terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

HONESTIDADE



Mendigo recebe R$ 170 mil em doações após devolver anel de diamante

 

Mendigo que devolveu anel diz não entender ainda como o fato de ele ter devolvido algo que não era seu tenha gerado tanta repercussão e dinheiro

A honestidade virou a vida do mendigo Billy Harris de cabeça para baixo. Ele chamou a atenção dos Estados Unidos ao achar um anel de diamante e devolvê-lo à dona. O anel caiu na canequinha de moedas do pedinte após Sarah Darling fazer uma doação a ele em Missouri (no centro-sul dos EUA)

mendigo devolve anel diamante doações
 Mendigo devolve anel de diamante e recebe milhares de dólares em doações (Foto: KCTV)


Por causa da bela atitude do mendigo, a própria Sarah resolveu abrir uma conta para arrecadar fundos para Harris. Desde 14 de fevereiro, as doações já somam US$ 86 mil, cerca de R$ 170 mil, segundo esta matéria do site norte-americano Huffington Post.
“Não sei como você acabou nessa situação, mas ao ver a sua história na TV, caí em lágrimas. Tenho certeza de que você é um homem honesto e de bom coração”, disse Volanda Shields, doadora de mil dólares para a campanha em favor de Harris.
No entanto, o sem-teto diz não entender ainda como o fato de ele ter devolvido algo que não era seu tenha gerado tanta repercussão e dinheiro: “No que o mundo se transformou quando alguém devolve o que não é seu e tudo isso acontece?”, questiona Harris.

Postado em: 26 fev 2013 às 9:24
Fonte: http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/02/mendigo-recebe-r-170-mil-em-doacoes-apos-devolver-anel-de-diamante.html

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

CRÔNICA



"Flashblack": O show, soberania e o ex-general 

 

Oviedo em Cascavel em 2009
Estava quase convencido a não postar sobre o tema, confesso que esses shows para gringo ver não me atraem em nada e a cobertura que a mídia corporativa faz já é mais do que suficiente, porém algumas lembranças me fizeram acabar dando um "pitaco" e ter um flashback.

Não vou discutir modelo agrícola, da opção pela agricultura familiar voltada a produção orgânica ou pelas monoculturas dos agrotóxicos e das commodities. Não sou camponês e esse sim tem mais propriedade (não posse) para isso. Até porque, em minhas andanças pela imprensa comercial, fui colocar esse debate em pauta em uma entrevista com o presidente "vitalício" da cooperativa e a resposta não foi das mais "educadas".

Não lembro em quantas vezes precisei fazer a cobertura política do show. O simples fato de  uma feira de "agrobusiness" ter uma cobertura política já é um caso à parte, afinal, alguns "figurões" sempre fazem do evento seu próprio "showzinho" particular, principalmente quando a feira coincide com anos eleitorais.

Nesse clima, "autoridades estabelecidas" desembarcam no velho oeste e desfilam pelas ruas internas do parque como se fosse uma passarela eleitoral, escoltados por rol de "aspones", outras "otoridades" não tão estabelecidas ainda e uma comissão de frente capitaneada por um fiel "relações públicas".

Os figurões criam um clima de cordialidade mútua, apertos de mãos, tapinhas nas costas e sorrisos amarelos. Puxa-sacos de plantão, figurões locais e parte da imprensa ajudam no cenário com a massagem no ego dessas figurinhas carimbadas.

Em uma dessas oportunidades - em 2009 - estava entre os figurões o ex-general paraguaio Lino Oviedo, muito bem quisto no evento devido à amizade com grandes produtores rurais da região. Lembro que enquanto alguns lhe perguntavam sobre a "magnitude da feira", resolvi questioná-lo sobre a luta agrária no Paraguai e a questão dos brasiguaios - que não é de hoje e nem da última década, mas que teve início no final dos anos 70.

A conversa com Oviedo me veio à lembrança neste domingo ao saber da morte do ex-general. Lembro dele culpando Lugo pela situação na fronteira, lembro dele exaltando a produção dos "sojeiros", mas em nenhum momento fez uma contextualização histórica ao ser indagado. O foco de Oviedo se assemelhou em muito ao enfatizado por grande parte da imprensa tupiniquim.

Todos sabemos que a luta pela terra no Paraguai tem se acentuado com as ocupações feitas pelos "carperos", cerca de 18 mil camponeses que não possuem terras em seu próprio país, mas que não tem o mesmo espaço editorial na nação ocupada em grande parte por latifúndios de brasileiros, que tiveram uma "mãozinha" na aquisição dessas propriedades.

A lógica agrária no Paraguai sempre esteve diretamente ligada aos partidos tradicionais do país, que instauraram durante décadas um poder ditatorial no campo. Os poderes militares e autoritários que dominaram o país até a eleição de Lugo promoveram por décadas, na base da repressão e dos benefícios concedidos a setores e funcionários do Estado, uma política agrária nacional conhecida como de "bem-estar rural", onde os beneficiados foram latifundiários e a burocracia político-militar.

Enquanto a propaganda midiática vende o "desenvolvimento" e a "modernização do campo", o que se tem visto é que os latifundiários sojeiros não estão preocupados em enriquecer a economia paraguaia, pelo contrário, tem provocado empobrecimento do solo, redução da quantidade de terra para o plantio de alimentos, encarecendo os preços dos produtos agrícolas. Essa é a lógica da agricultura de monocultura extensiva das commodities.

