segunda-feira, 2 de maio de 2011

Comitiva Internacional visita Condomínio de Agroenergia do Ajuricaba


Jornalistas de vários países estão em Marechal Cândido Rondon no dia de hoje (03) com o intuito de visitar o Condomínio de Agroenergia para Agricultura Familiar da Microbacia do Rio Ajuricaba, na Linha Ajuricaba, interior do município. O objetivo é divulgar o projeto que é piloto em todo o mundo.
Conforme um dos coordenadores do condomínio e representante da prefeitura, Itamar Dall´Agnol, a informação da visita foi repassada pelo representante do Gabinete da Presidência da República. Itamar destaca que o projeto está interessando o mundo e, por isso, o Brasil quer abrir essa oportunidade para profissionais de outros países conhecerem. “Existe o interesse internacional e da própria presidência da república neste projeto de energias renováveis que é algo único no mundo e que trabalha questões ambientais com uma lucratividade aos produtores rurais, com a produção de energia elétrica e mecânica. O projeto está despertando o interesse no mundo inteiro”, frisa Itamar.
O condomínio conta com importantes parcerias, caso da Itaipu Binacional, prefeitura de Marechal Rondon, através da Secretaria Municipal de Agricultura, e Emater. Tais parceiros, conforme Itamar, estão viabilizando formas para que as pessoas venham conhecer o projeto que já está na segunda fase de implantação. Outras visitas estão agendadas para o condomínio, entre elas uma comitiva da Presidência da República, prevista para acontecer no próximo dia 13.

Programação

08h00 - Chegada ao Ajuricaba a propriedade da Sra. Delcia Osterkamp e a Micro Central Termelétrica. Visita em duas propriedades, dois grupos, vinte minutos em cada propriedade, assim dispostas:
Grupo 1 - Propriedade da Sra. Delcia Osterkamp
Visita técnica com o engenheiro Ansberto Neto (CEB-FPTI) e o Sr. Francisco Borzatto (Emater)
Grupo 2 - Propriedade da Sra. Usula Fritsch
Visita técnica com o Sr. Pedro Köhler (Empresa Bioköhler) e o Sr. Sérgio Schuch (Emater)
08h50 - Visita à Micro Central Termelétrica
Explicações gerais pelo Sr. Cícero Bley, Assessor de Energias Renováveis da Itaipu Binacional
09h15 - Visita à estação geradora de Energia elétrica/tratamento de biogás
Visita técnica com o Engenheiro Maycon Vendrame
09h30 - Visita ao secador de grãos
Visita técnica com o Engenheiro Maycon Vendrame
09h50 - Paço Municipal
10h00 - Apresentação do Sr. Gedson Vargas (Cooperbiogás)
10h10 - Apresentação do Sr. Cícero Bley (Plataforma Itaipu de Energias Renováveis)
10h20 - Apresentação do Sr. Moacir Luiz Froehlich (Prefeito Marechal Cândido Rondon)
10h30 - Perguntas
10h40/11h30 - Entrevistas no Paço Municipal de Marechal Cândido Rondon

Como é e funcionará o Condomínio de Agroenergia para Agricultura Familiar da Microbacia do Rio Ajuricaba, segundo a Itaipu Binacional e o FPTI

O projeto do Condomínio de Agroenergia para Agricultura Familiar da Microbacia do Rio Ajuricaba é desenvolvido pela Itaipu desde agosto de 2009, em parceria com o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-PR), Companhia Paranaense de Energia (Copel) Prefeitura Municipal de Marechal Cândido Rondon, Embrapa, Movimento Nacional dos Pequenos Agricultores (MPA), Instituto de Tecnologia Aplicada e Inovação (ITAI) e a Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI).

