quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

POLÍTICA INTERNACIONAL



Governo da Esquerda Radical na Grécia começa cancelando privatizações e aumentando salário mínimo

Rodolfo Mohr*, especial para o Jornalismo B 

Após a grande repercussão mundial da vitória da Syriza (Coalizão da Esquerda Radical) na Grécia, que obteve uma vitória acachapante de 149 dos 300 deputados do Parlamento, as primeiras questões práticas começaram a ser postas. Cancelamento do plano de privatizações impostos pela Troika, proposta de dobrar o salário-mínimo e a concessão de energia elétrica gratuita a 300 mil pessoas, que tiveram a luz cortada por falta de pagamento. Essas são as primeiras medidas concretas contra a grave crise humanitária que a austeridade impôs aos gregos.

syriza

Política é feita de teoria, de prática e também de símbolos. Alexis Tsipras, o novo primeiro-ministro, foi empossado na segunda-feira seguinte ao pleito, em uma cerimônia de 4 minutos, sem gravata, fez apenas o juramento civil e dispensou o religioso, seu primeiro gesto foi visitar e depositar uma coroa de flores ao monumento aos comunistas mortos pelos nazistas em Atenas. Na Grécia, existita até Tsipras a tradição do juramento religioso, junto ao Arcebispo de Atenas da Igreja Ortodoxa.
No terreno do concreto, a Syriza cancelou a “flexibilização do setor energético”, uma imposição da Troika. Dessa forma não será mais privatizada a estatal de energia e 300 mil pessoas tiveram a luz dos seus lares religada gratuitamente, por não terem condições de pagar as altas contas da energia. Tsipras iniciará o mandato com aumento do salário mínimo para 751 euros, face aos atuais 586. Acabará também o plano de requalificação dos servidores públicos: testes aos funcionários públicos que visava demitir os reprovados. Além disso, o governo vai mudar os prazos de pagamento dos cidadãos de suas dívidas com a Seguridade Social, que tem direito de 20 a  30% da já combalida renda familiar. Ou seja, um conjunto de iniciativas de ruptura com os ditames da Troika.
Formação do governo
Antes da posse, Tsipras celebrou a conformação do governo com os Gregos Independentes (GI), plataforma de centro-direita, que durante a última legislatura teve posições semelhantes às da Syriza no enfrentamento aos planos de austeridade da Troika. Evidentemente, que muitas posições são divergentes no plano dos costumes, dos direitos civis e humanos. Contudo, seria um enorme equívoco a Syriza não conformar governo por apenas duas cadeiras. O acordo que fez os GI darem o voto de confiança ao novo governo, passou apenas pelo acordo em romper com à austeridade e com a Troika. Nas demais questões, o Syriza buscará outras bancadas para garantir os dois votos necessários para obter a aprovação.
Sabemos desde a terça-feira, dia 27, que o Partido Comunista (KKE), de orientação estalinista, num gesto inacreditável de sectarismo, negou-se a conversar com a Syriza para conformação do governo. Sob a alegação de ruptura imediata com a Zona do Euro e com a OTAN, mais uma vez negaram o diálogo. Essa postura, aparentemente radical, tornou-se uma linha colaboracionista com os planos de Troika, já que enfraqueceram uma frente política e eleitoral desde o início da crise. Assim, abriam-se dois caminhos: o acordo com os GI ou passar à Nova Democracia, segunda colocada no pleito, a prerrogativa de formar governo. Caso não conseguisse, esse direito passaria aos neonazistas do Aurora Dourada – que mesmo perdendo votos e um deputado, ficaram em terceiro lugar. Mesmo com a hipótese quase nula de os neonazis, seria um desastre eles serem o centro da política grega, mesmo que por poucas horas. A opção de não formar governos seria virar as costas ao desejo popular, amplamente expresso nas urnas.
Pressões e Expectativa
O apoio entusiasmado de setores da esquerda mundial, como o Podemos da Espanha, o Bloco de Esquerda de Portugal e o PSOL no Brasil, não se traduz num cheque em branco. Essa não é a postura da esquerda coerente. A fiscalização das medidas tomadas por Tsipras e a Syriza, antes de ser feita pela esquerda, será feita pelo povo grego. A votação que garantiu metade do Parlamento grego à Syriza foi muito contundente, o recado foi muito claro: romper à austeridade para dar fim à crise humanitária, que faz com que 25% dos gregos estejam desempregados, com salários  e aposentadorias cortadas.
As pressões que se abatem sobre o novo governo grego são enormes. Sejam políticas que já chegaram no próprio domingo eleitoral dos ministros de Finanças dos países mais ricos da União Europeia (UE) e mesmo da cúpula da UE; seja diretamente econômicas com a queda de 5% da bolsa na Grécia, que “afetou” os mercados em todo o mundo. Os banqueiros europeus não brincam em serviço, ainda mais os banqueiros alemães credores da maior fatia da dívida grega, que hoje corresponde a 175% do PIB do país.
Há também pressões da socialdemocracia europeia e do próprio PT no Brasil, que esboçaram comemorar a vitória da Syriza. “Esquecem-se” que tanto esses partidos na Europa, quanto o PT no Brasil aplicam programas de austeridade, na contramão do programa vitorioso na Grécia. Portanto, o “apoio” do PT consiste mais em aconselhar o novo governo grego a moderação, tentando mundializar o estelionato eleitoral praticado mais uma vez, agora por Dilma e Levy, que retiram direitos trabalhistas e previdenciários, aumentam impostos e tarifas públicas, além de jogar o país à beira de um novo apagão energético.
Portanto, a Syriza precisa menos de fiscais e mais de apoio. Por todos os lados virão conselhos para abdicar do programa que levou à Syriza ao poder. Nós, do PSOL, apostamos que a pressão do povo grego e a firmeza programática da Syriza possam suportar essa pressão. Mas nada garante que isso se dê dessa forma. Por isso, estivemos na Grécia não apenas no último domingo, mas desde o princípio da eclosão da crise e do surgimento da Syriza como uma alternativa de poder.
Em poucos meses, os espanhóis irão às urnas. O Podemos lidera as intenções de voto e pode ser o próximo governo europeu de esquerda eleito contra a austeridade. Essa perspectiva de novos ares, de novas propostas, da ascensão de uma esquerda alternativa à farsa da socialdemocracia europeia e do que representa o PT no Brasil, é sim digna de apoio, de esperança e de muito trabalho. Afinal, o que nos cabe não é apenas um apoio à distância, é construir no Brasil uma plataforma política capaz de romper com o domínio dos mercados sobre a Economia, antes que a gente viva uma crise de proporções as da Grécia. Lutamos para que o Brasil supere o PT pela esquerda, com um programa popular e de mobilização, a exemplo do que fizeram os gregos.

*Jornalista, militante do Coletivo Juntos e do PSOL.

Fonte: http://jornalismob.com/2015/01/28/governo-da-esquerda-radical-na-grecia-comeca-cancelando-privatizacoes-e-aumentando-salario-minimo/

 

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

MOACIR FROEHLICH PASQUIM DO OESTE 20 ANOS


BIOCONSTRUÇÃO*


Curso de Habitações Sustentáveis com Bioconstrução

Em 11 e 12 de Abril de 2015

Aprenda NA PRÁTICA ecotécnicas para construir sua própria casa ecológica: cob, hiperadobe, adobes, pau-a-pique, taipa de pilão, teto verde e mais!