Entender a situação agrária no Paraguai passa por lembrar que na década de 70, o governo militar de Alfredo Stroessner passou a entregar praticamente de graça as terras de seu país aos latifundiários brasileiros. Até 1967, existia por lá uma lei que proibia a compra de terras por estrangeiros na faixa de 150 km de suas fronteiras. Com a abolição da lei, houve uma migração em massa de brasileiros para o Paraguai, inclusive da região Oeste e Sudoeste do Paraná. A partir daí, o Paraguai passou a ter a soja como principal base de sustentação e sua principal pauta de exportação, tornando-se refém de grandes multinacionais.

Tratar o tema do campo no viés do clima do medo e do "estado de exceção" cheira a orquestração, é colocar trabalhador contra trabalhador, pois apesar de poucos noticiarem muitos desses brasiguaios são trabalhadores que foram trabalhar em grandes fazendas de grileiros brasileiros, ou seja, também são sem-terras que precisam ser assentados em seu país de origem, mas que são constantemente jogados contra sem-terras paraguaios. E não será conclamando o braço militarizado de Estado que a situação se resolverá.

Luta pela terra é questão de soberania nacional, um debate que retornou e tem se acentuado no Paraguai nos últimos anos. Ele ficou engasgado durante anos de ditadura e tentativas de golpes de Estado. Com o retorno do debate, retornaram as lutas sociais na nação vizinha, mas ao avaliarmos a cobertura de grande parte da imprensa corporativa - tão em sintonia com o modelo dos feirões do agrobussiness - podemos tirar a conclusão que muitos no Brasil ainda têm problema com a democracia, especialmente a democracia alheia.

Enfim, a notícia da morte do ex-general paraguaio me trouxe esse flashback...
 
 
 
 

Fonte: http://sitiocoletivo.blogspot.com.br/2013/02/flashblack-o-show-soberania-e-o-ex.html/domingo, 3 de fevereiro de 2013

ÓTICA DA VISÃO




BIOGEOGRAFIA



Um quê de arrogância

Faz sentido separar os humanos de todo o resto da diversidade biológica? O livro ‘O terceiro chimpanzé’, resenhado na CH de junho, busca desfazer a ruptura discreta e arbitrária que isola a humanidade de todos os outros seres vivos. 
 
Por: Claudia Russo 
Publicado em 11/07/2011 | Atualizado em 19/07/2011 
em http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/2011/282/um-que-de-arrogancia

 
Um quê de arrogância
À esquerda, o chimpanzé comum (‘Pan troglodytes’), e à direita, 
o chimpanzé pigmeu (‘Pan paniscus’), as duas espécies conhecidas 
de chimpanzés. (fotos: Thomas Lersch/ CC BY 2.5 e Trisha Shears/CC BY-SA 3.0) 

 
Um apanhado sobre as modificações anatômicas e comportamentais que nos fizeram a espécie que somos hoje é o mote deste novo livro do biogeógrafo norte-americano Jared Diamond.
O título do livro enaltece a pequena grandeza das diferenças, comparando genomas do ser humano, o chamado terceiro chimpanzé, com o chimpanzé comum da África tropical e o chimpanzé pigmeu do Zaire.
Por que não nos chamamos de Pan sapiens?
Por que não nos chamamos de Pan sapiens? Faz sentido promover uma dicotomia entre humanos e o resto da diversidade biológica? Ou isso é apenas arrogância e egocentrismo nosso?
O texto inicia com uma clara preocupação conservacionista, com um questionamento sobre o fato de que nossas leis (contra assassinato, por exemplo) se aplicam apenas ao Homo sapiens e não ao primeiro e ao segundo chimpanzés.
Qual o motivo do código de ética humano fazer uma distinção entre os humanos e as demais espécies biológicas? Será que a distinção é arbitrária e demonstra apenas nosso pensamento enviesado e antropocêntrico ou tem alguma característica biológica que explique tais distinções? Se tal distinção tem base biológica realmente, deveríamos ter um código de ética para cada espécie biológica diferente.
Carla de 'O terceiro chimpanzé

Assim, ao longo do texto, o autor estabelece uma análise comparativa entre as características ditas exclusivamente humanas e seus primórdios na diversidade biológica: elefantes pintores, chimpanzés e macacos verdes com rudimentos de vocalização contextualizada, entre outros.
Tais características humanas, ou quase exclusivamente humanas, marcam o que o autor chama de o ‘grande salto para frente’, ditando a ascensão do moderno Homo sapiens. Assim, buscando os rudimentos das características do grande salto na diversidade biológica, o autor busca desfazer a ruptura discreta e arbitrária que isola a humanidade do mundo biológico.
Em muitas passagens, o autor menciona a Papua-Nova Guiné, onde ele mesmo fez boa parte de sua pesquisa. O local, onde a língua mais importante é falada por apenas 3% da população, é um excelente exemplo da importância da linguagem e das formas alternativas de comunicação que brotam da necessidade cotidiana de troca de informações.
Em uma determinada passagem, o autor questiona a lenda do homem caçador, que abate leões africanos e mamutes americanos para sustentar a sua subsistência carnívora. Ele menciona como os caçadores da Papua esbravejam em conversas abertas os momentos gloriosos durante a caça, mas que, ao redor da fogueira, admitem que a caça provê uma pequena parte das suas refeições. A maioria das calorias vem de vegetais coletados pelas mulheres, e a pouca proteína consumida provém de pequenos animais como coelhos e rãs.
Outro ponto importante do livro é a comparação dos humanos com os neandertais. Essas duas espécies conviveram durante algumas dezenas de milhares de anos e o Homo neanderthalensis não sobreviveu a esse encontro. Detalhe: essa espécie era maior, mais musculosa e de cérebro maior.
O autor menciona ainda evidências que sugerem que os neandertais possuem um canal de parto maior. Isso poderia indicar que os bebês nasciam maiores e que a gravidez neandertal poderia levar um ano, em vez dos nove meses humanos, indicando um claro isolamento reprodutivo, uma vez que o bebê híbrido não poderia sobrevir. O que aconteceu com eles? Que características foram determinantes para a sobrevivência do sapiens e a extinção dos neandertais?
Esses últimos eram mais musculosos, o que significa mais comida para garantir a alimentação. Eles careciam de objetos artísticos. Podem ter usado roupas, mas elas devem ter sido de fabricação grosseira, sem sutura ou costura. As ferramentas eram feitas com matéria-prima local. Não tinham embarcações para comercializar seus produtos em longas distâncias.
Outro ponto interessante apontado pelo autor é o fato de que os neandertais exibiam poucas diferenças culturais marcadas pela geografia. Eles habitavam longos territórios que iam da península ibérica até a Rússia; entretanto, toda a cultura neandertal era muito semelhante.
Os neandertais tinham belas ferramentas feitas de maneira burra. A idade avançada na sociedade neandertal era 30 a 40 anos, o que significa que para espécies sem escrita, a passagem de conhecimento de uma geração para outra era pequena e ineficaz.
De leitura fluente, o livro é repleto de passagens interessantes que, juntas, montam um delicioso convite à reflexão.


