizações e movimentos sociais da ANA já passaram por muitos ciclos e momentos históricos. Algumas têm mais de 50 anos, e a maioria foi se construindo após a reabertura democrática do Brasil no início dos anos 80. Sabemos que a conquista de direitos depende de nossa capacidade de organização, e continuaremos mobilizando, multiplicando experiências agroecológicas, pressionando o governo e exigindo mais direitos e políticas adequadas. Sabemos também que o papel do Estado é crucial na disputa de rumos para o país, e que a candidatura do PSDB está associada a retrocessos, ao atraso e a ideais antipopulares. É por isso que temos a clareza que devemos unir nossas forças para, no dia 26 de outubro, eleger Dilma Rousseff para a Presidência da República.
Brasil, 13 de outubro de 2014
Assinam esta carta:
AABA (Articulação de Agroecologia da Bahia)
ABA (Associação Brasileira de Agroecologia)
ACA (Articulação Capixaba de Agroecologia)
AMA (Articulação Mineira de Agroecologia)
ANA Amazônia
APA (Articulação Paulista de Agroecologia)
ASA (Articulação Semiárido Brasileiro)
AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia
CAPINA (Cooperação e Apoio a Projetos de Inspiração Alternativa)
Centro Agroecológico Sabiá
CEDRO (Cooperativa de Consultoria, Projetos e Serviços em Desenvolvimento Sustentável)
CETRA (Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador)
CONAQ (Coordenação Nacional das Comunidades Quilombolas)
CONTAG (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura)
CNS (Conselho Nacional das Populações Extrativistas)
ESPLAR - Centro de Pesquisa e Assessoria
FETRAF Brasil (Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar)
Rede ATER NORDESTE (NE)
FASE - Solidariedade e Educação
MMC (Movimento de Mulheres Camponesas)
MOC (Movimento de Organização Comunitária)
MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores)
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)
REDE ECOVIDA
REGA (Rede de Grupos de Agroecologia do Brasil)
SASOP (Serviço de Assessoria a Organizações Populares)
UNICAFES (União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e da Economia Solidária)

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

MOTOCENTER


ECOTURISMO




2º Festival de Eco Turismo de Porto Mendes será lançado oficialmente nesta sexta-feira

Na oportunidade serão apresentadas todas as atrações do evento deste ano, inclusive as novidades, como shows musicais





A prefeitura de Marechal Cândido Rondon, através da Secretaria de Indústria, Comércio e Turismo, está trabalhando na organização da 2º edição do Festival de Eco Turismo de Porto Mendes. O evento está marcado para acontecer de 14 a 16 de novembro, no parque de lazer Anita Wanderer, e contará com atrações na terra, no ar e na água. Conta com a parceria da Tropical Moto Náutica e Yamaha, além do apoio do grupo Amigos da Pesca do município.
O lançamento oficial da programação acontecerá nesta sexta-feira, dia 24, às 7h30, no auditório do paço municipal. Deverão estar presentes autoridades municipais, representantes de empresas parceiras, representantes da imprensa regional, representantes da comunidade e empresários de Porto Mendes e demais convidados.
Na oportunidade serão apresentadas todas as atrações do evento, as novidades com relação ao ano passado e também será divulgado as atrações artísticas e culturais, entre elas shows.
No ano passado o evento foi realizado com grande sucesso tendo, inclusive, repercussão nacional. A programação conta com várias atividades de ecoturismo, demonstrando uma grande mostra e opções de lazer existentes no município, além de fatos inéditos como o restaurante flutuante no meio do Lago de Itaipu, que deve se repetir neste ano.
O evento abrirá a temporada de verão 2014-2015 no parque de lazer e  visa a valorização de talentos artísticos locais, incentivar e apoiar grupos de esportes alternativos e náuticos, divulgar a gastronomia local, oportunizar espaços para praticantes de esportes, potencializar o distrito turístico de Porto Mendes, fomentando o comércio e os serviços, gerando novas oportunidades e impulsionando a economia local.
Através de tudo isso busca-se garantir atrações específicas para o decorrer do ano, com eventos que atraiam o público nos finais de semana para Porto Mendes, o que já foi realizado após a primeira edição que foi realizada em novembro do ano passado.
Para este ano a expectativa é repetir o sucesso da primeira edição. Além das atrações do ano passado, o evento contará com muitas novidades.