Facilitadores do Curso:

Nilson Dias - Permacultor - Instituto Pindorama 

Nilson Dias é Permacultor (IPEP), graduado em Análise de Sistemas e com Pós-graduação em Gerenciamento de Projetos.   Técnico em eletrônica com experiência em iluminação com LEDs e energia solar. Consultor e Professor de Vastu Shastra formado pelo Ancient Astrolgy de Nova Delhi.  Professor de Yoga Sivananda formado em Uttarkashi, Himalaias. Participou de vivências em locais de referência como Cal-Earth (Califórnia) e Navdanya (Índia) . Estudante de Vedanta e Astrologia Védica. Gerente de Projetos do Instituto Pindorama. Estuda e pratica Alimentação Viva desde 2003. Trabalha há mais de 8 anos com maquetes eletrônicas e computação gráfica e dedica-se também ao estudo de habitações sustentáveis com materiais ecológicos e técnicas de bioconstrução e de permacultura urbana.

arquiteto-guido 

Guido Roberto Löff é arquiteto e urbanista formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul; foi professor na Universidade de Santa Catarina; Mestrando no Pós-Arq da UFSC com o tema Painéis Monolíticos de Solo Estabilizado; possui formação prática e teórica em Bioconstrução pelo IPEP/RS; fez curso de Materiais para Revestimento de Vias não pavimentadas na UFPelotas/RS; fez curso prático e teórico de Abóbadas Mexicanas de Terra com o arquiteto Ramon Aguirre na Colômbia e no III Congresso de Arquitetura e Construção com Terra onde realizou o ciclo de Oficinas de Construção com Terra; fez cursos de Feng-Shui com os mestres Raul Soroa, Arq. Carlos Solano Carvalho e professor Wu Jyh Cheng –ST; executou obras com Solo Estabilizado usando técnicas variadas.
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Cirlei Yob é permacultor por excelência e nascimento, carpinteiro e construtor por natureza e tradição familiar, é a segunda geração de parceria com o sítio Pindorama tendo seu pai trabalhado com o fundador do sítio, Nelson Dias. Experiência em estruturas com bambu (técnica colombiana), estruturas de madeira, marcenaria rústica com motoserra, bioconstrução e reaproveitamento de materiais.

 Conteúdo Programático

Durante estes curso você aprenderá ecotécnicas necessárias para construir sua própria casa utilizando materiais locais e ecológicos!
3-tecnicascordwood-taipa-de-pilao-e-adobes-banco-de-superadobe-ao-fundo
– Técnicas para bioconstrução: Cob, hiperadobe, Taipa de Pilão (bloco monolítico de solo-cimento) Pau-a-pique e Cordwood
– Construção com bambu
– Telhado verde
– Saneamento ecológico

 Rotina diária:

Sábado 
08:00 Chegada dos alunos
09:00 Roda de Apresentações
12:30 Almoço Vegano
14:00 Aula Teórica/Prática
16:30 Lanche
17:00 Revisão do Dia
18:00 Horário Livre
19:00 Jantar
20:00 Palestra
22:00 Recolhimento e Apagar das Luzes
Domingo 
06:30 Despertar
07:00 Prática Matinal* / Meditação / Yoga/ Tai Chi Chuan / Kun Nyê
08:00 Desjejum
08:30 Aula Teórica/Prática
12:30 Almoço Vegano
14:00 Aula Teórica/Prática
16:30 Lanche e Encerramento do Curso

(*) Pratica Matinal – Oferecemos no Instituto práticas como Yoga, Tai Chi Chuan, Kun Nyê, entre outras técnicas com o foco na qualidade de vida, autoconhecimento, paz e harmonização pessoal e grupal. A prática ocorre antes do desjejum. Esta atividade tem início no horário marcado, às 07:00, pedimos que quem desejar praticar, que siga o horário do despertar 6:30, para se juntar ao grupo. Quem desejar descansar, pedimos reservar um período de silêncio até o desjejum, auxiliando no relaxamento e meditação dos participantes.

Inscrições para o Curso

Valor somente curso 11 e 12 de abril: R$ 449,00*
* o valor de R$ 449,00 é somente para depósitos à vista na conta do Instituto. Pagamentos através de cartão ou parcelamentos por depósito o valor é R$ 478,00.

 

Para depósitos bancários e parcelamento em 2 depósitos de R$ 245,00

Instituto Pindorama Preservação Ambiental e Educação Ecológica e Védica
Caixa Econômica Federal
Agência 0186
Conta Corrente 2091-2 Operação 003
Alguns bancos só aceitam a conta como 003002091-2
CNPJ 06.135.496/0001-97
Todas as refeições estão inclusas. As aulas de Yoga estão inclusas no valor, porém a participação é opcional.
Informações: contato@pindorama.org.br ou (22) 99899-3161

Política de Desistência e Devoluções

http://www.pindorama.org.br/politica-de-desistencia-e-devolucoes/
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*Editado.
Fonte: http://pindorama.org.br/habitacoes-sustentaveis-com-bioconstrucao/

PRODUÇÃO AGROECOLÓGICA DE LEITE




sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

ENSINO SUPERIOR



As 50 melhores universidades do Brasil

Das 50 melhores instituições de ensino superior do Brasil, apenas 5 são privadas. Confira a lista com as melhores universidades, segundo avaliação do Ministério da Educação (MEC)

50 melhores universidades brasil
Melhores universidades do Brasil (Imagem: Pragmatismo Político)
Para ser considerada de excelência, uma instituição de ensino superior precisa atingir faixas 4 e 5 no Índice Geral de Cursos (IGC), em uma escala que vai de 1 a 5.
Indicador de qualidade de universidades, faculdades e centros universitários, o índice leva em conta a qualidade de cursos de graduação, por meio do Conceito preliminar de Cursos (CPC), e também a nota Capes, que mede o desempenho na pós-graduação (mestrado e doutorado).
No último ciclo de avaliação, realizado em 2013, foram classificados cursos na área de saúde. Cada área do conhecimento é avaliada de três em três anos pelo Enade. Por isso o IGC leva em conta os cursos avaliados nos últimos 3 anos.
Confira a tabela com as 50 melhores universidades do Brasil, segundo a avaliação do Ministério da Educação (MEC):
(OBS: A Universidade de São Paulo (USP), notadamente reconhecida como a melhor universidade do Brasil e da América Latina, não consta no ranking porque não realiza o Enade)
Ranking  Ano Nome da instituição Categoria  Estado
2013 Universidade Federal do Rio Grande do Sul Pública RS
2013 Fundação Universidade Federal do ABC Pública SP
2013 Universidade Federal de Lavras Pública MG
2013 Universidade Estadual de Campinas Pública SP
2013 Universidade Federal de Minas Gerais Pública MG
2013 Universidade Federal de Viçosa Pública MG
2013 Universidade Federal de São Paulo Pública SP
2013 Universidade Federal de Santa Catarina Pública SC
2013 Universidade Federal de São Carlos Pública SP
10º 2013 Universidade de Brasília Pública DF
11º 2013 Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro Pública RJ
12º 2013 Universidade Federal do Rio de Janeiro Pública RJ
13º 2013 Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Pública SP
14º 2013 Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre Pública RS
15º 2013 Universidade Federal do Triângulo Mineiro Pública MG
16º 2013 Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Privada RJ
17º 2013 Universidade Federal De Santa Maria Pública RS
18º 2013 Fundação Universidade do Estado de Santa Catarina Pública SC
19º 2013 Universidade Federal do Rio Grande do Norte Pública RN
20º 2013 Universidade Federal de Itajubá – Unifei Pública MG
21º 2013 Universidade Federal de Juiz De Fora Pública MG
22º 2013 Universidade Estadual de Londrina Pública PR
23º 2013 Universidade Federal de Goiás Pública GO
24º 2013 Universidade Federal do Ceará Pública CE
25º 2013 Universidade Tecnológica Federal do Paraná Pública PR
26º 2013 Universidade Federal de Uberlândia Pública MG
27º 2013 Universidade Estadual do Oeste do Paraná Pública PR
28º 2013 Universidade Federal do Paraná Pública PR
29º 2013 Universidade do Vale do Rio dos Sinos Privada RS
30º 2013 Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Privada RS
31º 2013 Universidade Federal de Pernambuco Pública PE
32º 2013 Universidade Federal de Alfenas Pública MG
33º 2013 Universidade Estadual do Centro Oeste Pública PR
34º 2013 Fundação Universidade Federal da Grande Dourados Pública MS
35º 2013 Universidade Federal de Pelotas Pública RS
36º 2013 Universidade Federal de Ouro Preto Pública MG
37º 2013 Universidade Estadual de Maringá Pública PR
38º 2013 Universidade Federal da Paraíba Pública PB
39º 2013 Universidade Federal de Campina Grande Pública PB
40º 2013 Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Privada SP
41º 2013 Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Pública RJ
42º 2013 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo Pública ES
43º 2013 Universidade Federal da Bahia Pública BA
44º 2013 Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri Pública MG
45º 2013 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina Pública SC
46º 2013 Universidade Federal de São João Del Rei Pública MG
47º 2013 Universidade Estadual do Rio Grande do Sul Pública RS
48º 2013 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-Rio-Grandense Pública RS
49º 2013 Universidade Paulista Privada SP
50º 2013 Universidade Estadual de Ponta Grossa Pública PR