Claudia Russo
Instituto de Biologia
Universidade Federal do Rio de Janeiro

Fonte: http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/2011/282/um-que-de-arrogancia

AS PLANTAS



No tienen ojos, narices, ni oídos, pero dependen de sus sentidos, en formas que la ciencia sólo ahora está comenzando a comprender.

"Las plantas pueden parecen inertes, pero viven en un mundo muy sensorial", dijo a BBC Mundo Daniel Chamotivz, director del Centro Manna para la Biociencia de la Plantas en la Universidad de Tel Aviv.
Chamovitz es el autor del libro "Lo que una planta sabe", en el que el científico reúne investigaciones que revelan un mundo desconocido para muchos.
"La mayoría de la gente se sorprende al saber que las plantas pueden diferenciar entre el rojo y el azul o responden al tacto", dijo Chamovitz.
¿Puede decirse que las plantas tienen cinco sentidos como los seres humanos?
"Responden a sustancias químicas en el aire, a señales de luz. Sí podemos decir que ven, huelen y responden al tacto, siempre que recordemos que al usar esos términos no estamos diciendo que experimentan el mundo de la misma forma que una persona".
Luz y tacto
Chamovitz señala que así como los seres humanos tienen fotorreceptores en sus ojos que permiten ver, las plantas tienen sus propios fotoreceptores en hojas y tallos.
 
Las raíces de maíz crecen en dirección a vibraciones de frecuencias específicas, según científicos en Italia.
Estos receptores les permiten distinguir entre rojo y azul e incluso diferenciar longitudes de onda que nosotros no tenemos la capacidad de distinguir.
"Hay un tipo de fotorreceptor que compartimos. Durante el día, los criptocromos en las células diferencian la luz azul y ultravioleta, usando esta señal para marcar el reloj interno y el ritmo circadiano. En las plantas, este reloj regula muchos procesos, como los movimientos de las hojas y la fotosíntesis".
Las plantas también habitan un mundo táctil, respondiendo por ejemplo al frío y al calor moderando su uso de agua o su ritmo de crecimiento.
La sensibilidad táctil es evidente en la planta carnívora conocida como Venus atrapamoscas, Dionaea muscipula, que no se cierra ante cualquier estímulo.
"Deben ocurrir al menos dos contactos con los pelos en el interior de la trampa separados por unos 20 segundos. Esto ayuda a asegurar que la presa es del tamaño ideal y no se escapará".
Chamovitz señala que "el mecanismo por el que la Venus atrapamoscas siente a su presa es similar al que me permite sentir un insecto que sube por mi brazo. En el caso de las personas, receptores de tacto en la piel activan una corriente eléctrica que pasa por los nervios hasta llegar al cerebro que instiga una respuesta. En el caso de la planta, el contacto induce una corriente que se irradia por las hojas, lo que a su vez activa canales de iones en la membrana de las células haciendo que la trampa se cierre, todo en menos de una décima de segundo".
Vibraciones
 