O objetivo é implantar uma referência concreta para a agroenergia na agricultura familiar e desenvolver os critérios para sua sustentação econômica, ambiental, social  e energética.  O projeto contempla a instalação de 34 biodigestores e 25,5 km de gasodutos ligados a uma microcentral termelétrica, que devem garantir uma renda de cerca de R$ 270 mil anuais aos produtores rurais com a produção de energia térmica, elétrica e veicular, além de biofertilizantes. 

O projeto consiste basicamente em aproveitar o biogás resultante da decomposição da matéria orgânica em um biodigestor (processo chamado de biodigestão anaeróbica). O biogás, por sua vez, é canalizado para um motogerador, capaz de prover energia para as propriedades rurais ou alimentar a rede pública de eletricidade. Após passar pelo processo de biodigestão, a matéria orgânica é transformada em biofertilizante de alta qualidade, que pode ser aplicado em pastagens ou outras culturas, incrementando ainda mais o grau de sustentabilidade do sistema produtivo.

Das 34 unidades familiares que fazem parte do projeto, 12 já vem transformando os dejetos de sua produção agropecuária em biogás e o sistema elétrico encontra-se em processo de licitação. Dos 25,5 Km previstos para o gasoduto, 15km já estão concluídos.

 “A experiência do Condomínio de Agroenergia para a Agricultura Familiar, criado pela Itaipu e seus parceiros, pretende demonstrar a viabilidade de se aliar a preservação do meio ambiente à produtividade e à geração de renda, por meio de tecnologias acessíveis a pequenos produtores rurais reunidos em um condomínio de energia, que não teriam condições de realizar um projeto dessa magnitude de forma isolada”, afirma o diretor-geral brasileiro da Itaipu, Jorge Samek.

Energia,  biofertilizantes e créditos de carbono

Os plantéis (bovino leiteiro e suíno) dos produtores familiares do condomínio geram anualmente cerca de 16 mil toneladas de dejetos. Quando submetidos à biodigestão anaeróbica, esses dejetos têm condições de produzir cerca de 266 mil m3 de biogás por ano, que por sua vez geram 445 mil quilowatt/hora (kWh) anuais, o suficiente para abastecer 150 residências, gerando uma economia media de R$ 57 mil por ano. Com base nos preços do setor elétrico brasileiro, a energia vendida como excedente proporcionaria uma receita de aproximadamente R$ 50 mil anuais. Já a quantidade obtida de biofertilizante chegaria a 9,5 mil m3, que garantiriam uma economia de  R$ 55 mil ao ano com a compra de fertilizantes.

Com essa estrutura, os cerca de 266 mil m3 de biogás produzidos anualmente pelo condomínio – e que antes eram diretamente liberados na atmosfera – poderão também render créditos de carbono. A Assessoria de Energias Renováveis da Itaipu estima que haverá uma redução de emissão de gases de efeito estufa equivalente a 2,1 mil toneladas de CO2 por ano, garantindo uma receita extra de aproximadamente R$ 64 mil anuais aos produtores envolvidos no projeto.

A proposta é aproveitar o biogás também para a geração de energia térmica, na secagem de grãos, em um secador comunitário, gerando uma receita estimada de R$ 81 mil anualmente.  O biogás será usado ainda para gerar energia veicular, visto que o biogás pode ter um emprego similar ao GNV, o que garantirá uma economia de cerca de R$ 17 mil anualmente aos produtores rurais.

A análise de viabilidade econômica do projeto aponta para um prazo de retorno dos investimentos (payback) de aproximadamente 10 anos, com uma rentabilidade de 7,21% ao ano, superior à da poupança, que gira em torno de 5,5% ao ano.

Aos benefícios econômicos proporcionados pelo projeto, somam-se outros, ligados à qualidade de vida dos produtores, tais como a eliminação do mau cheiro e das moscas comuns à sua atividade, além da preservação dos cursos de água da região. “A economia do biogás é de grande impacto local, pois acontece a partir da descentralização da geração de energia e que deve ser medida em quilowatt/hora, mas também em sanidade ambiental e desenvolvimento microeconômico local”, afirma Cícero Bley, superintendente de Energias Renováveis da Itaipu.

Com esse projeto , a Itaipu vem demonstrando a viabilidade de transmutar o passivo ambiental  do setor agropecuário brasileiro em energia elétrica e fertilizantes, colaborando com o compromisso voluntário que o país assumiu na Conferência Mundial do Clima de Copenhague, de diminuir entre 36% e 39% a emissão de gases de efeito estufa no território nacional até 2020. A estimativa é de que o aproveitamento do biogás na matriz agropecuária brasileira contribua para diminuir a emissão do gás metano, que equivale a aproximadamente de 77,8 milhões de toneladas de CO2 anuais.

O potencial da agricultura familiar brasileira para a produção de energia não deve ser subdimensionado. No Brasil, esse setor abrange cerca de 13,8 milhões de pessoas, ou 77% da população ocupada na agricultura, segundo o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO). Os 4,1 milhões de estabelecimentos familiares existentes no Brasil produzem quase 40% do valor bruto da produção agropecuária: cerca de 70% do feijão consumido pelo país vem daí e também 84% da mandioca, 58% da produção de suínos, 54% da bovinocultura de leite, 49% do milho e 40% de aves e ovos.



Esquema do Sistema de Tratamento


- Dados do Projeto -

Local: Sanga do Ajuricaba, Marechal Cândido Rondon – PR
Escala: Agricultores familiares, interligados por um gasoduto rural até uma microcentral termelétrica a biogás
Unidades: 34 unidades de agricultura familiar
Quantidade de animais: 1.072 bovinos, 3.082 suínos
Quantidade anual de dejetos de animais: 16 mil toneladas
Geração anual de biogás: 266 mil m3
Geração anual de energia elétrica: 445 mil quilowatts/hora (kWh)
Economia anual com a geração de energia elétrica: R$ 57 mil
Renda anual com a comercialização do excedente de energia elétrica: R$ 50 mil
Produção anual de biofertilizantes: 9,5 mil m3
Economia anual com a produção de biofertilizantes: R$ 55 mil
Economia anual com a geração de energia térmica: R$ 81 mil
Economia anual com a geração de energia veicular: R$ 17 mil
Redução anual de Emissões: 2,1 mil toneladas de CO2 equivalentes
Ganhos anuais com a comercialização de créditos de carbono: R$ 64 mil
Renda anual total estimada: R$ 270 mil

Investimentos para Implementação do Condomínio
Nivel 1 – Propriedades Biodigestores: R$ 763.701,42
Nível 2 - Condomínio (despesas gerais e mão de obra): R$ 845.526,37
Nível 3 - Microcentral termelétrica/gasoduto: R$ 826.035,93
Nível 4 – Secador e composteira: R$ 242.606,28
Nível 5- Posto de biomethano: 119.630,00
Nível 6-  Kits de conversão de combustível: R$ 19.500,00
TOTAL: R$ 281.7000

Indicadores de Viabilidade Econômica

1.Índices de avaliação e análise dos prazos de recuperação do capital
TMA – Taxa mínima de atratividade: 5,70%
Prazo para a recuperação do investimento: 15 anos
Payback simples: 10 anos
Payback descontado: 13 anos

2.Valores Incrementais gerados pelo capital investido
VPL – Valor Presente Líquido (VPL): R$ 307.004,54
VPLa – Valor Presente Líquido anualizado: 30.993,95

3. Taxas de rentabilidade do capital investido
TIR – Taxa interna de retorno: 7,21%
TMA/TIR – Relação entre a taxa mínima de atratividade e a taxa interna de retorno: 0,79%
IBC - Índice benefício-custo: 1,12%
ROIA – Retorno adicional sobre o investimento: 0,75%
ROI – Retorno sobre o investimento: 6,49%


Fontes: Assessoria de Imprensa PMMCR
             Divisão de Imprensa/Itaipu Binacional

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