Fonte: http://www.pragmatismopolitico.com.br/2015/01/50-melhores-universidades-brasil.html

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

CRÔNICA



“Firmin”: uma fábula sobre devoradores de livros*

por: Cristiano Viteck

Sempre que encontro um pequeno ponto de venda de livros em algum lugar incomum para esse ramo, como uma padaria, um supermercado ou um posto de gasolina, não resisto a dar uma espiada no que está sendo exposto. É um hábito que carrego comigo há anos e que não tenho a intenção de abandonar.

Geralmente a espiada dá em nada. Nestes lugares, o mais normal é encontrar poucos títulos e estes, geralmente, são de livros de grande vendagem, como os 50 tons de alguma cor, os Augustos Curys da vida, ou aqueles livrinhos de romance baratos impressos em papel jornal vendidos a preço de banana. Mas, em um dia de sorte, é possível encontrar coisas realmente bacanas.

Exemplos recentes foram um exemplar do clássico do terror “A Volta do Parafuso”, de Henry James, numa edição caprichada da Editora Abril, achado num supermercado perdido em uma gôndola em meio a gibis do Tex e da Mônica e bombons Sonho de Valsa. Outro tesouro encontrado por alguns poucos reais foi um exemplar de “O Livro da Selva”, de Rudyard Kipling. Edição portuguesa, ilustrada e com uma qualidade gráfica difícil de encontrar no Brasil.

Mas não são somente clássicos ou livros da moda que a gente encontra nessas ocasiões. Numa padaria, dias atrás, comprei um com o título “O Teste do Psicopata”, escrito por Jon Ronson que, vejam só, escreveu também “Os Homens que Encaravam Cabras”. Nunca ouvi falar do escritor e nem dos livros, mas a capa a e o título são tão bacanas que a curiosidade não permitiu que eu o deixasse pra trás. Se “O Teste do Psicopata” é bom, ainda não descobri.

Também foi pela capa que trouxe pra casa outro livro que achei à venda em uma fotocopiadora da cidade, já com as páginas amareladas uma vez que, de acordo com a data de impressão, o exemplar estava há seis anos na prateleira tentando chamar a atenção de alguém. O nome do livro é “Firmin”, do escritor Sam Savage. Publicada originalmente nos Estados Unidos em 2006, esta é uma obra apaixonante para quem é apaixonado por literatura.



O Firmin que dá nome à obra é um rato que vive em uma livraria, em Boston (EUA), na década de 60. Décimo terceiro filhote de uma ninhada, o ratinho cresceu em um ninho feito pela sua mãe com papel picotado de páginas velhas de grandes clássicos como “Finnegans Wake”, de James Joyce. Menor dos irmãos, Firmin dificilmente tinha vez em algumas das 12 tetas de sua mãe e, para não morrer de fome, acostumou-se a encher a barriga com as folhas de livros com os quais eram feitos o seu ninho.
É o próprio Firmin, o narrador da história, que nos conta:

“Devorava, no começo, rudemente, como numa orgia, sem foco definido, como um porco – para mim dava na mesma mordiscar pedaços de Faulkner ou de Flaubert -, embora logo tenha começado a notar sutis diferenças. Percebi, primeiro, que cada livro tinha um gosto diferente – doce, amargo, azedo, doce-amargo, rançoso, salgado, ácido. Notei também que cada sabor – e com o passar do tempo e minha sensibilidade se tornando mais apurada, o sabor de cada página, de cada frase e, ao fim, de cada palavra – trazia consigo uma carga de imagens, representações mentais de coisas sobre as quais eu não sabia nada (...). No começo, roendo e mastigando feliz, eu comia deixando-me levar pelo gosto. Mas logo comecei a ler aqui e ali perto das bordas da minha comida. Com o passar do tempo, fui lendo mais e mastigando menos até que, finalmente, passei a gastar quase todas as minhas horas de vigília lendo e mordiscando apenas nas bordas.”

Nesta fábula em que o rato Firmin desenvolve virtudes e capacidades humanas como a da leitura, está claro que o autor Sam Savage faz uma analogia com certos tipos de homens que se transformam em ratos ao escarafunchar bibliotecas, livrarias, sebos, as estantes de amigos e quaisquer outros lugares improváveis sempre em busca de um novo livro, com novas histórias, novas lições, novas emoções para preencher as lacunas da alma. São leitores transformados em ratos e que devoram, com os olhos, páginas e mais páginas de romances, poesias, biografias, ciências, história, filosofia, geografia, religião, sociologia, autoajuda e o que mais pintar pela frente!
Nunca acredito nas pessoas que dizem que não gostam de ler. Pelo contrário, penso que quem não tem o hábito da leitura ainda não encontrou os livros certos para si. Você aí está lendo isso e deve estar pesando: “Só falta esse cara dizer que cada um tem um Firmin dentro de si”. Pois é, é isso mesmo, acredito que cada um tem um Firmin dentro de si.



Além do óbvio “se aprende a gostar de ler, lendo”, não sei se existem mais regras – acho que não. Mas cada um pode encontrar o seu jeito de despertar o gosto pela leitura. O meu estopim foram os livros “As Aventuras de Robison Crusoé”, de Daniel Defoe, adaptado para crianças, e todos os títulos que consegui encontrar da Coleção Vagalume, quando eu estudava entre a 5ª e 8ª séries. Já na adolescência, em meio a tanto livro chato que era obrigado a ler no ensino médio, senti novamente o prazer da leitura quando caiu em minhas mãos as “Crônicas de um Amor Louco: ereções, ejaculações e exibicionismos”, do escritor underground Charles Bukowski. Daí em diante, nunca mais deixei de ter um livro sempre comigo.