Investigadores en Suiza grabaron las vibraciones que emanaban de robles durante una sequía.
Las plantas también pueden detectar sonidos.
Investigadores del Instituto de Ciencias Botánicas en Berna, Suiza, grabaron recientemente vibraciones ultrasónicas que emanaban de pinos y robles durante una sequía, tal vez alertando a otros árboles a prepararse para condiciones de escasez de agua, señaló Chamovitz.
Y Stefano Mancuso, del Laboratorio Internacional de Neurobiología de las Plantas en la Universidad de Florencia, Italia, y sus colegas, están comenzado a aplicar estándares rigurosos al estudio de la audición en estos organismos (Trends in Plant Sciences, vol. 17, p. 323).
"Sus resultados preliminares indican que las raíces de maíz crecen en dirección a vibraciones de frecuencias específicas. Y es más sorprendente aún su constatación de que las raíces mismas también podrían estar emitiendo ondas de sonido".
El científico también señala que, al igual que nuestras lenguas contienen receptores para distintas moléculas en alimentos, las plantas tienen receptores para moléculas solubles. Y cita el caso de una planta parásita, la cuscuta, que casi no contiene clorofila y huele a sus potenciales victimas.
Primas lejanas
Para Chamovitz, "cuando miramos a una planta debemos verla como una vieja prima lejana. Hace dos mil millones de años las plantas y los humanos evolucionaron de las mismas células. Unas tomaron un camino y otras otro, pero la biología básica es la misma".
"
Pensemos que las plantas están viendo luz, oliendo aromas, distinguen arriba y abajo, e integran toda esta información sin tener un cerebro. ¿Cómo lo hacen? Esta es una de las preguntas increíbles que debemos comprender"
Daniel Chamovitz, Centro Manna para la Biociencia de las Plantas
Entender en mayor profundidad el mundo sensorial de las plantas es además vital para nuestro propio futuro, según el investigador.
"Pensemos que las plantas están viendo luz, oliendo aromas, distinguen arriba y abajo e integran toda esta información sin tener un cerebro. ¿Cómo lo hacen? Esta es una de las preguntas increíbles que debemos comprender".
Hacerlo es fundamental, según el científico, ya que "toda nuestra vida depende de las plantas": respiramos el oxigeno liberado por las plantas, nos alimentamos de ellas, nos vestimos con productos obtenidos a partir de ellas, viajamos en vehículos que funcionan con combustibles de plantas fósiles y nos curamos con medicinas derivadas de plantas.
"Y con un mundo que en 2050 tendrá 9.000 millones de habitantes, con menos agua, fertilizante, tierra disponible, menos de todo, ¿cómo vamos a cultivar suficientes plantas para satisfacer nuestras necesidades si no entendemos cómo responden al ambiente que las rodea?".
No tienen ojos, narices, ni oídos, pero dependen
de sus sentidos, en formas que la ciencia sólo
ahora está comenzando a comprender.

"Las plantas pueden parecen inertes, pero viven en un mundo muy sensorial", dijo a BBC Mundo Daniel Chamotivz, director del Centro Manna para la Biociencia de la Plantas en la Universidad de Tel Aviv.
Chamovitz es el autor del libro "Lo que una planta sabe", en el que el científico reúne investigaciones que revelan un mundo desconocido para muchos.
"La mayoría de la gente se sorprende al saber que las plantas pueden diferenciar entre el rojo y el azul o responden al tacto", dijo Chamovitz.
¿Puede decirse que las plantas tienen cinco sentidos como los seres humanos?
"Responden a sustancias químicas en el aire, a señales de luz. Sí podemos decir que ven, huelen y responden al tacto, siempre que recordemos que al usar esos términos no estamos diciendo que experimentan el mundo de la misma forma que una persona".
Luz y tacto
Chamovitz señala que así como los seres humanos tienen fotorreceptores en sus ojos que permiten ver, las plantas tienen sus propios fotoreceptores en hojas y tallos.

Las raíces de maíz crecen en dirección a vibraciones de frecuencias específicas, según científicos en Italia.
Estos receptores les permiten distinguir entre rojo y azul e incluso diferenciar longitudes de onda que nosotros no tenemos la capacidad de distinguir.
"Hay un tipo de fotorreceptor que compartimos. Durante el día, los criptocromos en las células diferencian la luz azul y ultravioleta, usando esta señal para marcar el reloj interno y el ritmo circadiano. En las plantas, este reloj regula muchos procesos, como los movimientos de las hojas y la fotosíntesis".
Las plantas también habitan un mundo táctil, respondiendo por ejemplo al frío y al calor moderando su uso de agua o su ritmo de crecimiento.
La sensibilidad táctil es evidente en la planta carnívora conocida como Venus atrapamoscas, Dionaea muscipula, que no se cierra ante cualquier estímulo.
"Deben ocurrir al menos dos contactos con los pelos en el interior de la trampa separados por unos 20 segundos. Esto ayuda a asegurar que la presa es del tamaño ideal y no se escapará".
Chamovitz señala que "el mecanismo por el que la Venus atrapamoscas siente a su presa es similar al que me permite sentir un insecto que sube por mi brazo. En el caso de las personas, receptores de tacto en la piel activan una corriente eléctrica que pasa por los nervios hasta llegar al cerebro que instiga una respuesta. En el caso de la planta, el contacto induce una corriente que se irradia por las hojas, lo que a su vez activa canales de iones en la membrana de las células haciendo que la trampa se cierre, todo en menos de una décima de segundo".
Vibraciones

