sexta-feira, 28 de setembro de 2012

CRÔNICA

 

 

 

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

A primeira crônica de uma zeladora

Outro 'invisível' [foto: Sidinei Santos]
* Dalva Patrícia de Jesus
Sou zeladora, zeladora de hospital. Mais conhecida como serviço de apoio, pode me chamar também de mulher da limpeza ou faxineira, como preferir.
A perspectiva de escrever me assusta. A dificuldade veio com recordações um tanto quanto amargas, procurando um culpado achei o primeiro, uma vez a doutora generalizou "são todos analfabetos", ela se referia a um cartaz que devia ter figurinhas, senão as zeladoras não entenderiam o recado. Na época não entendia o que ela queria dizer, mas umas figurinhas agora ajudariam a escrever esta crônica.
Outros dois episódios marcaram bem o que pretendo dizer: o primeiro é quando a acadêmica de medicina perdeu a agenda, veio procurar minha colega e não contente com a negativa à procura de sua tão estimada relíquia, perguntou se ela sabia o que era uma agenda. Foi de doer! Impressão minha ou ela nos chamou de burras? No segundo, a enfermeira foi mais objetiva, ao se referir à falta de talento da engenheira disse: - "Ela deveria estar trabalhando no Serviço de Apoio".
Tanta agressão no meu intelecto, deixou-me frustrada. O modo mais prático de provar o contrário parecia ser uma graduação, um diploma universitário. A ideia brilhante na minha cabeça como diamantes. Porém, não surtiu o efeito esperado! A primeira pérola do dia foi: - "Para que estudar para limpar chão?". Caiu como uma bomba na minha autoestima. E em meio a sentimentos devastadores que levariam à depressão da alma e carência de sabedoria, percebo que estou só.
Ao meu lado estavam futuros advogados, educadores, administradores, enfermeiros, mulheres e homens atualizados com página no Twitter e Facebook, que recebem recados por e-mail, gostam de se vestir bem e degustar um bom vinho, de conversar sobre política, cultura e questões ecológicas.
Uma nova geração que a hierarquia de trabalho não foi prepara para perceber; geração com opiniões próprias, valores distintos, os primeiros de uma era.
E como me falta inspiração para terminar esta minha busca do pitoresco e desconhecido, uso palavras de meu instrutor de auto escola: com calma e treino você chega lá, ninguém é perfeito.
* Dalva Patrícia de Jesus trabalha desde 2001 no HUOP (Hospital Universitário do Oeste do Paraná) em Cascavel. Sua crônica recebeu no ano passado menção honrosa na 4ª edição do Servir Com Arte, concurso realizado anualmente pelo Governo do Paraná. O concurso mobilizou cerca de 4 mil servidores públicos, que tiveram oportunidade de expressar seus talentos na área de crônica, conto, poesia e fotografia.
* A imagem que ilustra a crônica é de Sidinei Aparecido dos Santos, também servidor do HUOP, que recebeu menção honrosa no prêmio por sua fotografia.
* Nota do blog: Durante a greve na Unioeste, esse blogueiro teve a oportunidade de conhecer pessoalmente dezenas de servidores que, assim como Dalva, para muitos são "trabalhadores invisíveis". Presenciei muitos acadêmicos desferirem menosprezo ao se dirigirem aos funcionários como "o pessoal que fecha e abre portões e que limpam banheiros". Vi tentativas claras de evidenciarem superioridade de uma categoria perante a outra, amparado em "titulações". Mas o que vi, sobretudo, foi o papel insubstituível que determinados trabalhadores – mesmo "invisíveis" - têm. O que Dalva expressou em sua crônica já presenciei na minha profissão (não diretamente a mim), mas voltado a outros trabalhadores, já presenciei a "superioridade” de muitos detentores de "canudos" ou de pelegos com discursos alinhados aos seus superiores (sic)!.

TRABALHO ESCRAVO - BRASIL

28/09/2012 - 16:45

Animais viviam melhor que trabalhadores em fazenda-zoológico no Maranhão

Em Santa Inês (MA), fazendeiro mantinha pequeno zoológico com bichos bem tratados, e criação de gado com 12 empregados em situação análoga à de escravo; 
processo trabalhista pode chegar a R$3 milhões

Por Guilherme Zocchio*

A zebra Vitória em frente
à sede da fazenda
(Fotos: SRTE/MA)
Vitória é uma zebra rara: vive entre pessoas e tem acesso livre à casa do seu dono, o fazendeiro Francisco Gil Alencar. Ele é proprietário de um mini-zoológico em Santa Inês (MA) cujo nome lhe presta uma homenagem: o "Gilrassic Park". Além de Vitória, o parque conta com 900 outros bichos de 100 espécies diferentes, principalmente aves e animais silvestres, que recebem acompanhamento especializado de um zootecnista.
A pouco mais de cinco quilômetros do Gilrassik Park, na mesma propriedade, a situação de 12 empregados de Francisco Gil era bem distinta: eles foram resgatados de condições análogas às de escravo pelo grupo móvel de fiscalização da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Maranhão (SRTE/MA), em inspeção no fim de março deste ano. A vistoria contou ainda com membros do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Os libertados trabalhavam sem carteira assinada ou equipamentos de proteção individual (EPIs), fazendo o roçado manual do pasto dos bois da Fazenda Coronel Gil Alencar, onde fica o Gilrassic Park, em condições absolutamente subumanas e degradantes.

Segundo a SRTE/MA, o alojamento dos trabalhadores ficava no meio do mato, em espaço geograficamente isolado e sem meio de transporte disponível. Para chegar ao grupo de 12 escravos, a equipe percorreu uma longa trilha a pé a partir do quilômetro 30 da rodovia BR-222, através de um matagal e de uma estrada alagada. Eles vasculharam um extenso terreno de pastagem por cerca de duas horas até encontrar o barraco onde estavam os empregados, nas margens de um igarapé.

Alojamento de estrutura frágil onde trabalhadores dormiam amontoados em redes   

Os trabalhadores dormiam no mesmo terreno da pastagem dos bois. O alojamento tinha somente a cobertura de uma lona preta e alguns maços de palha, sem paredes laterais ou qualquer tipo de proteção contra animais peçonhentos, chuva e outras intempéries. Ainda não havia nas redondezas lugar adequado para as necessidades fisiológicas de um ser humano.

Dieta dos bichos X Dieta dos homens

Enquanto os animais de Francisco Gil recebiam ração balanceada e supervisão nutricional, os empregados sequer tinham proteína de carne em sua dieta. “Eles estavam cozinhando de forma precária e irregular. A alimentação era baseada no carboidrato, só de arroz e feijão”, disse a auditora fiscal do trabalho responsável por coordenar a inspeção, Márcia Albernaz Miranda, à Repórter Brasil.
Alimentação separada para os animais
Todo dia pela manhã, por volta das 6 horas, o grupo de trabalhadores recebia café e uma massa de farinha de milho cozida pelo “gato”, supervisor dos empregados. Alguns deles comentaram com os auditores que preferiam tomar só o café e trabalhar com fome até o almoço, tão ruim era a mistura. Por volta das 11h, eles faziam uma pausa no serviço para comer arroz e feijão – às vezes, só um ou outro. No final da tarde, depois de um dia de trabalho sob o sol maranhense, recebiam mais uma porção da mesma comida.

A única fonte de água a que o grupo tinha acesso era proveniente do pequeno igarapé em torno do alojamento, onde também bebia, defecava e urinava o gado bovino. O líquido, de coloração amarela e impróprio para o consumo, era usado pelos trabalhadores para beber, cozinhar e para higiene pessoal.

Na sede da propriedade, a ração dos animais do Gilrassik Park é armazenada em depósitos com regulação térmica e, depois de receber um complemento de frutas e verduras frescas, servida em comedouros higienizados.
“Os animais viviam melhor que os empregados da fazenda de gado”, avalia a coordenadora da inspeção. “Aqui no Maranhão, a gente não costuma ver um zoológico com toda essa estrutura”, completa.

MPT processa fazendeiro

A procuradora do MPT que acompanhou a fiscalização preferiu não firmar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o fazendeiro. Christiane Nogueira, membro da procuradoria do trabalho da 16ª região (PRT-16), entendeu que mover uma ação civil pública postulando danos morais coletivos daria mais visibilidade ao caso.
Trabalhadores armazenavam mantimentos em condições precárias
A ação foi protocolada na última quarta-feira (26) na vara do trabalho de Santa Inês (MA), do Tribunal Regional do Trabalho da 16ª região (TRT-16). A disparidade entre a situação dos 12 empregados e a dos animais do mini-zoológico é um dos pontos destacados pelo documento.
O MPT pede indenização por danos morais coletivos de R$ 3 milhões, que devem ser enviados a entidades e projetos assistenciais ou ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
No processo a PRT-16 pede ainda que o empregador regularize as condições na fazenda que levaram aos 26 autos de infração lavrados pela SRTE/MA. 

“Gato” só conhecia o patrão pelo nome

Entre o grupo de 12 empregados libertados estava “Zé Pretinho”, o “gato” responsável por delegar tarefas e pelo aliciamento dos outros 11 escravos. Ele trabalhava em períodos descontínuos para a fazenda de Francisco Gil há 10 anos, mas disse aos fiscais da SRTE/MA que em todo esse tempo nunca encontrou o patrão pessoalmente.

“Zé Pretinho” recebia um salário um pouco maior – em torno de R$ 12 por linha de trabalho, enquanto os outros recebiam R$10 – mas, como os demais, costumava receber o pagamento atrasado ou com descontos. As ferramentas para o trabalho eram compradas pelos próprios empregados, que, com o pagamento atrasado e insuficiente, somavam dívidas com o empregador.

A renda mensal de todos ficava abaixo de um salário mínimo. “Mesmo tendo o cargo de supervisor, não dá para dizer que Zé Pretinho estava em uma situação de vantagem frente aos outros trabalhadores”, afirma Márcia.
Harpia, macaco-prego
e arara - animais da
coleção de Francisco Gil
O “gato” aliciava os trabalhadores que viviam próximos da casa de sua família, nas imediações do município de Santa Inês (MA). Uma vez por ano, Zé Pretinho reunia conhecidos da vizinhança para trabalhar com ele no roço manual do pasto da fazenda Coronel Gil Alencar.
Depois do resgate, a SRTE/MA expediu as carteiras de trabalho dos empregados e os encaminhou a um alojamento apropriado, até que a situação estivesse devidamente regularizada. No dia 31 de março, o grupo recebeu as guias de seguro-desemprego a que tinha direito. O empregador arcou com um custo em torno de R$ 39 mil pela rescisão contratual com os 12 funcionários.
A Repórter Brasil procurou o fazendeiro Francisco Gil para comentar o caso, mas ele não estava na propriedade. Uma funcionária do zoológico disse que passaria o recado a Francisco Gil, mas até a publicação desta matéria, ele não havia entrado em contato.

Questionado sobre a regularidade da posse de animais silvestres, o supervisor do escritório do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Santa Inês (MA), José Alfredo Carvalho Santos Filho, disse à Repórter Brasil que “todos os animais do Gilrassic Park são registrados”. “Todo fim de ano, o Francisco Gil apresenta uma lista com a situação dos animais, e o Ibama acompanha”, afirma José Alfredo.

Francisco Gil poderá ser incluído na “lista suja” do trabalho escravo – registro mantido pelo MTE com empregadores que já usaram mão-de-obra em condições de escravidão contemporânea. A criação de gado bovino é o segmento econômico mais recorrente no cadastro de nomes “sujos”, 158 de um total de 391 entradas

Trabalhador mostra recipiente com água que ele e colegas eram obrigados a beber
*com a colaboração de Bianca Pyl


FONTE http://www.reporterbrasil.org.br/exibe.php?id=2109 

terça-feira, 25 de setembro de 2012

GREVE NAS IES DO PR

Greve dos servidores da Unioeste
é suspensa até o dia 19 de outubro





Suspensão busca garantir participação dos sindicatos na negociação e acesso à minuta da Lei do PCCS

Cascavel (25 de setembro) – Os servidores técnicos da Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná) decidiram suspender a greve até o dia 19 de outubro, data na qual o Governo do Estado assumiu o compromisso de encaminhar para a Assembleia Legislativa do Paraná, o projeto de lei de reestruturação do PCCS (Plano de Cargos Carreiras e Salários) da categoria.

A decisão foi tomada pela maioria dos trabalhadores presentes na assembleia realizada nesta terça-feira (25/09) no anfiteatro do campus de Cascavel.  Nos próximos dias, o Comando de Greve se reunirá para definir estratégias de ações com o intuito de retomar as negociações rompidas pelo governo.  Além do compromisso do envio da proposta no dia 19 de outubro, o Governo do Estado se comprometeu a pagar a tabela salarial anexa do plano em janeiro de 2013.

Os servidores técnicos seguem em estado de alerta e, caso o governo descumpra o novo acordo ou siga negando diálogo com os sindicatos, a greve poderá ser retomada. “Tentamos até esta terça-feira o acesso à minuta da Lei do PCCS, porém nos foi negado com o argumento que o governo não negocia com grevistas. Tentamos uma audiência nesta segunda-feira com o secretário Luiz Sebastiani [Casa Civil], mas não conseguimos”, diz a professora Francis Guimarães Nogueira, presidente do Sinteoeste (Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos do Ensino Superior do Oeste do Paraná), explicando as articulações buscadas nos últimos dias, desde a última assembleia da categoria.

Segundo Francis, a suspensão da greve é estratégica. “Reiteramos que queremos ter acesso ao conteúdo da lei que será encaminhada à Assembleia”, alerta a sindicalista. Novas estratégias de negociação com o governo começarão a ser discutidas nos próximos dias. “O movimento grevista pode ser deflagrado a qualquer momento, pois seguimos em assembleia permanente. O governo se comprometeu em enviar uma minuta que atenda os sete pontos elencados pelos reitores e sindicatos em relação à garantia da promoção e progressão no desenvolvimento da carreira”, conclui.

A greve na Unioeste durou três semanas e envolveu servidores dos cinco campi da instituição. “Fomos a primeira universidade paranaense a entrar em greve e estamos sendo a última a suspendê-la. Nós mostramos nossa força, unidade e continuamos mobilizados em estado de alerta diante do descaso que esse governo tem demonstrado para com os servidores das universidades públicas. A greve está apenas suspensa, é uma nova estratégia com o intuito de nos fortalecermos ainda mais”, destaca a sindicalista.  

Além da suspensão da greve, os servidores da Unioeste aprovaram em assembleia um calendário de paralisações pontuais para os dias 03, 08 e 18 de outubro, véspera da data prometida pelo governo de envio do projeto de lei. “Os servidores foram verdadeiros guerreiros até esse momento e a nossa luta pela reformulação do PCCS prossegue”, conclui Francis. Também nesta terça-feira (25), os servidores técnicos da UEM (Universidade Estadual de Maringá) decidiram em assembleia suspender a greve até o dia 19 de outubro. A decisão já havia sido tomada pelos agentes universitários da UEL (Londrina) e da UEPG (Ponta Grossa).


Legenda: Assembleia realizada na tarde desta terça-feira no Campus de Cascavel
Crédito: Júlio Carignano



sábado, 22 de setembro de 2012

GREVE NAS IES DO PARANÁ

Sem garantias do governo, servidores técnicos decidem manter a greve 

 

IMG_9746  Os servidores técnicos da Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná) e do HUOP (Hospital Universitário do Oeste do Paraná) decidiram manter a greve por tempo indeterminado deflagrada no dia 04 de setembro.  A decisão foi tomada em assembleia geral realizada nesta sexta-feira (21) envolvendo trabalhadores dos cinco campi da instituição.
A manutenção da greve deve-se ao fato do governo estadual ainda não ter formalizado uma proposta que seja de conhecimento da categoria, uma vez que apesar do anúncio do envio do projeto de lei para o dia 19 de outubro publicado em nota da Agência Estadual de Notícias, os servidores seguem sem ter conhecimento da minuta do PCCS (Plano de Cargos Carreiras e Salários) e sem garantia alguma de sua implantação.
“O governo apresentou uma data para envio à assembleia e para o pagamento da tabela, porém ainda não tivemos acesso à minuta, uma vez que o governo cortou o diálogo com os servidores e o Comando de Greve, decidindo chamar para negociação somente os reitores”, destaca a professora Francis Guimarães Nogueira, presidente do Sinteoeste (Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos do Ensino Superior do Oeste do Paraná).
Francis afirma que a intenção dos sindicalistas é voltar às mesas de negociações e participar das alterações da minuta da lei do PCCS. “Em nenhum momento rompemos o diálogo com o Estado. Em que pese à mediação dos reitores, nós continuamos preocupados, pois não temos acesso às alterações da minuta, não sabemos ainda se teremos avanços ou retrocessos”, disse Francis, alertando que até mesmo o pagamento da tabela ainda gera dúvida. “A tabela é só um anexo do plano de cargos, ela está condicionada a minuta”, esclarece.
Com a manutenção da greve, os servidores do HUOP seguem com o acampamento de vigília e com a proposta de redução do número de funcionários em determinados setores do hospital, sem que isso represente risco a vida dos pacientes. “Desde o início da greve os serviços considerados essenciais foram mantidos. Reafirmo que a greve é um direito constitucional do trabalhador”, frisa a presidente do Sinteoeste.
O Comando de Greve espera retomar uma negociação com o governo estadual na próxima segunda-feira (24) e uma nova assembleia deverá ser agendada para a terça-feira (25) para decidir a continuidade ou não da paralisação. Além da Unioeste, os servidores técnicos da UEM (Universidade Estadual de Maringá) decidiram pela manutenção da greve.

Fonte: http://www.sinteoestepr.com.br/gerais/227-sem-garantias-do-governo-servidores-tecnicos-decidem-manter-a-greve.html

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

GREVE NAS IES DO PARANÁ


Assembleia dos servidores técnicos da UNIOESTE avaliará proposta do governo


Cascavel (20 de setembro) – Os servidores técnicos da Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná) se reúnem na manhã desta sexta-feira (21/09) em assembleia extraordinária convocada pelo Sinteoeste (Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos do Ensino Superior do Oeste do Paraná).  Em pauta, a apreciação e deliberação da proposta oficializada pelo Governo do Estado na tarde desta quinta-feira (20) e a votação da continuidade ou suspensão da greve deflagrada pela categoria no dia 04 de setembro. O ofício do secretário da Casa Civil, Luiz Sebastiani, enviado aos reitores das universidades paranaenses, assume o compromisso do governador Beto Richa em enviar a mensagem do Projeto de Lei do PCCS (Plano de Cargos Carreiras e Salários) à Assembleia Legislativa até 19 de outubro e que a implantação dos valores salarial do novo plano ocorrerá no mês de janeiro de 2013. A assembleia que avaliará a nova proposta do governo estadual está agendada para as 10 horas e será realizada no ginásio de esportes do Campus de Cascavel. 


Fonte: Sinteoste - Comunicação
(45) 3324-9744
www.sinteoestepr.com.br

sábado, 15 de setembro de 2012

RIO DE JANEIRO


Moradores do Horto resistem à remoção
 
Posted: 14 Sep 2012 11:56 AM PDT

 
   Os moradores do Horto não são invasores. Pelo contrário: seus familiares, antigos funcionários do Jardim Botânico, foram incentivados no passado a construir ali suas casas pela própria administração do Parque, para que morassem perto do local de trabalho.

   Desde o anúncio da realização dos megaeventos no Rio, está havendo uma série de remoções forçadas de diversas comunidades no Rio de Janeiro. As principais atingidas estão localizadas em áreas valorizadas da cidade, como é o caso daquelas que estão na região da Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes. A Vila Autódromo é um exemplo clássico.

   Na Zona Sul da cidade, outras famílias estão sendo ameaçadas de remoção. O alvo agora é a comunidade do Horto, formada por cerca de 600 famílias que há mais de 40 anos lutam pelo direito de permanecer onde estão. Como informa o professor de direito Miguel Baldez, em uma carta pública divulgada recentemente, após muita mobilização teve início o processo de regularização fundiária da comunidade pelos órgãos competentes da União Federal, “tudo feito com transparência pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU) e apoio oficialmente anunciado da Faculdade de Arquitetura da UFRJ”. Ou seja: legalmente já está sendo reconhecida a possibilidade de permanência  dos moradores do Horto e a posse histórica do terreno que ocupam, tudo feito com rigor técnico e respeito ao meio ambiente.

   No entanto, a comunidade recebeu um duro golpe recentemente. No dia 5 de setembro, o Tribunal de Contas da União determinou, em primeira instância, a retirada dos moradores. A decisão diz que a saída deve acontecer até outubro de 2013 e considera ilegal o processo movido pela SPU para a regularização fundiária das casas. A presidente da Associação de Moradores e Amigos do Horto (Amahor), Emília Souza, disse que o departamento jurídico da entidade já está trabalhando no recurso para contestar a decisão.  “Foi feito um trabalho sério por pesquisadores da UFRJ, em parceria com os moradores, que questiona a necessidade de remoção. O estudo mostra inclusive que as famílias que estão em área de risco, e são poucas casas, têm condição de ser remanejados para terreno dentro da própria comunidade”, afirma.

Medida do TCU é fruto de discriminação

   Para Emília Souza, a ameaça de remoção da comunidade é fruto de discriminação e está sendo movida por interesses da especulação imobiliária. “Quem quer nos tirar dali é quem acha que pobre não deve morar na Zona Sul. O que realmente prejudica o meio ambiente são as mansões no alto Jardim Botânico”, questiona. Ao contrário do que tem sido divulgado em muitos veículos da chamada “grande mídia”, os moradores do Horto não são invasores. Pelo contrário: seus familiares, antigos funcionários do Jardim Botânico, foram incentivados no passado a construir ali suas casas pela própria administração do Parque, para que morassem perto do local de trabalho.

   No passado a permanência ali era bem vista. Hoje, o erro dessas famílias é estarem em uma zona privilegiada, uma das áreas mais nobres do Rio de Janeiro. “Ninguém questiona a privatização que está sendo feita pelo presidente do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico, Liszt Vieira. Ele diz que quer ampliar a área de pesquisa do Parque, mas está privatizando o espaço. Criou ali lanchonete, cinema, cafeteria, estacionamento. Ou seja: não cumpre a função social do terreno e não tem relação alguma com a pesquisa botânica”, denuncia Emília. Segundo ela, isso em nenhum momento é contestado pela AMA JB.

   Para acompanhar a resistência e a luta dos moradores do Horto para permanecer no local, acesse o site http://www.amahor.org.br/
 
Fonte: http://agencianota.blogspot.com.br/

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

IV NOITE DO PASTEL




ABEC realiza IV Noite do Pastel neste sábado, 15

Crianças que participam de projetos da entidade farão apresentações em culto especial que antecederá o evento

A Associação Beneficente Cristo de Marechal Cândido Rondon promove neste sábado, dia 15 de setembro a IV Noite do Pastel. Segundo o presidente da entidade, Carlos Goebbel, durante o dia a ABEC vai estar comercializando também pastéis em bandejas de 5 e 10 unidades, para serem preparados em casa.
Fundada há nove anos, a ABEC vem atuando fortemente no setor educacional com projetos envolvendo crianças da rede municipal de ensino. Através de um destes projetos, o “Desenvolvendo Potencialidades”, a entidade vem atendendo cerca de 150 crianças de 06 a 12 anos oriundas de cinco escolas municipais parceiras.
Uma vez por semana, no contraturno das aulas, as crianças são trazidas para a ABEC onde recebem de aulas de teoria musical e aprendem a tocar instrumentos como violão, flauta ou teclado. Há também aulas de canto coral e de ética. Depois de lancharem, retornam às suas escolas.
O objetivo, segundo o presidente da ABEC, é proporcionar às crianças do projeto o conhecimento e o desenvolvimento de suas potencialidades. Atualmente participam do projeto alunos das escolas municipais Antonio Rockembach, Osvino Weirich, 25 de Julho, Ana Paula e Waldomiro Liessen.
O resultado deste trabalho será mostrado numa apresentação especial que as crianças farão no início da noite deste sábado, dia 15, no culto que acontecerá na Igreja Cristo de Marechal Cândido Rondon, antecedendo a IV Noite do Pastel.
Fraternidade e Solidariedade
Outras cerca de 600 crianças das escolas municipais Waldomiro Liessen, Jean Piaget e São João Batista de Novo Três Passos participam de outro projeto da entidade: o ABEC nas Escolas. Através dele, os alunos têm, uma vez por semana, aulas onde os temas centrais são fraternidade, bondade, solidariedade, importância da família, etc.
“Preparamos as aulas de acordo com a demanda das escolas”, frisa Carlos Goebel. Segundo ele, o projeto é desenvolvido por 12 professores voluntários que ministram as aulas.

                Nesta semana as aulas foram para ensaiar para a apresentação deste sábado.


                     As aulas são ministradas por professores contratados pela ABEC



Texto e fotos: Ana Maria de Carvalho

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

ARTIGO

Tropa de choque invade campus da UERJ
Tropa de choque da PM invade campus da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). 23/8/2012
00:04:06
Adicionado em 25/08/2012
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Agência de Notícias Alternativas



Cabral, PM, mídia e Bradesco dividem tarefas na repressão à greve na UERJ
 
Posted: 02 Sep 2012 06:24 PM PDT
Por Flávio Almeida Reis*, especial para ANotA

Foto publicada na Folha de São Paulo 23-08-12

   Na Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ, a deflagração da greve ocorreu no dia 11 de junho acompanhando a grandiosa mobilização iniciada pelas universidades federais. Hoje, a situação é marcada pelo aumento da repressão, enquanto Sergio Cabral segue na contramão da educação dizendo que só negocia se a greve acabar. O “desgovernador” do RJ afirma também que os professores da UERJ são “manipulados num momento eleitoral”. Entretanto, as atividades de greve estão sendo aplaudidas por onde passam. E os trabalhadores com consciência de classe sabem que mobilizações deste tipo só surgem quando há falta de canais institucionais para negociação. (1)

   O objetivo deste artigo é discutir a repressão que se abateu sobre a greve na UERJ e que está recebendo o mais vigoroso repúdio, pois é inaceitável a intromissão da PM nos conflitos internos das universidades, são situações que remetem nossa memória aos tempos da ditadura militar. E alertamos que esta não é uma situação isolada. Basta lembrar os diversos atos repressivos do ano passado que ocorreram na USP, contra os estudantes que estavam, exatamente, combatendo o convênio firmado entre a Reitoria de Rodas-Serra e a própria PM (2). Outra situação recente se deu em junho deste ano, quando uma violenta repressão policial ocorreu na UNIFESP-Guarulhos resultando em mais de 20 estudantes presos (3).

A invasão da Tropa de Choque à UERJ

   Na tarde da última quinta-feira, 23 de agosto, os estudantes da UERJ saíram em passeata na Av. Radial Oeste (Zona Norte) com o objetivo de exigir a reabertura das negociações do governo estadual com os grevistas. Foi uma ousada manifestação que expressou o repúdio consciente da juventude, que não admite mais assistir sem lutar contra o quadro de precarização da educação pública e a forma irresponsável como os governantes estão tratando a greve dos professores e funcionários das universidades e dos demais servidores.

   Em vários momentos a polícia tentou dispersar o protesto, mas os manifestantes não se intimidaram e seguiram com o ato. Um helicóptero sobrevoou a mobilização durante todo o tempo. Quando o ato entrou no estacionamento da universidade onde realizaria uma assembleia, a repressão aumentou. Vídeos na internet mostram a chegada da Tropa de Choque no campus, armados com fuzis e disparando bombas contra os estudantes que correram para se proteger (4). A resposta dos manifestantes foi cantar palavras de ordem sem cessar a poucos metros dos policiais, até que a PM recuasse, o que aconteceu ao anoitecer, seguida de uma sonora vaia da multidão. Aos combativos estudantes, nossos aplausos!

A frustrada tentativa da mídia de evidenciar a “baderna” estudantil

   Os jornais Agência Brasil (5), G1 (6), Jornal do Brasil (7), O Globo (8), Bom dia Brasil (9) e outros divulgaram informações de que a Tropa de Choque se dirigiu ao protesto para auxiliar a PM (4º BPM de São Cristóvão). Todos eles citaram trechos de uma nota da PM afirmando que os estudantes depredaram um caixa eletrônico da agência do Bradesco que funciona dentro da universidade.

   Mas há uma versão diferente publicada na grande imprensa. A matéria do Estadão incluiu uma importante declaração de um docente do curso de Comunicação, que acompanhava o protesto e que nos ajuda a compreender o que aconteceu. Segue.

   "Os professores já tinham se dispersado e os alunos estavam reunidos em frente à agência, que era o único lugar iluminado [a universidade estava às escuras desde o início da tarde por falta de energia elétrica]. A polícia entrou jogando gás lacrimogêneo. Foi uma coisa muito agressiva, uma repressão inútil, porque não teve depredação, nada" (10)

   É no mínimo curioso como os outros jornais não se preocuparam em publicar declarações dos participantes das manifestações sobre o que eles apontam como justificativa para a entrada da Tropa de Choque no campus, a depredação de um caixa eletrônico. Cabe lembrar também que nenhuma imagem do equipamento que eles afirmam ter sido avariado veio a público.

   A maioria dos jornais se limitou a publicar somente a versão da PM, com exceção do jornal Estadão, como vimos. É por se comportarem dessa maneira, sem aprofundarem as investigações e os questionamentos, que os movimentos sociais difundem a desconfiança na grande mídia. E é lamentável que nenhum dos jornais se dedicou a promover o que deveria ser cuidadosamente discutido pela sociedade: a legitimidade da ação policial dentro da universidade. A grande imprensa parece estar tão comprometida com a repressão ao movimento estudantil que mais uma vez se configura incapaz de promover um debate razoavelmente crítico sobre democracia e universidade.
O primeiro posicionamento da Reitoria não passava de um ensaio vacilante

   Bastou um confronto com a polícia para que a Reitoria denunciasse junto à grande imprensa o “vandalismo” promovido pelos estudantes. O comunicado da Reitoria, assim como os jornais citados, procura fazer com que a sociedade referende a descabida ação policial motivada pela suposta “baderna” dos estudantes. Seguem trechos do comunicado.

   “(...) Dentro da UERJ, integrantes do movimento grevista ocuparam o espaço onde estão sendo realizadas obras da agência do Bradesco e arrancaram a faixa identificadora do banco. Funcionários da Universidade convenceram os manifestantes a se retirarem do local. Sem nenhum aviso à administração central, a Polícia Militar entrou no campus, nas dependências próximas ao Bradesco, e lançou duas bombas de efeito moral. A UERJ solicitou aos policiais que se retirassem do campus.
   A UERJ ressalta que em nenhum momento solicitou a presença da Polícia Militar, o que foi feito pela gerência da agência do banco Bradesco localizada no campus Maracanã.
   A UERJ considera que os conflitos democráticos provocados pelo movimento de greve são contornados internamente, sem a presença de agentes externos como intermediadores. Chama ainda a atenção para a responsabilidade das manifestações no espaço da Universidade, que não podem danificar um patrimônio que pertence a todos e serve a toda a comunidade.” (11)

   O Bradesco não se manifestou até o momento, enquanto esta nota da Reitoria se limitava a explicar que não foi ela quem chamou a polícia, e sim o Bradesco. Mas para os grevistas essas ainda eram informações insuficientes. Houve muitos questionamentos para além da veracidade dos fatos que a Reitoria evitou responder num primeiro momento. Todos eles exigindo um posicionamento mais firme diante das bombas da PM contra os alunos dentro do campus.

A reação imediata do movimento contra Cabral e de alerta à Reitoria

   Um abaixo-assinado online à comunidade universitária e ao Reitor da UERJ está recolhendo assinaturas desde a data do conflito. E em apenas 5 dias contabilizou cerca de 1500 signatários. Nele os acadêmicos repudiam a ação truculenta da PM contra as manifestações dos grevistas. Criticam também a Reitoria, assinalando a “perplexidade e mal-estar diante da presença de PMs no interior da Universidade, com uso de (...) gás lacrimogêneo e posterior fechamento do campus sem nenhuma explicação da Administração Central”. (12)

   Esse abaixo-assinado foi um manifesto radical em defesa da autonomia universitária da UERJ e procurou resgatar a herança da universidade como “espaço de liberdade e rebeldia que mudaram tradições conservadoras”. Além de questionar a paralisia da Reitoria o texto concluiu com a defesa da greve como instrumento “legal e legítimo”e denuncia a intransigência e a truculência dos governos no tratamento aos grevistas.

   Foi realizado também no dia seguinte, sexta-feira, 24 de agosto, um ato em frente ao Maracanã. O protesto já estava na agenda do comando de greve estadual unificado, mas ganhou vigor após os acontecimentos de quinta-feira na UERJ. O ato contou com diversas entidades do funcionalismo em greve no RJ, que exigiram abertura das negociações a Cabral e Dilma. Eles quiseram utilizar o simbolismo do grande contraste entre caudalosos investimentos nas obras da Copa em contrapartida dos limitados recursos destinados à educação, saúde e habitação. O ato seguiu em passeata até a UERJ. E quando a manifestação chegou à universidade, foi recebida com os portões fechados e seguranças de prontidão. O destaque ficou para o Batalhão de Choque que se fez presente novamente. Mas dessa vez não houve confronto. (13)

Sintuperj apontou desde o início a responsabilidade da Reitoria

   Seguem trechos da nota do Sindicato dos Trabalhadores da UERJ – Sintuperj com a sua versão sobre os fatos e suas pertinentes interrogações à Reitoria sobre o conflito.

“(...) A segurança da Uerj prontamente assumiu o controle do evento e pediu ao Comandante da Polícia que retirasse a Tropa de Choque, pois a manifestação era pacífica. No momento da confusão, o policial responsável pela operação disse ter sido acionado pela gerente do banco Bradesco, com medo da aglomeração no pátio em frente ao prédio dos alunos.
   Curiosamente, o Batalhão de Choque chegou minutos após os estudantes instalarem-se no pátio para reunião pacífica. O Sintuperj foi procurado por um dos agentes de segurança para se dirigir ao local com objetivo de ajudar a resolver a situação. Os diretores atenderam ao pedido e quando tentavam intermediar, viram-se atacados por bombas e repressão policial.
   Foi um episódio lamentável para uma Universidade como a UERJ. Não há registros de tamanha violência dentro do campus, ainda mais sem a mínima justificativa.
   O Sintuperj repudia veementemente a atitude truculenta da Polícia Militar e exige explicações da reitoria para o ocorrido. Agora é o Bradesco quem manda na Uerj? Pode um banco que tem concessão de espaço físico tomar iniciativas sem consultar o Reitor? Exigimos também uma explicação e retratação da agência Bradesco UERJ, caso seja comprovado o pedido de intervenção da PM. Lembramos que existe um Ato Executivo que disciplina o chamado da Polícia para o Campus. Quem vai apurar os fatos e fazer valer o que está escrito?(...)” (14)

   Afinal, quem manda na UERJ: a Reitoria ou o Bradesco? Esse é o debate que a Reitoria ainda tentava evitar, talvez tentando eximir sua parcela de culpa. Mas é o debate que professores, funcionários e estudantes estavam fazendo desde a quinta-feira. No seu primeiro comunicado citado mais atrás, a Reitoria se limitava a atacar o protesto dos alunos e dizer que não foi ela quem convocou, solicitou e entrou em contato com a polícia. Mas o Reitor Ricardo Vieiralves ainda não interpelava o Bradesco e a PM sobre a entrada do Choque para reprimir os estudantes dentro da universidade.

   A hesitação da Administração Central da instituição foi objeto de forte crítica da comunidade universitária já que as evidências indicavam desde o início que foram o Bradesco e a PM quem provocaram a confusão, que este grave acontecimento realmente ocorreu sem a autorização e o conhecimento da Reitoria, que é a autoridade representativa da UERJ, todos se perguntavam: por que Ricardo Vieiralves não repudiava à altura as atitudes do Bradesco e da PM?

   Enquanto a Reitoria hesitava, desde quinta-feira, dia dos acontecimentos, diversas organizações de trabalhadores, instituições acadêmicas e democráticas, comprometidas com a comunidade universitária da UERJ e outras IES, compreenderam e defenderam que o ato dos estudantes foi uma manifestação de direitos. E a ação da polícia não passou de uma violência ilegítima. Exemplos disso foram as moções enviadas pela Aduenf (15) e pelo Fórum das Seis, que congrega as entidades sindicais e estudantis da Unesp, Unicamp, USP e Centro Paula  Souza  (Ceeteps) (16). Todas elas apontando duras críticas à Reitoria e denunciando que autoridades policiais fortemente armadas devem ser acionadas para quem delas precisam. Não contra a juventude e os trabalhadores organizados, estes não precisam de polícia e sim de garantias aos seus direitos. Precisam sim da proteção das autoridades públicas constituídas. E sobre os ombros do Reitor só aumentava a pressão para que a UERJ passasse da sua posição defensiva a uma posição ofensiva diante do atropelamento dos Estatutos e dos Mandamentos Universitários protagonizados pelo Bradesco e pela PM do RJ.

A pressão do movimento modifica a postura da Reitoria

   Se num primeiro momento a Reitoria apenas se limitava a dizer que não havia ela solicitado a presença da polícia e que dispensava a ajuda da PM para contornar os conflitos, num segundo momento o posicionamento da Reitoria sofreu um grande giro frente à enorme pressão realizada pelo movimento grevista da comunidade universitária da UERJ, do RJ e de todo o Brasil desde o primeiro minuto que PM pôs os pés dentro da UERJ. Vejam abaixo trechos de ofício do Reitor Ricardo Vieiralves encaminhado ao Comandante Geral da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, Coronel Erir Ribeiro da Costa Filho.

   “(...) Nossa abertura à sociedade, no entanto, não qualifica a UERJ da mesma maneira que uma via pública, uma praça ou um espaço público qualquer. Somos uma instituição com limites e a responsabilidade de representação, conforme a legislação em vigor e os mandamentos universitários, é exclusivamente do Reitor. Por isto, a ação policial nas dependências da UERJ só pode ser solicitada pelo Reitor ou pelo Vice-Reitor da UERJ.
   No último dia 23 de agosto a PM adentrou a UERJ em ação policial não solicitada pelo Reitor, mas por um permissionário da UERJ, no caso um banco que ocupa nossas instalações. Solicito que V. Exa. apure as responsabilidades desta ação policial, visto que  não houve autorização do Reitor e nem decisão judicial que justificasse tal ato.
   Temos na Universidade as condições que a legislação nos confere de punir administrativamente abusos que venham a ser cometidos contra o patrimônio público e outros atos. Se algum ato cometido no interior da UERJ for criminoso tomaremos as medidas necessárias com a devida comunicação às autoridades policiais e judiciais.
   Por tudo isto, e para evitar danos desnecessários a uma instituição de ensino, quero solicitar a V. Exa. que não faça ação policial alguma na UERJ sem a devida requisição do Reitor. Posso afirmar, sem receio de errar, que é improvável que o Reitor solicite a presença policial. Nossa instituição não promove atos criminosos, mas atos de educação. (...)” (17)

   A postura da Reitoria nesse segundo momento é muito diferente da primeira, agora a postura da Reitoria está parecendo mais com o que a comunidade universitária vinha exigindo. A primeira evidência disso é que este segundo documento não faz acusações prévias, como antes, de que a manifestação dos estudantes danificou o patrimônio do Bradesco. E a segunda é a cobrança para que a PM apure as irregularidades na sua ação policial.

   A comunidade universitária vinha exigindo que o Reitor Ricardo Vieiralves tivesse pulso firme diante dos graves acontecimentos e que não vacilasse em resguardar os interesses e a integridade da comunidade e do patrimônio público. O movimento exigia uma posição além de uma declaração formal, ou seja, muito mais do que aquele comunicado publicado anteriormente no site da universidade. E parece que está conseguindo avançar nesse seu objetivo com o conteúdo rigoroso deste ofício do Reitor Ricardo Vieiralves ao Comandante Geral da PM. Demos um passo à frente.

   Os sindicatos estão cientes de que esta provocação que foi o confronto com a polícia resulta da intransigência de Cabral e Dilma nas negociações com as categorias em greve. Assim como compreendem também que este apoio que os grevistas conquistaram da Reitoria da UERJ sobre a invasão da Tropa de Choque ao campus é muito importante para que a atual conjuntura não se configure numa escalada de repressão ao movimento no Rio e em todo o país.

A palavra de ordem do momento

   É nesse sentido que as tarefas dos grevistas da UERJ agora passam também por garantir que a mobilização perante a Reitoria conquiste mais empenho do Reitor junto a Sergio Cabral por uma solução positiva para as reivindicações dos professores, funcionários e estudantes. A Reitoria poderia apoiar muito mais, eles dizem. Argumentam que não tem sentido a Reitoria se manter afastada das demandas e da mobilização da comunidade universitária já que a UERJ só tem a ganhar com a efetivação das mesmas.

   Ainda não há respostas concretas pelas reivindicações de reajuste imediato de 22%, revisão dos contratos dos docentes substitutos, implementação da Dedicação Exclusiva - apenas uma minuta do projeto de lei foi enviado à ASDUERJ (18), estruturação do plano de carreira dos funcionários técnico-administrativos, aumento das bolsas estudantis, construção de refeitórios etc. Apesar de o atendimento das reivindicações emergenciais dos técnico-administrativos, docentes e estudantes não custar mais do que 0,3% ao orçamento estadual (19).

   Nesse sentido, uma pressão maior sobre os parlamentares estaduais para que estes ajudem a tirar o governo estadual da sua posição inerte de não negociação também tem ocupado a agenda do movimento. Um ato marcado para o dia 29 de agosto na ALERJ e outro para o dia 01 de setembro podem trazer resultados.

   Hoje, no Rio de Janeiro parece não haver governador, mas sobra repressão contra os defensores da educação pública. Enquanto isso, os trabalhadores assinalam que a palavra de ordem continua sendo “Negociação Já!”.

Referências:

1 - G1 RJ. Cabral diz que professores da Uerj em greve são manipulados por políticos. Site G1. 24/08/12. Disponível em: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2012/08/cabral-diz-que-professores-da-uerj-em-greve-sao-manipulados-por-politicos.html

2 – MARXISTA, Juventude. Movimento Estudantil na USP: O que fazer. Blog da Juventude Marxista em 08/03/12. Disponível em: http://www.juventudemarxista.com/2012/03/movimento-estudantil-na-usp-o-que-fazer.html

3 – PRATA, Rafael. Violenta repressão na UNIFESP. Site da Esquerda Marxista. 17/06/12. Disponível em: http://www.marxismo.org.br/?q=blog/violenta-repress%C3%A3o-na-unifesp

4 - Vídeo da tropa de choque invadindo o campus da UERJ-Maracanã. 23/08/12. http://www.youtube.com/watch?v=1PTgbSuo9nI



7 - Agência Brasil. Professores e estudantes da Uerj entram em confronto com PM. Jornal do Brasil. 24/08/12. Disponível em: http://www.jb.com.br/rio/noticias/2012/08/24/professores-e-estudantes-da-uerj-entram-em-confronto-com-pm/

8 - LIMA, Ludmilla de. Vazamento de gás e manifestação complicam o trânsito na Zona Norte do Rio. O Globo. 23/08/12. Disponível em: http://oglobo.globo.com/rio/vazamento-de-gas-manifestacao-complicam-transito-na-zona-norte-do-rio-5876319

9 - Bom Dia Rio. Batalhão de Choque usa bomba de efeito moral em manifestação estudantes da UERJ. Site do Jornal Bom Dia Rio. 24/08/12. Disponível em: http://globotv.globo.com/rede-globo/bom-dia-rio/v/batalhao-de-choque-usa-bomba-de-efeito-moral-em-manifestacao-estudantes-da-uerj/2104665/

10 - THOMÉ, Clarissa. PM lança bombas de efeito moral em protesto da UERJ. Estado de São Paulo. 23/08/12 Disponível em: http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,pm-lanca-bombas-de-efeito-moral-em-protesto-da-uerj,920813,0.htm

11 - UERJ. Nota da UERJ sobre acontecimentos no campus Maracanã. Site da UERJ. Disponível em: http://www.uerj.br/lendo_noticia.php?id=570

12 - Abaixo-assinado Repúdio a invasão da UERJ pela PM. Site Petição Pública Brasil. 23/08/12. Disponível em: http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=P2012N28191

13 - Administração da UERJ fecha os portões para ato público a favor da educação, saúde e habitação. Blog da greve dos professores da UFF 2012. 24/08/12. Disponível em: http://grevedosprofessoresuff2012.blogspot.com.br/2012/08/administracao-da-uerj-fecha-os-portoes.html


15 - Aduenf. Nota de Repúdio do Comando de Greve da Aduenf. Blog da Aduenf. 24/08/12. Disponível em: http://aduenf.blogspot.com.br/

16 - Fórum das Seis. Moção de Repúdio. Site da Asduerj. 27/08/12. Disponível em: http://www.asduerj.org.br/

17 - UERJ. Ofício do Reitor reafirmando ao comando da PM que policiais não podem entrar na Universidade. Site da UERJ. 27/08/12. Disponível em: http://www.uerj.br/lendo_noticia.php?id=571

18 - UERJ. Mensagem do Reitor Ricardo Vieiralves aos docentes sobre a minuta de DE do governo. Site da UERJ. 27/08/12. Disponível em: http://www.asduerj.org.br/noticias/imagens/Minuta%20do%20projeto%20DE%20-%20governo.pdf

19 - ASDUERJ. Comunicado da Associação de Docentes da UERJ. Site da Asduerj. 20/08/12. http://www.asduerj.org.br/noticias/ler_mais.asp?ID=570

28 de agosto de 2012

Flávio Almeida Reis é mestrando em geografia pela Universidade Federal Fluminense, Diretor da Associação de Pós-Graduandos da UFF, Membro do comando estadual de greve dos pós-graduandos do RJ, suplente da Direção Nacional da ANPG e membro da tendência Esquerda Marxista do PT. (E-mail para contato: reis.geografia@gmail.com)