 
O evento, no ano passado, contou com diversas atrações, o que deverão se repetir neste ano. Fotos: Ademir Herrmann


FONTE: ACS/PM/MCR/PR/BR



quarta-feira, 22 de outubro de 2014

CONSTRU&CIA


CRISE HÍDRICA



Retrato de um divórcio com a natureza

 

Ponte sobre o São Francisco em Bom Jesus da Lapa, sertão baiano. Nascente do rio secou pela primeira vez, e  fluxo dos afluentes que percorrem Cerrado diminuiu drasticamente
Ponte sobre o São Francisco em Bom Jesus da Lapa, sertão baiano. Nascente do rio secou pela primeira vez, e fluxo dos afluentes que chegam do Cerrado diminuiu drasticamente. Além de S.Paulo, Minas e Cerrado atingidos. Gravidade do problema, em país com imensas reservas d’água, exige rever por completo politica para rios e florestas

Por Washington Novaes, na Envolverde/IPS

 É preocupante que a maior parte das discussões sobre a crise no abastecimento de água em várias regiões do País continue a admitir – explícita ou implicitamente – que a solução virá, neste fim de ano, apenas com a “normalização” do regime de chuvas, principalmente em São Paulo, Minas Gerais e no Cerrado. Será preciso muito mais.
Vai-se de susto em São Paulo. Pela primeira vez na história, a nascente do Rio São Francisco, na Serra da Canastra (MG), está “completamente seca” – e o rio também quase não recebe mais, ao longo de seus 2.700 quilômetros, água de seus tributários que nascem no Cerrado ou nele estão.
Há quase uma década o autor destas linhas registrava, em documentário para a TV Cultura, que o problema já estava presente no Verde Grande e outros afluentes do São Francisco, com o desmatamento no Cerrado; o então diretor de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, professor Bráulio S. Dias, dizia que uma avaliação no subsolo do Cerrado – que verte água para as três maiores bacias brasileiras – mostrava um estoque suficiente para sete anos. Mais alguns anos à frente, já secretário-geral da Convenção da Biodiversidade da ONU, o professor Bráulio mostrava sua preocupação com a queda do estoque para um fluxo de apenas três anos.
Ao que parece, em alguns lugares o estoque se esgotou, com o desmatamento (mais de 50% do Cerrado) e a impermeabilização do solo, que impedem a infiltração da água. E não se recomporá apenas de um ano para outro. É a tese, por exemplo, do professor João Suassuna, da Fundação Joaquim Nabuco (Recife), para quem “a chegada de novas chuvas não garante, em absoluto, a infiltração da água no solo e tampouco a volta da normalidade nas nascentes” (remabrasil, 30/9).
O problema é grave também em outras áreas. Observa o jornalista científico Julio Ottoboni (Eco21, agosto de 2014), que parte do Sudeste brasileiro, do Centro do País e do Sul podem estar caminhando “para a desertificação”, com a situação atual agravada pela seca relacionada com a devastação da Floresta Amazônica e sua influência nos regimes do clima mais a sul, como “cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e do Instituto de Pesquisas da Amazônia alertam há uma década”. A Floresta Amazônica, lembra ele, só de 1970 para cá perdeu 600 mil quilômetros quadrados de mata (já há cálculos de que, no total, sejam 750 mil quilômetros quadrados , segundo a Folha de S.Paulo, 9/6). Com isso o fluxo para o Sul de nuvens de ar úmido que dali provinham vem sendo bloqueado progressivamente.
Também a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO-ONU) vem alertando (24/7) para a necessidade premente de deter o processo de degradação do solo, que já é de moderado a altamente preocupante em 33% das terras, onde está um quarto da biodiversidade e parcela importante da água. No nosso continente a degradação já está presente em 25% dos solos; desde o século 19, nada menos que 60% do carbono armazenado nos solos se perdeu, com mudanças no uso da terra, desmatamento para a agricultura e pecuária e outras atividades.
No Semiárido brasileiro – “o mais chuvoso do mundo”, segundo João Suassuna -, 90% da água da água se evapora sem se infiltrar no solo impermeabilizado. E faz lembrar o então ministro Celso Furtado quando dizia que a ocupação da faixa litorânea do Nordeste pela cana-de-açúcar deslocara a maior parte da população para as regiões mais áridas e impróprias para a agricultura, com água escassa (daí a criação, em pequena escala, de gado bovino e bodes). Faz lembrar também o escritor Ariano Suassuna, que ao ser perguntado por este escriba sobre o que achava dos programas de combate à seca no Nordeste, respondeu de pronto: “Tentar combater a seca no Nordeste é o mesmo que tentar impedir a neve na Sibéria”. O correto são programas de convivência, explicou. Como as cisternas de placa, as barragens subterrâneas – e não com transposição de água, pode-se acrescentar.
Então, não se avançará sem forte apoio à substituição da lenha na matriz energética do Semiárido (30% do total). Não se avançará sem programas federais, estaduais e municipais de combate drástico ao desmatamento (o desmatamento recente na Amazônia voltou a crescer). Sem repressão implacável a queimadas ali e no Cerrado, onde no período janeiro/julho último foram quase 20 mil, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Onde as novas áreas de pastagens respondem por 46% da área desmatada, segundo o Inpe e Embrapa (Valor, 22/9).
E é preciso partir imediatamente, em todo o país, e mais especialmente no caso paulista, para fortes programas de redução de perdas nas redes de distribuição de água. No País, a perda média é de 40%. Mesmo em São Paulo, que as reduziu para pouco mais de 25%, não faz sentido admitir um futuro muito sombrio se é possível eliminar essa perda – desde que se impeça a influência das grandes empreiteiras de obras, que não as querem nas redes, por se tratar de pequenas intervenções ao longo de toda a cidade, e não de obras milionárias (como as de transposição ou de captação de água a grandes distâncias).
Numa cidade como São Paulo – já se escreveu tantas vezes neste espaço – não faz sentido igualmente arrancar os cabelos e, ao mesmo tempo, não poder usar um litro de água como a dos Rios Tietê e Pinheiros, altamente poluídos por deposição de esgotos, lixo, sedimentos, etc. Nem pensar, passivamente, que mais de 30 afluentes do primeiro rio continuam sepultados sob o asfalto, sem possibilidade de intervenção.
Soluções há. Mas é preciso deixar de lado velhas crenças de que a natureza, sozinha, tudo fará, e num prazo curto – basta que retornem as chuvas, esquecendo-se as situações mencionadas neste artigo e outras. O Brasil tem jeito. Mas é preciso querer buscar caminhos adequados – que precisam ser o foco das discussões no segundo turno da votação.


Fonte:  Postado em 15 de outubro de 2014- http://outraspalavras.net/outrasmidias/capa-outras-midias/crise-hidrica-retrato-de-um-divorcio-com-a-natureza/ Acessado em 20/10/2014

terça-feira, 21 de outubro de 2014

HAUS BIER


INTEGRAÇÃO LAVOURA PECUÁRIA


Integração lavoura-pecuária garante bons resultados no Oeste de MT



Integração lavoura e pecuária (Foto: Anderson Viegas/G1 MS) 
Integração lavoura e pecuária tem apresentado
ótimos resultados em Tangará da Serra e Campo
Novo do Parecis (MT). (Foto: Anderson Viegas/G1 MS)
 
 
Produtores de Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis, região Oeste de Mato Grosso, têm observado os benefícios que a integração lavoura-pecuária tem trazido não somente com o aumento da produção, mas também com as melhorias gradativas na qualidade do solo.
Um dos benefícios também observado por José Delcaro, em sua propriedade foi a pastagem verde durante a entressafra. Há três anos, ele integra o cultivo agrícola com a criação de gado no Sistema “Santa Fé”, consorciando milho e Brachiaria ruziziensis, o que fornece capim no período seco para 1,4 mil cabeças de gado e que agora estão em confinamento.
O produtor explica que são feitas duas colheitas de milho: no início do plantio das primeiras chuvas, em outubro, e no final de janeiro ao início de fevereiro, que é colhido para fazer a silagem. “A segunda eu planto de imediato, só que eu já planto com capim, porque eu colho o milho e já fica o capim. Assim que você retira o milho com trinta dias, está um pasto verde, mesmo no período da seca”, conta Delcaro.
Além da forrageira fornecer alimento adequado na entressafra ao rebanho, depois da colheita do milho a palhada ajuda a proteger o solo contra a erosão.
 Em Campo Novo do Parecis, o sistema tornou-se também uma aposta na propriedade do produtor e engenheiro agrônomo Rogério Arioli. Segundo ele, nos talhões plantados com milho e braquiária, a produtividade aumentou 10%. A produtividade de soja esperada para esta safra é de 60 sacas por hectare, sendo que a fertilidade do solo também é beneficiada pelo cultivo múltiplo.
Ele diz que a braquiária tem a possibilidade, por meio desse sistema radicular, de trazer novamente para a solução do solo o fósforo que não é assimilável pelas plantas de soja e milho. No plantio direto, a adição de palha por hectare é de pelo menos 15 toneladas ao ano. A integração consegue incorporar quase o dobro disso. “Em três anos, tivemos a melhor produtividade na fazenda em cima das áreas de braquiária e em função, logicamente, de todos esses benefícios que a braquiária traz para o sistema”, comenta.
A área com integração traz um ganho extra por hectare. O faturamento chega a R$ 600 a mais por hectare com a produção de carne, pois o gado chega a ganhar 500 gramas por dia. O ataque de pragas e das aplicações de agrotóxicos diminuem e o gasto com herbicidas é menor. A intenção agora é aumentar a área cultivada com milho e braquiária de duzentos para seiscentos hectares.
A fazenda ainda faz a rotatividade das pastagens a cada três anos. Em uma área, o pasto dará lugar à soja no próximo ano. “Dividimos a fazenda no sistema modular, onde a pastagem fica três anos e dá lugar para a implantação de culturas anuais, com o objetivo das culturas anuais melhorarem quimicamente essas áreas. Com isso, não temos tido a necessidade de aplicar nitrogênio nas pastagens por enquanto”, afirma Arioli.
A expectativa do produtor é de que os ganhos materiais e ambientais permaneçam a longo prazo. “Não temos nem como mensurar economicamente a melhoria dos nossos solos à medida que o tempo passa, incorporando matéria orgânica e dando condições para a microfauna do solo se desenvolvendo melhor e com isso disponibilizando nutrientes, aumentando o teor de matéria orgânica e levando solo novamente a um equilíbrio”, relata.

FONTE: http://www.cbnfoz.com.br/editorial/brasil/mato-grosso/18102014-221153-integracao-lavoura-pecuaria-garante-bons-resultados-no-oeste-de-mt - acessado em 21/10/2014