Fazer alguém gostar de ler é complicado. O interesse deve partir de cada um. Penso que o negócio é ir provando um pouco de tudo, devorando um livro aqui, outro ali e, aos poucos, descobrir o sabor de cada gênero literário, da escrita de cada autor. Uma hora o sujeito acerta a escolha e aí se completa a mutação: nasceu mais um rato de livraria e biblioteca...

* Publicado originalmente em http://www.opresente.com.br/blogs/viteck-cultura-pop/2015/01/firmin-uma-fabula-sobre-devoradores-de-livros/41945/ Acesso em 08/01/2014

domingo, 4 de janeiro de 2015

GÊNERO FEMININO



18 mulheres brasileiras que fizeram a diferença – parte 1

18 mulheres brasileiras que fizeram a diferença – parte 1

Do império à atualidade, brasileiras têm protagonizado lutas não só por igualdade de gêneros, mas também por justiça social e avanço dos direitos civis. Na primeira parte do artigo que conta as histórias de algumas delas, conheça as mulheres que transformaram o país até a década de 20

Por Carla Cristina Garcia (*) e Débora Baldin Lippi Fernandes (**) | Leia aqui a segunda parte do artigo

Na sociedade atual, começamos a nos acostumar a conhecer mulheres escritoras, pintoras, cientistas, políticas. Algumas em profissões nas quais até poucos anos era impensável encontrar uma mulher que pudesse obter êxito e reconhecimento. Há menos de um século as mulheres não tinham nem a metade dos direitos que têm agora, especialmente no que se refere à vida pública e política. Para chegarmos onde estamos hoje, centenas de mulheres tiveram que demonstrar ser excepcionais para ganhar terreno -em um mundo dominado pelos homens – em favor da igualdade de direitos.
O movimento feminista brasileiro, mesmo sendo pequeno em termos de visibilidade social, contribuiu de maneira fundamental para a reversão das desigualdades de gênero no país e, apesar de a conexão não ser tão estreita, existe uma relação entre a história das lutas das mulheres e os processos de mudanças econômicas e sociais que ocorreram no Brasil. Pequenas vitórias foram se avolumando no tempo, mas as dificuldades não impediram seu desenvolvimento, mesmo que não linear.  Para entender a importância dessa contribuição, é preciso compreender como as mulheres romperam com a tradição cultural que lhes impôs, durante a maior parte da história brasileira, uma divisão sexual do trabalho que, de modo geral, reservava-lhes as atividades domésticas e de reprodução (privadas), atribuindo aos homens as atividades extradomésticas e produtivas (públicas).
Força, valentia e uma excepcional humanidade são algumas das qualidades destas mulheres que estiveram no momento preciso fazendo a diferença na história do Brasil.

As mulheres na luta pela Independência

Embora não tenha recebido destaque, a participação das mulheres nos movimentos de independência do Brasil parece ter sido ampla e ainda deve ser pesquisada. Ciprianno Barata, no Sentinela da liberdade, em 1823, publicou um manifesto assinado por 120 mulheres da Paraíba, que afirmavam sua solidariedade ao movimento da independência: “nós, metade da sociedade humana, desejamos reassumir direitos que nos foram usurpados e quebrar os vergonhosos ferros da vil escravidão em que jazíamos (…) por direito entramos na partilha e glória do Brasil.” (Cf. Telles,1986). Nesse contexto destaca-se a figura de Anita Garibaldi, catarinense, que se unindo a Giuseppe Garibaldi, participa das lutas republicanas durante a Guerra dos Farrapos, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, e posteriormente luta pela unificação da Itália, na Europa.
Sabe-se que a Conjuração Mineira não foi um movimento exclusivamente masculino. Dentre as personalidades femininas que dele participaram, merece registro a atuação de Hipólita Jacinta Teixeira de Mello.  Filha de portugueses, era uma mulher rica e de vasta cultura.  É dela a autoria da célebre carta que denunciava a Joaquim Silvério dos Reis como o traidor de seus “companheiros” de conjura. Foi autora de diversos avisos sigilosos, dando conta de que Tiradentes fora preso no Rio de Janeiro. Promovia reuniões secretas, incentivava a tomada de posição enérgica contra a exploração do povo e chegou a financiar algumas ações dos conjurados.
Ainda no contexto das lutas pela independência, destaca-se a figura de Bárbara Alencar, matriarca, centro da organização da rebelião da família, conspiradora, escritora e avó do escritor José de Alencar, nascida em Exu, interior de Pernambuco, em 1760. Uma das mulheres de quem se tem noticias a envolver-se na revolução de 1817, Bárbara participou de várias revoltas, organizou-as e fez de sua casa um lugar de encontros. Presa, passou muitos anos em calabouços afirmando – segundo o dito popular  – que “não queira ser rainha não! Queria ser rei!”.

Maria Quitéria de Jesus (Foto: WikiCommons)
Maria Quitéria de Jesus (Foto: WikiCommons)

Maria Quitéria de Jesus lutou nos batalhões nacionalistas nas guerras de independência e não deve ser vista como mais uma exceção em meio a mulheres inativas e silenciosas. Conta-se que comandou um batalhão de mulheres. Nascida no dia 27 de julho de 1792 na Bahia, ainda criança assumiu o comando da casa e a criação dos dois irmãos mais novos. Mulher bonita, altiva e de traços marcantes, Maria Quitéria montava, caçava e manejava armas de fogo. Tornou-se soldado em 1822, quando o Recôncavo Baiano lutava contra os portugueses a favor da consolidação da independência do Brasil. Mesmo advertida pelo pai de que mulheres não iam à guerra, fugiu e, ajudada por sua irmã Teresa, cortou os cabelos, vestiu a farda de seu cunhado e ainda tomou emprestado seu sobrenome, Medeiros. Ingressou no Regimento de Artilharia, onde permaneceu até ser descoberta, semanas depois. Foi então transferida para o Batalhão dos Periquitos e à sua farda foi acrescentado um saiote. Sua bravura e habilidade no manejo das armas foram destaques desde o começo de sua vida militar. Em julho de 1823, quando o Exército Libertador entrou na cidade de Salvador, foi saudada e homenageada pela população.

A luta pela educação

Na metade do século XIX, algumas mulheres começaram a reivindicar seu direito à educação. No Brasil, por exemplo, as mulheres puderam se matricular em estabelecimentos de ensino somente em 1827. O direito a cursar uma faculdade só foi adquirido 52 anos depois. Apenas em 1887 o país formaria sua primeira médica.
As primeiras mulheres que ousaram dar esse passo foram socialmente segregadas.  O ensino proposto, só admitia meninas na escola de 1º grau, sendo que estudos de grau mais alto eram destinados somente aos meninos. As professoras sempre ganhavam menos, e as que protestavam contra esta situação eram severamente punidas, como foi o caso de Maria da Glória Sacramento, que teve seu salário suspenso por se recusar a ensinar prendas domésticas.

Nísia Floresta (Foto: WikiCommons)
Nísia Floresta (Foto: WikiCommons)

Nessa época, surge a primeira mulher brasileira a defender publicamente a emancipação feminina: Nísia Floresta Augusta (1810 -1875). Pioneira na luta pela alfabetização das meninas e jovens, fundou uma escola inovadora na cidade do Rio de Janeiro, marco na história da educação feminina no Brasil. Também foi uma das primeiras mulheres a publicar artigos em jornais de grande circulação. Nísia Floresta já considerava que a ideia de superioridade masculina possuía um vínculo com a educação e as conjunturas da vida. Compreendia também que as diferenças entre os sexos são construções sociais e que não justificam a desigualdade. Achava que a educação era o primeiro passo para emancipação da mulher. Traduziu e publicou “Direitos das Mulheres e Injustiças dos Homens”, manifesto feminista de Mary Wollstonecraft. Militante pelos direitos das mulheres não limitou suas ações a essa questão. Envolveu-se também nas discussões sobre a escravidão. Apoiou o movimento abolicionista e republicano.

