segunda-feira, 8 de março de 2010

Sementes Crioulas

Sementes crioulas a favor da segurança alimentar

Identificar os produtores da região Oeste do Paraná que tenham sementes crioulas e incentivá-los na preservação dessas preciosidades naturais. São essas algumas das propostas do projeto “Rede Oeste de Sementes Crioulas e Agroecologia”, desenvolvido pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Campus de Marechal Cândido Rondon. “Sem o controle das sementes é inviável a agroecologia, e sem ela não temos qualidade nutritiva. O nosso objetivo é motivar a preservação desse patrimônio, para que a sociedade possa se beneficiar e ter segurança alimentar”, resume Wilson Zonin, coordenador do projeto, que é financiado pelo programa Universidade Sem Fronteiras, da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti).

Assim, o projeto tem o papel de ajudar cerca de 100 produtores da região de Marechal Cândido Rondon. Os bolsistas, além de ensinarem os agricultores a identificarem as sementes conservadas, incentivam a troca de grãos entre os produtores, para que eles ampliem o material orgânico existente, e ainda ensinam técnicas para o desenvolvimento e a produtividade dos grãos.
“Atuamos no desenvolvimento de experimentos, visando a reprodução de sementes crioulas e de adubos verdes que possam auxiliar os produtores nos processos de transição da agricultura convencional para a orgânica, assim como garantir a biodiversidade de culturas tradicionais como milho, feijão e outras”, explica a bolsista Ana Maria de Carvalho, acadêmica de Geografia.
O produtor orgânico, Luiz Hedel, é um verdadeiro guardião de sementes crioulas. Ele formou um mix de mais de 90 variedades de sementes de milho e outras 40 de feijão, que cultiva numa propriedade de 24 hectares, 30% já com mata recuperada. Além disso, ele cultiva cerca de 12 variedades de milho crioulo. “Faço a produção orgânica há treze anos. A vantagem é a redução de custos, pois utilizamos a adubação verde, o próprio esterco do bovino que temos na propriedade, além do adubo orgânico certificado que substitui o químico”, explica Luiz, lembrando que este ano nem precisou adubar o solo. “Além disso, você sabe que está comendo um alimento sadio”, observa. Luiz conta ainda que o projeto tem ajudado com orientações. “Sempre fazemos trocas de experiências”.
Já para Odacir Grilo Reinheimer, de Missal, é preciso preservar as sementes. “Precisamos cuidar deste patrimônio para garantir a independência do produtor. Por isso trocamos sempre as sementes, nunca vendemos”.
Para o professor Zonin, é preciso motivar os agricultores. “Para desenvolver este tipo de agricultura é necessário muita dedicação e consciência”.

Dia de Campo

O projeto, com o apoio do Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (Capa), realizam no próximo dia 16 o Dia de Campo no município de Mercedes. Na oportunidade os produtores poderão conhecer os avanços tecnológicos que vêm sendo obtidos por meio das pesquisas realizadas na área de agroecologia. Neste dia serão montadas quatro estações: “Estudo de Sistemas de Adubação Orgânica”, “Seleção e Melhoramento Genético”, “Adubações Verdes” e “Controle Biológico de Pragas e Doenças”. Para Zonin, o evento será “uma produção de conhecimentos”. Mais informações no Laboratório de Extensão Rural da Unioeste, campus de Marechal Cândido Rondon ou pelo telefone (45) 3284-7925.

O grão crioulo

A semente crioula é modificada ao longo dos anos sem passar por processos químicos. Elas são cultivadas por agricultores familiares e são melhoradas por meio de processos de cruzamento entre as variedades no decorrer dos anos. Assim, elas vão se adaptando às mudanças climáticas com o tempo e por meio deste procedimento é possível realizar alterações como diminuir a altura da planta, fazer avaliação de doenças com 30 dias de florescimento e aumentar a produtividade.

Assessoria de Comunicação Social

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