Investigadores en Suiza grabaron las vibraciones que emanaban de robles durante una sequía.
Las plantas también pueden detectar sonidos.
Investigadores del Instituto de Ciencias Botánicas en Berna, Suiza, grabaron recientemente vibraciones ultrasónicas que emanaban de pinos y robles durante una sequía, tal vez alertando a otros árboles a prepararse para condiciones de escasez de agua, señaló Chamovitz.
Y Stefano Mancuso, del Laboratorio Internacional de Neurobiología de las Plantas en la Universidad de Florencia, Italia, y sus colegas, están comenzado a aplicar estándares rigurosos al estudio de la audición en estos organismos (Trends in Plant Sciences, vol. 17, p. 323).
"Sus resultados preliminares indican que las raíces de maíz crecen en dirección a vibraciones de frecuencias específicas. Y es más sorprendente aún su constatación de que las raíces mismas también podrían estar emitiendo ondas de sonido".
El científico también señala que, al igual que nuestras lenguas contienen receptores para distintas moléculas en alimentos, las plantas tienen receptores para moléculas solubles. Y cita el caso de una planta parásita, la cuscuta, que casi no contiene clorofila y huele a sus potenciales victimas.
Primas lejanas
Para Chamovitz, "cuando miramos a una planta debemos verla como una vieja prima lejana. Hace dos mil millones de años las plantas y los humanos evolucionaron de las mismas células. Unas tomaron un camino y otras otro, pero la biología básica es la misma".
"
Pensemos que las plantas están viendo luz, oliendo aromas, distinguen arriba y abajo, e integran toda esta información sin tener un cerebro. ¿Cómo lo hacen? Esta es una de las preguntas increíbles que debemos comprender"
Daniel Chamovitz, Centro Manna para la Biociencia de las Plantas
Entender en mayor profundidad el mundo sensorial de las plantas es además vital para nuestro propio futuro, según el investigador.
"Pensemos que las plantas están viendo luz, oliendo aromas, distinguen arriba y abajo e integran toda esta información sin tener un cerebro. ¿Cómo lo hacen? Esta es una de las preguntas increíbles que debemos comprender".
Hacerlo es fundamental, según el científico, ya que "toda nuestra vida depende de las plantas": respiramos el oxigeno liberado por las plantas, nos alimentamos de ellas, nos vestimos con productos obtenidos a partir de ellas, viajamos en vehículos que funcionan con combustibles de plantas fósiles y nos curamos con medicinas derivadas de plantas.
"Y con un mundo que en 2050 tendrá 9.000 millones de habitantes, con menos agua, fertilizante, tierra disponible, menos de todo, ¿cómo vamos a cultivar suficientes plantas para satisfacer nuestras necesidades si no entendemos cómo responden al ambiente que las rodea?".


Fonte: https://www.facebook.com/pages/Tu-Mujer-Diosa-Hoy/155765387803873

SEGURANÇA





Ademir Bier reforça pedido de sede própria para o Batalhão da Fronteira em Marechal Rondon




O deputado estadual Ademir Bier reforçou na manhã deste dia 19, durante audiência com o secretário de Estado da Segurança Pública, Cid Vasques, o pedido para a construção da sede própria do Batalhão de Fronteira em Marechal Cândido Rondon.
Na avaliação de Ademir Bier, que esteve acompanhado do prefeito rondonense Moacir Froehlich e do ex-deputado federal e presidente da Câmara de Comércio Brasil-Alemanha, Werner Wanderer, a construção da sede definitiva do Batalhão reflete uma antiga reivindicação de toda a comunidade de Oeste do Paraná. “Esse encontro foi muito importante, pois serviu para discutir detalhes sobre a construção da sede própria do Batalhão no Município. É uma questão de estrutura para os policiais, e isso vai refletir diretamente na geração de maior segurança para toda a região”, enfatizou o deputado.
Estrutura
Atualmente, a corporação do Batalhão de Fronteira funciona numa estrutura provisória locada pela Prefeitura de Marechal Cândido Rondon. Ainda em 2012, no dia 04 de maio, a administração municipal assinou a escritura de doação ao Governo do Estado de um terreno com 10 mil metros quadrados, área anteriormente pertencente ao município, para as instalações definitivas.
Em contrapartida, o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Segurança Pública, sinalizou com a possibilidade de aquisição de uma área ainda maior, com 12 mil metros quadrados, para a construção do Batalhão. “Desta forma, na área já doada pelo município, há a intenção de construir um Complexo de Segurança Pública”, informou o prefeito Moacir Froehlich.
O complexo englobaria as construções de uma Delegacia Cidadã (que atenderia, além de Marechal Cândido Rondon, outros municípios pertencentes àquela Comarca), uma nova edificação para o Corpo de Bombeiros e uma nova estrutura para abrigar a 2ª Companhia da PMPR.
Fruto de uma antiga luta, o Batalhão de Fronteira foi inicialmente idealizado em 2010 como Companhia Independente, mas de acordo com o entendimento do Governo do Estado seria necessária a criação de uma estrutura ainda maior e com mais autonomia, a fim de fortalecer a segurança à região Oeste, com a incorporação de 500 policiais e constante realização de cursos para aprimoramento das forças policiais.
“Com a construção da sede própria do Batalhão em Marechal Cândido Rondon, estaremos dando um importante passo para garantir a segurança dos habitantes do Oeste do Paraná”, concluiu Ademir Bier.

Fonte: Texto: Assessoria do dep. Ademir Bier - Luciano d'Miguel, c/edição. Fotos: Assessoria da SESP.



segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

ECONOMIA

PwC: Brasil pode passar o Japão e ser a quarta maior economia





Japão
   

Relatório da consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC) projeta os avanços econômicos até 2050 e indica fortalecimento das economias emergentes e fortes mudanças na geografia econômica global.
 



A crise financeira global acelerou o processo de mudança do centro de gravidade econômica mundial, definindo que a China, os Estados Unidos e a Índia possuem potencial para serem as três maiores economias do planeta até 2050. E o Brasil apresenta fortes indícios de que poderá ultrapassar o Japão e ocupar a quarta posição nesse ranking, no mesmo período.

Essa e outras previsões fazem parte do estudo World in 2050 - The BRICs and Beyond: Prospects, challenges and opportunities, elaborado pela PwC, que projeta os avanços econômicos e desafios dos países emergentes e as principais economias nos próximos 40 anos.

