quinta-feira, 21 de abril de 2016

HOMO SAPIENS



CENTENAS JÁ MORRERAM


Famintos, animais definham em zoológico do interior de SC


13 de abril de 2012 às 13:00

Leão permanece no zoológico do Cattoni-Tur Hotel, no centro de Salete (SC), após interdição do Ibama (Foto: Adriano Vizoni - Folhapress)
O rugido insistente de um leão se tornou comum em meio à paisagem de araucárias do interior de Santa Catarina nas últimas semanas.
“É por causa da fome”, diz a voluntária Sílvia Pompeu, enquanto joga um pedaço de alimento para o animal de aparência esquelética, que devora o alimento em segundos. Macacos apáticos em jaulas imundas observam a cena.
Eles e outras dezenas de animais são os sobreviventes do zoológico do Cattoni-Tur Hotel, no centro de Salete (a 260 km de Florianópolis).
Segundo o Ibama, o local foi praticamente abandonado pelo dono, Azodir Cattoni, após o órgão interditá-lo, em dezembro. Desde então, os animais passaram a comer cada vez menos.
A eletricidade foi cortada. E sem as cercas elétricas, uma onça já pulou na jaula dos leões e foi morta. “Todo mundo corre risco de morte”, disse a analista ambiental do Ibama Gabriela Breda, que circula armada pelo zoo.
Instalado num antigo seminário, o hotel-zoo foi aberto em 2007 e passou a acumular legalmente enorme quantidade de animais. Havia mais exemplares de certas espécies do que no zoo paulistano.
“Vinham de apreensões ou foram abandonados por circos”, disse Elenice Franco, do Ibama. Segundo o órgão, os recintos são inadequados, e o acúmulo se refletiu no índice de mortalidade, que alcançou 80%. O aceitável seria até 20%.
Dos 1.100 animais que entraram lá, só 214 estavam vivos na interdição, decidida após a fuga da elefante Carla, que saiu em disparada pelas ruas e só foi capturada horas depois –hoje ela vive no Rio.
Multas aplicadas pelo Ibama somam R$ 50 mil. Agora, até o hotel está fechado.
O órgão e voluntários intervieram na semana passada. Dezenas de animais já foram levados a outros zoos, mas cerca de 40, entre macacos e avestruzes, não têm para onde ir.
Voluntários do santuário Rancho dos Gnomos, de SP, foram até os felinos –alguns até rezam para tranquilizá-los. “Esse vai precisar de muitas preces”, disse Sandra Calado na terça passada, ao observar um tigre de bengala esquelético, que não resistiu.
Azodir Cattoni não foi localizado. O Ibama diz ter sido informado de que ele está fora do país. Advogados que já o representaram não se manifestaram. No hotel ainda atuam quatro pessoas, entre elas uma irmã e um cunhado, que se recusaram a falar com a Folha.
Com informações da Folha de São Paulo
Nota da Redação: Trata-se de mais um cenário muito triste de descaso, confinamento e sofrimento de seres inocentes vítimas da exploração humana. Esses animais devem ser alimentados, avaliados por veterinários e transferidos com urgência para santuários, onde possam viver tranquilamente – já que, uma vez condenados ao confinamento por longos períodos, os animais acabam se tornando dependentes da ajuda humana para sobreviver . A Justiça brasileira deveria, no mínimo, obrigar os causadores desse transtorno a arcar com todos os custos necessários para realocar esses animais em ambientes seguros e saudáveis.

Fonte: http://www.anda.jor.br/13/04/2012/famintos-animais-definham-em-zoologico-do-interior-de-sc

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