sábado, 30 de maio de 2015

A NIGÉRIA CONTRA O MACHISMO AFRICANO



Em sua última semana de mandato, presidente da Nigéria aprova lei que proíbe a mutilação genital feminina





MUTILAO


Em sua última semana na presidência da Nigéria, Goodluck Jonathan assinou uma lei que criminaliza a mutilação genital feminina.
De acordo com o All Africa, a lei traz esperança de que os nigerianos "comecem a aceitar que práticas culturais e religiosas também devem se sujeitar aos direitos humanos".
A medida já havia sido aprovada pelo senado do país em maio. Além da mutilação genital, a lei também proíbe o abandono de dependentes - mulher, filhos e outros - sem condições de sustento.
Estima-se que cerca de 25% das mulheres entre 15 e 49 anos tenham sido submetidas à prática no país. No entanto, por se tratar do país mais populoso do continente, osnúmeros absolutos da Nigéria estão entre os mais altos do planeta.
De acordo com o International Business Times, especialistas afirmam que a lei pode impactar a criação de outros dispositivos legais em outras 26 nações africanas, onde a prática ainda ocorre.
Ainda segundo analistas ouvidos pelo IBT, a aprovação da lei nos últimos dias de mandato de Jonathan não é uma coincidência: enquanto ele não vai precisar encarar seu eleitorado, pois deixa o poder nesta sexta-feira (29), Muhammadu Buhari, que assume a presidência após uma eleição histórica, já pega o assunto, que envolve delicadas questões religiosas e culturais, "encaminhado".
Segundo o Guardian, há 13 anos ativistas e grupos de defesa dos direitos humanos pressionavam o governo para que aprovasse uma lei que proiba a prática.
Cabe agora, ao país, conciliar a lei com práticas que façam com que os casos de mutilação genital sejam, de fato, reduzidos. "O fim da violência contra mulheres e meninas demanda investimentos, não apenas leis escritas em livros", escreveu Stella Mukasa no jornal britânico.
Considerada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como uma violação dosdireitos humanos , esta prática consiste em remover - parcial ou totalmente - os genitais femininos, com a intenção de impedir que a mulher sinta prazer sexual. Não há nenhuma justificativa médica para esse tipo de intervenção, de acordo com aOrganização Mundial da Saúde.
De acordo com dados divulgados pela Unicef em fevereiro, há cerca de 130 milhões de mulheres e meninas vítimas da prática vivas atualmente.
Geralmente a operação é feita de forma rudimentar, sem anestesia e em condições de higiene "catastróficas", de acordo com a Desert Flower Foundation. Facas, tesouras, lâminas e até cacos de vidro podem ser usados nos procedimentos, geralmente feitos até os 15 anos da vítima.
Dados da Unicef mostram que a prática se alastra principalmente na Somália e na Guiné, onde 98% e 97% da população feminina foi mutilada, respectivamente. Caso a prática não seja inibida, 30 milhões de mulheres podem sofrer mutilação genital na próxima década.
Unicef, no entanto, afirma que a situação está melhorando, ainda que em um ritmo muito abaixo do ideal. A chance de uma menina ser cortada hoje em dia é um terço menor do que era há 30 anos.
OMS afirma que a mutilação causa sérios riscos como hemorragia, tétano, infertilidade e a necessidade de outras cirurgias para reparar o estrago.
Fonte: http://www.brasilpost.com.br/2015/05/28/mutilacao-genital-nigeria_n_7463092.html?ncid=fcbklnkbrhpmg00000004

segunda-feira, 25 de maio de 2015

MAIS UMA SEMANA DE GREVE COMEÇA COM MOBILIZAÇÕES EM TODO O ESTADO

por Luciano Egidio Palagano*

O estado de guerra declarada entre os servidores estaduais e o governo do estado continua:
Na última sexta feira (22/05), em Marechal Cândido Rondon os servidores estaduais fizeram um ato de protesto na reunião do Conselho dos Municípios Lindeiros, que se realizou no centro de eventos da cidade. Neste protesto, os servidores portando cartazes, faixas, cruzes e caixões representando os deputados da base aliada e o governo, se manifestaram aos presentes, pedindo o apoio do Conselho dos Lindeiros para a pauta dos servidores.
Servidores Estaduais em ato no Encontro do Conselho dos
Municípios Lindeiros (22/05). Foto: Luciano Egidio Palagano
          A professora Aparecida Darc do comando de greve da UNIOESTE, representando todos servidores no ato, fez uma fala ao microfone onde explicitou as razões da greve e por que os servidores ainda permanecem na mesma. Você pode visualizar a fala da professora clicando aqui.
Servidores Estaduais em ato no Encontro do Conselho dos
Municípios Lindeiros (22/05). Foto: Luciano Egidio Palagano
Já no dia de hoje, a Segunda-feira iniciou uma semana que começa com mobilizações no estado inteiro, em uma ação coordenada a nível estadual pelo comando estadual de greve da APP-Sindicato, os 32 núcleos regionais de educação do estado amanheceram ocupados ou com piquetes em frente aos mesmos. O ato de protesto é realizado de forma a tentar impedir o lançamento das faltas dos servidores em greve, no caso do Núcleo de Educação de Toledo a ocupação ocorreu na tarde de hoje (25/05).
Ainda na tarde de hoje, enquanto os servidores em Toledo ocupavam o NRE, em Marechal Cândido Rondon mais um protesto ocorreu. Desta vez em frente a Justiça do Trabalho, onde o Deputado Estadual Elio Lino Rusch (DEM) foi recepcionado na saída do prédio. O mesmo se encontrava no prédio devido à duas audiências relacionadas a ações trabalhistas, nestas ações o deputado é acusado de não ter pago todos os direitos trabalhistas para um casal que trabalhou em um sítio de propriedade do parlamentar na cidade de Marechal Cândido Rondon.
Assim que Servidores da UNIOESTE e da Rede de Educação Básica ficaram sabendo da vinda do deputado, começaram a se organizar para o ato de protesto, e logo após às 14 horas portando cruzes, caixões e faixas, se dirigiram ao local e aguardaram a saída do mesmo.
Servidores Estaduais aguardando a saída do Deputado Elio
Rusch (DEM) em frente a Justiça do Trabalho em Marechal Cândido
Rondon (25/05). Foto: Luciano Egidio Palagano
Entoando palavras de ordem como “Raposa sai da toca”, “Covarde”, “O Elio Rusch, que papelão; é inimigo da Educação” e outras, os servidores ficaram posicionados em frente ao prédio da justiça do trabalho por aproximadamente uma hora à uma hora e meia aguardando a saída do deputado, e enquanto lá se encontravam a maioria das pessoas que saiam do local manifestavam apoio aos servidores.
O parlamentar ao sair (filmando os manifestantes) foi recebido com vaias e palavras de ordem, os servidores seguiram o deputado até o veículo em que o mesmo se retiraria do local, que segundo algumas informações pertence ao advogado do deputado, ao chegarem no carro o mesmo foi cercado (por algum tempo) pelos manifestantes, que vaiavam e questionavam a posição do deputado com relação ao apoio que o mesmo dá ao governo do estado.
Aos gritos de "Covarde! Covarde!" Servidores Estaduais
 seguem o Deputado Elio 
Rusch em direção ao carro.
Rondon (25/05). Foto: Luciano Egidio Palagano
Após as vaias, manifestações e algumas falas, os manifestantes liberaram o veículo que com o parlamentar dentro se evadiu do local, em seguida os servidores se dirigiram a UNIOESTE para a realização de uma reunião do comando de greve ampliado onde foram debatidos os próximos passos do movimento.






* Bacharel e Licenciado em História, correspondente do Jornal Pasquim do Oeste e colaborador do projeto Brasil de Fato Paraná
Confira abaixo mais algumas imagens da ocupação do Núcleo Regional de Educação de Toledo e das manifestações realizadas em Marechal Cândido Rondon na última semana. Para uma melhor visualização clique nas imagens:

Ato/Manifesto de repúdio dos Servidores estaduais ao Deputado Elio Rusch (DEM) em frente a Justiça do Trabalho em Marechal Cândido Rondon (25/05)
Fotos: Luciano Egidio Palagano





  

Ocupação do Núcleo Regional de Educação de Toledo na tarde do dia 25/05:
Fotos: Professora Marinalva








Ato/Manifesto dos Servidores Estaduais no Encontro do Conselho dos Municípios Lindeiros em Marechal Cândido Rondon (22/05). Fotos: Luciano Egidio Palagano

 





quarta-feira, 20 de maio de 2015

CRÔNICA: INTRANSIGÊNCIA DO GOVERNO ESTADUAL MANTÉM SERVIDORES EM GREVE

Luciano Egidio Palagano*
"Se governar fosse fácil, não seriam necessários espíritos iluminados."
(Bertolt Brecht)
"Nas coisas humanas, não há nada mais difícil que governar bem."
(Petrus Crinitus)
"É falta de habilidade governar com tirania." (Marquês de Maricá)

Há poucos dias atrás eu publiquei um texto (clique aqui para visualizar) onde afirmava que, seria necessário um minimo de habilidade politica por parte do governo do estado do Paraná para que a situação de guerra declarada entre o governo estadual e os servidores se resolvesse.

Concentração de greve em Marechal Cândido Rondon/PR
Foto: Luciano Egidio Palagano
Situação esta, que vem trazendo prejuízos a todas as partes envolvidas:
  • Para os servidores, que estão lutando pelos seus direitos e que terão que, para cada dia que a greve se estenda, repor os dias parados para que não tenham prejuízo em seus vencimentos. Greve não se faz para brincar, greve se faz para lutar e é a última alternativa utilizada pelos trabalhadores, e os servidores estaduais estão bem conscientes disso: de que todo este processo se tornou não só uma luta pelos seus direitos mas também, após o dia 29/04, uma luta pela manutenção de sua dignidade.
  • Para o governo, que tem a sua imagem cada vez mais desgastada, não só pelo movimento mas principalmente pela maneira com que esta lidando com a situação. Táticas tragicômicas já foram executadas por parte do governo neste processo, como em um primeiro momento colocar os deputados da bancada governista dentro de um camburão, serrando as grades da ALEP para votarem um projeto em sessão secreta no restaurante da casa e em outro momento mobilizar um efetivo bélico ao custo de mais de quatro milhões de reais (R$ 4000000,00), para em um ato de atentado a ordem constitucional, impedir uma manifestação dos servidores em greve.
Estátua do Marechal de Ferro
utilizando uma máscara em alusão
ao ocorrido no dia 29/04.
Foto: Luciano Egidio Palagano
Algo que levou o estado do Paraná para as páginas de jornais de âmbito mundial, e não foi para elogiar o estado e o governo que estes jornais voltaram os olhos para os acontecimentos da província paranaense.
  • Para a população, que pela demora na resolução da presente situação se vê cada vez mais atingida pela falta de serviços públicos que quando funcionam normalmente já não funcionam como deveriam funcionar devido a falta de estrutura e material humano, imagine então quando estes mesmos serviços se encontram parados completamente.
Mas infelizmente, esta necessária habilidade politica por parte do governo parece não existir, pois o mesmo não só fechou a mesa de negociação conforme noticiado há uma semana, mas mantém a intransigência em não aceitar negociar com os servidores em greve.
Servidores na Manifestação do dia 19/05 em frente ao
Palácio do Iguaçu - Curitiba. Foto: Luciano Egidio Palagano
Ontem (19/05), na mesa que deveria ser de negociação, após um ato que reuniu mais de 30 mil servidores em Curitiba, o chefe da casa civil Eduardo Sciarra (PSD) afirmou que, o governo estadual não negociará com os servidores enquanto estes se mantiverem em greve e não apresentou nenhuma proposta que pudesse estimular os servidores a sairem da greve.
Que garantia tem os servidores de que um governo que até agora não cumpriu com suas promessas vá negociar, se estes encerrarem a greve? Com a continuidade da greve, pelo menos existe uma pressão perante o governo, sem a greve até mesmo isso deixaria de existir.
A impressão que se tem é que, o governador (juntamente com seus assessores) quer subjugar o movimento “na marra”, como se esta fosse uma disputa pessoal entre o movimento e a pessoa do governador, e não uma situação social que atinge o estado inteiro e que necessita de um minimo de abertura ao diálogo e habilidade politica para ser solucionada.
Concentração anterior a marcha. Praça Santos Andrade - Curitiba
19/05/2015 - Foto: Luciano Egidio Palagano
Inclusive, é de no minimo se estranhar, a não presença do chefe do executivo na conversa direta com os sindicatos, sempre mandando os seus representantes, o governador da mostras de, aparentemente, não se preocupar com a situação no estado.
Seria interessante que o governador deixasse de governar através do marketing e das bombas e passasse a agir como governador do estado, lembrando que governador significa tanto no latim como no grego um cargo de liderança:
Do latim: Praetor/Gubernator** – “o que vai em frente” (que é justamente o que Beto Richa não faz ao se ausentar da mesas de negociação), “Diretor”, “Líder” (o que mais lhe falta neste momento: liderança)
Grego: Kybernan*** - “pilotar ou ir ao leme de um navio”, “dirigir”, algo para o qual é necessário uma habilidade que o Governador demonstra não ter, aliás, será que Beto Richa ainda pode ser chamado de Governador com “G” maiúsculo depois da maneira como vem mostrando lidar com a situação no Paraná?
Como colocado anteriormente, os servidores lutam pela manutenção de sua dignidade, e consequentenmente a maneira como o estado vem tratando o movimento só faz acirrar ainda mais os animos, que já se encontram exaltados.
Marcha do dia 19/05 que reuniu mais de 30 mil servidores em Curitiba.
Ao fundo da imagem temos a Catedral de Curitiba. Foto: Luciano Egidio Palagano
A solução para a atual crise se encontra nas mãos do governo, mas ao que parece o governo, devido a sua incompetência e inabilidade politica, não consegue visualizar isso.
Desta forma segue a greve, com o movimento engrossando cada vez mais, ao contrário do que o governo busca com sua intransigência, uma vez que a partir da intransigência do governo, mais uma vez demonstrada no dia de ontem, começa agora a articulação e o chamado para uma greve geral dos Servidores do Paraná.
Outra consequência da intransigência do governador, da casa civil e da secretaria da fazenda, é o fato de que com a pressão que os servidores vem fazendo junto aos deputados estaduais, a base do governo na Assembleia Legislativa (aquela mesma base que defendia o governo até dentro do camburão) começa a se rebelar sinalizando que a pressão dos servidores em cima dos mesmos vem apresentando resultados.
Marcha do dia 19/05 que reuniu mais de 30 mil servidores em Curitiba.
Foto: Luciano Egidio Palagano
Somando-se a todos estes fatos os gritos de Fora Beto Richa “pipocam” por todo o estado, em shoppings, estádios, teatros, shows musicais... a popularidade do governador cai a olhos vistos e ao que parece (em um governo pautado pelo marketing) a única solução que o governador vê para tentar reverter este quadro é gastar mais dinheiro público em propaganda e marketing. Entrando assim em um espiral que leva o estado do Paraná cada vez mais para o fundo do poço, e quem governa/segue em frente neste caminho é o timoneiro Beto Richa juntamente com seu estado maior.
Marcha do dia 19/05 que reuniu mais de 30 mil servidores em Curitiba.
Foto: Luciano Egidio Palagano
Aguardemos os próximos passos, torcendo para que o Governador em um insigth perceba o que significa governar, e se atente para a necessária habilidade para ocupar este cargo.


* Bacharel e Licenciado em História, correspondente do Jornal Pasquim do Oeste e colaborador do projeto Brasil de Fato Paraná
** Fonte: http://origemdapalavra.com.br/site/palavras/governador/ acessado em 20/05/2015 às 12h27
*** Idem

MEDICINA



Novo tratamento contra Alzheimer restaura totalmente a função da memória



Pesquisadores australianos criaram uma tecnologia de ultra-som não-invasiva que limpa o cérebro das placas responsáveis ​​pela perda de memória e pelo declínio da função cognitiva em pacientes com Alzheimer


Se uma pessoa tem a doença de Alzheimer, isso é geralmente o resultado de uma acumulação de dois tipos de lesões – placas amilóides e emaranhados neurofibrilares. As placas amilóides ficam entre os neurônios e criam aglomerados densos de moléculas de beta-amilóide.
Os emaranhados neurofibrilares são encontrados no interior dos neurónios do cérebro, e são causados por proteínas Tau defeituosas que se aglomeram numa massa espessa e insolúvel. Isso faz com que pequenos filamentos chamados microtúbulos fiquem torcidos, perturbando o transporte de materiais essenciais, como nutrientes e organelas.
Como não temos qualquer tipo de vacina ou medida preventiva para a doença de Alzheimer – uma doença que afeta 50 milhões de pessoas em todo o mundo – tem havido uma corrida para descobrir a melhor forma de tratá-la, começando com a forma de limpar as proteínas beta-amilóide e Tau defeituosas do cérebro dos pacientes.
Agora, uma equipa do Instituto do Cérebro de Queensland, da Universidade de Queensland, desenvolveu uma solução bastante promissora. Publicando na Science Translational Medicine, a equipa descreve a técnica como a utilização de um determinado tipo de ultra-som chamado de ultra-som de foco terapêutico, que envia feixes feixes de ondas sonoras para o tecido cerebral de forma não invasiva.
Por oscilarem de forma super-rápida, estas ondas sonoras são capazes de abrir suavemente a barreira hemato-encefálica, que é uma camada que protege o cérebro contra bactérias, e estimular as células microgliais do cérebro a moverem-se. As células da microglila são basicamente resíduos de remoção de células, sendo capazes de limpar os aglomerados de beta-amilóide tóxicos.
Os pesquisadores relataram um restauro total das memórias em 75 por cento dos ratos que serviram de cobaias para os testes, havendo zero danos ao tecido cerebral circundante. Eles descobriram que os ratos tratados apresentavam melhor desempenho em três tarefas de memória – um labirinto, um teste para levá-los a reconhecer novos objetos e um para levá-los a relembrar lugares que deviam evitar.

Fonte: Ciência Online
http://www.portalmetropole.com/2015/05/novo-tratamento-contra-alzheimer.html acesso em 19/05/2015


Confira o artigo original no Portal Metrópole: http://www.portalmetropole.com/2015/05/novo-tratamento-contra-alzheimer.html#ixzz3ag9EcIdh

terça-feira, 19 de maio de 2015

O JORNALISMO E A PAUTA*



Outras razões para a pauta negativa


Por Venício A. de Lima 

O sempre interessante Boletim UFMG que traz, a cada semana, notícias do dia a dia da Universidade Federal de Minas Gerais, informa, na edição de 4 de maio [Ano 41, nº 1.902], sobre trabalho desenvolvido por grupo de pesquisa do Departamento de Ciência da Computação (DCC) em torno da “análise de sentimento” que relaciona o sucesso das notícias com sua polaridade, negativa ou positiva.
Vale a pena conferir o artigo que originou a matéria (disponível aqui) e será apresentado, ainda este mês, em conferência internacional sobre weblogs e mídia social na Universidade de Oxford, Inglaterra.
Utilizando programas de computador desenvolvidos pelo DCC-UFMG, foram identificadas, coletadas e analisadas 69.907 manchetes veiculadas em quatro sites noticiosos internacionais ao longo de oito meses de 2014: The New York Times, BBC, Reuters e Daily Mail. E as notícias foram agrupadas em cinco grandes categorias: negócios e dinheiro, saúde, ciência e tecnologia, esportes e mundo.
As conclusões da pesquisa são preciosas.
Notícia negativa atrai mais leitores(as)
Cerca de 70% das notícias diárias estão relacionadas a fatos que geram “sentimentos negativos” – tais como catástrofes, acidentes, doenças, crimes e crises. Os textos das manchetes foram relacionados aos sentimentos que elas despertam, numa escala de menos 5 (muito negativo) a mais 5 (muito positivo). Descobriu-se que o sucesso de uma notícia [vale dizer, o número de vezes em que é “clicada” pelo eventual leitor(a)] está fortemente vinculado a esses “sentimentos” e que os dois extremos – negativo e positivo – são os mais “clicados”. As manchetes negativas, todavia, são aquelas que atraem maior interesse dos leitores(as).
Das cinco categorias de manchetes analisadas, a mais homogênea é a categoria “mundo”, onde só foram encontradas manchetes sobre catástrofes, sugerindo implicitamente que o país onde a notícia é produzida seria mais seguro do que os outros.
Descobriu-se também, ao contrário da expectativa dos pesquisadores, que os comentários postados por eventuais leitores(as) tendem a ser sempre negativos, independentemente do “sentimento” provocado pelo conteúdo da notícia.
Razões para a pauta negativa
Embora realizado com base em manchetes publicadas em sites internacionais – não brasileiros – os resultados do trabalho dos pesquisadores do DCC-UFMG nos ajudam a compreender a predominância do “jornalismo do vale de lágrimas” (ver, neste Observatório, “O vale de lágrimas é aqui”) na grande mídia brasileira.
Para além da partidarização seletiva das notícias, parece haver também uma importante estratégia de sobrevivência empresarial influindo na escolha da pauta negativa. Os principais telejornais exibidos na televisão brasileira, por exemplo, estão se transformando em incansáveis noticiários diários de crises, crimes, catástrofes, acidentes e doenças de todos os tipos. Carrega-se, sem dó nem piedade, nas notícias que geram sentimentos negativos. Mais do que isso: os(as) âncoras dos telejornais, além das notícias negativas, se encarregam de editorializar (fazer comentários) invariavelmente críticos e pessimistas reforçando, para além da notícia, exatamente os aspectos e consequências funestas de toda e qualquer notícia.
Existe, sim, o risco do esgotamento. Cansado de tanta notícia ruim e sentindo-se impotente para influir no curso dos eventos, pode ser que o leitor/telespectador(a) brasileiro afinal desista de se expor a esse tipo de jornalismo que o empurra cotidianamente rumo a um inexorável “vale de lágrimas” mediavalesco.
Triste mundo esse em que vivemos. Pautar preferencialmente o negativo se transformou, para além da política, em estratégia de sobrevivência empresarial.
Por enquanto, parece, está dando certo.
A ver.
***
Venício A. Lima é jornalista e sociólogo, professor titular de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado), pesquisador do Centro de Estudos Republicanos Brasileiros (Cerbras) da UFMG e organizador/autor com Juarez Guimarães e Ana Paola Amorim de Em defesa de uma opinião pública democrática – conceitos, entraves e desafios (Paulus, 2014), entre outros livros

* título editado
publicado em 19/05/2015 na edição 851
Fonte: http://observatoriodaimprensa.com.br/jornal-de-debates/outras-razoes-para-a-pauta-negativa/

sexta-feira, 15 de maio de 2015

CRÔNICA: Servidores X Governo DO PARANÁ: Bonde Desgovernado

Luciano Egidio Palagano*
Frase que explica a concepção de Democracia da maioria dos políticos:
“Democracia é quando eu mando em você,
ditadura é quando você manda em mim.”
(Millôr Fernandes)


Hoje, 15/05, o Campus da UNIOESTE de Marechal Cândido Rondon foi palco de mais um protesto dos servidores estaduais.
Um dia depois do governo estadual anunciar que encerrou as negociações com os sindicatos que representam as diversas categorias em greve no estado do Paraná, o campus de Marechal Cândido Rondon da Unioeste foi palco de mais um protesto que unificou professores e funcionários da UNIOESTE e da Rede de Educação Básica.
O protesto ocorreu durante a realização de uma das mesas do XV Seminário de Extensão da Unioeste, que começou ontem 14/05, os manifestantes fizeram uma recepção ao Deputado Federal Evandro Roman (PSD) em um ato de repúdio à defesa que o mesmo fez na Câmara dos Deputados em Brasília dos atos do Governo Estadual, relacionados aos fatos ocorridos no dia 29/04.
Na mesma mesa também deveria ter estado presente o atual Secretário de Esportes do Paraná, Douglas Fabrício, que, segundo informações, não se fez presente por motivos de saúde.
Logo na chegada já foi possível ver o constrangimento do deputado quando o mesmo se deparou com o cemitério simbólico em frente da Biblioteca do Campus.
Dep. Evandro Roman (PSD) e Assessor
chegando no XV SEU. Ao fundo: cemitério da gestão Richa
Imagem: Luciano Egidio Palagano
Assim que o mesmo se dirigiu à mesa e iniciou sua fala, os manifestantes (vestidos em trajes de luto, com a boca tapada por tiras escuras e segurando cartazes) deram as costas ao deputado esvaziando a plateia e se posicionando ao lado do cemitério entoando o grito “Fora Beto Richa”.
Enquanto os manifestantes se posicionavam ao lado do cemitério e a plateia ficava cada vez mais vazia, era perceptível a preocupação e o constrangimento do parlamentar com o ato, uma vez que volta e meia, durante a sua fala, ele inseriu algum termo de homenagem à educação e aos professores, aparentemente tentando mediar a tensa situação que se verificava no momento.
Após a fala do deputado, foi aberto um espaço para questionamentos e apesar da temática da mesa não ser a greve dos servidores e nem mesmo os fatos ocorridos no dia 29/04, foi este o tema que dominou o debate.
A professora Aparecida Darc (comando de greve da UNIOESTE) fez uma fala ao deputado no sentido de que o protesto realizado naquele momento não era uma questão de vontade, mas sim de necessidade e de que a fala do professor coordenador da mesa (Professor Luís Peres – Ed. Física), que colocou que o parlamentar havia conseguido recursos para a Universidade, e a atuação do parlamentar com relação aos fatos do dia 29/04 e de todo o processo de mobilização era no minimo contraditório.
O deputado ao responder a professora colocou que não era de esquerda e nem de direita, e que defendia o direito de greve, mas que era preciso também defender a ordem instituída.
Servidores segurando faixa da manifestação
Imagem: Luciano Egidio Palagano

Um terceiro questionamento foi feito ao parlamentar pelo integrante da rede estadual de educação básica, Maicon Palagano, que mencionou que o atual chefe da casa civil do Paraná (Eduardo Sciarra - PSD) que é do mesmo partido de Evandro Roman, enquanto deputado votou contra a penalização do trabalho escravo. E que, já que o deputado em sua fala se dizia a favor do movimento dos servidores, por que ele, na qualidade de Deputado Federal, também não denunciava o Governo Estadual à PGR à exemplo dos Deputados Ivan Valente, Chico Alencar, e Jean Willys (PSOL). Ao responder o questionamento do servidor, o parlamentar apenas disse que, como os deputados mencionados são de extrema esquerda (na avaliação do parlamentar) ele não entraria neste assunto.
Mas, talvez dentre todos os questionamentos, aquele que mais tenha se destacado (devido a polêmica resposta dada pelo parlamentar) tenha sido o do Professor do curso de História da Unioeste, Gilberto Calil que também integra o comando de greve da UNIOESTE. O mesmo questionou o deputado sobre a sua afirmação de não ser nem de esquerda e nem de direita, e sim a favor do povo (sentido genérico).
Servidores aguardando a chegada do Dep. Evandro Roman
Imagem: Luciano Egidio Palagano
O professor questionou o deputado sobre esta afirmação, e colocou que historicamente o agrupamento politico que sempre trouxe este discurso de não ser esquerda e nem direita foi o fascismo**. Ao responder o professor, Evandro Roman reiterou a posição anterior, dizendo novamente que defendia o povo e não era nem de esquerda e nem de direita e que se isso fosse ser fascista ele não via nenhum problema nisso.
Após este debate, a situação se manteve tensa até o final da mesa, onde na saída do deputado alguns de seus assessores ensaiaram um bate boca com alguns manifestantes um pouco mais exaltados.
Enfim, o ocorrido hoje na Unioeste serviu como uma mostra sobre a atual situação do Estado do Paraná, pois na reunião do Conselho Estadual da APP juntamente com o Comando Estadual de Greve da entidade ficou deliberada a continuidade da greve apesar das ameaças do governo, assim como também deliberaram pela continuidade as várias assembleias das entidades representativas dos professores e servidores das IES, além da SANEPAR, que ao que tudo indica começa uma paralisação no próximo dia 19/04. Desta forma, a partir da semana que vem, caso o governo não tenha um insight de habilidade politica para atuar junto ao movimento grevista, se configura a construção de uma greve geral dos servidores estaduais no estado.
Dep. Evandro Roman é recepcionado por manifestantes.
Imagem: Luciano Egidio Palagano
Acontece que, aparentemente o governo vai na contramão desta necessária habilidade, pois ontem uma das medidas do mesmo foi fechar a mesa de negociação.
Fica então a pergunta: como resolver o atual impasse, se por parte do governo não existe a possibilidade de diálogo? Ao que parece o governo tomou uma posição e quer enfiar a mesma “goela abaixo” dos servidores, nada surpreendente para uma gestão que fez o uso de tamanho aparato policial no dia 29/04, na intenção de impedir os servidores de participarem da sessão que votava a mudança na PRPrevidência.
Este impasse em que se encontra o estado, e que já acumulou desde ações que beiraram o ridículo como deputados chegando na ALEP em um camburão e trágicas como o “Massacre no Centro Cívico” parece estar longe de ser resolvido. O bonde continua acelerando cada vez mais, e ao que parece, segue Desgovernado.

* Bacharel e Licenciado em História, correspondente do Jornal Pasquim do Oeste e colaborador do projeto Brasil de Fato Paraná
** O fascismo é um movimento político e social que nasceu na Itália pela mão de Benito Mussolini na sequência da Primeira Guerra Mundial. Trata-se de um movimento totalitário e nacionalista, cuja doutrina (e as similares que se desenvolvem noutros países) recebe o nome de fascista.
O fascismo surgiu como terceira via perante as democracias liberais (como a norte-americana) e o socialismo (a URSS). Para além do regime de Mussolini na Itália, são considerados fascistas os da Alemanha de Adolf Hitler e da Espanha de Francisco Franco.
O fascismo baseia-se num Estado todo-poderoso que diz encarnar o espírito do povo. A população não deve portanto procurar nada fora do Estado, que está nas mãos de um partido único. O Estado fascista exerce a sua autoridade através da violência, da repressão e da propaganda (incluindo a manipulação do sistema educativo).
O líder fascista é um maioral que está acima dos homens comuns. Mussolini denominava-se como Il Duce, que deriva do latim Dux (“General”). Trata-se de lideranças messiânicas e autoritárias, com um poder que se exerce de maneira unilateral e sem consultar (pedir a opinião) quem quer que seja.
Na Alemanha, o fascismo está associado ao nazismo. Este movimento teve uma forte componente racial, que promulgava a superioridade da raça ariana e procurava exterminar as restantes colectividades, como os judeus, os ciganos e os negros.
O neofascismo e o neonazismo repetem atitudes dos movimentos originários (violência, autoritarismo), apesar de negarem ou minimizarem os crimes cometidos por esses grupos ao longo do século XX.

Leia mais: Conceito de fascismo - O que é, Definição e Significado http://conceito.de/fascismo#ixzz3aFRo5nyH