Segundo o estudo, a China poderá ultrapassar os EUA como a maior economia em 2017 (com base na paridade de poder de compra - PPC) ou em 2027 (com base nas taxas de câmbio de mercado). Prevê que a Índia se tornará um gigante econômico global, sendo a terceira economia do planeta em 2050. China, Índia, Brasil e outros países emergentes destacados no estudo ganharão importância por oferecer menores custos de produção e também pelo tamanho de seus crescentes mercados de consumo. “Num período em que a tendência de crescimento global nas economias desenvolvidas é estimada em não mais que 2%, as empresas terão que olhar cada vez mais para estas regiões se quiserem crescer”, afirma John Hawksworth, economista-chefe da PwC no Reino Unido e coautor do relatório.

A análise da PwC prevê a Rússia poderá superar a Alemanha bem antes de 2030, tornando-se a maior economia europeia; entretanto, nos rankings globais poderá ser ultrapassada pelo Brasil antes de 2050. Países como a Nigéria e o Vietnã são projetados para passar para o top 20 em 2050, em 13º lugar e 19º respectivamente. A Malásia, apesar do forte potencial de crescimento, permanecerá do lado de fora do top 20, principalmente devido à sua população relativamente pequena.

Os EUA manterão o primeiro lugar com o maior PIB per capita em 2050 com os grandes emergentes como China, Brasil, Indonésia e Índia ainda na parte inferior da tabela. No entanto, a diferença que separa estes dois grupos diminuirá significativamente. De acordo com a projeção, em 2050, o Reino Unido terá o quarto maior PIB per capita entre os países do G7, atrás dos EUA e, por uma diferença muito pequena, do Canadá e da França.

Em termos de crescimento do PIB, a crise econômica cobra seu preço. “No curto prazo, a crise financeira global teve mais impacto nos países dos G7 do que nos do E7 e isso provocou a revisão para baixo das estimativas de crescimento em longo prazo, especialmente das economias europeias e dos Estados Unidos que apostaram demais no financiamento público e privado para promover o crescimento”, analisa Hawksworth.

Assim como a China e da Índia, a projeção indica notável avanço do México e da Indonésia, que em 2050 devem estar entre as 10 maiores economias, ocupando os 7º e 8º lugares respectivamente. Fora do G20, Vietnã, Malásia e Nigéria têm grande potencial de crescimento em longo prazo e a Polônia deverá deixar para trás com facilidade as grandes economias da Europa Ocidental nas próximas duas décadas.

Com informações do Estado de Minas 

17 de Fevereiro de 2013 - 7h00
Fonte: http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=206056&id_secao=2,

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

TRABALHO ESCRAVO





Polícia Rodoviária Federal divulga imagens de alojamento de trabalho escravo em Mercedes
Os estrangeiros trabalhavam irregularmente para uma empresa, 
que não teve o nome divulgado, na extração de 
pedras às margens da BR-163.



A Polícia Rodoviária Federal divulgou imagens que policiais fizeram do alojamento em Mercedes em que pessoas eram mantidas em condição de trabalho escravo. O galpão fica localizado em uma propriedade rural. O caso foi flagrado em uma operação conjunta com a Polícia Federal na sexta-feira (08).
Os trabalhadores dormiam em colchões no chão. A comida fica sobre o fogão, não há geladeira para armazená-la. O banho era com um balde e uma privada foi improvisada no chão. No local foram encontrados 13 paraguaios.
Abra o link para ver as imagens:
http://ricmais.com.br/pr/ric-noticias/policia-federal-investiga-trabalho-escravo-na-regiao-oeste/
Os estrangeiros trabalhavam irregularmente para uma empresa, que não teve o nome divulgado, na extração de pedras às margens da BR-163. Eles recebiam R$ 50 por dia, mas desse valor eram descontados o alojamento e a alimentação. O dono da empresa deve responder criminalmente.
Outra denúncia levou a Polícia Federal à Terra Roxa onde 25 paraguaios trabalhavam com visto de turista em quatro propriedades rurais.
Os paraguaios foram levados para a Delegacia de Polícia Federal em Guaíra e devem deixar o país. A Polícia Federal abriu inquérito que será encaminhado ao Ministério Público Federal.
Fonte:  Postado em 12/02/2013 14:51por http://portalrondon.com.br/ver_noticia.php?uid=16008

domingo, 3 de fevereiro de 2013

POLÍTICA - VIOMUNDO



Olívio Dutra: “Estamos devendo muito ao povo brasileiro”

publicado em 28 de janeiro de 2013 às 12:56



“Estamos devendo muito ao povo brasileiro”

Não mexemos na estrutura deste Estado, que continua sendo uma cidadela dos grandes interesses econômicos e culturais, afirma Olívio Dutra

23/01/2013
por Daniel Cassol

de Porto Alegre (RS), no Brasil de Fato

Desde quando criticou as “más com­panhias” que teriam levado o PT a enve­redar pelos caminhos ortodoxos da po­lítica, Olívio Dutra vem sendo uma das vozes internas críticas ao processo de inflexão conservadora do próprio parti­do. Fundador do partido, primeiro prefeito petista em Porto Alegre, governa­dor do Rio Grande do Sul entre 1999 e 2002 e ministro das Cidades no primei­ro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Olívio Dutra faz um ba­lanço realista dos dez anos de PT no go­verno federal.
“Não mexemos na estrutura deste Es­tado, que continua sendo uma cidade­la dos grandes interesses econômicos e culturais”, afirma. Em entrevista ao Brasil de Fato, Olívio, que esteve pre­sente no lançamento do jornal durante o Fórum Social Mundial em janeiro de 2003, em Porto Alegre, reconhece os limites da gestão petista, que começou naquele mesmo mês. “Temos uma gran­de dívida pela frente, mesmo que tenha­mos conquistado melhores condições de vida e de protagonismo político de mi­lhões de brasileiros“, reconhece, defen­dendo que o partido e a esquerda reto­mem o debate sobre as transformações necessárias na sociedade brasileira.
Além de um balanço dos últimos dez anos, o ex-governador gaúcho apontou os limites da experiência petista, os de­safios da esquerda e não deixou de refor­çar sua posição sobre a postura do parti­do em relação ao “mensalão”: “O PT ja­mais poderia ter feito isso mas pode, da­qui para frente, se assumir como partido da transformação e não da conciliação”.

Brasil de Fato – O Brasil de Fato foi lançado em janeiro de 2003, logo após a posse de Lula, durante o Fórum Social Mundial. O primeiro número do jornal trazia uma entrevista com o economista Celso Furtado e a manchete: “É preciso coragem para mudar o Brasil”. Passados dez anos do projeto do PT no poder, houve necessária coragem para as mudanças profundas no Brasil?

Olívio Dutra – Lembro de um cidadão da Bossoroca (cidade gaúcha das Mis­sões, terra natal de Olívio) que tinha 90 e tantos anos e dizia: “Coragem não me falta, me falta ar”. Não faltou coragem nos dois mandatos do Lula e neste que está se desenrolando com a Dilma. Mas é bem verdade que não rompemos com conjunturas adversas. Acabamos con­temporizando sob a alegação da gover­nabilidade, tendo que construir uma maioria não programática no Congres­so, tanto no primeiro quanto no segun­do governo do Lula, e até mesmo ago­ra. Mesmo havendo coragem para en­frentar os desafios de um país tão gran­de e com desigualdades imensas, esta maioria não programática sempre pu­xou para baixo a execução de um pro-grama que enfrentasse com radicalida­de situações de desigualdade que pe­nalizam milhões de brasileiros. Então, penso que coragem não faltou.
E políti­ca evidentemente se faz com coragem, mas também com clareza dos objeti­vos. Por isso, penso que ainda há mui­to o que fazer. Estamos devendo muito ao povo brasileiro, mesmo que tenha­mos conquistados direitos sociais, me­lhor distribuição da renda, oportunida­de de emprego e trabalho regular. Mas não fizemos, por exemplo, a reforma agrária com a radicalidade necessária. Com a maioria que constituímos, não fizemos nenhuma das reformas funda­mentais do Estado. Temos uma grande dívida pela frente, mesmo que tenha­mos conquistado melhores condições de vida e de protagonismo político de milhões de brasileiros.

Como o senhor mesmo diz, apesar dos avanços nas áreas econômica e social, os governos Lula e Dilma não enfrentaram questões estruturais. Foi por causa da governabilidade ou o projeto do PT no poder acabou sendo não enfrentar estes temas?

Sou um dos fundadores do PT e até hoje não vi nenhuma instância do par­tido se decidir por um projeto que fi­que estacionário ou que se condicione às conjunturas. Se isso está andando, é por conta de alguns setores que estão se contemplando com o que já se conquis­tou. Se pensamos que dialogar com am­plos setores da sociedade brasileira é suficiente, que isso abre espaços e reduz pressões, o projeto vai ficando, na sua realização, cada vez mais longe. O ho­rizonte vai ficando mais distante. E isso sem ter tido uma discussão.
Qual é o papel de um partido de esquerda e do so­cialismo democrático em sendo governo e tendo representação política para en­frentar um Estado que não é o que aco­lhe um projeto de transformação social?
Não mexemos na estrutura deste Es­tado, que continua sendo uma cidade­la dos grandes interesses econômicos e culturais. As elites se sentem muito con­trariadas em terem tido a fraqueza de deixar o povo brasileiro eleger um me­talúrgico para a Presidência da Repúbli­ca, e agora uma mulher que vem de uma luta que não é a luta que eles sempre pa­trocinaram. Mas isso não os impede de continuar tendo poder. Porque poder não é apenas estar no governo. O prota­gonismo do povo brasileiro ainda preci­sa ser estimulado, provocado. Nós che­gamos no governo e de certa forma con­temporizamos com as coisas.
Os movi­mentos sociais têm presença nos conse­lhos aqui e acolá, mas isso garante força para os movimentos sociais e mobiliza­ção ampla que um governo de transfor­mação precisa ter na base da sociedade para poder avançar? Isso não temos res­pondido como partido. Aliás, qual o pro­jeto que a esquerda brasileira tem para o país, não apenas para ganhar eleições? Como a esquerda vê o Brasil e a possibi­lidade de transformá-lo? E estabelecer entre si compromissos e poder alternar­se por dentro da esquerda, e não a es­querda disputar esta ou aquela eleição e depois ter que fazer negociações em que o seu projeto se estilhaça e o horizon­te da transformação fica cada vez mais distante.
O PT é o maior partido de es­querda do país e não nasceu de gabine­tes, mas está cada vez mais dependente destes nichos de poder dentro de um Es­tado que está longe de ter esse controle público e popular efetivo. E estamos ge­rindo esse Estado. É uma discussão sé­ria que precisamos nos debruçar sobre ela. O PT tem que fazer a obrigação de fazer isso. Não esgotou este projeto na medida em que não se tornar um parti­do da acomodação e se mantiver como partido da transformação.

O senhor defende a necessidade de a esquerda, não só o PT, discutir o que quer para o Brasil.

O PT aceitou o jogo democrático, mas a democracia não é estática, é um pro­cesso. Temos que estabelecer formas de ir desmontando a lógica do Estado que funciona bem para poucos e mal para a maioria. Temos que discutir como agir por dentro do Estado, em um processo democrático, mas não perdendo o obje­tivo estratégico de ganhar força na base da sociedade, semear transformações. Não temos que sair com um tijolo em cada mão, ou dando murro em ponta de faca, mas temos que ter consciência que o partido tem de ser uma escola política. Pode haver uma alternância entre as fi­guras dos diferentes partidos de esquer­da, desde que haja um compromisso de sequência do projeto de transforma­ção, e não de acomodação. Nosso parti­do tem que tirar lições dos governos que já exercemos, mas não ficar se autoelo­giando e nem se remoendo. Há uma rea­lidade a ser enfrentada. E é preciso ter povo mobilizado constantemente, não como massa de manobra, mas para for-mar uma base de sustentação.

O senhor acredita que ainda haja espaço para isso no PT? O senhor e outros dirigentes vêm defendo uma retomada de velhas tradições do PT, mas não é ilusório imaginar que o partido voltar a ser algo que já não é mais?

Eu não prego este retorno, mas tam­bém afirmo que, sem raízes, uma árvore não tem tronco com seiva sufi ciente pa­ra sustentar a galharia lá em cima. E es­sas raízes são as lutas sociais e popula­res, de um período histórico importante do país, no qual se originou esse ambien­te de fundação do PT. A conjuntura mun­dial é desafiadora. Vamos buscar apenas nos adaptar? Não é uma oportunidade de darmos um salto? O PT tem que debater isso.
As instâncias partidárias afrouxa­ram-se de tal maneira que inclusive tive­mos pessoas importantes do PT que co­meteram políticas que não se diferen­ciam das políticas tradicionais que sem­pre condenamos, sob alegação da gover­nabilidade e essas coisas todas. Isso não pode ser culpa apenas desta ou daque­la figura, mas as estruturas partidárias não estavam suficientemente atentas ou atuantes, e se criaram essas situações em que as pessoas pensavam que podiam fa­zer ou desfazer coisas que depois se jus­tificariam pelos objetivos. E isso levou a essa situação que estamos sofrendo, que é a Ação Penal 470, o chamado mensa­lão, que não pode ser o objetivo do nosso debate ficar remoendo, acusando aqui ou ali, mas se superando.
Achar que pode­mos comprar e vender opinião, comprar e vender posições, comprar e vender vo­tos, isso é o pior da política, que tem des­graçado o povo brasileiro e desqualifica­do as instituições políticas. O PT jamais poderia ter feito isso mas pode, daqui para frente, se assumir como partido da transformação e não da conciliação.

Apesar das críticas ao julgamento do mensalão, o governador gaúcho Tarso Genro vem afirmando em artigos que o partido deve mudar de agenda. É o que o senhor está dizendo também?

O partido não deve ficar se justificando, mas não deve também colocar a ca­beça no chão como avestruz. Tem que assumir que houve erros de conduta po­lítica. Não é condenar Fulano ou Bel­trano, mas assumir que em uma situa­ção tal, as instâncias do partido não fo­ram capazes de não se deixar aprovar por condutas assim. E ir adiante, evi­dentemente. Penso que a política para nós tem que ser a construção do bem comum, com protagonismo das pesso­as. O Estado, para funcionar bem, tem que estar sob controle público efetivo. Esse é um objetivo, colocar o Estado sob controle da sociedade. E para isso é pre­ciso ter espaço para os movimentos so­ciais, instigá-los dentro da sua autono­mia. Um governo tem limites para exe­cutar coisas, mas não pode submeter os movimentos sociais a esses limites que tem na institucionalidade.

O Brasil de Fato foi lançado durante o Fórum Social Mundial. O balanço que o senhor faz do FSM e das coisas que aconteceram no Brasil e na América Latina nestes dez anos é otimista ou pessimista?

É realista. Há avanços importantes, que não fossem as edições do FSM não teriam acontecido. Agora, há coisas que poderiam ter ido mais longe. O FSM também não pode ficar atrelado e depen­dente de governos, mesmo que sejam go­vernos sérios e comprometidos com as lutas sociais. O Fórum tem que ter for-mas de fazer com que suas deliberações ecoem nas instâncias supranacionais, nos organismos internacionais. O fato de o FSM ter perdido um pouco do foco, porque se mundializou, passou a aconte­cer em diferentes locais e depois ter en­contros maiores, continentais, para de­pois ter um encontro global, tem que ser revisto, para não se perder.

E qual o balanço realista que o senhor faz da imprensa alternativa brasileira neste período?

Cresceu muito, eu penso. Temos mui­tos veículos alternativos, mas qual é o conteúdo, o que estão provocando? Pen-so que esse florescimento de uma im­prensa alternativa é um caminho im­portante para enfrentar os grandes gru­pos econômicos que lidam com a infor­mação. É preciso ter uma miríade de fon­tes alternativas de informação e comuni­cação. Mas precisam ter uma visão, não é cada uma no seu território, na sua ca­tegoria, é preciso ter uma visão de como as coisas se relacionam, se interligam. E isso também é papel dos partidos polí­ticos, instigar essas relações e a qualifi­cação da intervenção. Temos um gover­no com problemas sérios na relação com os grandes grupos econômicos e a gran­de mídia.
A grande mídia se alimenta das contas de publicidade do governo e das empresas públicas. Enquanto isso, pa­ra jornais e veículos alternativos sobram migalhas. São questões políticas e preci­sam ser encaradas. Isto é uma dívida que ainda não saldamos.


FONTE: http://www.viomundo.com.br/entrevistas/olivio-dutra-estamos-devendo-muito-ao-povo-brasileiro.html