As abolicionistas

Por volta de 1860, algumas mulheres brasileiras organizaram sociedades abolicionistas que esporadicamente receberam alguma atenção da imprensa da época: a Sociedade de Libertação (instalada no RJ em 1870); a Sociedade Redentora (fundada em 1870) e a Ave Libertas, a maior associação abolicionista feminina do país, criada em 1884, no Recife
O ativismo abolicionista feminino sinalizou o início do fim da escravidão da porta para dentro e a afirmação das mulheres da porta para fora. As abolicionistas puseram as mulheres brasileiras na política, coletivamente e de maneira inédita. Destacaremos aqui algumas das abolicionistas brasileiras mais importantes:
Maria Firmina dos Reis (1825-1917), escritora, jornalista, musicista e professora primária de uma classe mista e gratuita em Guimarães, Maranhão, defendeu a abolição em jornais, com poemas, charadas, contos, e no primeiro romance brasileiro de autoria feminina: Úrsula (1859). Foi descrita como tendo pele escura, cabelos grisalhos presos com um coque. Era muito querida e apreciada em sua cidade. É mais lembrada como mestra das primeiras letras do que como escritora. No entanto, deveríamos sempre destacar sua defesa do escravo, a coragem de seus argumentos e a dignidade que concedeu a seus personagens. Ela enfatizou os castigos injustos, a péssima condição da vida dos escravos, visando comover o leitor – estratégia empregada por escritoras de outras nacionalidades, que não se sabe se chegou a conhecer. Em termos de Brasil, suas preocupações e o modo com que as colocou são precoces e incomuns.
Chiquinha Gonzaga (1847-1935): Nascida em uma família militar, trocou o casamento pelo piano. Escandalizou senhoras com seus modos livres e fascinou senhores, que a gracejavam com o título de seu primeiro sucesso: Atraente. Pianista em saraus e teatros, Chiquinha participava das “conferências-concerto” abolicionistas nas quais, após os discursos políticos, havia concertos de piano, atrizes dramáticas declamavam e cantoras líricas entoavam árias contra a escravidão. Regia um coro de meninas nestas “conferências-concerto” e vendeu suas composições de porta em porta para alforriar um escravo músico, conhecido como Zé Flauta.

Chiquinha Gonzaga  (Foto: WikiCommons)
Chiquinha Gonzaga (Foto: WikiCommons)

Maria Amélia de Queiroz foi uma professora pernambucana e abolicionista Além da contribuição escrita, proferia palestras públicas em defesa da libertação dos escravos e do divórcio, e se posicionava contra a chefia masculina sobre a família. Publicou também uma coleção de biografias de mulheres célebres. Em conferências no Recife, brandia a incompatibilidade entre escravidão e direito civil e natural. Em 1887, conclamou seu gênero: “(…) que a mulher se convença de uma vez para sempre que já é tempo de levantar um brado de indignação contra o passado ignominioso de tantas raças malditas. A mulher também é capaz de grandes e altos cometimentos. Vinde! Vinde, pois, minhas amáveis patrícias! Vamos!”.  Maria Amélia abrigou escravos foragidos em sua própria residência, enquanto aguardava, com segurança, a chegada das barcaças. Foi uma das fundadoras da Ave Libertas (1884) – associação composta só de mulheres – que, utilizando os meios legais, lutava pelo fim da escravidão, combatendo as torturas, os castigos e os maus tratos impostos aos negros. Uma das grandes vitórias da associação Ave Libertas foi a libertação de duzentos escravos. Neste sentido, as abolicionistas conseguiram que os senhores de engenho assinassem duzentas cartas de alforria. Após a abolição da escravatura (em 13 de maio de 1888), Maria Amélia e suas companheiras trataram de alfabetizar os ex-escravos, bem como ensinar-lhes técnicas de trabalhos manuais, visando sua inserção no mercado de trabalho.
Cartaz da Ave Libertas, a maior associação abolicionista do país, criada em 1884, no Recife (Foto: Wikicommons)
Cartaz da Ave Libertas, a maior associação abolicionista do país, criada em 1884, no Recife (Foto: Wikicommons)

As sufragistas 

Leolinda Daltro, grande precursora do feminismo no Brasil, vivenciou toda sorte de perseguições e foi alvo da imprensa que, por muitas vezes, dedicava-se a criticá-la e ridicularizá-la por suas ideias. Professora e indianista baiana que viveu a maior parte de sua vida no Rio de Janeiro, em 1896 tomou para si a luta dos índios por condições dignas de vida. O estilo de ação política de Leolinda Daltro era peculiar. Invadia espaços exclusivamente masculinos, expunha-se pessoalmente às críticas, sempre buscando chamar a atenção da sociedade para as desigualdades e injustiças. Em protesto, ao ter seu alistamento eleitoral recusado, fundou no Rio de Janeiro, em dezembro de 1910, o Partido Republicano Feminino  – primeiro e único partido político feminino no Brasil –, cujo objetivo era mobilizar as mulheres na luta pelo direito ao voto. Dentre suas estratégias políticas de mobilização e convencimento promoveu, em novembro de 1917, uma marcha pelas ruas do Rio de Janeiro, com a participação de cerca de noventa mulheres. A rebeldia de Daltro e de suas companheiras chamou atenção da imprensa, provocou polêmica e deu visibilidade à condição feminina no Brasil. Ela também foi a primeira feminista brasileira candidata às eleições municipais, em 1919, com a plataforma da diminuição da miséria e do sofrimento e pela melhor distribuição da justiça. Entretanto, teve seu registro negado.


As socialistas

A década de 20 foi privilegiada no que diz respeito às lutas e propostas de mudanças sociais no Brasil. Prova disso são as greves de 1917, e, em 1922 ,o surgimento do Partido Comunista do Brasil, entre outros acontecimentos. Outro movimento, concomitante à luta por direitos políticos, era formado por mulheres livres-pensadoras que criavam jornais e escreviam livros e peças de teatro. Somavam-se a elas as anarquistas, que traziam consigo a luta das trabalhadoras, discutindo, assim, o trabalho e a desigualdade de classe.
Dois movimentos de mulheres operárias aocnteceram simultaneamente, um sob orientação anarquista e outro com predomínio das teses do Partido Comunista Brasileiro (PCB). As mulheres libertárias lutaram contra a exploração da força de trabalho, baixos salários e a opressão sexista. Tinham idéias próprias em torno do processo de emancipação da mulher, que contrastava com o moralismo conservador de seus companheiros e como o discurso do movimento sufragista.

Maria Lacerda de Moura (Foto: WikiCommons)
Maria Lacerda de Moura (Foto: WikiCommons)

A atuação da feminista anarquista Maria Lacerda de Moura revela “a outra face do feminismo”. Ela questionou temas enfocados pelas mulheres da FBPF: a maternidade consciente, o amor livre e o direito da mulher ao amor. Além disso, considerava o voto um processo inadequado de luta pelo poder, porque beneficiava algumas mulheres sem trazer coisa alguma “à multidão feminina”.  Nascida em Minas Gerais em 16 de maio de 1887, desde jovem se interessou pelo pensamento social e pelas ideias anticlericais. Formou-se na Escola Normal de Barbacena, em 1904, começando logo a lecionar nessa mesma escola. Inicia então um trabalho junto às mulheres da região, incentivando um mutirão de construção de casas populares para a população carente da cidade. Participou da fundação da Liga Contra o Analfabetismo. Como educadora, adotou a pedagogia libertária de Francisco Ferrer Guardia. Após se mudar para São Paulo, começou a dar aulas particulares e a colaborar na imprensa operária e anarquista brasileira e internacional. No jornal A Plebe (SP), escreveu principalmente sobre pedagogia e educação.
Ativa conferencista, tratava de temas como educação, direitos da mulher, amor livre, combate ao fascismo e antimilitarismo, tornando-se conhecida não só no Brasil, mas também no Uruguai e Argentina, onde esteve convidada por grupos anarquistas e sindicatos locais. Entre 1928 e 1937, a ativista libertária viveu numa comunidade em Guararema (SP), no período mais intenso da sua atividade intelectual, em que esteve, de acordo com ela mesma, “livre de escolas, livre de igrejas, livre de dogmas, livre de academias, livre de muletas, livre de prejuízos governamentais, religiosos e sociais”.  Maria Lacerda de Moura pode ser considerada uma das poucas ativistas que se envolveu diretamente com o movimento operário e sindical.  Via a luta feminista como parte integrante do combate social compartilhado igualmente por homens e mulheres engajados na luta pela eliminação de toda exploração, injustiça e preconceito.

(*) Carla Cristina Garcia é doutora em Ciências Sociais, especialista na área de sociologia do gênero, e professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

(**) Débora Baldin Lippi Fernandes é graduada em Relações Internacionais pela PUC-SP.
(Crédito da foto de capa: WikiCommons)

Fonte: http://revistaforum.com.br/digital/167/18-mulheres-brasileiras-que-fizeram-diferenca-parte-1/

NÃO NA ESCOLA



10 histórias de mulheres revolucionárias que você não aprendeu na escola

10 histórias de mulheres revolucionárias que você não aprendeu na escola
Algumas armadas com rifles, outras armadas com a caneta: 10 mulheres que lutaram muito por algo em que acreditavam e que provavelmente nunca serão estampadas em uma camiseta
Por Whizzpast | Tradução: Vinicius Gomes
Todo o mundo conhece homens revolucionários como Che Guevara, mas a história geralmente tende a polir as contribuições de mulheres revolucionárias que sacrificaram seu tempo e suas vidas na luta contra sistemas e ideologias burguesas. Apesar dos falsos conceitos a respeito, existiriam milhares de mulheres que participaram em revoluções ao longo da História, com muitas delas exercendo papéis cruciais. Elas podem vir de diferentes espectros políticos, algumas armadas com rifles e outras armadas com nada além da caneta, mas todas lutaram muito por algo em que acreditavam.
Abaixo estão 10 exemplos dessas mulheres revolucionárias de todas as partes do mundo, que provavelmente nunca serão estampadas em uma camiseta.
Nadezhda Krupskaya
Nadezhda-KrupskayaMuitas pessoas conhecem Nadezhda Krupskaya apenas como a companheira de Vladimir Lênin, mas Nadezhda foi uma política e revolucionária bolchevique graças a seus próprios esforços. Ela estava imensamente envolvida em uma variedade de atividades políticas e projetos educacionais – inclusive servindo como Ministra Interina da Educação na União Soviética de 1929 até sua morte, em 1939. Antes da revolução, ela serviu como secretária do jornal político Iskra, gerenciando toda a correspondência que atravessava o continente europeu, muita das quais tinham que ser codificadas. Depois da revolução, ela dedicou sua vida à melhora nas oportunidades educacionais para trabalhadores e camponeses, como por exemplo, sua luta para tornar as bibliotecas disponíveis para toda a população.
Markievicz4
Constance Markievicz
Constance Markievicz (nome de solteira, Gore-Booth) foi uma condessa anglo-irlandesa revolucionária, nacionalista, sufragista, socialista e membro dos partidos políticos Sinn Féin e Fianna Fáil. Ela participou de inúmeros esforços para a independência da Irlanda, incluindo a Revolta da Páscoa, em 1916, onde teve um papel de liderança. Durante o levante, ela feriu um franco-atirador britânico antes de ser forçada a recuar e se render. Por consequência, foi a única mulher entre os 70 prisioneiros que foram confinados em solitária. Ela foi sentenciada à morte, mas acabou sendo perdoada por ser mulher. O promotor de acusação alegou que ela chegou a implorar, dizendo “Eu sou apenas uma mulher, você não pode atirar em uma mulher”. Todavia, os registros da corte mostram que ela, na verdade, disse: “Eu realmente queria que a sua laia tivesse a decência de atirar em mim”. Constance foi uma das primeiras mulheres no mundo a conseguir uma posição ministerial (Ministra do Trabalho da República Irlandesa, 1919-1922), e foi também a primeira mulher eleita para a Câmara dos Comuns em Londres (dezembro de 1918) – uma posição que ela rejeitou devido à política de abstenção do partido irlandês, Sinn Féin.
Petra Herrera
soldaderasDurante a Revolução Mexicana, as combatentes femininas conhecidas como soldaderas entram em combate ao lado dos homens, apesar de elas frequentemente enfrentarem abusos. Uma das mais conhecidas das soldaderas foi Petra Herrera, que se disfarçou de homem e passou a se chamar “Pedro Herrera”. Como Pedro, ela estabeleceu sua reputação ao demonstrar liderança exemplar (assim como por explodir pontes) e terminou por se revelar como mulher. Ela participou da segunda batalha de Torreón, em 30 de maio de 1914, junto de outras 400 mulheres, até mesmo sendo aclamada por algumas por merecer todo o crédito pela vitória na batalha. Infelizmente, Pancho Villa não estava disposto a dar esse crédito a uma mulher e não a promoveu para “general”. Em resposta, Petra abandonou as forças de Villa e formou sua própria brigada composta só de mulheres.
Nwanyeruwa
ABA-WomenNwanyeruwa, uma nigeriana da etnia Ibo, foi a responsável por uma curta guerra que geralmente é considerada o primeiro grande desafio da autoridade britânica no oeste da África, durante o período colonial. Em 19 de novembro de 1929, ocorreu uma discussão entre Nwanyeruwa com um oficial de censo chamado Mark Emereuwa por tê-la mandado “contar suas cabras, ovelhas e família”. Compreendendo que isso significava que ela seria taxada (tradicionalmente, as mulheres não pagavam impostos), ela discutiu a situação com outras mulheres e protestos, cunhados de Guerra das Mulheres, passaram a ocorrer ao longo de dois meses. Cerca de 25 mil mulheres de toda a região se envolveram nas manifestações, protestando tanto contra as mudanças nas leis tributárias, como pelo poder irrestrito das autoridades. No final, a posição das mulheres venceu, com os britânicos abandonando seus planos de impostos, assim como a renúncia forçada de muitas autoridades do censo.
Lakshmi Sehgal
Lakshmi-SehgalLakshmi Sehgal, coloquialmente conhecida como “Capitã Lakshmi”, foi uma revolucionária no movimento de independência da Índia, uma oficial do exército nacional indiano e, depois, Ministra dos Assuntos para Mulheres no governo Azad Hind. Na década de 1940, ela comandou o regimento Rani de Jhansi – um regimento composto apenas por mulheres que visavam derrubar o Raj britânico na Índia colonial. O regimento foi um dos poucos que tiveram combatentes apenas de mulheres na Segunda Guerra Mundial, em ambos os lados, e foi nomeado assim por conta de outra revolucionária feminina na Índia, chamada Rani Lakshmibai, que foi uma das figuras líderes da Rebelião Indiana em 1857.
Sophie Scholl
Sophie-SchollA revolucionária alemã Sophie Scoll foi uma das fundadoras do grupo de resistência não-violenta antinazista, chamado a Rosa Branca, que promovia a resistência ativa ao regime de Adolf Hitler por meio de uma campanha anônima de panfletagem e grafite. Em fevereiro de 1943, ela e outros membros do grupo foram presos por entregarem panfletos na Universidade de Munique e sentenciados à morte por guilhotina. Cópias dos panfletos, re-entitulados “O Manifesto dos Estudantes de Munique”, foram contrabandeados para fora do país para serem lançados, aos milhões, por aviões das forças Aliadas por toda a Alemanha.
Blanca Canales
Blanca-CanalesBlanca Canales foi uma nacionalista porto-riquenha que ajudou a organizar a “Filhas da Liberdade” – ala feminina do Partido Nacionalista Porto-Riquenho. Ela foi uma das poucas mulheres na história a liderarem uma revolta contra os EUA, no que ficou conhecido como o Levante Jayuya. Em 1948, uma severa lei de restrição, conhecida como a Lei da Mordaça, ou Lei 53, em que se criminalizava a impressão, publicação, venda ou exibição de qualquer material que tencionava paralisar ou destruir o governo da ilha. Em resposta, os nacionalistas passaram a planejar uma revolução armada. Em 30 de outubro de 1950, Blanca e outros pegaram as armas que tinham escondido em sua casa e marcharam para dentro da cidade de Jayuya, tomando a delegacia, queimando o posto de correio, cortando as linhas telefônicas e hasteando a bandeira de Porto Rico, em desafio à Lei 53. Como resultado, o presidente norte-americano declarou lei marcial e ordenou que o exército e a força aérea atacassem a cidade. Os nacionalistas agüentaram o máximo que puderam, mas foram presos e três dias depois, sentenciados à prisão perpétua. Grande parte de Jayuya foi destruída e o incidente não foi coberto corretamente pela imprensa dos EUA – tendo até mesmo o presidente norte-americano dizendo que foi “um incidente entre porto-riquenhos”.
Celia Sanchez
Celia-SanchezA maioria das pessoas conhece Fidel Castro e Che Guevara, mas poucas ouviram falar de Celia Sanchez, a mulher no coração da Revolução Cubana, onde até mesmo rumores dizem ter sido a principal tomadora de decisões. Após o golpe de 10 de março de 1952, Celia se juntou na luta contra o governo de Fulgencio Batista. Ela foi uma das fundadoras do Movimento 26 de Julho, foi líder dos esquadrões de combate durante toda a revolução, controlou os recursos do grupo e até mesmo organizou o desembarque do Granma, que transportou 82 combatentes de México para Cuba, para derrubar Batista. Depois da revolução, Celia continuou com Castro até sua morte.
Kathleen Neal Cleaver
Kathleen-Neal-Cleaver
Kathleen Neal Cleaver foi uma das integrantes do Partido dos Panteras Negras e a primeira mulher do partido a fazer parte do corpo de “tomadores de decisões”. Ela serviu como porta-voz e secretária de imprensa, organizando também a campanha nacional para libertar o aprisionado ministro da Defesa dos Panteras, Huey Newton. Ela e outras mulheres, como Angela Davis, chegaram em determinado momento a contabilizar dois terços do quadro dos Panteras, apesar da noção de que o partido era majoritariamente masculino.

Asmaa Mahfouz

Asmaa-Mahfouz

Asmaa Mahfouz é uma revolucionária moderna, a quem repousa o crédito de ter inflamado o levante de janeiro de 2011 no Egito, por meio de um vídeo postado na internet, encorajando outros a juntar-se a ela nos protestos na Praça Tahrir. Ela é considerada uma das líderes da Revolução Egípcia e uma proeminente integrante da Coalizão de Jovens da Revolução Egípcia.

Fonte:  http://www.revistaforum.com.br/blog/2014/09/mulheres-revolucionarias/

RETROCESSO



Fim da Secretaria de Políticas para as Mulheres – RS: dois passos atrás


Ariane Leitão*

A confirmação da extinção da Secretaria Estadual de Políticas para as Mulheres- SPM/RS provocou movimentações de diversos setores da sociedade gaúcha, na última semana. As galerias da Assembleia Legislativa, lotadas, constrangeram deputados e deputadas da base aliada do Governador eleito e o silêncio, que acatou a decisão do próximo executivo, conseguiu ser pior que as manifestações machistas dos deputados Mano Changes e Paulo Odone, ao ameaçar os movimentos feministas que ocupavam espaço legítimo na luta pela garantia de direitos. Lembro porém, que a famigerada decisão já fora anunciada diversas vezes durante o período eleitoral pela então candidata e Senadora Ana Amélia Lemos, corroborada pelo Governador eleito José Ivo Sartori, que cumpriu o prometido. Portanto, não estamos falando de fato novo ou surpreendente, tratamos aqui de uma decisão política, calcada em um projeto de governo que opta por “cortar gastos” às custas do ataque aos direitos humanos da população, e neste caso, aos das mulheres gaúchas.

Por Filipe Castilhos/Sul21

Sob a justificativa de que o estado precisa “equilibrar as finanças”, a maior conquista do movimento de mulheres do Rio Grande do Sul do último período, foi extinta sem delongas. O que parecia um pesadelo foi amenizado com a desistência de passar nossas políticas de emancipação para o Gabinete da Primeira Dama, sendo estas então, absorvidas pela Secretaria de Justiça e Direitos Humanos. Perdemos autonomia, visibilidade e prioridade dentro da administração estadual. Retrocedemos. A implementação de um espaço público de poder destinado à garantia dos direitos das mulheres, acordada e cumprida pelo atual Governador Tarso Genro, há quatro anos atrás, firmou ideais igualitários no Rio Grande e colocou a vida das mulheres entre as prioridades do último governo. Nunca tanto recurso público foi investido para as mulheres e meninas, nunca se falou tanto em políticas para as mulheres e sobre o nosso papel na sociedade, nunca se combateu tão fortemente a violência e o preconceito de gênero, nunca estivemos tão empoderadas.
A partir de uma nova perspectiva política, ocupamos espaços dentro e fora do governo. Avançamos no Judiciário, no Ministério Público, na Defensoria Pública, nos legislativos, nos movimentos sociais, em casa e nas páginas dos jornais. Ainda que com a insistência de alguns grandes veículos de comunicação, saímos das páginas policiais e passamos para um novo patamar: divulgar conquistas. Por este motivo nossa secretaria foi extinta! O avanço que me refiro, trata-se de uma mudança cultural no estado gaúcho, trata-se de uma alteração no status quo de uma sociedade machista e misógina, que teve os privilégios masculinos questionados a partir de um ideário onde o homem não cumpre um papel social superior à mulher. Ou seja, a consolidação de uma sociedade calcada em preceitos democráticos fundamentais, como a equidade e igualdade. A reação às estas mudanças foi violenta. Convivemos com ondas de ataques à vida das mulheres, feminicídios em diferentes locais do estado em curtos espaços de tempo, enfrentamos o desrespeito de alguns setores da imprensa gaúcha que mergulhados no conservadorismo, invariavelmente, insistem em diminuir nossas conquistas, ridicularizando e ou invisibilizando nossa política, banalizando a subjugação. Os ataques às mulheres e ao feminismo só fizeram crescer no último período. A reação à nossa autonomia veio a galope.
Poderia discorrer aqui sobre números e dados que comprovam minha argumentação sobre a necessidade de existência da SPM/RS, no entanto, isso foi feito durante os quatro anos do nosso governo. A relativização da política pública que desenvolvemos e de seus resultados, faz parte da tática machista da próxima administração gaúcha, que vincula nossos avanços a questões circunstanciais, sem a responsabilidade devida de um governo que herda não só políticas públicas de governo, mas também de estado, introjetadas nos diferentes poderes instituídos. A Rede Lilás, pioneira no Brasil, abarcou as diferentes ferramentas de combate à violência e o preconceito contra as mulheres e meninas, e materializou a transversalidade de uma política que só dá certo quando trabalhada em parceria e com responsabilidades compartilhadas.
A justificativa de que é necessário cortar em custeio, é repetida como um mantra pelos homens que comandarão o Rio Grande nos próximos anos. No entanto, são pegos de surpresa por mulheres, que pasmem, entendem de contas públicas e questionam: porquê o corte da menor secretaria do estado, que tem baixíssimo custo e que desenvolveu ações e políticas tão significativas? Ou preservar a vida das mulheres não é tão importante? Nada surpreendente diante de um Governador eleito, que antes mesmo de tomar posse, se refere publicamente às mulheres como “as que mandam no lar” conforme disparou Sartori em entrevista à Zero Hora, deixando transparecer toda sua visão patriarcal sobre as mulheres. Ou pior, para um governo que sequer considera a participação das mulheres como algo necessário para o avanço civilizatório do país (no próximo governo apenas uma única mulher irá compor o secretariado gaúcho), onde ainda registramos números pífios de ocupação feminina em espaços de poder e que continua a figurar entre os mais violentos contra as mulheres.
Sim, os próximos anos serão de luta permanente para o movimento social no Rio Grande. Para nós mulheres, a partir do esvaziamento institucional, os espaços de participação social serão ainda mais importantes. Também teremos de estar atentas em relação a estes. Sobreviverão neste cenário? O retrocesso anunciado foi cumprido. O Rio Grande do Sul do Brasil e do mundo se apequena e fica circunscrito a uma visão conservadora e tacanha sobre o povo gaúcho. Perdemos direitos e para as mulheres dois passos atrás.

Nota do editor: Em inúmeros municípios do Brasil, o mesmo aconteceu. As secretarias municipais foram extintas, num enorme retrocesso à igualdade de gênero.

*Ariane Leitão é militante do movimento feminista, graduada em direito e ex-Secretária Estadual de Políticas Para as Mulheres do Rio Grande do Sul.

CIVILIZAÇÃO INSANA



A seca do Mar de Aral

Quando um dos berços da civilização virou um deserto*

*Publicado em http://caroldaemon.blogspot.com.br/2014/12/a-seca-do-mar-de-aral-quando-um-dos.html - Título editado

Com medo que algum dia o mar também virasse sertão já foi trecho de música, hoje é realidade.
Há alguns anos, divulguei algumas imagens da seca do Amazonas e hoje a perda de volume em rios como o São Francisco, já é um problema real.
Contudo, as imagens do Mar de Aral desertificado em tão pouco tempo são chocantes pelo volume e extensão de uma fonte de água perene desde a Antiguidade.
Vou deixar que os artigos e imagens abaixo falem por si. Mas o que você pode começar a fazer é economizar a maior quantidade possível de água, reduzir o consumo de carne, apoiar áreas reflorestadas, não consumir de forma alguma madeira não certificada e, se for o caso, adotar as formas de irrigação por gotejamento no lugar da aspersão tradicional. 






Imagens mostram desaparecimento do Mar de Aral e outros desastres

Imagens registradas entre 1973 e 2009, por exemplo, registram o desaparecimento quase total do mar de Aral - que na verdade era um gigantesco lago de água salgada -, na Ásia Central, que tinha o tamanho da Irlanda e virou um grupo de lagos. Em abril, o secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-Moon, disse que o Aral passava por "um dos maiores desastres ambientais do planeta". 

O Aral, que fica entre o Uzbequistão e o Cazaquistão, já foi o quarto maior lago do planeta. Contudo, desde os anos 60, ele perdeu mais da metade de seu volume. Os rios que alimenta o mar foram sobrecarregados por irrigações nas plantações de campos de algodão, ainda na época da União Soviética. 


Além da falta de água, Aral sofre com poluição, que chegou a níveis perigosos. A destruição do lago também dizimou a indústria pesqueira local, causando desemprego e problemas econômicos para os moradores da região. 

O berço da civilização vira um deserto 

 
No Iraque, a histórica região entre os rios Tigre e Eufrates também sofre com a exploração do homem. Na metade do século XX os pântanos da Mesopotâmia começaram a ser drenados para a agricultura e para atingir a região onde viviam contrários ao partido que dominava o país. Imagens registradas da região em 1990 e 2000 mostram em um pequeno espaço de tempo drásticas mudanças na região (confira mais detalhes na aba "fotos" acima. 


"Ultimamente, os desastres vistos no mar de Aral e nos pântanos são uma combinação dos efeitos do homem e do aumento da temperatura nessas regiões. (...) Não há uma grande mudança no volume de chuva nessas áreas, mas desde os anos 70 a temperatura subiu 1°C, o que aumenta as perdas devido à evaporação. (...) A poluição na área está ficando pior porque, enquanto a água evapora, poluentes na água ficam mais concentrados e menos diluídos", diz Benjamin Lloyd-Hughes, do Instituto Walker - instituição que pesquisa o sistema climático - e da Universidade de Reading, no Reino Unido, à reportagem. 


Imagens de satélite mostram bacia do Mar de Aral drasticamente seca

Acredita-se que os atuais níveis de  água representam menos de 10% do que existia há cinco décadas.  
Imagens feitas por satélites da Nasa mostram que o Mar de Aral teve sua extensão drasticamente reduzida nos últimos anos. O lago de água salgada que se estendia entre o Cazaquistão e o Uzbequistão já foi o quarto maior do mundo. Atualmente, acredita-se que os atuais níveis de água representam menos de 10% do que existia há cinco décadas.
"Esta é a primeira vez que a bacia oriental esta completamente seca nos tempos modernos", disse o geógrafo da Western Michigan University, Philip Micklin, à Nasa. "E é provável que esta seja a primeira vez que esteja completamente seca em 600 anos."
 Na década de 1950, dois dos principais rios da região - o Amu Darya e O Syr Darya - foram desviados pelo governo soviético para fornecer irrigação para a produção de algodão no Uzbequistão e no Turcomenistão, privando o Aral. Ele vem diminuindo desde então, com a queda do nível do mar de 16 metros entre 1960 e 1996, segundo o Banco Mundial.
A falta de chuva e neve na Cordilheira Pamir também tem contribuído para os níveis particularmente baixos de água neste verão, disse Micklin.


Um dos maiores lagos do mundo desapareceu deixando uma paisagem assustadora








Aral: as imagens impressionantes do mar que virou deserto Região, que está próxima a Uzbequistão, Cazaquistão e Turcomenistão, já teve quarto maior lago de água salgada do mundo.