terça-feira, 5 de abril de 2016

EDITORIAL JORNALISMO B


IMPEACHMENT OU GOLPE? ELEIÇÕES GERAIS OU CUMPRIMENTO DO MANDATO? *

EDITORIAL
Trata-se de uma obviedade afirmar que o Brasil atravessa um momento politicamente delicado. É preciso, assim, reconhecer que há posicionamentos diversos dentre os campos políticos e indivíduos que procuram fazer a política de forma séria, argumentativa e tolerante. Há setores que defendem eleições gerais como forma de encontrar uma saída para a crise política através do voto. São setores respeitáveis e que devem ter suas posições seriamente debatidas. Há, por outro lado, as centenas de milhares de pessoas que têm ido às ruas com o lema “Não ao golpe”., entendendo que, na atual conjuntura, o fundamental é garantir a permanência de um governo legítima e democraticamente reeleito em outubro de 2014.
foto
Embora respeitemos e acolhamos todas as posições dos diversos campos representativos da esquerda e dos interesses dos trabalhadores, como sempre primamos por fazer no Jornalismo B, nossa posição é de que, neste momento, não há razão que justifique a queda da presidenta e, dessa forma, o conjunto da esquerda e dos trabalhadores deve estar unificado em defesa das mínimas estabilidades democráticas.
Isso não significa defesa do governo e de suas muitas ações que afrontam os direitos da classe trabalhadora. Pelo contrário. Não podemos receber sem reação quaisquer ataques desse tipo, venham de quem vierem. E é justamente pela defesa dos direitos e das lutas dos trabalhadores e das esquerdas que devemos dizer não ao golpeachment e defender a estabilidade mínima dessa frágil e limitada democracia que temos. Especialmente em um momento em que não há alternativas concretas de organização dos “de baixo” no que se refere à política institucional, a instabilidade política e a crise estabelecida em nada contribuem para resguardar direitos e seguir nos processos de luta pelas transformações necessárias. Na verdade, o avanço conservador e o enfraquecimento das instituições coloca os trabalhadores cada vez mais em uma posição defensiva.Sem uma estabilidade democrática mínima, esse quadro agrava-se.
Entendemos que o governo Dilma vem retirando direitos, atacando os trabalhadores e favorecendo as elites do país. A chamada “Lei Antiterrorismo” e os seguidos pacotes de ajuste fiscal são exemplos bem acabados desse processo. O Jornalismo B tem denunciado cada um desses ataques. Porém, não é apenas um governo que está em questão, mas o próprio campo de jogo em que se desenvolvem as lutas para modificar essa realidade. É pela estabilidade desse campo, onde a cidadania busca avançar, onde o diálogo pode prosperar, onde os movimentos constroem suas – nossas – lutas, onde as dinâmicas sociais se politizam, que é preciso recusar qualquer alternativa que não seja o cumprimento do mandato da presidenta eleita.

* Título modificado
Fonte: http://jornalismob.com/2016/04/01/editorial-impeachment-ou-golpe-eleicoes-gerais-ou-cumprimento-do-mandato/

Nenhum comentário: